sábado, 6 de julho de 2013

A FESTANÇA NO ANIVERSÁRIO DO PERU E DO PAVÃO



Num dia desses a Rainha da selva com seu esposo, o mestre leão, descobrem  no calendário, o aniversário do peru e do pavão. Resolveram dar uma festança, com muita dança na comemoração. A festa seria na mata, na beira da cascata num improvisado barracão, coberto com um encerado, aberto dos quatro lados, e uma divisão; um lado para servir o jantar e o outro para arrumar as bebidas para o povão. Depois de tudo bem calculado e dentro do planejado, deram inicio á execução. A anta, o cavalo, o boi e o macaco com as ferramentas fizeram os buracos no chão. Foi uma canseira carregando as madeiras pros esteios do barracão. Fincaram tudo bem aprumado e muito alinhado e ainda bateram a terra do chão. Trouxeram a lona limpinha deixando ela bem esticadinha amarrada com cordão, limparam bem ao seu redor e para ficar melhor, até a margem do ribeirão. A leoa gostou da limpeza aproveitou e pediu mais destreza na instalação. Arrumaram todos os banheiros  até que saiu ligeiro dentro da programação. Era banco pra todo lado pra todo mundo ficar sentado e bicho nenhum sentar no chão, foram três banheiros na parte externa  com uma grande cisterna só água era num latão. Fizeram ainda um grande jirau com varapau amarrado com cipó além da mesa improvisada atada com timbó. Também para todos os lados cipós esticados pra segurar a instalação, os vaga-lumes trouxeram as lâmpadas e acenderam que se via de longe o clarão. Depois de tudo perfeito solicitaram ao prefeito alvará de licença registrando o barracão. Assim com maior brevidade exercer a atividade como seria a função. Depois de regularizado sem que ficasse nada atrasado anunciaram no pregão. A raposa chegou já dando palpite, dizendo que os convites ela espalharia pelo sertão. Agora prevenir estoque de comilanças para não ter decepção. O burro se gabava de ser o maior transportador de toda região, aproveitando o embalo falou logo com o cavalo, Você me ajuda irmão? Só que deu uma trabalheira danada a bebida para a bicharada chegou foi chegando de  montão. Vinhos  secos e suave, cerveja de lata, cidra e cachaça aos garrafão, refrigerantes, corotinho, Ypioca, dreher e conhaque de alcatrão. Presidente, canelinha, três fazendas, praianinha,  contrey, teimosa e jamelão. Chica boa, atrás do saco, tatuzinho, katira, quati, el do nero e coco bom. Isso sem contar barril de chopp, ferro quina, fernet, quinado,  cinzano e bituzão. Era a maior barbaridade, tamanha a quantidade e ainda um fardo de açúcar e um saco de limão. A leoa como sempre ótima patroa admirada na cabeça colocou as mãos. Quase entra em desespero achando aquilo um exagero a ordem do seu leão. Mas o velho rei dissera, quero que toda essa galera beba sem que haja distinção. Deixe que a turma beba desde o rato até a peba eu lá que me importe se rolarem no chão. Vejamos a lista de convidados e as suas profissões: O macaco era um grande agricultor e um dos maiores lavrador, cultivava amendoim, milho, arroz, soja,  mandioca, batata, abóbora, melancia, gergelim e algodão. O coelho tinha uma horta deste tamanho as margens do ribeirão, lá ele semeava de tudo alface, repolho,  couve, cenoura, rabanete, tomate, berinjela, cebola, salsinha, coentro, abobrinha, nabo, pimenta e açafrão. Pimenta do reino, cravo e canela, louro espinafre, erva doce e pimentão. O lobo plantava cana e coco da baia  lá no alto do chapadão. O cateto plantava mais era mandioca batatinha e alguns pés de mamão, a raposa  criava galinhas, patos marrecos angolas  e tinha um empregado para vigiar os gaviões. Os gambás saruês lobinhos tinham um alambique de fabricarem cachaça e produtos para destilação. De tudo que dali saia ia para as redondezas  e outras região. O porco tinha uma olaria na beira do banhado vendia telhas e tijolos para todo o povoado. A onça parda comprava e vendia couro de cabrito e carneiro, curtidos e só esfolado. O mestre tatu plantava só mandioca  fazia farinha  e entregava em todos os mercados.  