domingo, 24 de agosto de 2014

QUANDO A SORTE BAFEJA AS PESSOAS!

                                            


Um velho sitiante de muita dedicação ao seu trabalho, atividades e por longos anos, muito tempo mesmo e já com idade avançada um dia recebeu uma visita de um estranho vindo de terras longínquas a procura de um sonho que desde a tenra idade queria vê-lo realizado até antes de morrer. Este visitante viajou por longos dias a cavalo, viagem desgastante, cansativa, mas muito esperançosa. A cada dia que ficava para trás no trajeto da viagem até ali o deixava muito feliz por sentir que a sorte nunca o abandonaria, a cada passo a sua emoção lhe surpreendia, como agradecia a Deus por esta viagem tão feliz. Forasteiro naquela região, mas determinado a conseguir fazer muitas amizades por onde passasse, mesmo por pouco tempo. Era uma aventura das mais fascinantes que até ali ouvira falar e contar por pessoas vividas e antigas. Um dia de tardezinha chegou ao destino. Era um sitio bem localizado em uma fralda de serras margeada por um ribeirão muito caudaloso, era um lugar aprazível, gostoso de viver e apreciar as belezas da natureza. Aquele senhor que fora nascido e criado naquele lugar era uma pessoa muito simpática, cortês e muito alegre, acolhedor, pois por ali passava muitos viageiros que iam por outras paragens era um ponto quase de parada obrigatória para quem transitava naquelas bandas. O nosso amigo sitiante morava só, era viúvo há muitos anos, convivia com seus animais de estima e suas criações de cabras, ovelhas, tropas e algumas vacas leiteiras. Sempre visitado por seus filhos e familiares, a bem da verdade não estava só. Então o nosso viajante chegando foi bem recebido pelo velho que muito agradável e proseador lhe indagou para onde ia. O viajante  se sentindo em casa respondeu: Estou de passagem, amigo e lhe agradeço muito por permitir que eu pernoite hoje em sua casa, bem que preciso de um descanso mesmo, há dias que viajo. A minha montaria já demonstra fadiga também. Mas o velho hospedeiro muito gentil desencilhou seu animal, levou-o para beber agua no riacho depois deu de comer e soltou-o no piquete. Voltando arranjou um quarto para o seu hóspede, que se alegrou muito com a cortesia do velhinho. Descansou um pouco foi para o banho depois do jantar, o velho muito prosa, sentaram lá no terreiro á luz da lamparina conversaram muito. Ai o nosso amigo disse ao amigo, na verdade eu vim somente até aqui guiado por um sonho que sempre tenho, varias vezes isso aconteceu, então decidi ver se o fato é verdadeiro. Conte-me lá disse o velhinho! Pois é amigo, eu sonhei com esta sua chácara e que num dos cômodos de sua casa tem um tesouro enterrado no subsolo, então eu percebi que isso é verdade e se o senhor consentir cavucaremos e dividiremos o produto. Metade minha e a outra sua. Concorda amigo? Acho que isso é verdade porque nunca viajei por estas bandas e vim certinho em sua casa e reconheci o senhor. Estou muito animado por ser um baú grande e lotado de libras. Estaremos ricos, amigo! Só dependo do senhor para isto acontecer. O velho escutou toda a história do viajante em silêncio e respondeu: Meu filho, deixa de tolices, isso nunca existiu por aqui e muito menos em minha casa, fui nascido e criado nestas redondezas, conheci tanta gente que já até morreu e nunca ninguém falou destas coisas. Isto é bobagem sua, desculpe amigo, eu te falar assim! Mas eu sempre sonho com isso e é aqui que se encontra esta riqueza replicou o viajante, tenho certeza disso! Está enganado meu rapaz, pondera o velhote, jamais te negaria se isso fosse verdade. Você quer ver uma coisa? Eu também já sonhei com um lugar distante daqui, e que neste lugar tem umas pedras grandes, e numa delas tem uma cabrita que dorme em cima. Vejo bem no sonho e uma cabra pintada. Os demais cabritos dormem em outros lugares, só ela é que dorme nesta pedra. Embaixo da pedra alguém me mostra um baú cheio de libras e pedras preciosas, e eu nunca pus isto na cabeça. Não creio nestas coisas, nunca tive vontade de ir atrás disto. Não perco meu tempo. Diante do fato explicado pelo anfitrião o rapaz ficou pensativo e nada disse a respeito do relato do bom velhinho. Mudaram de assunto e logo foram para os aposentos descansarem. Naquela noite o viajante nem dormiu direito por causa da descoberta que o velho tinha feito sem saber. Imagine o que aconteceu! No dia seguinte levantaram cedo ele ajudou o amigo a cuidar dos animais, andaram pela roça do amigo muito contente feliz da vida, em silêncio pela novidade que concebera sem esperar. A sorte bafeja a gente mesmo. Concluiu! No outro dia cedinho agradeceu a hospitalidade do amigo, despediu e retornou a sua casa. Lá chegando da viagem na entrada de sua chacrinha já no escurecer viu a sua cabrita pintada deitada em cima da pedra. A sua mente iluminou, parecia ver o tesouro que o velho descrevera. Ali estava o tesouro que fora procurar tão longe naquela desgastante viagem de uns quatro dias. Descansou, depois calmamente foi cavucar embaixo da pedra e lá estava o baú cheinho de libras e pedras preciosas. Ficou riquíssimo e sozinho! Ficou imaginando porque precisou ir tão longe para descobrir aquele tesouro. Embaixo do seu nariz e nunca soubera daquilo. Caprichos da natureza!




