Um lobo esfaimado andava pela floresta a procura de qualquer
coisa para comer e, assim chegou a beira de um regato de águas límpidas que
corriam lá do alto de uma serra. Parando
próximo do mesmo viu logo abaixo um cândido cordeirinho nascido de pouco e que
bebia no regato. Imediatamente com aquela fome que só ele sentia, deu água na
boca que chegou a pingar no chão. Era um cordeiro gordinho, bem alimentado.
Estava prestes a lançar-se sobre ele e devorá-lo de uma só bocada, tanto mais
que o animalzinho estava só e não havia nada nas redondezas que pudesse
salvá-lo, nem cães nem pastores. Nada! Mas refletiu um pouco. Sabia
perfeitamente que tinha a fama de mau e que era apontado com feroz e
prepotente. Desejava comer o cordeiro, isso sim, mas queria antes achar um
pretexto que o colocasse mal e deixasse ele, o lobo do lado da razão. Começou
pois, beber a água. Certa hora erguendo
o focinho gotejando olhou o cordeirinho com olhos ferozes. Você é um mal
educado, gritou o lobo. Bem que merece uma lição! Porque suja com sua língua a
água que vou beber? Também o cordeirinho erguendo o focinho e olhando para o
lobo. Jamais o tinha visto ou ouvira falar dele. Na sua inocência acreditava
que todos fossem bons como ele mesmo. Desculpe- me senhor lobo, responde
cortesmente. Mas repare que o senhor se
engana. Eu não posso sujar a sua água porque ela corre do senhor para mim. O lobo rangeu os
dentes despeitado. Mas aquela verdade era tão evidente que o lobo não pode
sustentar o contrário. Fingiu que bebia, enquanto inventava outro pretexto.
Finalmente, pareceu-lhe achar um. Sei muito bem disse aproximando-se ameaçadoramente
que você andou falando mal de mim. Quando? Perguntou o cordeirinho, que
começava a ficar preocupado. Eu não o conheço
e te vejo hoje pela primeira vez. Como posso ter falado mal do senhor?
Mas eu sei que você falou e faz justamente um ano. O cordeiro respirou aliviado! Senhor lobo, te informaram muito
mal. Há um ano eu nem tinha nascido. O lobo mordeu a língua de tanta raiva, mas
estava decidido a insistir: Não acredito em suas palavras disse bruscamente. E
depois não me importa que tenha sido
você ou não. Foi certamente alguém da sua família. Isso, foi seu irmão. Mas, senhor lobo, protestou com
veemência o cordeirinho, eu lhe asseguro
que o senhor se engana. Nenhum dos meus irmãos pode ter falado do senhor porque
eu não tenho irmãos. Ele olhava o lobo com olhos límpidos e cheio de esperança,
que aquela fera se aplacasse e partisse convencida e tranquila, Mas o lobo mais
raivoso que antes: Você não tem irmãos disse fungando e aproximando-se cada vez
mais. Muito bem, se não foi seu irmão foi certamente o seu pai. Ele me ofendeu
e é justo que eu me vingue. E desista de me contradizer; a coisa mais sábia que
posso fazer e não deixa-lo mais falar. E
de fato o pobre cordeirinho não pode mais expor as suas justas razões, porque o
lobo num piscar de olhos saltou sobre ele e o devorou.
MORAL: OS PODEROSOS
SEMPRE QUEREM TER RAZÕES, SOBRETUDO QUANDO ESTÃO ERRADOS!
CONTOS E RECORDAÇÕES DE: LUIZÃO-O-CHAVES -28/06/2013
ANASTÀCIO, MS
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