sábado, 15 de outubro de 2011

Educando sem violência.



A mulher que namorava, de surrar não precisei,
Tirei a mania dela dum jeito que só eu sei,
O burrão que empacava, só num repasse que dei,
Nem se quer usei espora, sua treita eu tirei,
A roça que tinha mato, bem limpinha eu deixei.

Lá no fundo da prisão, vi o inocente prisioneiro,
Fui direto com o juiz, que deu ordem ao carcereiro,
Não ajustei advogado, porque ele só quer dinheiro,
Num processo rapidinho, já soltamos o companheiro,
E a sogra que encrencava, despachei por um cargueiro.

O violeiro que embrulhava, sua viola eu tomei,
Mandei ele ter capricho, trovar assim como eu sei,
As modas que ele cantava, de algumas até gostei,
Mas por ser moda emprestada, isso eu não concordei,
Hoje é um grande artista, me agradece porque ajudei.

Os livros do Ruy Barbosa, na Bahia fui estudar,
No Rio Grande do Getúlio, um dia fui passear,
Muito bela suas coxilhas, só não vi ninguém reinar,
Com São Paulo e Brasília, não precisa desafiar,
Das Minas do Juscelino, Diamantina é um bom lugar.

No estadão de Goiás, lá não tem moda mandando,
Waldomiro só tem bazar, é só Deus que é soberano,
Já tem tantos violeiros, todos eles repicando,
Nenhum deles fez retirada, porque o povo tão gostando,
 Duvido quem me desminta, a verdade que estou falando.

P.S: “Esta é a resposta do pagode em Brasília.’’

Luizão, o Chaves.


Confiança de caboclo.




Fui criado lá na roça, quase não sou instruído,
Mas confio no meu peito, nesta viola e seu tinido,
Este pinho tem história, eu não canto repetido,
Prá nóis dois saí derrotado, isso é coisa que duvido.

Cobra confia no bote, e num azougue que tem seu olho,
Sujeito que olha de lado, ele é malandro ou é caolho,
Eu confio na mulher e na porta com ferrolho,
Nesta aí o Ricardão, já pôs as barba de molho.

Os paturis quando viajam, são confiantes no seu guia,
A jacutinga estrala a asa quando vem rompendo dia,
E o bando de macaco percorrendo a mataria,
Viram a onça na tocaia, aprontaram a gritaria.

Tem peão espora de ouro, já vi burro que não amansa,
Confiar demais no amor, cuidado que ele balança,
Mas tem amor com pureza, que merece confiança,
Um deles eu garanto, é o amor de uma criança.

Os boiadeiro no estradão, a confiança tá no ponteiro,
Só não deve confiar no burro que é coiceiro,
O patrão pôs confiança em sua tropa e nos campeiro,
Peonada confia em Deus e o patrão mais no dinheiro.

Todos que tem devoção, tem seu santo que adora,
Até as caças da mata, confiam no caipora,
Quem vem prometendo tudo, é só da boca pra fora,
Quem tiver fé e ter juízo, confia em Nossa senhora.

Luizão, o Chaves.

Honra de mineiro.




Deixei meu torrão natal na divisa com a Bahia.
Sou mineiro puro sangue, um negão que reluzia,
No dever com minha Pátria, servi na Engenharia,
Honrei a nossa Bandeira, também a minha famia.

Por ser muito sistemático e conservá essa mania,
Não gosto das brincadeira, é que no fim só dá arrelia,
Trago o bico fechado, coisa de muita valia,
Fechado não tem mosquito, o vovô sempre dizia.

Um caboclo creditado, compromissos tão em dia,
Lembro o tempo da vergonha que os homens nem mentia,
Negócio era coisa séria, que nenhum dos dois traía,
A palavra igual um tiro e ninguém nem escrevia.

Dois fiapos dos bigodes era toda a garantia,
Caso um roesse a corda, chifre queimado fedia,
A conversa era curtinha e ninguém não discutia,
Não querer honrar o trato, era aí que o pau comia.

Um homem daqueles irado, as barba chega tremia,
Facão salta da bainha, era só aço que tinia,
Não precisava ser valente, mas tinha hora que servia,
Porque um homem de verdade, não dá vergonha pra famia.

Seus filhos vendo o exemplo, da raia ninguém fugia,
Era homens de futuro, diferente de hoje em dia,
Porque o homem moderno, maior parte é porcaria,
Falta respeito e vergonha, que no passado existia,
O que faz mais é sujeira, e só faz por ninharia,
Viu dinheiro rói as cordas, se vende por micharia,
Homem sério é revoltado ver crescendo esta anarquia,
Inda tem homem honrado, vergonha e sabedoria.