O coiote tinha só um canavial e um engenho  e dois animais para moerem fazendo rapadura e também açúcar e melado. A lontra e ariranha moravam na confluência  dos rios ,na companhia de um velho tio vivendo só de pescado. A anta colhia frutas pequis mangaba  e outras trazendo lá do alto da serra já num saquinho  amarrado. A capivara morava pertinho de uma lagoa atravessava ela de canoa quando indo ao mercado. A jiboia vendia pasta de dente por que ela tem um bafo quente de um fedor lascado. Quem não falhava um só dia era dona cutia descascando mandioca para ser por milho trocado. O rato desde muito novo tinha um desejo de fabricar e vender queijo para um dos seus cunhados. O lagarto tinha um apiário bem no meio do serrado tirava mel de caçulunga saindo com rabo erguido e de mel todo lambuzado. Os porcos do mato os queixadas com toda sua manada mais de trezentos mais ou menos contados. O veado com sua esposa eram muito perseguidos por isso que andam meio desconfiados, O tamanduá bandeira com a sua companheira eram pedicure e manicure num belo salão. O carneiro para ganhar algum dinheiro lavavam suas lãs no ribeirão. O jacaré sendo dentista faz serviços somente a vista porque seus dentes são muito bons. A preguiça que só anda dependurada e sem coragem para nada, nem  de pregar um botão sua máquina de costura e por isso que dura com os pés enterrados no chão, O bugio nas manhãs  ronca no eixo da serra seu eco escutam em todo o sertão, O irara, cachorro do mato, os preás, e um monte de gato vivem sem muita ocupação. Só aquele  gato marisco que trabalha num frigorifico na área da inspeção. Jaguatirica, o gorila, o leopardo, a onça, jaratataca, o canastra e o furão, aquela espécie de porco, aquele que chamam  de monteiro;  vive fuçando as beiras de lagoas as vezes meio atoa só reclamando que : Tá ruim,  tá ruim mas tá bom. Disseram o curupira e o pai da mata, se isso não for cascata: E o fumo para o nosso charutão? Jacu, jacutinga, tucanos e aracuan, emas e seriemas, jacucaca e peruzão. Pintassilgo, coleirinha, canário e sabiás, curiós, as pombas juritis e rolinhas, perdizes jaó nhambu aquela grandona o iguassu codorniz  codorninha;  falar de um modo geral as aves serranas e do pantanal, patos marrecos anhumas gansos saracuras mariazinhas  e águia real gaviões de toda espécie  acauan papagaios araras  periquito e tuiuiú o símbolo do pantanal. As aves noturnas: corujão mocho caburé coruja  e o joão corta pau gavião da noite você fala perna longa curiango e bacurau. Calangos e lagartixas, tetéus, rasga mortalhas, carcarás, urubu, condor e urutau. Enfim chegou o dia tão esperado para a comemoração, era foguetes para todo lado, nos ares subiam rojão, que estrondavam na  mata inteira ecoando pelo sertão. Bicharada tudo em festa  as comilanças tinha aos montão. Os bichos começaram chegando só você vendo as palmas. Para não perderem tempo deram inicio a apresentação, quem tinha instrumentos e os trouxe foram adentrando ao salão. Jacaré era o gaiteiro, o caititu trouxe o bordão, o queixada  no contrabaixo o guaiaca no bombardão. Tamanduá tocava a sanfona  somente com um dedão, tatu canastra muito exibido ponteando um violão. O lobo trouxe seu teclado com pinta de folgazão, de bombacha bota e espora e seu pala arrastando no chão. Dando viva aos festeiros: O peru e o pavão. Ah! O meu tempo de rapaz, hoje vou lembrar o tanto que já fui bom de nada eu tinha pena e machucava os corações, mas estou velho e cansado e com pouca disposição. A jiboia assoprava uma flauta de causar admiração, falava no meio da sala viram como eu sou sadia do pulmão? Só toco musica de primeira geração! O papa-me chegou alegre afrouxando o cinturão, hoje eu beber de todas vou até rolar no chão lá na furna que eu moro só alimento com mamão pinga é lá de vez em quando isto se sobra algum tostão, se eu estiver muito ruim me deixem na saída do portão. O bode olhava para o cachorro do mato admirado! Nossa! Quanta esganação. O gavião com a esposa  e o filhote tomava pinga com açúcar e limão. O que não presta também  estava presente, o jaratataca chegou tonto deu um peido bem no meio do salão, foi aquele reboliço com aquela podridão, até passar a catinga do peido saíram todos do salão credo em cruz quem é que aguenta ficar perto deste porcalhão.  