quinta-feira, 4 de julho de 2013

O LOBO E O CORDERINHO


Um lobo esfaimado andava pela floresta a procura de qualquer coisa para comer e, assim chegou a beira de um regato de águas límpidas que corriam lá do alto de uma serra.  Parando próximo do mesmo viu logo abaixo um cândido cordeirinho nascido de pouco e que bebia no regato. Imediatamente com aquela fome que só ele sentia, deu água na boca que chegou a pingar no chão. Era um cordeiro gordinho, bem alimentado. Estava prestes a lançar-se sobre ele e devorá-lo de uma só bocada, tanto mais que o animalzinho estava só e não havia nada nas redondezas que pudesse salvá-lo, nem cães nem pastores. Nada! Mas refletiu um pouco. Sabia perfeitamente que tinha a fama de mau e que era apontado com feroz e prepotente. Desejava comer o cordeiro, isso sim, mas queria antes achar um pretexto que o colocasse mal e deixasse   ele, o lobo do lado da razão. Começou pois,  beber a água. Certa hora erguendo o focinho gotejando olhou o cordeirinho com olhos ferozes. Você é um mal educado, gritou o lobo. Bem que merece uma lição! Porque suja com sua língua a água que vou beber? Também o cordeirinho erguendo o focinho e olhando para o lobo. Jamais o tinha visto ou ouvira falar dele. Na sua inocência acreditava que todos fossem bons como ele mesmo. Desculpe- me senhor lobo, responde cortesmente.  Mas repare que o senhor se engana. Eu não posso sujar a sua água porque ela  corre do senhor para mim. O lobo rangeu os dentes despeitado. Mas aquela verdade era tão evidente que o lobo não pode sustentar o contrário. Fingiu que bebia, enquanto inventava outro pretexto. Finalmente, pareceu-lhe achar um. Sei muito bem disse aproximando-se ameaçadoramente que você andou falando mal de mim. Quando? Perguntou o cordeirinho, que começava a ficar preocupado. Eu não o conheço  e te vejo hoje pela primeira vez. Como posso ter falado mal do senhor? Mas eu sei que você falou e faz justamente um ano. O cordeiro respirou  aliviado! Senhor lobo, te informaram muito mal. Há um ano eu nem tinha nascido. O lobo mordeu a língua de tanta raiva, mas estava decidido a insistir: Não acredito em suas palavras disse bruscamente. E depois  não me importa que tenha sido você ou não. Foi certamente alguém da sua família. Isso, foi seu irmão.  Mas, senhor lobo, protestou com veemência  o cordeirinho, eu lhe asseguro que o senhor se engana. Nenhum dos meus irmãos pode ter falado do senhor porque eu não tenho irmãos. Ele olhava o lobo com olhos límpidos e cheio de esperança, que aquela fera se aplacasse e partisse convencida e tranquila, Mas o lobo mais raivoso que antes: Você não tem irmãos disse fungando e aproximando-se cada vez mais. Muito bem, se não foi seu irmão foi certamente o seu pai. Ele me ofendeu e é justo que eu me vingue. E desista de me contradizer; a coisa mais sábia que posso fazer  e não deixa-lo mais falar. E de fato o pobre cordeirinho não pode mais expor as suas justas razões, porque o lobo num piscar de olhos saltou sobre ele e o devorou.

MORAL: OS PODEROSOS  SEMPRE QUEREM TER RAZÕES, SOBRETUDO QUANDO ESTÃO ERRADOS!
CONTOS E RECORDAÇÕES DE: LUIZÃO-O-CHAVES  -28/06/2013

ANASTÀCIO, MS

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