domingo, 21 de setembro de 2014

OS DOIS AMIGOS E A VIDA APÓS A MORTE.


Dois meninos de idades iguais, um deles se chamava Daniel e o outro Givanildo que se avizinharam por longos anos, cresceram, conviveram e ficaram rapazes, sempre conservando uma bela amizade, trabalhavam sempre que possível juntos, os tempos escolares, suas infâncias, adolescências, as diversões, as atividades e aptidões, de gênios compatíveis e comportamentos muito semelhantes, pareciam até mais que irmãos, mas não eram irmãos, nos passeios, até nas preferencias das coisas muito se assemelhavam, seus gostos até pelas cores de roupas eram de dar admiração aos outros amigos, só não brincavam de dizer que eram gêmeos, por serem de fisionomias diferentes, eles simplesmente riam dos demais, e diziam: É que somos mais que irmãos verdadeiros, só num ponto que eram divergentes as suas opiniões, imaginem no que fazia referência: A vida após morte, um deles, o Daniel achava que, lá do outro lado da vida era assim: mostrava sua opinião e forma de pensar, não tinha dúvidas, já o Givanildo pensava totalmente diferente, muito diferente mesmo. Não se acertavam no aspecto da religação da vida presente com a vida futura, após a morte física. Em vida sim, pensavam iguais e jamais discutiram, nem nunca se desrespeitaram, só arrazoavam entre si e mantinham apenas as opiniões diferentes, afinal ninguém tinha vindo do outro lado para lhes contar como era lá, nenhum deles queria ser surpreendido, quando chegasse a sua vez de ir morar em outra vida, queriam ter certeza de com era do outro lado. Mas a dúvida permanecia, perdurava sem solução até aquele momento. Era um segredo que um dia a eles seria revelado, só não sabiam de que forma ia acontecer. O Daniel pensou de um jeito para dirimir aquela dúvida entre os dois. Disse ao amigo: Façamos o seguinte, quem de nós for primeiro, voltará e dirá ao outro como é lá do outro lado desta vida. Combinado? Sim, estamos combinados! Dissera o Givanildo Mas como saberemos que será você, ou eu sendo que os espíritos ninguém consegue vê-los? Eles não falam, não são vistos, sua presença não é sentida, nem sabemos como eles se manifestam ante um humano ainda na vida física. Como faremos? O outro pensou muito tempo, depois argumentou, nunca senti, mas já ouvi falar que eles, os espíritos bons manifestam aos humanos através de um perfume com uma fragrância que na terra não existe. Só no céu que existe. É um perfume angelical, só os anjos celestiais que usam para diferenciarem-se dos anjos maus, quando em missões de virem ajudar alguém aqui na terra, pois os maus fingem ser bons para enganar as pessoas de bem, por estas não saberem distingui-los dos anjos bons. Porque os maus não exalam perfume nem aroma agradável. Dizem que são de um odor horrível, assim como podridão de ossos humanos no sepulcro, por serem espíritos que viveram a vida inteira no pecado, morreram sem arrependimento, sendo reprovados por Deus, perderam a salvação. Fica fácil para a gente então identificar um do outro na situação que pensamos. Feliz lá do outro lado da vida. Ou infeliz! Conforme Deus determinar, devido suas boas ou más obras praticadas enquanto vivemos aqui. No caso nosso fica muito fácil, porque não fazemos mal ao nosso próximo e temos em comum a certeza de ganhar a salvação quando a gente viajar. Um deles pensou ainda muito mais, se for eu que morrer primeiro, pedirei á Deus uma licença especial para vir comunicar contigo, te direi como é lá! Antes de tudo, ficará com este perfume que comprei para te presentear, tenho outro frasco do mesmo dissera o Givanildo. É uma delicia de fragrância, sei que irá gostar muito, é uma senha entre nós dois. Não o usarei em hipótese alguma a não ser quando eu morrer. Você fará o mesmo. Pedirei a minha mãe ou esposa para borrifar meu corpo no caixão com ele. Quero ir perfumado. Assim que obtiver a licença de Deus, me apresentarei á você, sentirá o cheiro dele, em seguida sentirá o perfume dos anjos. Porque creio que serei portador do aroma angelical. Serei um anjo também. Saberás que sou eu. Entendido? E se for você a viajar primeiro, o trato é o mesmo, estarei atento. Os tempos se passaram, e o Daniel se casou logo, e foi morar em outro lugar muito distante dali com a família. Este que ficou solitário lamentou a desdita de uma grande amizade que por forças das circunstâncias teria que acontecer um dia. Sendo assim, foi desfeita a amizade no bom sentido das palavras. Mas é a vida! Muitos anos se passaram, e nunca mais se encontraram, ele também foi para outras paragens muito longínquas, não quis casar, ficaria solitário até onde fosse possível. Um dia após uma jornada de trabalho, o Givanildo indo para o descanso noturno, entrou no seu quarto, pois morava sozinho, e de joelhos fez sua prece de agradecimento á Deus pela vida e a paz que possuía, feliz como sempre, antes de deitar sentiu aquele perfume, aquele que dera ao amigo, o que havia presenteado ele. Ficou atônito, surpreso, sem ação, olhando para as paredes do quarto, tudo iluminado, além da luz que clareava o ambiente, uma luz fulgurante, límpida, resplandecente, sentiu um frescor, uma coisa nunca vista em toda sua vida, nem sabia de onde vinha aquele facho de luz. Nem medo sentiu. Não se continha, dava a impressão que estava em enlevação, estava flutuando no ar, sua mente parecia tocada, iluminada por algo indescritível. Fluía de si uma alegria vinda sem saber de onde, lembrou-se do amigo! É você que me visita, Daniel? Estou te reconhecendo pelo nosso perfume! Já não és mais deste mundo que eu ainda vivo? Percebo que sim! Então, como é lá do outro lado? Conte-me logo rapaz, estou ansioso para saber? Sentiu algo aproximando dos seus ouvidos, seguido do perfume angelical: Uma voz delicada e suave lhe dissera: NÃO É COMO VOCÊ PENSA!  E NEM É COMO EU PENSEI! Num piscar de olhos aquela aparição sobrenatural, aquele maravilhoso estado de alma se desfez. Entendeu tudo com perfeição! Concluiu com convicção, não adianta ninguém querer saber, é um segredo de Deus! A mente humana jamais conseguirá desvendar isto! Obrigado meu amigo, e descanse em Paz. É o segredo da transposição desta vida para a outra que perdura!


SÃO IMAGINAÇÕES QUE ESCREVEMOS PARA “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”.
ANASTÁCIO MS, 17/09/2014  Me encontre no Face. Luiz Moreira Chaves.



domingo, 14 de setembro de 2014

O LENHADOR E A SEREIA.

                         
                            
Era uma vez um lenhador que morava do lado de cá de um ribeirão caudaloso, piscoso e de muita correnteza que margeava a beiradinha da mata onde ele tirava lenha para vender e sobreviver com a sua família. Assim que o atravessava já estava no seu serviço diário. Num certo dia ele vinha do trabalho, lá pelas, quase seis horas, ao atravessar o riacho escorregou na pinguela que transpunha o pequeno ribeirão e caiu na agua, a correnteza o arrastou até mais embaixo. Como vinha com a sua ferramenta de trabalho ao ombro, o machado caiu e foi para o fundo do riacho. Nem pode saber ao certo onde a ferramenta caíra. Nadou e saiu do lado que dava para o caminho de sua casa. Todo molhado, sentou a beira do córrego e pôs-se apensar como faria para ter seu machado de volta, pois era o único que tinha. Sem achar jeito para dar buscas, começou a lamentar-se. A quem dera meu machado de volta! Como as coisas são ingratas! Que tardezinha aziaga! E agora como farei? Puxa vida! Já é quase noite, com certeza a correnteza durante a noite cobrirá meu machado de areia e nunca mais o terei. Meu Deus e agora? O pobre matuto parecia uma criança quando perde seu brinquedo. Mas ele tinha toda razão, ficou quase em prantos, resolveu ir embora desolado, quando se levantou ouviu um rumor nas aguas que pareciam vir para o seu lado. Espiou e tal não foi o seu espanto? Aparecera na superfície das aguas uma figura estranha á seus olhos, a de uma mulher dos cabelos loiros e compridos, ajeitando-os nos ombros, uma figura linda, só a metade dela que aparecia sobre as aguas. Braços longos e com pulseiras que eram brilhantes, anéis nos dedos das suas mãos, tudo reluzentes. No pescoço tinha colares de brilhantes e de conchinhas, um olhar delicado e amistoso. Ante aquela aparição que nunca vira antes, ficou sem fala só olhando aquela coisa que saiu da agua. Ela rompeu aquele silêncio que dominava aqueles instantes que um fitava o outro. Perguntando-lhe: O que aflige o senhor que está tão triste e reclamando tanto? Ouvi seus lamentos e vim ver se posso te ajudar, o que aconteceu? Ele respondeu com certo receio: É que eu vinha do serviço e escorreguei na pinguela e o meu machado caiu n’agua e não tenho como recuperá-lo! É a ferramenta do meu ganha-pão para a família, minha esposa e um monte de filhos. Estou sem saber o que fazer agora e já é noite! Por isso que estava reclamando da sorte! Ela deu uma risadinha e disse-lhe: Espere um pouquinho que já volto! Mergulhou na água e ele pode vê-la, era a metade mulher e a outra metade era peixe. Mas ficou quietinho, pois já ouvira falar naquela coisa, só que antes nunca tinha visto. Dai a pouco ela saiu e com um machado nas mãos, era de ouro por inteiro, aquilo reluzia á seus olhos de tão lindo. Perguntou-lhe: É este o teu machado? O caboclo na sua simplicidade e sinceridade respondeu: Não, não é esse não! Ela some nas aguas e sai de novo em instantes com outro machado em mãos, só que este era de prata, reluzia do mesmo modo do primeiro. Pergunta-lhe outra vez: É este? O caboclinho diz: Não, não é esse também não! Ela deu o terceiro mergulho e de lá do fundo das aguas surge com o seu verdadeiro machado, o de ferro com cabo de madeira. Interpela-o pela terceira vez. É este o seu machado? Desta vez sorrindo da ingenuidade do homem. Sim, sim é este mesmo moça! Feliz disse a ela: Dê cá este danado que agora não o deixarei cair mais, no riacho. Ela passou-lhe a ferramenta e pediu que ele esperasse só mais um pouquinho. Foi lá no fundo d’agua e trouxe os outros dois, o de ouro e o de prata e lhe deu de presente como recompensa de sua ingenuidade e sinceridade, percebeu que naquele coração sertanejo não havia ganância nem malícia! Ele agradeceu a moça, a sereia e foi-se feliz da vida para sua casa. No dia seguinte amanheceu contando para a vizinhança o que acontecera com ele, dizia que não precisaria mais trabalhar tanto como antes, pois ficara riquíssimo. Um dos seus vizinhos que era diferente dele, já arquitetou um plano. Fingindo que tirava lenhas passando pelo riacho, no mesmo lugar do vizinho fingiu cair e jogou seu machado n’agua e sentou-se na margem do córrego e pôs-se a lamentar. Meu Deus e agora que faço? Perdi meu machado! Como vou viver sem ele? Como ficará minha vida sem minha ferramenta? Vou comer o que? Só é com ela que ganho meu sustento? Não demorou as aguas balançaram e a sereia apareceu: O que foi homem, que está lamentando tanto que de lá do fundo das aguas ouvi suas lamentações? É que perdi meu machado aí nas aguas e não consigo tirá-lo para amanhã ir trabalhar na mata, é que eu vivo de tirar lenhas, adiantou o malandro. A sereia deu um mergulho e saiu de lá do fundo do riacho com um machado de ouro, e outro de ferro, justamente o dele e perguntou-lhe: Qual dos dois é o seu machado amigo? Pois são os únicos que encontrei lá no fundo! Sim, sim é este de cá, este amarelinho reluzente, referindo-se ao de ouro, é este mesmo, responde o mentiroso! A sereia deu uma baita risada e mergulhou nas águas para não sair enquanto ele estivesse por ali. Sem graça, cabisbaixo, foi-se embora até sem o seu machado de ferro! Kkkkkkkkkkkkkkkk.

