domingo, 7 de julho de 2013

SOMOS MUITOS MAS O DESTINO É UM SÓ


Numa loja de confecções e calçados estavam numa vitrine expostos um par de sandálias para donzelas num suporte de vidro muito chique, bem a vista mesmo. Ao lado dela estava outra sandalinha mais simples em tudo, na cor, no modelo, e no tamanho, mas muito bonita e elegante  também. Logo abaixo estava noutro suporte outro par de calçado, desta vez era um par de botinas daquelas rústicas, especial para o trabalho árduo, pesado exclusivo para homens. O sandalinha de luxo olhando ao seu redor vendo-os sentiu-se humilhado pela presença da botina; dirigindo a palavra a outra sandália disse: Você não acha que a presença deste aí do lado tira a nossa beleza? Deveria a moça que cuida da gente ter visto esta diferença tão grande entre nós! Pois é, respondeu a outra! Deveria ser afastado da gente essa coisa feia. Mas vamos ter paciência que não demora alguém venha  do mato e leva ele para bem longe de nós. O par de botinas  ouviu toda a conversa calado sem balbuciar nada a respeito do assunto abordado pelas luxuosas sandálias. Como o tempo passa assim passavam as pessoas  e admiravam as duas, eram moças, mulheres da alta sociedade, filhas de ricaços, esposas de prefeito, de outros comerciantes bem sucedidos ,fazendeiras e suas filhas ,enfim só gente fina lhes admiravam. Estavam vaidosas a não mais poder. Algumas as pegavam olhavam, diziam voltar depois para leva-las, outras nem voltavam mais e assim por diante. Quanto a botina ninguém sequer dirigia um olhar, nem mesmo de misericórdia até parece que a tal não existia na vitrine. Tudo tem seu tempo e sua hora e nada acontece por acaso, de repente chegou uma moça muito grã fina, parecia um princesa; olhou a sandalinha e disse: Eu gostei dela, no mesmo instante chega um peão do trecho olha a botina e diz tire ela daí, que vou compra-la. Como a moça estava na frente do rapaz para comprar ele esperou-a, mas a moça era muito educada, disse à vendedora: Atenda o rapaz, eu posso esperar?  Ele agradeceu a gentileza da moça.  Comprou pagou e foi embora com a botina. As duas disseram em tom de alivio! Vai-te feiura para nunca mais! Mas as coisas nunca são como nós queremos e sim como devem de ser. Passaram-se muito tempo, mas muito mesmo, lá vem o caminhão que  coleta lixo apanha daqui, apanha dali é sacos , é caixas, é latões e tudo que tem ajuntado para ser jogado fora e levado para a reciclagem. Chegando no lixão basculou tudo misturado num lugar que pela primeira vez foi jogado aquela sujeira toda. O par de botinas cai lá também e ficando  exposto, bem a vista de tudo; quando  deu uma espiada de lado, qual não foi a surpresa, olhe ali bem encostadinho dela o dito par de sandálias todo esfolado sujo de tudo o que você pensar, estava numa situação das piores de tanta sujeira. A botina também toda esfolada e furada rasgada corroída pelo uso mas, alegre da vida. Não se conteve  e dirigiu uma pergunta á sandália: O guria ? O que você está fazendo num lugar deste? Cadê a tua beleza e a sua  arrogância, teu orgulho, tua vaidade, a tua postura deu em que? O teu luxo acabou em que? Acabou aqui? Pensei que estivesse em outro lugar diferente do meu que agora é nosso! Não e? De que adiantou ser tão metida lá na vitrine e agora esta se lascando num lugar desses? São as lições da vida. Isso é para você ver que nada somos mais que os outros! A sandália depois de ouvir todo o desabafo da botina, mesmo calada não se deu por vencida e disse: É! Só que eu andei nos pés de gente importante, fui com a princesa. Andei pelos palácios pelos passeios mais chiques que você possa imaginar fui até por outros países visitei lugares da mais alta nobreza, castelos medievais, lugares que você jamais pensa que existe. Estivemos em reuniões com ministros, presidentes de outros lugares, frequentei as mais luxuosas festas nos castelos mais famosos do mundo, enfim gozei a vida da melhor forma que pude. Fui muito admirada por tanta gente estranha e depois acabei nos pés de outras meninas simples e pobrezinhas  e por fim fui jogada fora por isso estou aqui. Agora te pergunto, disse a botina  de que valeu o que fizeste tanto, para acabar num estado deplorável deste que tu encontras? Vaidade e orgulho, minha cara! Para nada se aproveita. Seja rico ou pobre! Branco ou preto. Bonito ou feio! Seja grande ou pequeno! Seja servo ou livre! Nosso fim é um só! Somos o lixo da terra! Ela dá, mas requer de volta!...

MORAL: O DESTINO DA NOSSA VIDA TERRENA É UM SÓ, ONDE SOMOS TODOS IGUAIS:  CEMITÉRIO!               


CONTOS POPULARES: RECORDAÇÕES DE: LUIZÃO-O-CHAVES!                              01/07/2013 

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