Era já de
tardezinha na estação do calor, pleno verão, como havia chovido horas antes, a
cascavel resolveu sair do oco de um tronco onde fazia morada há alguns anos.
Sentia o cheiro das folhas secas úmidas pela chuva, imaginou que seria fácil
achar alguma presa para o jantar, quem
sabe um rato, uma ave descuidada, uma lebre, preá ou qualquer outra coisa. Pois após uma garoa
os animais e aves saem em busca de alguma novidade, minhocas, insetos cascas de
cigarras, elas mesmas e diversos outros, se alegram com a umidade e frescor da
terra e aproveitam para saírem mais cedo da tarde de suas tocas, tatus, pacas,
cutias, ratos, preás, e as aves em geral gorjeiam alegres com a mudança
climática nem que sejam de um dia para o outro. Andam a noite inteira, alguns
animais até o sol já alto do outro dia. De buchos cheios, vão para o seus
descansos diurnos, pois são noturnos de hábitos! Então como íamos dizendo, a
cascavel cautelosa e lenta como é, ia devagarinho por entre os galhos secos e
ramos verdes das moitas por onde passava, não fazia um ruído sequer, sempre na
espreita de algo que podia lhe satisfazer. Tinha planos de ir até a beira do
córrego em busca de saciar a sede e ficar sondando o primeiro descuidado que lhe
atravessasse no caminho. Tal sem esperar vem uma lagartixa doida, numa carreira
que nem ela sabia do que estava assustada. Deu de cara com aquele brutamonte de
cobra. Nossa! Quase que desmaia de susto! Maior do que daquele bicho ou a coisa
que a fazia correr daquele jeito! Ficou branca, e aterrorizada de medo da
cascavel, nem pode articular uma sílaba sequer, fugiu-lhe a fala, aqueles olhos
esbugalhados, parecia pregada no chão, uma estátua de tamanho que foi seu
susto. A cascavel por sua vez vendo-a naquela situação teve pena daquele
bichinho que além de pequenino é inofensivo. Perguntou-lhe: O que foi? O que
aconteceu contigo? Estás tremendo? O que
te assustou tanto? A pobre lagartixa não balbuciava uma palavra. Mas a cascavel
mostrando-se calma e com um jeito amigável ela criou coragem e respondeu: Nada!
Nada como? Interpela a cobra! Muito sem graça, a lagartixa retrucou: Assustei-me
da senhora, és um bicho que além de grande e perigoso! Eu quase esbarrei em ti
sem perceber! Nossa como escapei dessa! Que nada disse a cobra, será que sou
tão perigosa assim? Mas com você não! A essa altura a lagartixa tinha criado
coragem, animou-se na conversa! A cobra enrodilhou-se para ficar mais a
vontade, abriu um sorriso e o papo foi longe. Então disse a cobra, tens medo de
mim! Deixe de tolice, tu sois muito mais perigosa do que eu! Se entre nós
existe uma perigosa? Será você! Nem imagina como és perigosa e não sabes, quer
ver? Vou lhe mostrar como não tens veneno mortal nenhum e mata qualquer
vivente, e eu que tenho, ás vezes não mato assim como pensas. Vamos ficar na
beirada daquele caminho, ali passa todos os dias aquele homem roceiro. Ficará
de um lado, eu ficarei do outro, bem camufladas, vou picá-lo numa das pernas e
você aparece de imediato. Ouça o que ele diz. Ele não me verá, mas sim você! Assim ficaram até o homem passar, tomou a
picada da cascavel e a lagartixa apareceu grudada na bainha de sua calça, um
filete de sangue apareceu na sua perna, ele olhou, limpou e disse: Bichinho
besta, não acha o que fazer? Vem assustar a gente! Foi-se embora pitando seu
cigarro e trabalhou o dia inteiro. No dia seguinte fizeram ao contrário, a
lagartixa picou-o e a cobra apareceu tocando o guizo, nossa senhora, que
pânico! O pobre homem caiu no chão de tanto que assustou, e a dor agora? Gritou
para tudo o que era santo, que ele sabia do nome. Já veio a família, prestaram
socorro, já foram em busca de recursos para que o sujeito não morresse. Ficou
mal num hospital após alguns dias ele retornou com saúde e muito desconfiado
quando passava naquele local. Não te falei amiga lagartixa, que o que mata não
é a gente? É o susto e o medo quem matam as pessoas. Kkkkkkkkkkkkkkkkkk.
COISAS DE
CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES SÃO HISTÓRIAS DE MATUTOS.
IMAGINAÇÕES
REGADAS COM CONHECIMENTOS DIVERTEM-NOS.
ANASTACIO
22/06/2014.
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