sábado, 15 de outubro de 2011

Confiança de caboclo.




Fui criado lá na roça, quase não sou instruído,
Mas confio no meu peito, nesta viola e seu tinido,
Este pinho tem história, eu não canto repetido,
Prá nóis dois saí derrotado, isso é coisa que duvido.

Cobra confia no bote, e num azougue que tem seu olho,
Sujeito que olha de lado, ele é malandro ou é caolho,
Eu confio na mulher e na porta com ferrolho,
Nesta aí o Ricardão, já pôs as barba de molho.

Os paturis quando viajam, são confiantes no seu guia,
A jacutinga estrala a asa quando vem rompendo dia,
E o bando de macaco percorrendo a mataria,
Viram a onça na tocaia, aprontaram a gritaria.

Tem peão espora de ouro, já vi burro que não amansa,
Confiar demais no amor, cuidado que ele balança,
Mas tem amor com pureza, que merece confiança,
Um deles eu garanto, é o amor de uma criança.

Os boiadeiro no estradão, a confiança tá no ponteiro,
Só não deve confiar no burro que é coiceiro,
O patrão pôs confiança em sua tropa e nos campeiro,
Peonada confia em Deus e o patrão mais no dinheiro.

Todos que tem devoção, tem seu santo que adora,
Até as caças da mata, confiam no caipora,
Quem vem prometendo tudo, é só da boca pra fora,
Quem tiver fé e ter juízo, confia em Nossa senhora.

Luizão, o Chaves.

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