SÃO HISTÓRIAS QUE ESCREVEMOS PARA “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
Recordações do nosso tempo de escola. Anos 1950. Luiz Moreira Chaves. 13/09/2014

ANASTÁCIO MS.

A PRIMEIRA GUERRA DO PLANETA! Parte Final.

     
                          

Somos os generais de nossas tropas e no tinido dos ferros, a minha tropa avança atravessando o rio. Será a primeira grande guerra na terra! Nossos nomes ficarão na história para as demais gerações tomarem conhecimento desta batalha sem precedentes. Sem ter alternativa para o caso, o grilo voltou cabisbaixo para seu reduto, os insetos aguardavam o retorno dele para saberem no que resultou do encontro. Este passou a noite cantando como sempre: Cri, cri, cri. Pediu ao primo gafanhoto por ser mais ágil que avisasse todos os lideres de cada espécie de formigas, de marimbondos, carniceiros, chapéu, caçulunga, pinta-preta, pinta-amarela, exus, de vespas, de aranhas, de escorpiões, de lacraias, abelhas africanas, caga-fogo, oropa, moxengos, assanharó, borás, mandaguaris que ao todo são centenas de milhares, um número infinito de insetos venenosos que viessem sem falta em sua casa para lhes informar o que deveriam fazer para conter o leão e sua tropa. Nunca se viu tantas lideranças juntas. Muitos dias para serem atendidas. Vieram todas as lideranças das espécies de todos os tamanhos. Após a informação da inevitável guerra, o grilo chamou um marimbondo solitário de nome “Caçador” grandão, azul quase preto. Ferroa doído que Deus me livre, nomeou-o como comandante das duas baterias por ser um valente inseto. Bateria terrestre e aérea. Só dispomos das duas. Ambas são leves. Eles tem apenas uma, só que é muito pesada! Disse ao caçador: A estratégia da nossa defensiva é por tua conta! Eu comando a linha de frente, depois recuo, e subirei numa árvore e de lá de cima dou as ordens para nossa tropa avançar, não moverei um dedo porque o nosso batalhão será imbatível, vamos unidos dar uma lição no rei das selvas! O marimbondo caçador disse: Todas as subdivisões da bateria terrestre se posicionarão na beirada da mata, em nichos rasteiros, exemplo: Se camuflarão, embaixo das folhas secas. O mangangá é mestre nesta arte, e nós os deixaremos atravessarem o rio e quando entrarem na mata é nossa vez. Atacaremos todos de uma só vez por baixo, a subdivisão ou pelotão da bateria dos insetos da classe formigas subirão pernas acima dos grandalhões, é para grudarem neles e ferroarem tantas quantas vezes puderem.  O pelotão da “Cabo-verde” avançará primeiro, depois caiapó, correição, cabeçudas, Quem-quem e as demais. Por cima darei o grito de guerra para a bateria aérea formada pelos insetos voadores que se lançarão sobre todos, estes também terão que se posicionar antecipadamente em bolos de enxame embaixo das folhas e galhos dos arbustos, nas cascas dos paus, na beiradinha da mata, se os inimigos adentrarem no nosso território estarão  perdidos, porque esbarrarão em vocês, enquanto eles olham para baixo preocupados com as formigas, nossa bateria aérea fará a sua parte. Cairá matando sobre eles! Kkkkkkkkkkkkkkk! A primeira subdivisão a avançar será a dos marimbondos “Tatú” depois as demais, uma de cada vez conforme eu dar o grito de avançar. Não daremos tempo para eles! Ouvindo isso o grilo não se conteve, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Não foi atoa que te nomeei comandante supremo do nosso exército, dissera ao marimbondo “Caçador.” Você é um crâneo, disto eu já sabia! Kkkkkkkkkkkkkk! Este dissera: Imagino que nós os derrotaremos na primeira batalha. O grilo antevia o sucesso, não cabendo em si de extrema confiança na sua tropa, dava gargalhadas. Não via o tempo passar! Chegou o dia “D”, É agora ou nunca! Dava medo ver o tanto de animais grandes lá do outro lado do rio. De elefantes até o menor dos animais que não desertaram com medo de morrer. A terra tremia ao ruído da marcha deles em direção á beira do rio. Do lado de cá a tropa do grilo toda camuflada e em silêncio total, só afiando os ferrões. Lá na frente estava o Leão, peito empinado e com olhar de desprezo para o grilo. Este aproximou respeitosamente saudou-o cortesmente e já desembainhou a espada! Está pronto majestade? Interpelou o grilo. Sim, responde o Leão! Cadê sua tropa! Perguntou o rei da selva. Estão de prontidão, responde o grilo! Não vejo ninguém? Replica o Leão! Isso não vem ao caso, completa o grilo! Se nos atacar, saberemos nos defender! O leão entendeu que o grilo ainda alimentava a esperança de evitar a guerra. Sacou da espada e deu uma estocada na do grilo, os ferros tiniram! O leão deu um rugido que estremecera a terra, sua tropa avançou, caíram n’agua atravessando o rio. O grilo correu e subiu numa árvore. De lá de cima, deu seu grito de guerra! A tropa do leão entrou mata adentro. Foram surpreendidos pelo exercito de formigas cabo-verde. Chuim, chuim chuim chuim chuim Inhim inhim. Quando viram o chão forrado daqueles temíveis insetos venenosos, recuaram todos! O Grilo ativou a sua bateria aérea, chegava ouvir a quilômetros de distancia o ZUUUUUUMMMMMMMMM de tantos insetos terríveis em ação, os ares escureceram de tantos insetos voadores e ferozes. O leão na frente de sua tropa recuou e deu no pé, não suportou o ataque, e sua tropa enfileirou atrás dele. Caíram n’agua, todos de volta e debaixo de ferroadas. O grilo dava gargalhadas. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Não ficou um sequer! Sumiram todos! Acabou a guerra! Dalí uma semana ainda tinha bicho todo inchado! O Leão ficou três dias sem abrir os olhos, embaixo de uma moita escura e se lamentando! Pensou consigo, o grilo tinha razão! A Paz vale mais! Guerra traz doenças!                         
 FIM.

IMAGINAÇÃO E CRIAÇÃO NOSSAS, PARA O DIA DO FOLCLORE:  HOJE DIA 22/08/2014
PARA “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

LUIZ MOREIRA CHAVES.  ANASTACIO MS 

domingo, 24 de agosto de 2014

QUANDO A SORTE BAFEJA AS PESSOAS!