SÃO HISTÓRIAS QUE IMAGINAMOS E ESCREVEMOS PARA COISAS DE CABOCLO.
ENRIQUECENDO NOSSO FOLCLORE QUE COMEMORA DIA 22/08/2014.

LUIZ MOREIRACHAVES.  ANASTÁCIO 20/08/2014.  

A PRIMEIRA GUERRA DO PLANETA! Parte 01

                                            

Em uma era remota nesta terra que Deus criara para os humanos habitarem juntamente com toda a sua criação de animais em toda a sua diversidade, quando ainda ninguém contava o tempo. A população da terra se resumia em um pequeno grupo, uma meia dúzia de pessoas num só lugar, o restante da terra era livre para os animais viverem como bem quisessem, ar, agua, matas verdejantes, serras azuis, céu azul celeste, o infinito era lindo, um azul cintilante das estrelas, e a lua de noite prateava todo o universo, de dia o sol era límpido e de tão claro chegava a ser azul. As terras, a vegetação, os mares, os rios as cachoeiras, lagos e lagoas de aguas cristalinas os peixes felizes na superfície olhando tudo e conhecendo o exterior de seu habitat. As aves aquáticas, as terrestres, as do céu os animais em sua diversidade, os insetos noturnos e diurnos, de todos os tamanhos cuidando de seus afazeres, suas vidas e suas obrigações com a mãe natureza. As plantas verdejantes. Cada uma mostrando sua magnificência, beleza e raridades, seus préstimos para com a terra que em tudo tem prazer de dar, produzir, oferecer á todos que dela e de suas coisas precisarem. Era um mundo lindo e maravilhoso de se viver. Mas seja homem ou animal sempre teve a ganancia ou ideia de dominar tudo sozinho, sempre ser autoridade foi cobiça dos seres que habitam a terra. Nunca se contiveram em viverem o que de direito lhes cabe, sempre quer mais seja lá como for, e da maneira como vem, se não vier pelos seus méritos, buscam de qualquer jeito, pois quase nada lhes contenta. O domínio fascina o homem e os animais, um animal grande quer dominar os menores, um homem mais instruído quer sempre passar em cima dos outros a qualquer custo. Dentre os animais surgiu uma ideia desta. O Leão um dia andando pela mata observava tudo, desde o mais frágil animal até o minúsculo inseto que por direito ocupava o seu espaço e em seu trabalho. Cooperando com a natureza e oferecendo-lhe o que produzia e fazia de bom. Ninguém seja lá quem for não é inútil, cada um tem seus préstimos e utilidade para com a sociedade onde vive. Ele achava que os animais grandes poderiam até viver melhor se não houvesse tantos insetos pequeninos perturbando:  Abelhas, marimbondos, formigas borboletas, louva-a-Deus, grilos, baratas, gafanhotos, libélulas, caranguejos  escorpiões, sapos, cobras, ratos, minhocas, e muitos outros. Decidiu dar um fim nesta miuçaia de bichos. Como rei da floresta e dos animais julgou-se no direito de fazer o que quisesse. Planejou tudo com calma, e saiu com seus planos de destruir tudo. Na concepção de suas ideias, teria que ficar só os grandes. Convocou a bicharada a quem governava e expôs a sua linha de pensamento. Seria uma guerra sem dúvida!  