segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Mundo Revirado




O mundo tá revirado, não tem cêrca nem cancela
Situação tá apertando, igual porca na arruela
A carestia traz a fome e juro alto na tabela
Deus na Terra é o dinheiro: o povo se acotovela.

Deputados na Mansão e os pobres tão na favela
O respeito e a vergonha quem matou foi as novela
Juventude e mulherada tão sem freio e na banguela
“Fica” e larga o tempo todo: o casar virou barrela.

Tem sujeito afeminado, rebolando igual donzela
Traz o brinco na orelha, depila até na patela
Roupa frouxa nega as linha, calça no meio das canela
Não me chame mais de Tonho: agora sou Mikaela.

A justiça vacilando prêsse povo inda protela
Aprovando esta lei, diz que é direito dela
Dois machos estão casados, dizendo que vida bela!
A moral foi água abaixo: foi sem choro, foi sem vela.

Tempestade doutro mundo, arranca chapéu com barbela
Enchente da tromba d’agua arrastou ponte e pinguela
Povo antigo assombrado vai cedinho prá capela
Credo em cruz ave-maria: como a coisa ficou fela.

Surgiu um sertanejo sujo, duplas de meia tijela
Cantam cobiçando o alheio, não tem medo da fivela
Sou caboclo sertanejo, minha boca é sem tramela
Fim dos tempos já chegou: a escritura é que revela.

O demônio tranca as porta, mas Deus abre a janela
Seus filhos não ficam presos, vão escapando por ela
São mulher e homem sério, que nunca se esfacela
O que conserva sua honra: nunca cai na esparrela.

São alegres e tão felizes, tem fartura na panela
Tamo festejando sempre, é leitão gordo e costela
Lingüiça e frango assado, batata frita em rodela
Neste Natal e Ano Bom: É voto dos Portela.

Me chamam de cuiabano, porque sou de Vila Bela
O rubi do centro-oeste desta nação verde-amarela
A primicia da natureza, rainha das corrotela
Te agiganta meu Cuiabá: Do Brasil sois aquarela.

Luizão, o Chaves!