                                            


Um velho sitiante de muita dedicação ao seu trabalho, atividades e por longos anos, muito tempo mesmo e já com idade avançada um dia recebeu uma visita de um estranho vindo de terras longínquas a procura de um sonho que desde a tenra idade queria vê-lo realizado até antes de morrer. Este visitante viajou por longos dias a cavalo, viagem desgastante, cansativa, mas muito esperançosa. A cada dia que ficava para trás no trajeto da viagem até ali o deixava muito feliz por sentir que a sorte nunca o abandonaria, a cada passo a sua emoção lhe surpreendia, como agradecia a Deus por esta viagem tão feliz. Forasteiro naquela região, mas determinado a conseguir fazer muitas amizades por onde passasse, mesmo por pouco tempo. Era uma aventura das mais fascinantes que até ali ouvira falar e contar por pessoas vividas e antigas. Um dia de tardezinha chegou ao destino. Era um sitio bem localizado em uma fralda de serras margeada por um ribeirão muito caudaloso, era um lugar aprazível, gostoso de viver e apreciar as belezas da natureza. Aquele senhor que fora nascido e criado naquele lugar era uma pessoa muito simpática, cortês e muito alegre, acolhedor, pois por ali passava muitos viageiros que iam por outras paragens era um ponto quase de parada obrigatória para quem transitava naquelas bandas. O nosso amigo sitiante morava só, era viúvo há muitos anos, convivia com seus animais de estima e suas criações de cabras, ovelhas, tropas e algumas vacas leiteiras. Sempre visitado por seus filhos e familiares, a bem da verdade não estava só. Então o nosso viajante chegando foi bem recebido pelo velho que muito agradável e proseador lhe indagou para onde ia. O viajante  se sentindo em casa respondeu: Estou de passagem, amigo e lhe agradeço muito por permitir que eu pernoite hoje em sua casa, bem que preciso de um descanso mesmo, há dias que viajo. A minha montaria já demonstra fadiga também. Mas o velho hospedeiro muito gentil desencilhou seu animal, levou-o para beber agua no riacho depois deu de comer e soltou-o no piquete. Voltando arranjou um quarto para o seu hóspede, que se alegrou muito com a cortesia do velhinho. Descansou um pouco foi para o banho depois do jantar, o velho muito prosa, sentaram lá no terreiro á luz da lamparina conversaram muito. Ai o nosso amigo disse ao amigo, na verdade eu vim somente até aqui guiado por um sonho que sempre tenho, varias vezes isso aconteceu, então decidi ver se o fato é verdadeiro. Conte-me lá disse o velhinho! Pois é amigo, eu sonhei com esta sua chácara e que num dos cômodos de sua casa tem um tesouro enterrado no subsolo, então eu percebi que isso é verdade e se o senhor consentir cavucaremos e dividiremos o produto. Metade minha e a outra sua. Concorda amigo? Acho que isso é verdade porque nunca viajei por estas bandas e vim certinho em sua casa e reconheci o senhor. Estou muito animado por ser um baú grande e lotado de libras. Estaremos ricos, amigo! Só dependo do senhor para isto acontecer. O velho escutou toda a história do viajante em silêncio e respondeu: Meu filho, deixa de tolices, isso nunca existiu por aqui e muito menos em minha casa, fui nascido e criado nestas redondezas, conheci tanta gente que já até morreu e nunca ninguém falou destas coisas. Isto é bobagem sua, desculpe amigo, eu te falar assim! Mas eu sempre sonho com isso e é aqui que se encontra esta riqueza replicou o viajante, tenho certeza disso! Está enganado meu rapaz, pondera o velhote, jamais te negaria se isso fosse verdade. Você quer ver uma coisa? Eu também já sonhei com um lugar distante daqui, e que neste lugar tem umas pedras grandes, e numa delas tem uma cabrita que dorme em cima. Vejo bem no sonho e uma cabra pintada. Os demais cabritos dormem em outros lugares, só ela é que dorme nesta pedra. Embaixo da pedra alguém me mostra um baú cheio de libras e pedras preciosas, e eu nunca pus isto na cabeça. Não creio nestas coisas, nunca tive vontade de ir atrás disto. Não perco meu tempo. Diante do fato explicado pelo anfitrião o rapaz ficou pensativo e nada disse a respeito do relato do bom velhinho. Mudaram de assunto e logo foram para os aposentos descansarem. Naquela noite o viajante nem dormiu direito por causa da descoberta que o velho tinha feito sem saber. Imagine o que aconteceu! No dia seguinte levantaram cedo ele ajudou o amigo a cuidar dos animais, andaram pela roça do amigo muito contente feliz da vida, em silêncio pela novidade que concebera sem esperar. A sorte bafeja a gente mesmo. Concluiu! No outro dia cedinho agradeceu a hospitalidade do amigo, despediu e retornou a sua casa. Lá chegando da viagem na entrada de sua chacrinha já no escurecer viu a sua cabrita pintada deitada em cima da pedra. A sua mente iluminou, parecia ver o tesouro que o velho descrevera. Ali estava o tesouro que fora procurar tão longe naquela desgastante viagem de uns quatro dias. Descansou, depois calmamente foi cavucar embaixo da pedra e lá estava o baú cheinho de libras e pedras preciosas. Ficou riquíssimo e sozinho! Ficou imaginando porque precisou ir tão longe para descobrir aquele tesouro. Embaixo do seu nariz e nunca soubera daquilo. Caprichos da natureza!




SÃO HISTÓRIAS QUE IMAGINAMOS E ESCREVEMOS PARA COISAS DE CABOCLO.
ENRIQUECENDO NOSSO FOLCLORE QUE COMEMORA DIA 22/08/2014.

LUIZ MOREIRACHAVES.  ANASTÁCIO 20/08/2014.  

A PRIMEIRA GUERRA DO PLANETA! Parte 01

                                            

Em uma era remota nesta terra que Deus criara para os humanos habitarem juntamente com toda a sua criação de animais em toda a sua diversidade, quando ainda ninguém contava o tempo. A população da terra se resumia em um pequeno grupo, uma meia dúzia de pessoas num só lugar, o restante da terra era livre para os animais viverem como bem quisessem, ar, agua, matas verdejantes, serras azuis, céu azul celeste, o infinito era lindo, um azul cintilante das estrelas, e a lua de noite prateava todo o universo, de dia o sol era límpido e de tão claro chegava a ser azul. As terras, a vegetação, os mares, os rios as cachoeiras, lagos e lagoas de aguas cristalinas os peixes felizes na superfície olhando tudo e conhecendo o exterior de seu habitat. As aves aquáticas, as terrestres, as do céu os animais em sua diversidade, os insetos noturnos e diurnos, de todos os tamanhos cuidando de seus afazeres, suas vidas e suas obrigações com a mãe natureza. As plantas verdejantes. Cada uma mostrando sua magnificência, beleza e raridades, seus préstimos para com a terra que em tudo tem prazer de dar, produzir, oferecer á todos que dela e de suas coisas precisarem. Era um mundo lindo e maravilhoso de se viver. Mas seja homem ou animal sempre teve a ganancia ou ideia de dominar tudo sozinho, sempre ser autoridade foi cobiça dos seres que habitam a terra. Nunca se contiveram em viverem o que de direito lhes cabe, sempre quer mais seja lá como for, e da maneira como vem, se não vier pelos seus méritos, buscam de qualquer jeito, pois quase nada lhes contenta. O domínio fascina o homem e os animais, um animal grande quer dominar os menores, um homem mais instruído quer sempre passar em cima dos outros a qualquer custo. Dentre os animais surgiu uma ideia desta. O Leão um dia andando pela mata observava tudo, desde o mais frágil animal até o minúsculo inseto que por direito ocupava o seu espaço e em seu trabalho. Cooperando com a natureza e oferecendo-lhe o que produzia e fazia de bom. Ninguém seja lá quem for não é inútil, cada um tem seus préstimos e utilidade para com a sociedade onde vive. Ele achava que os animais grandes poderiam até viver melhor se não houvesse tantos insetos pequeninos perturbando:  Abelhas, marimbondos, formigas borboletas, louva-a-Deus, grilos, baratas, gafanhotos, libélulas, caranguejos  escorpiões, sapos, cobras, ratos, minhocas, e muitos outros. Decidiu dar um fim nesta miuçaia de bichos. Como rei da floresta e dos animais julgou-se no direito de fazer o que quisesse. Planejou tudo com calma, e saiu com seus planos de destruir tudo. Na concepção de suas ideias, teria que ficar só os grandes. Convocou a bicharada a quem governava e expôs a sua linha de pensamento. Seria uma guerra sem dúvida!  Teria que dar certo sim. De uma maneira ou de outra. O burro, não gostou da proposta. O cavalo disse: Para mim tanto faz. O macaco disse: Eu não entro nessa. O Quati, a jaguatirica, o bicho-preguiça, os tatus, o cabrito montês, o carneiro, o cachorro-do-mato, airara, lobinho, preás, coelho, pacas, cutias, as cobras, ninguém destes havia visto ou pensado num reboliço deste tamanho. Ficaram apreensivos sem saber onde pegarem. Mas era uma ordem do rei da selva, e agora? Resolveram ficar quietos, cada um cuidaria de sua vida, até que surgisse uma convocação em massa para dar inicio na guerra propriamente dita. Somente as aves do céu é que não participariam. Ficariam sobrevoando e assistindo as batalhas. Quem dos insetos seria o comandante da tropa? Já que os poderosos viriam para cima deles. Todos os insetos se reuniram e elegeram o grilo para ser Líder, comando e guia deles. O Grilo sempre fora corajoso. E desta vez não recuou ante a proposta do Leão! Foi ter com a Majestade para acertarem todos os detalhes para o inicio do conflito. Foi recebido pelo Leão, sentaram frente a frente e o Grilo tentou um acordo com ele: Façamos o seguinte disse o grilo, já que o leão pediu que fizesse uso da palavra na abertura da sessão, de conciliação ou declaração da guerra. Vossa Alteza pode escolher uma região das matas que melhor lhe agradar, faça uma demarcação da área que lhe pertence, e nós os insetos respeitaremos o limite. Mudaremos todos, desde a formiga lava-pés até o maior dos insetos. Nós só pedimos que deixe as abelhas sobrevoarem o vosso território em busca de recursos nas flores para fazerem o mel. Fora isso, ninguém se atreverá invadir o vosso domínio. Serei o fiscal da minha turma e prometo ser-lhe fiel. Cada um no seu lugar de direito e viveremos todos em paz, afinal a terra é muito vasta, dá para todos e mais um pouco. Além disso, vislumbro uma guerra sem futuro, dará muitas mortes sem dúvidas, e nós podemos evitá-la. Nunca existiu isso! Até aqui vivemos bem! Porque não prosseguirmos em paz? Acho melhor não expor meu exército! As vidas valem mais do que uma ambição desmesurada da nossa parte como lideres que somos. Se vossa Majestade concorda, aqui está um pedacinho do meu bigode como garantia de minha palavra. Coloque um fiapo do seu bigode junto para selarmos o contrato, o acordo que porá fim num conflito que ainda está por eclodir. Apesar de confiar seguramente em vossa alteza, porque palavra de rei nunca voltou atrás. Nossa! Mas como o Leão achou ruim! Rosnou até! Disse ao Grilo: Quem é você para me insultar desta maneira? Vem com uma proposta destas? Eu não recebo ordens! Dou ordens! Fique sabendo que depois do homem, quem manda na terra sou eu! Terá que me obedecer e pronto! A guerra vai começar tão logo meu exército estiver treinado, preparado para combater seja em que circunstâncias forem. Pisotearemos todos sem piedade, os aniquilaremos, serão dizimados, e varridos da face da terra. Só nós triunfaremos. Lembre-se: Todos os animais grandes estão do meu lado e convocados, pertencem ao meu exército. Da borboleta para baixo em tamanhos são seus soldados. Dominaremos a terra! Volte para o seu reduto e aproveite seus dias finais. O Grilo abaixou a cabeça, pensou e respondeu humildemente: Desculpe-me majestade, não imaginei que Vossa alteza pensasse assim! Uma última pergunta: Quando se dará a vossa invasão no nosso reduto? Invasão não? Replicou o leão com superioridade! Daqui a quarenta dias exatos a contar desta data entraremos em guerra! O rio é a divisa do combate! Estaremos em forma do lado de cá, atravessamo-lo e vos atacaremos lá do outro lado. Antes, nós dois estaremos frente a frente na praia do seu lado visto que insetos não atravessam cursos d’agua, prontos para o desafio. Puxará tua espada eu puxarei a minha.