Luizão, o Chaves.

Sorte de camioneiro.




Com Pedrinho um ajudante, um dia desses viajemo.
O trucão leva escrito, eu não sei porque viemo.
Tamo duro igual uma sola, o dinheiro nóis gastemo.
Semo feio como encrenca e se qué nóis é assim memo.
Apesar de tudo isso, ai ai. De ninguém inveja temo.

Fumo com carga pesada, prás banda do Rio Pequeno.
Região de serra braba, por lá nóis nunca passemo.
Decidimo aventurar, lugar que não conhecemo.
Nas neblina traiçoeira,  “dourado” nóis acendemo.
Na hora ninguém subia, ai ai. Era só nóis que ia desceno.

Marcha e freio não segurou, serra abaixo descambemo.
Nóis olhando um para o outro, frio da morte percebemo.
Espiamo a pirambeira, o nosso corpo nóis benzemo.
Virgem Santa Milagrosa, São Cristóvão nóis rezemo.
Se por nóis, vóis não oiá, ai ai. Desta vez nóis se lasquemo.

Logo na primeira curva, em linha reta nóis cortemo.
Caímo num tombadô, nessa queda até arriemo.
Fumo os três pará no céu, com São Pedro assim falemo:
_ Meu sinhô recebe nóis, inda agorinha que cheguemo,
Pode os três volta patraiz, ai ai. Prá vocês vaga num temo.

O trucão tá fumegando, do alto nóis enxerguemo.
Os corpo liso sem ranhão, certo é só desmaiemo.
Sacudiram nosso corpo, ligeirinho nóis levantemo.
Igual mocó subir em pedra, o tombador nóis escalemo.
Virgem Santa, São Cristóvão, ai ai. Nossa vida lhes devemo.

A vida tem sua largueza, disto nóis nunca abusemo.
Estar de bem sempre com ela, é isto que pretendemo.
Deste mundo a gente leva só o bem que nóis fizemo.
Sina de camioneiro, podem crer é assim memo.
Um dia a morte fareja ,ai ai. Em outra data renascemo.

Luizão, o Chaves.

domingo, 9 de outubro de 2011

Esta é a Raça Tricolor!



Nosso almoço nos domingos é carreteiro e Coca-Cola,
Linguiça, carne assada, vinagrete e pomarola,
Frango assado com recheio, laranjada e refricola,
Além das contas quitadas, nunca nóis pediu sacola.
Nossa vida corre livre, é fresca nossa cachola.
Quem tem dor de cotovelo, prá ele nóis num da bola.
Se precisam dos trocados, pode vim que nóis descola.
Com a gente não tem mosquito, e o resto nóis controla.
Se nosso time perdeu, foi o juiz e os cartola.
Agora se ele ganhou, tem pandeiro e tem viola.
Nosso time é o São Paulo, o tricolor do Morumbi.
É o melhor que o Brasil tem, não aceito discutir,
No Mundial Interclubes, somente nóis que tem “tri”.
Com quase cinquenta anos, que o Santos quer conseguir,
Vou torcer para o cunhado, pra façanha repetir,
E pro monte que vão atrás, nóis não tamo nem aí!
Tu aceita esta verdade, inda tem que me engolir,
Alô torcida são paulina, não deixa o time cair,
Tamo no meio dos grandes, com vontade de subir,
Que nóis ganha, empata ou perde, nunca vamos desistir,
Nossa torcida é mais simpática, todos dizem não é só eu,
Não debocha de outro time, nem daquele que perdeu.
São Paulo faz gol de raça, não é gol que juiz deu,
Dezembro de trinta e cinco, esta pérola nasceu,
E chegou vitorioso, com o velho Cícero Pompeu.
Mil talentos nóis produz , não contando os que morreu.
Veja o Rogério Ceni, o exemplo que ele deu,
É a estrela Matutina, seu brilho nunca perdeu.
É guerreiro de natureza, porque nunca esmoreceu.
No jogo da tua vida, foi em Tókio e venceu.
Alô torcida brasileira, ouçam que vou lhe pedir,
Todos os clubes e atletas, vamos a todos aplaudir,
Estes versos que fizemos é para todos divertir,
Sem ofensa, sem maldade, foi assim que escrevi,
Outra copa vem chegando precisamos se unir,
Todos clubes tem talentos, não podemos dividir,
Precisamos jogar mais, pra Copa fica aqui,
Dois a zero nos “Hermanos”, foi só pra moral subir,
Não podemos dar moleza, nem deixar escapulir,
Mas pra isso acontecer, o Ricardão tem que sair!

