Numa loja de confecções e calçados estavam numa vitrine
expostos um par de sandálias para donzelas num suporte de vidro muito chique,
bem a vista mesmo. Ao lado dela estava outra sandalinha mais simples em tudo,
na cor, no modelo, e no tamanho, mas muito bonita e elegante também. Logo abaixo estava noutro suporte
outro par de calçado, desta vez era um par de botinas daquelas rústicas,
especial para o trabalho árduo, pesado exclusivo para homens. O sandalinha de
luxo olhando ao seu redor vendo-os sentiu-se humilhado pela presença da botina;
dirigindo a palavra a outra sandália disse: Você não acha que a presença deste
aí do lado tira a nossa beleza? Deveria a moça que cuida da gente ter visto
esta diferença tão grande entre nós! Pois é, respondeu a outra! Deveria ser
afastado da gente essa coisa feia. Mas vamos ter paciência que não demora
alguém venha do mato e leva ele para bem
longe de nós. O par de botinas ouviu
toda a conversa calado sem balbuciar nada a respeito do assunto abordado pelas
luxuosas sandálias. Como o tempo passa assim passavam as pessoas e admiravam as duas, eram moças, mulheres da
alta sociedade, filhas de ricaços, esposas de prefeito, de outros comerciantes
bem sucedidos ,fazendeiras e suas filhas ,enfim só gente fina lhes admiravam.
Estavam vaidosas a não mais poder. Algumas as pegavam olhavam, diziam voltar
depois para leva-las, outras nem voltavam mais e assim por diante. Quanto a
botina ninguém sequer dirigia um olhar, nem mesmo de misericórdia até parece
que a tal não existia na vitrine. Tudo tem seu tempo e sua hora e nada acontece
por acaso, de repente chegou uma moça muito grã fina, parecia um princesa;
olhou a sandalinha e disse: Eu gostei dela, no mesmo instante chega um peão do
trecho olha a botina e diz tire ela daí, que vou compra-la. Como a moça estava
na frente do rapaz para comprar ele esperou-a, mas a moça era muito educada,
disse à vendedora: Atenda o rapaz, eu posso esperar? Ele agradeceu a gentileza da moça. Comprou pagou e foi embora com a botina. As
duas disseram em tom de alivio! Vai-te feiura para nunca mais! Mas as coisas
nunca são como nós queremos e sim como devem de ser. Passaram-se muito tempo,
mas muito mesmo, lá vem o caminhão que
coleta lixo apanha daqui, apanha dali é sacos , é caixas, é latões e
tudo que tem ajuntado para ser jogado fora e levado para a reciclagem. Chegando
no lixão basculou tudo misturado num lugar que pela primeira vez foi jogado
aquela sujeira toda. O par de botinas cai lá também e ficando exposto, bem a vista de tudo; quando deu uma espiada de lado, qual não foi a
surpresa, olhe ali bem encostadinho dela o dito par de sandálias todo esfolado
sujo de tudo o que você pensar, estava numa situação das piores de tanta sujeira.
A botina também toda esfolada e furada rasgada corroída pelo uso mas, alegre da
vida. Não se conteve e dirigiu uma
pergunta á sandália: O guria ? O que você está fazendo num lugar deste? Cadê a tua beleza e a sua
arrogância, teu orgulho, tua vaidade, a tua postura deu em que? O teu
luxo acabou em que? Acabou aqui? Pensei que estivesse em outro lugar diferente
do meu que agora é nosso! Não e? De que adiantou ser tão metida lá na vitrine e
agora esta se lascando num lugar desses? São as lições da vida. Isso é para
você ver que nada somos mais que os outros! A sandália depois de ouvir todo o
desabafo da botina, mesmo calada não se deu por vencida e disse: É! Só que eu
andei nos pés de gente importante, fui com a princesa. Andei pelos palácios
pelos passeios mais chiques que você possa imaginar fui até por outros países
visitei lugares da mais alta nobreza, castelos medievais, lugares que você
jamais pensa que existe. Estivemos em reuniões com ministros, presidentes de
outros lugares, frequentei as mais luxuosas festas nos castelos mais famosos do
mundo, enfim gozei a vida da melhor forma que pude. Fui muito admirada por
tanta gente estranha e depois acabei nos pés de outras meninas simples e
pobrezinhas e por fim fui jogada fora
por isso estou aqui. Agora te pergunto, disse a botina de que valeu o que fizeste tanto, para acabar
num estado deplorável deste que tu encontras? Vaidade e orgulho, minha cara!
Para nada se aproveita. Seja rico ou pobre! Branco ou preto. Bonito ou feio!
Seja grande ou pequeno! Seja servo ou livre! Nosso fim é um só! Somos o lixo da
terra! Ela dá, mas requer de volta!...
MORAL: O DESTINO DA NOSSA VIDA TERRENA É UM SÓ, ONDE SOMOS
TODOS IGUAIS: CEMITÉRIO!
CONTOS POPULARES: RECORDAÇÕES DE:
LUIZÃO-O-CHAVES! 01/07/2013
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