Continua...

domingo, 17 de agosto de 2014

A PACA E O RATO

                                 

                                         
De acordo com as histórias, contos e fábulas sobre os animais silvestres, e no reino da bicharada a Paca e o Rato são primos em segundo grau. Ou como é de costume o sertanejo dizer: ”Primos segundo” Ambos são muito parecidos, na pelagem, no porte, no jeito de andarem, sentam de igual modo e em épocas remotas a Paca tinha rabo longo como o do Rato, este também era muito maior, são da espécie roedores, quadrúpedes, mamíferos e vertebrados, de hábitos noturnos, ás vezes saem de dia, é muito raro ver Pacas durante o dia, o Rato sai a qualquer hora, mas com muita cautela, devido aos predadores seus que além dos gatos tem corujas, caburés, gaviões de toda espécie, lagartos, cobras, seriemas e outras aves de grande porte como emas e outras. Alimenta-se de frutas, raízes. Da roça come de tudo:  Arroz, feijão, milho, mandioca, amendoim batatas e se morarem perto de casas é um convidado especial muito intrometido, é triste porque além de comer de tudo, estraga até roupas nos lugares que estiverem fácil. Acostuma com a gente de modo que nem se assusta com nossa presença. Só é cuidadoso com os gatos domésticos, seu principal inimigo. Transmissor de pestes, e outras doenças contagiosas, urina para tudo o que é lado em cima das coisas de comer, na agua de beber, enfim é uma verdadeira peste. Aprende a conhecer ratoeiras e armadilhas diversas que são armadas para lhe pegar. É tão sabido que os bocados envenenados, ele muitas vezes não come, se sente o odor do veneno, mas alguns caem. Quando desconfiam que na isca contem veneno, já urinam em cima dela, este gesto é um aviso para os demais companheiros que vierem após ele saberem que aquilo é perigoso. Todos conhecem a senha e ninguém mais cai. Todos escapam! Moram em ocos de pau, coqueiros podres, cupins e em buracos no solo. Fazem ninhos para suas crias que são numerosas até uma dúzia de filhotes. É totalmente terrestre. Já a Paca vive na mata, capoeirões onde tem córregos, rios, lagoas, não chega ser anfíbia, é meio termo e alimenta-se de frutas em geral, milho, feijão verde, mandiocas, batatas é de natureza selvagem, dificilmente se adapta a costumes na casa da gente como animal doméstico. Gosta de sair somente de noite, de preferência nas noites escuras, sem luar. Por ser um animal sutil e desconfiado de natureza, os homens fazem “Esperas” e as tocaiam de noite, é de carne muito saborosa, parece com leitão novo seu sabor, se for assada é uma delicia. É muito caçada! Armadilhas também são usadas para lhe capturar! Caem com muita facilidade, é trouxa mesmo, diferente do primo que é esperto demais! Os seus predadores são muitos também, a sucuri, jiboias, gatos-do-mato. Jaguatiricas, onças, águias, gaviões reais, lobos e todos os demais felinos e canídeos, mas sabe defender bem a vida, por isso mora na beiradinha da agua, qualquer sinal de perigo: Tibummmmmm,  cai n’agua e mergulha saindo longe dali, engana o seu perseguidor. Tem sempre uma entrada ou saída subaquática de sua toca ou morada. Apesar de muito pouco se diferenciarem, quase não se encontram! Salvo neste caso que iremos contar uma de suas aventuras. Reconheceram serem parentes, surgiu uma bela amizade entre eles a ponto de toda noite se encontrarem e andarem em busca do que comerem, quando achavam algo, eles tinham o capricho de dividirem o jantar. Num dia desses tinha chovido á tardinha e a noite estava uma maravilha para andarem. Tinham caminhado muito sem nada encontrar para a janta daquela noite. Sentaram um de frente para o outro e começaram a pensar! Já é tarde e nada encontramos! Vamos atravessar o ribeirão e ver se lá do outro lado tem o que precisamos. Os dois saíram e na beirada dele o Rato achou um cipó caído que se estendia até a outra margem, rapidinho trepou nele e já estava lá do outro lado. A Paca caiu n’agua nadou, e já estavam juntos. Não censurou o primo por ter escolhido o cipó para fazer a travessia, sabedora que rato não gosta de agua, a não ser para beber kkkkkkkkkkkkk! Andaram pouco e logo viram uma coisa que arregalaram os olhos de espanto: Um monte de espigas de milho douradas, penduradas num pau arcado e por baixo de um tronco mais grosso cercado dos lados. Exclamou: Primo, só pode ser presente dos céus um negócio deste? Estamos fartos desta vez! O Rato nem suspirava de espanto! Nunca vira aquilo também, mas sentiu um calafrio na espinha. Pensou consigo só: O que será isso? Ficou meio cismado com aquela aparição! Kkkkkkkkkkkkk. O Rato disse: Prima, isso está muito alto, eu não alcanço pegar para nós! Deixa comigo primo que eu alcanço. Levantando as patinhas dianteiras abocanhou aquilo e puxou para si. Era uma armadilha, fez um reboliço aquele tronco e a vara caindo por cima dela. A Infeliz só teve tempo de dar um salto pra frente, mesmo assim ficou presa pelo rabo, e bem presa. Com aquela barulheira o rato sumiu no mato e ela ficou sozinha. Primo! Ô primo! Clamava ela. Venha me socorrer que estou presa! Medroso que só ele! O primo estava longe dali! Nem escutava! Kkkkkkkkkkkkkk. Depois de uma meia hora lá vem o primo sorrateiro e com muita cautela. Parou, escutou! Não viu nada de perigo e chegou de fininho. O que foi prima? É o que vês primo? Fiquei presa pelo rabo! Dê um jeito e me tira daqui, senão estou perdida, meu rabo está doendo muito entre esses enormes toros de madeira! Rôa eles primo? Mas como, disse o Rato! São enormes! Não tem como roê-los. E agora? Como faremos para mim sair daqui? Não sei disse o Rato! Ele rodeou, olhou e subiu em cima do tronco, ai a Paca berrou: Desce daí primo? Estou louca de dor e você ainda fica trepado em cima? Me doí o rabo que não suporto! O Rato desceu, pensou, passou a mão no queixo segurou e cofiou um fiapo dos bigodes e disse: Só achei uma solução para o seu caso! Cortar o teu rabo bem no pé! Melhor ficar sem ele do que os homens te pegarem viva! Isso é uma armadilha das piores que já vi!  Nossa, primo, e você conhece isso? Claro que conheço disse o Rato! Bem que desconfiei! Os homens são terríveis, fizeram para te matar, tivestes muita sorte de ficar presa só pelo rabo!  Vamos cortar como? Ponderou a paca! Espere ai um pouco dissera o rato, sumiu no mato e daí a pouco lá vem ele com uma folha de Caraguatá, aquela planta nativa de capões secos com serrilha nas beiradas, A “Abacaxizeiro do mato”. São folhas compridas parecendo serrote de dois gumes. A paca viu aquilo, entendeu e logo pensou na dor que teria que passar. Pensou: O primo age correto, melhor doer do que morrer. O rato segurou firme na folha e mandou a serra no rabo da prima. Cada esfregada era um guincho dela, mas suportou. Saia pelos, fiapos de couro, sangue, carne até deu na juntinha dos ossinhos do rabo. Acabou a serrilha de uma folha, ele foi buscar outra, até que serrou tudo! Terminada a tarefa a pobre paca onde sentava, ficava uma mancha de sangue no chão. O rato esfregou terra, na cicatriz até o sangue estancou. A paca agradeceu o primo e disse: Vamos embora daqui, nunca mais volto num lugar destes. Quem desta escapou, cem anos vive! O rato disse: E o nosso jantar? Como é que fica? Fez a prima roer as palhas da espiga, e cada um levou uma. Foram embora já no clarear do dia. Como primos e amigos das horas difíceis, se querem bem até os dias de hoje, é por isso que a paca não tem rabo.