 "Coisas de Caboclo de Luizão-O-Chaves".

Clamor da natureza.


A minha vida com a viola, se entrelaçam perfeitamente,
Todas modas que eu faço, é um sucesso permanente,
Parece o sol e a lua, que cruzam o céu diariamente,
Que dê chuva ou faça sol, estou firme no batente,
Não dependo de projetos, nem sacola do Presidente,
Só dependo do Deus Supremo, que vive eternamente.

Contemplo a mãe natureza, sinto que tá decadente,
A criação e os animais, sempre na ordem crescente,
Dão respeito ao Criador, que lhes deu boa semente,
Com eles não há mentira, se respeitam mutuamente,
De nada tão reclamando, dão lições em muita gente,
O homem nasce com honra, vive desonradamente.

A Rainha Mãe Natureza, me falou diretamente,
Tá vendo a devastação e o que fazem com a gente?
Isto é uma perversidade, com nosso meio ambiente,
Nossos rios com agua suja, lá da foz até a nascente,
O homem tudo destrói, derramando os poluentes,
Combustíveis, inseticida, todo tipo de detergente.

Os homem perdeu o juízo, além de ser prepotente,
Quando não estão em guerras, ficam perseguindo a gente,
São dotados de inteligência, só que faz mal constantemente,
É um escravo da ganância, coisa triste esta semente,
Ele é o verdadeiro bicho, você pode ficar ciente,
Não acabe com nossas matas: Peço encarecidamente!
                                                                            
"COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES"
 ANASTÁCIO MATO GROSSO DO SUL.





Duelo dos pé-de-cana.



Na festa topo um sujeito, não sei donde apareceu,
Mal encarado me pergunta. O que foi que aconteceu?
Eu não gosto de pergunta, tu não sabe menos eu,
Retrucou sou valentão, será que não percebeu?
Respondi no pé-da-letra, valentão aqui sou eu.
Dei um limpa na garganta, um dos beiço ele lambeu.
Foi dois saques muito rápido, logo a terra estremeceu,
A fumaça tomou conta, tava escuro que nem breu,
Eu gritava lá vai chumbo, respondia lá vai eu
Era só bala que zunia, igual na guerra dos ateu.
Nós sopremo a fumaça, que logo desvaneceu,
Só não vi se o valentão caiu morto ou se correu,
Ninguém sabe se o sujeito, no meio do povo escondeu,
Em junho e noite de festa, que este fato aconteceu,
Inda procuro tal valente, mas ninguém notícia deu,
Andava todo engarruchado, diz que procurava eu,
Procurei saber seu nome e a pinta que ele deu,
Alto, ruivo e bigodudo que atende por Afreu,
Ficamos desencontrado, ninguém sabe quem morreu,
Todo o povo lá da festa, não teve quem não correu,
Depois do caso passado, quando o dia amanheceu,
Eu não vi casca das balas, nenhum morto ou quem correu,
Eu não sei quem é que aguenta um pé-de-cana como eu,
Passa a noite resmungando, ainda diz que não bebeu,
O caco pra lá de cheio sonha, que o pau ontem comeu,
Sou cowboy, sou pé-de-cana, nem sonhando esmoreceu.
                                                                                 
"COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES"
 ANASTÁCIO MATO GROSSO DO SUL


   

Rancheira do compadre.




Tou morando aqui, mas sou de Regente.
Encontrei um amigo que veio de Prudente,
Eu toco viola, ele é um tenente.
Ficamos compadres, é o prazer da gente,
Me trata “negão”, chamo ele Vicente,
Compadre negão. Compadre Vicente.
Compadre negão. Compadre Vicente.
Comadre e compadre no cachorro quente,
Levanta chorosa, não sacia a gente,
Vamos no compadre que tem a “semente”,
Tá fraco demais, a mulher não mente.
Sempre empinadinha firme no batente,
Ela tá fogosa, ele tá carente,
Ela tá fogosa, ele tá carente.
Pois o caso dele dá pena na gente,
Ele tá sisudo que nem mostra os dentes,
Vou te dar o “chá”, pois sou competente,
Môo “gruquelim”, raiz e semente,
Com esta receita, vejamos o que sente,
Vamos meu compadre, chega lá pra frente,
Vamos meu compadre, chega lá pra frente.
Ele tava triste , está tão contente,
Era tão molenga, já virou pé-quente,
Assustou o povo, tem cuidado gente,
Ficou perigoso, o compadre Vicente,
Tá rapando tudo o que tá na frente,
Não quer nem saber se tá frio ou quente,
Não quer nem saber se tá frio ou quente.
Como bota fé na minha semente,
Home tá dum jeito, não há quem aguente,
Quis fazer mistura até da sua gente
Tá levando a eito, o que traz na mente,
Parecendo pinho, soda e água quente,
Artes do negão com o “chá da semente”
Artes do negão com o “chá da semente”.
Ele corre atrás, a muié na frente,
Segure este homem aí atrás da gente,
Que ficou maluco e foi de repente,
Foi você compadre, qu’esse troço quente,
Cê pediu comadre, então agora aguente,
Cê pediu comadre, então agora aguente,
Cê pediu comadre, então agora aguente.

"COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES"

ANASTÁCIO- MATO GROSSO DO SUL 09/10/2011




domingo, 2 de outubro de 2011

É BOM, MAS TEM DUREZA


Nunca conto tudo o que faço, é chato ser regateiro,
Prá conquistar um amor, gosto de chegar primeiro,
Desfruto todo o carinho, os outros deixo no cheiro,
Dois amores é bom demais, mas precisa ter dinheiro,
Ser machão é coisa boa, complicado é ser gaieiro.

Burro manso e bom de sela, coisa ruim se é treiteiro,
Melhor coisa é não beber, pior coisa é um cachaceiro,
Sempre sujo e lambuzado, igual porco no chiqueiro,
Passa o tempo só travado, exalando um mau cheiro,
Como é bom ser centro avante, que dureza é ser goleiro.

Amor de mulher casada, não precisa de tempero,
Mas é muito perigoso, do defunto larga um cheiro
Vou com jeito e com carinho, não costumo ser grosseiro,
Se ela fica magoada, vem encrenca mais ligeiro,
Já inventa pro marido, tá ferrado o companheiro.

É gostosa a liberdade, da tristeza um prisioneiro,
Tou indo para o trabalho, pretendo chegar primeiro,
Ganho com honestidade, tô longe dos trambiqueiro,
Sempre com boca fechada, eu nunca fui cagueteiro,
Com satisfação eu ganho, aproveito bem meu dinheiro.

Converso sempre na boa, porque não gosto do pampeiro,
Vida e Paz a melhor coisa, sem deixar faltar dinheiro,
O Dezembro é muito bom, emendado com Janeiro,
Vou festejar pra todo lado, levo junto os companheiro,
Se a morte tiver levando, pera aí pô! Eu fico por derradeiro!
                                                                                      
"COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES"
 ANASTÁCIO- MATO GROSSO DO SUL.

GALERIA DOS GÊNIOS


O maior grito que já foi dado ecoou no mundo inteiro,
Foi dado aqui no Brasil, nas margens de um Ribeiro.
Foi clamor por liberdade, deste povo brasileiro,
Deram vivas ao Brasil, despacharam o cativeiro,
Foi o “Grito do Ipiranga”, quem deu foi Pedro I.

O maior e voraz dos peixes, que conheço é o tubarão,
A maior das ferroadas, só arraia e escorpião,
As duas maiores saudades é: Ouro Preto e Matão,
O maior golpe do amor, quando fere um coração,
Inda não vi tamanha dor, como a dor da ingratidão.

Do mundo a maior proeza, foi o homem sair voando,
Outra no Paranazão, um bode a nado atravessando,
Parou a guerra na Biafra, pra verem Pelé jogando.
O maior rolo da História, foi de uma cobra fumando,
Na terra o maior perigo, é ver as águas rolando.

O maior susto que tomei, meu coração ainda sente,
A maior boca do mundo, escancarou mas tá sem dente,
A maior verdade dita, ninguém fica pra semente,
Quem tem a maior coragem, pegue esta batata quente,
É uma viúva bela, mas que tem nove descendente.

O maior rombo da nação, fizeram debaixo do pano,
Do Brasil o maior poeta, Castro Alves um baiano,
Inda maior é o Tiradentes, enforcado por tirano,
E o grande Deodoro, um Marechal Republicano,
O maior de tudo nos inspira: Senhor Deus, Pai Soberano. 
                                                                                    
"COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES"
 ANASTÁCIO MATO GROSSO DO SUL.

sábado, 24 de setembro de 2011


Este é o Luizão com a sua netinha "Ana Luiza" a mascote do nosso Blogger. A sexta de 9 netos!!!!!