O peru só sabia glugluzar de tanta satisfação. O canguru chega com a esposa e pendura no oitão um saco com dois filhos dentro e dois pedaços de pão. O gorila chegou alegre requebrando no salão com o chapéu de três estrelas imitando o lampião, com um colete e a calça de couro, com o fuzil na mão, nas costas a pé-de-bode desamarrou-a de um cordão e cantou mulher rendeira fazendo sua  saudação. O bugio trouxe dois presentes, um em cada mão, tinha um chapéu de palha e calçava um sapatão, trinta e dois na cintura do outro lado um facão, sempre muito respeitador de todos apertava a mão. Deu um viva para o peru  outro viva para o pavão. Viu o macaco de terno baforando um charutão, bateu nas costas dele, dizendo: E daí companheirão! O gato estava muito esperto com medo do Ricardão. A gata fazendo manha  abrindo as pernas e rolando no chão, se ela me cornear eu vou morrer do coração. A paca e a cutia estavam mamadas nem ficaram no salão. O lobinho dava cada grito que balançava o barracão, o irara só dançava se fosse com o pavão. O papagaio deu gaitadas com um copo de vinho e só molhando o dedão. A capivara veio gestante assim mesmo arrastando o bucho no chão, o porco estava enfezado riscando a faca no chão as damas não queriam dançar, nele deram carão. O Jumento começou zurrar com um cacete na mão. Era ele o chefe da guarda inspetor de quarteirão. Leopardo tinha na platina as divisas de capitão. O cachorro era um dos policiais. Seu cassetete era um pedaço de cansanção. O carneiro estava tão limpinho alvo como algodão. A lontra com a ariranha são primas mas, de terceira geração saíram lá do rio negro atravessando o sertão trouxeram  de presente dois casacos de peles, um para o peru e outro para o pavão. Os sabiás com a passarada orquestraram uma canção, a perdiz veio sozinha lá do capoeirão não quis cantar porque estava sem inspiração. Um bando de patos e marrecos  trouxeram um monte de cartão no meio tinha um bem velhinho escorado num bastão. Colocou seu óculo escuro por causa do clarão. O porco chegou de charrete e estaciona na contra mão com a sua esposa e um monte de leitão as crianças descem de qualquer jeito no meio da multidão, um dos leitõezinhos chorou o porco pegou o facão queria saber o que foi já armou uma confusão. A turma do deixa disso entrou logo em ação: Você está errado companheiro e ainda quer ter razão? O leão com a leoa subiram numa cadeira bem no meio da sala  para dar uma explicação: Quero que todos brinquem e bebam a vontade, não quero nenhuma alteração. Não dar desgosto nesta festa nem ao peru nem ao pavão. Vamos todos comemorar na mais perfeita ordem e união. Aqui não queremos arruaceiros e nem valentão. Darei ordem ao leopardo para que o meta na prisão além de um couro merecido sai daqui de camburão. O mestre da sala que era um chipanzé aplaudiu dando uma salva de palmas á leoa e ao patrão. Após esta palestra foi servido a refeição. Tomem porre bicharada que o negócio hoje tá bom. Serviram tanta bebida  que ninguém tinha visto coisa igual quem ficou de boca aberta foi nosso amigo o chacal que veio lá da Africa para conhecer os bichos do nosso pantanal. A raposa, anta, lobinho, cachorro do mato, um bando de macacos os gambás, a irara, eram responsáveis pela distribuição das bebidas até o canguru encheu sua bolsa de latas de cervejas e levou para a turma da guarnição. Agora os que quiserem  podem dançar a vontade até o dia mostrar o seu clarão. Podem ficar armados só não quero confusão. Deixem o som cortar direto nem que estronda o salão. O saruê nas musicas de discos é quem fazia a seleção. Enquanto