HISTÓRIAS QUE IMAGINAMOS PARA “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
ENRIQUECENDO O NOSSO FOLCLORE QUE NO DIA 28 DE AGÔSTO SE COMEMORA.

ANASTÁCIO MS, 15/08/2014           LUIZ MOREIRA CHAVES. 

OS ANIMAIS TAMBÉM PASSAM POR DIAS DIFÍCEIS NA VIDA.

                         
         
Numa certa época, e por dois anos seguidos uma seca vinha devastando tudo, plantas, pastagens, matas, campos e pradarias, vinha também secando regatos, ribeiros, lagoas e até rios, os animais da mata estavam atribulados com a situação geral. Os predadores então, andavam por toda parte sem dar tréguas ás suas presas que já não tinham onde se defenderem dos tais. Parecia que ninguém conseguiria escapar, se não morresse de fome pela escassez dos alimentos naturais, os que sobrassem, os predadores pegariam na certa. Estava difícil a situação, quase sem solução, não chovia há muito tempo, fazia um calor insuportável, ventos quentes, abafadiço á noite, céus rubro-acinzentado no entardecer e amarelo no alvorecer, nem uma nuvem para dar uma sombra durante o dia, nem que fosse de alguns minutos. Animais magros, com pelos arrepiados sofrendo muito com a estiagem. Os animais que antes puderam, emigraram para outras regiões enquanto deu tempo. Outros deram bobeira e ficaram pensando que ia melhorar! Resultado! Dos predadores ficou o pior. A onça pintada! Tinha comido muitos dos que ainda ficaram na mata, os outros atravessaram o rio seco refugiando em qualquer lugar. O terrível felino sondava-os, corria atrás do que achasse até pegá-lo eram, tatus, cutias, pacas, alguma capivara na beira do rio, algum porco do mato, jabutis, preás, lebres e outros. Estava um inferno a vida dos pobres bichos, que além da fome uma perseguição acirrada. Não havia agua abundante, só alguma poça no meio da mata em alguma grota. Os animais noturnos nem saiam mais, pois a onça é noturna também. Esperando o dia amanhecer para saírem porque a onça ia dormir durante dia, então aproveitavam o horário. O felino estava louco de fome. Dera um carreirão no coelho. Mas este escapou de suas garras. Ficou uma fera, pensou com seus botões: Onde posso tocaiá-lo já que é o único que tem por aqui, os outros deram no pé, as aves sumiram todas. Andando pela mata, somente folhas secas que estalavam nas suas patas quando pisava. Agua, só muito longe e lá no rio e bem abaixo! Lugar de beber era descampado, aberto, não tinha como se esconder para surpreender a cobiçada presa. Deu sorte! Achou uma pequena poça d’agua numa grota que parecia nunca secar, ficou feliz da vida, agora sim, pensou consigo. Terão que vir beber agua aqui e eu os pego sem muito trabalho. Mas algum tempo atrás ela tinha atravessado o rio e ido em uma chácara e pegara um novilho, mas como era muito sacrificado o assalto, foi só uma vez, notou que tinha muitos cães, um velho caçador que era o dono da chácara, viu que era muito risco só por um petisco. Não pôs os pés lá nunca mais. Mas quem bate sempre esquece, e quem apanha sempre se lembra, pois o velho chacareiro que nunca esqueceu daquele fato, jurou que fosse  em qualquer tempo ou lugar, um dia daria cabo daquele felino. Então voltamos a ver o que a onça estava tramando para pegar o Coelho, já que os outros estavam todos foragidos dali. Olhou tudo a sua volta e viu que era um ótimo ponto de observação. O carreiro que descia da barranca era do outro lado, se o bicho entrasse para beber agua ficaria encurralado pelas paredes da grota, teria que correr grota acima ou abaixo caso assustasse dela, se tentasse voltar pela entrada estaria no “Papo” era subida e de um salto o pegaria. Mas o felino tem um cheiro terrível e é sentido pelos animais, inda mais com os ventos como sopravam dia inteiro. Ficou lá de tocaia, vinha um deles e quando sentiu a onça, caiu fora, e os animais da mata são solidários uns com os outros, muito unidos na defesa da vida, vendo ou sentindo o perigo logo dão alarme e os demais entendem e nem por lá tão cedo vão. O Coelho andava ressabiado, muito além de seu jeito de ser, também pudera! Um carreirão daquele! Quem não ficaria velhaco? Sondou, viu a bichona sentada e cochilando. Recuou e pensou. A coisa está preta para o meu lado! Se avançar ela me pega, se não for beber agua morrerei de sede! E agora? Voltou para trás e ficou quebrando a cabeça e espremendo os miolos em busca de uma solução. Ah sim, agora achei o que precisava, esfregou as patinhas uma na outra de contentamento. Procurou uma árvore de nome leiteiro, arranhou a casca dela e escorrendo um leite que parece cola esfregou no corpo todo, rolou nas folhas secas, ficou todo camuflado e esquisito, prendeu as orelhas embaixo do queixo e se foi, parecia um espantalho. Lá chegando perguntou á onça: A senhora me dá licença de beber um pouquinho de agua? Sim! Respondeu a onça. Beba a vontade! Ele desceu sorrateiramente e aproveitou! A onça olhava aquele bicho diferente dos conhecidos e curiosamente perguntou: Quem sois vós? De onde vens? Que nunca vi e nem te conheço? Acabando de beber agua, respondeu: Venho de outra galáxia, estou de passagem por aqui, as aguas de lá secaram! Morreram todos os habitantes e de lá só eu escapei! Nossa, disse a onça! Como te chamas? Meu nome é “Folha Seca”! Respondeu o Coelho. Muito obrigado, já vou indo! Espera aí? Replicou a onça. Por onde você passou não viste o coelho por aí? Não! Não vi! Mentiu o Coelho, bicho safado e de raciocínio rápido, passou na onça uma mentira deste tamanho: Vi somente uma imensidade de outros bichos, bonitos, gordos e bastante. Atravesse um rio que tem logo ali adiante, só que ele está seco. Tem um poço de água, muito grande e fundo bem adiante numa chácara. Só animais grandes como tu, é que tem lá, Anta, Veados, Caititus, queixadas, bezerros, bodes, carneiros, uma criação de porcos mansos além dos demais animais da mata que pra lá imigraram, o velho dá agua para todos. Este velho foi quem me deu de beber, e ele mora sozinho. Não quis ficar com ele porque estou indo para outra dimensão. É muito longe daqui. Porque me perguntas? Não, não precisa responder, atalhou o Coelho, adivinho o que queres, está passando fome aqui esperando aparecer alguma carne! Vou retribuir-lhe agora o favor que me fizeste, me deixando beber agua. Deixe de tolice, siga meu conselho e se dará muito bem! Mude para lá e fartarás de comida. A onça pensou, sabe que vou mesmo! Ah, já entendi! Fugiram daqui e foram parar lá com o velho. Enquanto a onça ligava os pontos, o Coelho deu no pé saiu a ponto de estourar de tanto rir, e a tonta foi na conversa dele, e logo que chegou na chácara, um bando de cães deu pela sua presença vieram de encontro com ela e foi aquele quebra-pau. Parecia que o mundo vinha abaixo. O velho chacareiro ouvindo o barulho pensou, já sei quem é, conheceu pelo acuado dos cães, espere aí, sabia que você um dia voltaria. Vamos ajustar as contas, passou a mão na cartucheira, um facão, uma capanguinha de cartuchos e foi vê-la de pertinho. Era aquela onça mesmo! Estava magra e fraca não podendo correr muito, logo deu acuação, sentou-se no chão bem no pé de uma árvore. Feroz como é, rosnando e fazendo caretas.  Os cães com aquela barulheira, de longe o Coelho ouvia tudo. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Escutou um baita de um estrondo, pensou consigo: O velho lascou fogo nela, caiu na bala! Agora sim! Esta não volta nunca mais! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Agora teremos paz! Saiu contente e foi avisar a bicharada que ia encontrando, que os bons tempos voltaram. Logo o tempo mudou e caiu uma abundante chuva a noite inteirinha dali uns três dias, a mata reverdeceu, árvores deram seus frutos, todas as campinas, cabeceiras e várzeas se tornaram verdejantes e a bicharada festejou o acontecimento! Agradeceram muito ao mestre Coelho, tão pequenino e frágil, mas muito astuto e inteligente, pregou uma peça na onça. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!

SÃO HISTÓRIAS QUE IMAGINAMOS PARA “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
ENRIQUECENDO O NOSSO FOLCLORE QUE NESTE MÊS SE COMEMORA DIA 28/08/2014

ANASTÁCIO 13/08/2014.   LUIZ MOREIRA CHAVES.     

sábado, 26 de julho de 2014

COMO VIVEM DOIS VELHOS COMPANHEIROS.




 Coelho e jabuti, dois animais de características diferentes como o dia da noite, apesar dessa diferença em hábitos e costumes de acordo com as espécies ainda em evolução dá para viverem em paz! O nome correto do Jabuti é Cágado e terrestre, mas vamos chamá-lo de Jabuti por ser mais conhecido assim em fábulas diversas. Além de uma boa amizade que entre eles existe. O Coelho é de hábitos noturnos, animal de pelagem delicada, sutil e precavido, desconfiado, cismado, atento ao menor ruído por onde anda em seu horário habitual que é do escurecer até no raiar do dia, ás vezes até o sol despontar no novo dia. Conhece todos os bichos do mato pelo seu cheiro. Mora em oco de pau, locas de pedras, embaixo de troncos caídos, em buracos no chão, ou em buracos nas barrancas de córregos, em última instância faz sua “cama” embaixo de moitas. Dorme com os olhos abertos. Pasta em geral todas as plantas gramíneas, relva delicadas, até pastam plantações de arroz já grandinhos, lá pelos seus quinze dias, come barro nos barreiros, anda pelos caminhos onde a gente passa, nos terreiros de “Taperas”, até mesmo no nosso terreiro das casas nos sertões, nas roças em invernadas sempre pastando capins. Fica sentado olhando o céu nas noites enluaradas. É domesticável com certa facilidade, acostuma com os movimentos da gente, tornam-se mansos a ponto de simplesmente sair do nosso caminho enquanto a gente passa, daqui a pouco voltam. Nas noites de luar a gente o vê batendo o bumbum no chão quando corre. É muito frágil, sem defesa nenhuma contra os seus predadores que são muitos: Cobras, Gaviões, Corujas, cachorros-do-mato, Jaguatiricas, e gatos de toda espécie. Só sabe correr e pronto! Muito embora seja muito veloz, alcança até 54 km por hora. Salta muito, audição aguçadíssima, olhos ligeiros, acima destes atributos que a mãe natureza lhe dotou. Está o seu Faro. Poucos animais tem a sua capacidade de percepção do cheiro dos seus predadores. É um animal de porte elegante, bonito até. Sua presença é agradável á nossa admiração. Asseado também. Não come sujeira nenhuma. Enquanto não acontece nada de perigo vai vivendo! Por outro lado o seu amigo Jabuti de características totalmente diferentes, vamos falar deste agora, um animal pré-histórico ao menos é o que parece, uma carapaça dura, que se não olharmos direito mistura com as pedras nos eixos de serra e por onde anda. Lento, cabeça de cobra, olhar feroz, patas como se fossem todas quebradas e tortas parece que o bicho foi remendado, arrasta a barriga no solo bem protegida de qualquer esfolado, tombo, até mesmo contra os predadores seus. Quase não bebe agua, alimenta-se de frutas, folhas de alguns arbustos e carniças que achar. Muito feio, não tem presença! Não foge de ninguém, pois as pernas não lhe ajudam, limita-se a encolher enfiando a cabeça e pernas na carapaça que é sua defesa, As suas patas dianteiras fecham direitinho e sua cabeça ninguém vê, o seu rabinho enrolado fecha lá no fundo também, é uma pedra! Assim ele dorme também com segurança! Sendo preciso fica horas e horas ali imóvel até que o seu perseguidor desista, Tem um faro muito bom! Lá de dentro de sua casa sente tudo que estiver ali por perto, só sairá quando não sentir cheiro esquisito nenhum. Seu principal predador é a onça que consegue quebrar a sua carapaça e comê-lo. Fora isso, vive muito, até cem anos ou mais. Seus hábitos são diurnos, anda o dia inteiro por todo canto em especial nos pés de morros, beira de estradas, matos, cerrados, beira de rios e córregos. Nunca tem pressa, está em casa, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Coelho e Jabuti se tornaram amigos, sempre que possível andavam juntos, só se encontravam no amanhecer ou no anoitecer, dia destes estavam batendo papo numa clareira da mata, quando o Coelho deu um salto e sumiu no mato sem dizer nada ao amigo, o Jabuti tomou um susto e fez o que podia, encolheu-se todo dentro da carapaça. De repente sentiu um par de unhas esfolando suas costas, conheceu pela “Catinga” de gato que exalou o felino, era uma Jaguatirica. Nossa, pensou com seus botões! Estou perdido! Que fim levou o meu amigo Coelho! De certo escapou dessa! Imaginou lá dentro da carapaça!  Tirou a seguinte conclusão, se o Coelho tivesse sido pego por este bicho ele não estaria unhando minhas costas! A jaguatirica rolava o jabuti para todos os lados tentando encontrar uma brecha para devorá-lo! Naquele aperto sem nada poder fazer, só imaginava uma coisa: Aguentar firme até ver no que daria aquela situação, dera mil e uma graças á Deus quando ouviu um ganido de cães não muito distante: Au au au au, percebeu que seu agressor o deixou e ”Pernas” para que te quero. Ficou de barriga para cima quieto sem mexer! Percebeu os cães passarem por cima de si numa desabalada carreira na batida da Jaguatirica. Logo ouviu uma acuação acirrada! Pensou consigo deve ser contra a minha perseguidora, bem feito! kkkkkkkkk. Era ela mesmo, e estava trepada num arvoredo e os cães embaixo acuando sem lhe dar tréguas. Os caçadores seguiram o acuado, de repente o Jabuti ouviu um estrondo, Tibuuuuuummmmmm! Aquele eco se tornou múltiplo pela serra que circundava o lugar. Pensou, agora sim! Parece que os homens abateram a Jaguatirica! Dai a pouco passaram pertinho dele, e um dos caçadores o viu e disse ao outro: Pobre bicho! Ponha-o em pé, sabe Deus quanto tempo está nesta posição aí de papo pra cima se debatendo! Vamos embora tirar a pele desta! O Jabuti pensou: Ainda tem muita gente boa neste mundo! Kkkkkkkkk. Se eu pudesse daria um abraço em cada um. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Deu um tempo e pôs a cabeça fora da carapaça, farejou, olhou, não viu ninguém, saiu feliz e vitorioso! Desta eu escapei! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk! Depois de alguns dias ele e o Coelho se encontraram novamente, relembraram o ocorrido e festejaram o reencontro!


ESTA HISTÓRIA DOS BICHOS É IMAGINAÇÃO E CRIAÇÃO NOSSA.
PARA: “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

ANASTÁCIO MS 25/07/2014

segunda-feira, 23 de junho de 2014

DOIS COMPADRES, O CÃO E MESTRE GATO !.