os músicos descansavam um pouco esvaziando o garrafão. O caipora não quis uma garrafa pediu logo um garrafão empurrou a rolha com a ponta do dedo abrindo o bocão depois de uma cipoada boa estalou a língua, deu um grito de alegria: Esta coisa é um tareco muito bom! O jumento estava de namoro com uma potranca que só vendo o carinho e afagos, chamando de todos  a atenção. Esta moça que eu namoro é a filha do meu patrão, o cavalo é um fazendeiro ele precisa e vou ser dele mais um peão. Nunca falta um espírito de porco, que não arruma confusão. Desta vez é o caipora e o curupira um dos dois bem de fogo vomitando igual um cachorro, inda queria beber mais, o macaco disse: Dá um tempo cunhado! Mas ele não quis saber. Pegou na ponta da lona do barraco e disse: Eu puxo desta ponta e doutro lado pega meu irmão, esse  paliçado não aguenta a gente! Senão me der pinga? Vou mandar isto tudo no chão! O reboliço foi levado ao conhecimento do leão que disse assim: Quem passar sobre minhas ordens arrumando  confusão, já disse que será preso, tem bebidas a beça, ninguém passa vontade, beba até rachar o bucho, ninguém passa precisão! Falar as coisas sem saber é muita falta de educação. Com uma atitude dessas  aborrece o pavão! O peru bateu palmas com o gesto do leão, vamos dançar ó bicharada, não demora o dia mostra o clarão.  Tudo se acalmou continuaram na função. Mas durou pouco a paz,  logo esqueceram da  recomendação. Lá vem o porco de novo desta vez com um porrete na mão, furioso e lambuzado de lama onde rolou no ribeirão. Queria sacudir as orelhas e o corpo bem no meio do salão. Sujando a roupa de quem estava limpo só para arrumar outra confusão. Desta vez quem interviu foi a esposa do leão, Isto é muito desaforo, aqui não quero ninguém atrevido, cai fora do barracão? Vou chamar meu buldogue de confiança para você ver o que é bom! É o mais forte de todos e ele se chama, amansa valentão! O porco saiu murchinho foi se lavar no grotão, depois voltou alegre e sorrindo bebeu mais um bocado, deu um abraço no peru outro no pavão. A onça estava  sentada num dos cantos do salão. Lambendo seu bigodes,  pensando com seus botão, esta macaco parece gordinho me da uma ótima refeição, a qualquer horinha dessas vou jantá-lo na beira do grotão. O macaco estava desconfiado, não tirava os olhos do bichão, embaixo da camisa seguro no cabo da pistola chegava coçar o dedão, Se essa peste se meter a besta lasco fogo neste gato. Eu não me importo de sair preso, pago fiança pra todos deixo um abração. O bugio que via tudo aquilo, já deu uma de bicão, se o cunhado precisa de uma força posso te dar uma mão, o meu berro está aqui na cintura  tenho farta munição, O cachorro que também via tudo falou com o leopardo, estou as suas ordens capitão. Onça é bicho nojento vamos tirar ela de circulação, este bicho é arruaceiro, e aqui é só diversão, daremos um sumiço neste felino e acaba com a confusão. O gambá estava perdido no meio da multidão. Bêbado e foi dar uma mijada acertando  num garrafão. Já tomou um puxão de orelhas e no traseiro uma bicuda. Vai urinar no banheiro relaxado, porcalhão! A raposa quando viu seu sobrinho estendido no chão, ficou cheia de revolta, na maior indignação, Quem bate num pobre bêbado não tem nenhuma  consideração. Festejaram a noite inteira apesar de algum inconveniente prevaleceu a união.  As horas passam ligeiro quando estamos na diversão. Dai a pouco o dia veio clareando e dispersou a multidão. Só vendo a alegria dos bichos abraçando o peru e  desejando-lhe boa sorte e saúde extensivo ao pavão. Até em outra data dizia em coro a multidão, todos se despediram apertando suas mãos, cada um seguiu seu rumo uns caminhando firme outros caindo pelo caminho. Mas festa é assim mesmo, valeu o grande festejo nesta comemoração, saíram todos felizes ficando vazio o velho barracão.

 FIM

 LUIZÃO-O-CHAVES!                              30/06/2013


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