Mestre gato e o cão eram velhos conhecidos, mas se aproximavam muito pouco um do outro, como é sabido por todos que cão e gato são símbolos de discórdias, rixas, encrencas desentendimentos, bate-bocas, arrelias de toda espécie, malquerenças entre os povos, tanto é que há um ditado ou provérbio muito antigo que diz assim: Parecem cão e gato, aquelas ou aqueles. Porque sabemos que nunca se dão bem esses dois animais apesar de serem domésticos e ambos são muito queridos das crianças, e dos adultos também! Prestam-nos serviços, cada um com aquilo que sabe fazer. Salvo um ou outro caso de se darem muito bem quando criados desde pequeninos juntos, dormem juntos andam pra lá e pra cá sem se estranharem um ao outro. Brincam tanto que a gente para, ao vê-los naquela bagunça que aprontam. Pois é vamos discorrer a amizade destes dois em questão. O gato já tinha família, morava numa beira de estrada que demandava de um lugarejo para as colônias, sítios chácaras e fazendas. Tinha um boteco onde vendia quase de tudo, secos e molhados, armarinhos em geral, era muito conhecido e conhecia a todos da região. O cão por sua vez era ainda solteiro, servia na força pública, ou seja era policial na corporação do lugarejo. Nas incursões que a policia fazia nas redondezas, dando buscas onde fosse necessário, até então tudo calmo entre a população. Passaram lá no boteco do gato, ele e mais alguns companheiros mas como sabem, estando em serviços não permanecem muito tempo nos pontos de aglomeração de pessoas, apesar do gato terem lhes oferecido alguma bebida com parte de cortesia da casa, disseram muito obrigado e se foram embora. Estamos sempre ás ordens, dissera o gato a guarnição. O cão gostava de um trago lá de vez em quando, mas como estava de serviços e não podia, saiu com agua na boca. Planejava num dia desses, dar uma passadinha no boteco do amigo, bater um papo, tomar uns tragos fazer uma boa amizade e por ai a fora. Deu certo, foi registrado uma ocorrência na unidade de segurança pública e teve o cão a sorte de sair em missão de realizar uma prisão de um elemento foragido, pois havia cometido um delito contra uma moça, os pais dela, foi que fizeram a queixa, o rapaz aprontara a dele e caiu na “Folha”. Ninguém melhor que o cão para rastrear o fulano que era o coelho. Os pais e a moça eram os preás. Não tinha pressa ou data para levar o infrator á presença das autoridades. Desde que cumprisse a missão estava tudo bem. O cão saiu pedindo informações do coelho em vários pontos e pessoas que encontrava pela caminhada, fardado,  armado de pistola e um facão na cintura impunha respeito á todos além de ser muito competente era prosa e amigo do povo, não tinha um mínimo de preocupação com a tarefa, pois era bom farejador e nada escapava de seu faro aguçadíssimo, era o melhor soldado da corporação. Só que ninguém esperava que ele ao longo da carreira se tornara um beberrão disfarçado de gente boa quando não estava de serviços. Kkkkkkkkkkkkkkkkk. Apareceu no boteco do gato e sendo bem recebido soltou a prosa, conquistou rápido a confiança do gato que vendo aquela bela amizade, ofereceu-lhe um trago que foi aceito de bom grado da parte do cão. Papo vai papo vem, a gata deu uma espiada pela cortina da porta que divisava o armazém da sala de estar, viu que era um soldado fardado, reconheceu ser o cão, só imaginou: Homens se entendem bem, ela estava para dar gatinhos dali uns tempos, nem se importou com os dois. Escutando gargalhadas dos dois deu outra espiada ai o marido viu ela e disse: Traga um cafezinho para o nosso futuro compadre!  Ele está escolhido para ser padrinho de nossas crianças, o cão se mostrou muito honrado. A comadre ficou satisfeita com a escolha. Ela trouxe e eles tomaram, então compadre, o senhor vai ser pai? Perguntou o cão! Sim, e não demora! Parabéns ao senhor e a comadre que deu um sorriso maroto! Ficarei muito feliz em ser seu compadre. Continuaram só os dois tomando a pinga alternados, mas a cachaça subiu na cabeça dos dois e começaram conversando mole, a gata interveio e disse: Já estão ficando tontos é bom parar com isso. O gato voltando para ela respondeu: Lá para a cozinha, sabemos o que fazemos, ela saiu murchinha e os dois continuaram. O gato olhou o compadre e disse: Tu sabes usar estes tarecos que trazes na cintura? Claro que sei respondeu o cão! Manejo isto como ser fossem brinquedos! Quá, disse o gato! Comigo isto não funciona, porque sou mais ligeiro do que o senhor, isto eu garanto! Compadre, respondeu o cão, você não me conhece! Sou treinado para brigar com qualquer um! Nunca fui derrotado por ninguém! Quem é o senhor para me desafiar! Perde seu tempo! Quer experimentar ?Vamos ali fora no terreiro que te mostro meu valor! Sou o melhor soldado do batalhão! Tanto eu atiro como corto de facão! Ante as bravatas do cão, o gato saltou por cima do balcão, passou acima do compadre riscou um fósforo no terreiro e disse: Pegue-me se puder meu compadre!  Rolou no chão e esperou. O cão puxou o facão da bainha, lambeu-o e despejou no compadre gato. O gato limpou fora e o facão sibilou no ar mas só cortou a terra! O gato kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, Não te falei compadre? Sou igual um raio! Segure o ferro que lá vou eu! O compadre gato  riscou mais um palito do seu fósforo, saltou de barriga prá cima, virou no ar  deu um tapa na cara do compadre cão, mas só acertou no capacete que voou lá longe. O cão soltou o facão e sacou da pistola e abriu fogo no gato! Este deu um salto mortal e caiu em pé! Ainda no ar a bala do cão acertou bem na ponta do rabo do gato, tirou um pedacinho dele! O gato lambeu o rabo e disse: Puxa vida compadre, o senhor e bom mesmo, disse entre risos! Nessa altura a pobre da gata assustou daquele tiro, vendo os dois rolando na poeira passou a mão num cabo de vassoura e disse: Agora quero ver se não me obedecem seus dois bêbados safados! Não acham o que fazer enchem o "Tampo" de cachaça e ficam inventando moda. Parem com isso, quase me matou de susto seu dois vadios! Compadre cão, vai já para o quartel, que daqui a pouco chego lá! Vou registrar uma ocorrência de vocês dois! E você passa para dentro que depois vamos acertar, disse ao marido! Entrou lá dentro da casa, como se fosse pegar alguma coisa. Os dois muito desapontados, um olha para o outro e diz! Nossa, compadre o que fomos arranjar depois das pingas que tomamos! Verdade disse o outro! Estamos ferrados! O cão disse: Peça a comadre pelo amor de Deus! Não faça nada de ocorrência, senão vou ser expulso da corporação, por má conduta, perco meu ganha-pão, fico sujo perante a sociedade!  Estou em serviço, missão importante para cumprir, fico nos botecos tomando cachaça e o dever ainda por ser cumprido. Já imaginou compadre, eu saindo daqui bêbado e preso? Tô lascado se a comadre o fizer!  Pera aí compadre, disse o gato! Chamou a esposa, ela veio muito brava nervosa, e perguntou: Compadre cão, o senhor ainda não foi embora? Espere ai só mais um pouquinho que o senhor vai. Te mostro quem sou eu! Não, não comadre, te peço perdão pelo que fizemos! Prometo-lhe que nunca mais isso vai acontecer! Vou deixar de beber! Ponderou o compadre cão! Está bem, disse ela, espere ai um pouco! Foi lá na cozinha e fez um café amargoso para os dois. É para curar a bebedeira! Ambos tomaram em silêncio, se desculparam, se elogiaram e o cão foi-se embora, a comadre fechou o boteco e o gato foi dormir no sofá!  São compadres até hoje! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

FÁBULAS QUE CONTAMOS PARA DIVERTIR OS CABOCLOS SERTANEJOS.
IMAGINAÇÕES DESTE VELHO SERTANEJO E AMIGO DAS CRIANÇAS.

LUIZÃO-O-CHAVES. ANSTACIO MS 23/06/2014. (67) 3245 0140.  

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OS DOIS GATOS E O MACACO JUÍZ.



                        
Dois gatos haviam roubado um queijo, e na hora de dividirem o produto não se acertavam. Resolveram procurar alguém que fosse capaz de amenizar a situação entre eles, depois de tanto andarem, apareceu um macaco que se mostrou eficaz para resolver a questão. Me deêm uma balança de dois pratos e uma faca, exigiu o macaco. Pois não, disseram os dois encrencados, deram uma volta com o queijo numa sacola e trouxeram a dita balança e a faca. Na cabeça de um toco ajeitaram a balança numa pequena tábua, o macaco partiu o queijo no meio, mas com uma treita de safado mesmo, isto é; uma das partes ficou maior que a outra. Colocou-as nos pratos da balança, claro que uma das metades pesou mais, um dos pratos levantou enquanto o outro indicava mais peso. O macaco pegou a parte mais pesada e deu-lhe uma dentada, deu duas recolocou-a no prato que desta vez levantou mostrando que ficara mais leve, reverteu na outra parte mordendo-a tirando-lhe a diferença de peso. Assim foi fazendo alternadamente, nisso os pedaços iam ficando menores, um dos gatos bronqueou duro com o juiz da questão. Que história é essa? Senhor macaco! O que pensa que somos? Nunca vi isso? O senhor está logrando a gente! Não é porque roubamos este queijo que o senhor dá uma de esperto com a gente! Não amigos, não é que sou esperto! Ponderou o mico. Isso é um principio de justiça, eu explico: Todo juiz de questões, tem direitos a um percentual de comissão sobre o produto em questão, sejam de terras, partilha de bens, criações diversas, gado, imóveis, dinheiro vivo e qualquer coisa em litígio entre as partes requerentes, ele trabalha muito, e dentro das leis para acertar, para  que as partes cheguem num acordo, mas isso é combinado antes, por isso ninguém reclama! No nosso caso não houve acordo antecipado, por isso que dou uma dentada em cada pedaço do queijo para fazer jus ao meu trabalho que por sinal será bem feito e vocês dois irão me elogiar no final de tudo. Convencidos da opinião do símio em relação ao serviço concordaram e logo cada um dos gatos recebeu a parte que lhe cabia, e fim de questão. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
SÃO AS HISTÓRIAS DE ENTRETENIMENTO DOS CABOCLOS NA RODA DE BATE-PAPOS.
CULTURA SERTANISTA QUE PASSA DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO.
 SÃO IMAGINAÇÕES PARA: “COISAS DE CABOCLO” DE LUIZÃO-O-CHAVES.

ANASTÁCIO MS 22/06/2014

A LAGARTIXA E A CASCAVEL.






                    
Era já de tardezinha na estação do calor, pleno verão, como havia chovido horas antes, a cascavel resolveu sair do oco de um tronco onde fazia morada há alguns anos. Sentia o cheiro das folhas secas úmidas pela chuva, imaginou que seria fácil achar alguma presa  para o jantar, quem sabe um rato, uma ave descuidada, uma lebre, preá  ou qualquer outra coisa. Pois após uma garoa os animais e aves saem em busca de alguma novidade, minhocas, insetos cascas de cigarras, elas mesmas e diversos outros, se alegram com a umidade e frescor da terra e aproveitam para saírem mais cedo da tarde de suas tocas, tatus, pacas, cutias, ratos, preás, e as aves em geral gorjeiam alegres com a mudança climática nem que sejam de um dia para o outro. Andam a noite inteira, alguns animais até o sol já alto do outro dia. De buchos cheios, vão para o seus descansos diurnos, pois são noturnos de hábitos! Então como íamos dizendo, a cascavel cautelosa e lenta como é, ia devagarinho por entre os galhos secos e ramos verdes das moitas por onde passava, não fazia um ruído sequer, sempre na espreita de algo que podia lhe satisfazer. Tinha planos de ir até a beira do córrego em busca de saciar a sede e ficar sondando o primeiro descuidado que lhe atravessasse no caminho. Tal sem esperar vem uma lagartixa doida, numa carreira que nem ela sabia do que estava assustada. Deu de cara com aquele brutamonte de cobra. Nossa! Quase que desmaia de susto! Maior do que daquele bicho ou a coisa que a fazia correr daquele jeito! Ficou branca, e aterrorizada de medo da cascavel, nem pode articular uma sílaba sequer, fugiu-lhe a fala, aqueles olhos esbugalhados, parecia pregada no chão, uma estátua de tamanho que foi seu susto. A cascavel por sua vez vendo-a naquela situação teve pena daquele bichinho que além de pequenino é inofensivo. Perguntou-lhe: O que foi? O que aconteceu contigo? Estás tremendo?  O que te assustou tanto? A pobre lagartixa não balbuciava uma palavra. Mas a cascavel mostrando-se calma e com um jeito amigável ela criou coragem e respondeu: Nada! Nada como? Interpela a cobra! Muito sem graça, a lagartixa retrucou: Assustei-me da senhora, és um bicho que além de grande e perigoso! Eu quase esbarrei em ti sem perceber! Nossa como escapei dessa! Que nada disse a cobra, será que sou tão perigosa assim? Mas com você não! A essa altura a lagartixa tinha criado coragem, animou-se na conversa! A cobra enrodilhou-se para ficar mais a vontade, abriu um sorriso e o papo foi longe. Então disse a cobra, tens medo de mim! Deixe de tolice, tu sois muito mais perigosa do que eu! Se entre nós existe uma perigosa? Será você! Nem imagina como és perigosa e não sabes, quer ver? Vou lhe mostrar como não tens veneno mortal nenhum e mata qualquer vivente, e eu que tenho, ás vezes não mato assim como pensas. Vamos ficar na beirada daquele caminho, ali passa todos os dias aquele homem roceiro. Ficará de um lado, eu ficarei do outro, bem camufladas, vou picá-lo numa das pernas e você aparece de imediato. Ouça o que ele diz. Ele não me verá, mas sim você!  Assim ficaram até o homem passar, tomou a picada da cascavel e a lagartixa apareceu grudada na bainha de sua calça, um filete de sangue apareceu na sua perna, ele olhou, limpou e disse: Bichinho besta, não acha o que fazer? Vem assustar a gente! Foi-se embora pitando seu cigarro e trabalhou o dia inteiro. No dia seguinte fizeram ao contrário, a lagartixa picou-o e a cobra apareceu tocando o guizo, nossa senhora, que pânico! O pobre homem caiu no chão de tanto que assustou, e a dor agora? Gritou para tudo o que era santo, que ele sabia do nome. Já veio a família, prestaram socorro, já foram em busca de recursos para que o sujeito não morresse. Ficou mal num hospital após alguns dias ele retornou com saúde e muito desconfiado quando passava naquele local. Não te falei amiga lagartixa, que o que mata não é a gente? É o susto e o medo quem matam as pessoas. Kkkkkkkkkkkkkkkkkk.

COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES SÃO HISTÓRIAS DE MATUTOS.
IMAGINAÇÕES REGADAS COM CONHECIMENTOS DIVERTEM-NOS.

ANASTACIO 22/06/2014.

domingo, 4 de maio de 2014

A ASSOMBRAÇÃO DOS TRES RAPAZES.




               
Era uma vez três amigos estudantes, que cursavam a faculdade, eram muito unidos em torno dos estudos. De modo que tudo o que faziam dava muito certo, verdadeiros ajudadores um do outro, leais mesmo, nenhum deixava nada a desejar em termos de solidariedade, vai um dia, vem outro, o tempo vai passando, um belo dia a formatura deles.  Cada um com a escolha diferente da carreira a ser seguida no transitar pela estrada da vida. Mas unidos na felicidade. Resolveram tirar umas férias após a conclusão dos estudos. Eram assim, um deles gostava de tomar vinho, o outro mais moderado, qualquer coisa lhe servia, mas só para agradar os outros dois. O terceiro não gostava muito de beber, lá de vez em quando sim! Passando por outros lugares vindo da capital onde estudavam e divertindo para se livrarem da estafa de tantos anos de estudos. Vieram para a cidadezinha do interior onde moravam, as demais não distavam muito da sua.  Andavam de jardineira que servia a população naquela região, outras vezes andavam á pé, ali na redondeza que circunvizinhava a sua cidadezinha conheciam tudo. Um dia destes foram a um lugar mais longe dali, numa outra localidade. Iriam pernoitar, foram para uma pensão, lá se acomodando, isto era de manhã! Após o almoço descansaram um pouco. Saíram a passear ao redor do vilarejo. Foram por uma estrada que daria num belo córrego onde era muito visitado por pessoas nos finais de semana. Lugar aprazível, cortado pela estrada que demandava a outras localidades. Na beirada do córrego havia uma invernada com gado e chácaras bonitas de se ver. Ao atravessarem um capão de mato antes da travessia no córrego, tinha um areião na estrada que convidava a gente para ficar sentado nela de tão alva e límpida. Sentaram ali um pouco para descansar e conversar algo a respeito da beleza do lugar. Levantaram e saíram, logo após terem andado algumas centenas de metros pararam. No mato se ouvia canto dos pássaros, gafanhotos e cigarras cantando também. De repente ouviram uma gargalhada: kkkkkkkkkkk . Uma risada feia, não era de gente viva! Arregalaram os olhos! Um deles o mais medroso, disse: Vamos embora daqui! O que será isso? O do meio ficou assombrado que nem a fala saiu! Não sei, responde o terceiro, só sei de uma coisa já estou indo! Corram! Mas o primeiro muito corajoso replicou: Correr coisa nenhuma, eu quero ver o que é? Ouviram mais uma vez:  kkkkkkkkkkkkkk. Seguido de uma voz que dizia: Quem nunca viu o laço do Diabo venha ver! O mais medroso ficou entre o dois, tremia-lhe as pernas! Um disse aos demais: Vocês ouviram bem? Sim, acenou com a cabeça os dois! Vamos lá ver de perto esse negócio! Ao adentrarem no capão viram um vulto enrolado numa capa, com chapéu sobre os olhos escondendo o rosto e desaparecendo entre os arbustos. Me acompanham que lhes mostro uma coisa que nunca viram, dissera o vulto negro! Foram acompanhando aquele espectro que seguia na sua frente de modo invisível, só viam as folhas de mato balançarem, lá adiante embaixo de um pé de Cafezeiro, sombra muito fechada divisaram uma caixote no chão, era uma caixa de couro já desgastada pelo tempo, mas ainda intacta no seu conteúdo. Chegando pertinho, olharam um para o outro, espantados com o que viram, abriram-na: Cheinha de libras de ouro puro, maciço, reluzentes. Perderam até o folego. Nossa! Nunca vi uma coisa dessa! Disse o mais corajoso. Completou dizendo aos outros dois que a essa altura já não tinham mais medo! Laço do Diabo, coisa nenhuma! Ganhamos de alguém este tesouro. Estamos muito ricos. Kkkkkkkkkkkkkk. Sentaram no chão, sem preocupações. E agora? Dissera o medroso. O mais esperto e tomador de vinho, sugeriu: Um de nós volta lá no boteco e traz uma garrafa de vinho para brindar a divisão desta riqueza entre nós. Kkkkkkkkkkkkk. Quem vai? Quem fica? Por fim sortearam um que iria!  Recaiu sobre o mais corajoso! Eu vou então, disse ele! Lá se foi, enquanto os dois ficaram, cresceu num deles uma ambição tão grande por aquele tesouro, arquitetou um plano com seus botões: Esta riqueza é ótima para três, mas para dois ainda é melhor, já sei o que vou fazer. Andou pelo mato e encontrou um pau que lhe serviria de cacete. Enquanto o outro não chegava com o vinho, deitaram nas folhas secas do chão, ficaram conversando, aproveitando cochilou uns instantes, o suficiente para aquele do cacete dar-lhe uma bordoada na cabeça, repetindo-as até certificar que o companheiro estava morto! Vamos ver o que foi buscar o vinho, e o que estava pensando acerca da riqueza. Esta coisa, para três é muito boa. Idealizou também outro plano terrível. Passou num armazém e comprou uma dose de formicida tatu, colocou-a no vinho. Pensou consigo, os dois morrem, eu serei rico sozinho. Prosseguiu no retorno, chegando na entrada do capão, de tocaia numa moita antes estava o assassino do companheiro, com o cacete nas mãos: Ao passar por ela não percebeu nada, tão absorto no pensamento da  riqueza. Tomou uma porretada que seus miolos saíram da cabeça. Kkkkkkkkkkkkkkkkk. Gargalhou o assassino dos dois companheiros. Agora sim! Estou riquíssimo e sozinho! Vou tomar este vinho, tirar uma soneca e logo mais a noite sairei buscar um saco e uma condução para levar minha riqueza sem que ninguém veja! Kkkkkkkkkkkkkkkkk. Abriu a garrafa e tomou um gole daqueles que o caboclo, o matuto, o sertanejo diz: Uma cipoada e mais um pouco. Caiu tonto, mas ainda pode ouvir daquele espectro antes de morrer: Não te falei que era o laço do Diabo? No mesmo instante aquela caixa se desfez, era um monte de folhas secas. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Aquela gargalhada sinistra até os dias de hoje ecoa no capão quando passa gente por ali. Ficou assombrado aquele trecho de estrada.

MORAL: A NATUREZA HUMANA VENDO MUITO DINHEIRO MUDA O PENSAMENTO!
HISTÓRIA DESTE CABOCLO SERTANEJO LUIZÃO-O-CHAVES 02/05/2014
ANASTÁCIO MS