Teria que dar certo sim. De uma maneira ou de outra. O burro, não gostou da proposta. O cavalo disse: Para mim tanto faz. O macaco disse: Eu não entro nessa. O Quati, a jaguatirica, o bicho-preguiça, os tatus, o cabrito montês, o carneiro, o cachorro-do-mato, airara, lobinho, preás, coelho, pacas, cutias, as cobras, ninguém destes havia visto ou pensado num reboliço deste tamanho. Ficaram apreensivos sem saber onde pegarem. Mas era uma ordem do rei da selva, e agora? Resolveram ficar quietos, cada um cuidaria de sua vida, até que surgisse uma convocação em massa para dar inicio na guerra propriamente dita. Somente as aves do céu é que não participariam. Ficariam sobrevoando e assistindo as batalhas. Quem dos insetos seria o comandante da tropa? Já que os poderosos viriam para cima deles. Todos os insetos se reuniram e elegeram o grilo para ser Líder, comando e guia deles. O Grilo sempre fora corajoso. E desta vez não recuou ante a proposta do Leão! Foi ter com a Majestade para acertarem todos os detalhes para o inicio do conflito. Foi recebido pelo Leão, sentaram frente a frente e o Grilo tentou um acordo com ele: Façamos o seguinte disse o grilo, já que o leão pediu que fizesse uso da palavra na abertura da sessão, de conciliação ou declaração da guerra. Vossa Alteza pode escolher uma região das matas que melhor lhe agradar, faça uma demarcação da área que lhe pertence, e nós os insetos respeitaremos o limite. Mudaremos todos, desde a formiga lava-pés até o maior dos insetos. Nós só pedimos que deixe as abelhas sobrevoarem o vosso território em busca de recursos nas flores para fazerem o mel. Fora isso, ninguém se atreverá invadir o vosso domínio. Serei o fiscal da minha turma e prometo ser-lhe fiel. Cada um no seu lugar de direito e viveremos todos em paz, afinal a terra é muito vasta, dá para todos e mais um pouco. Além disso, vislumbro uma guerra sem futuro, dará muitas mortes sem dúvidas, e nós podemos evitá-la. Nunca existiu isso! Até aqui vivemos bem! Porque não prosseguirmos em paz? Acho melhor não expor meu exército! As vidas valem mais do que uma ambição desmesurada da nossa parte como lideres que somos. Se vossa Majestade concorda, aqui está um pedacinho do meu bigode como garantia de minha palavra. Coloque um fiapo do seu bigode junto para selarmos o contrato, o acordo que porá fim num conflito que ainda está por eclodir. Apesar de confiar seguramente em vossa alteza, porque palavra de rei nunca voltou atrás. Nossa! Mas como o Leão achou ruim! Rosnou até! Disse ao Grilo: Quem é você para me insultar desta maneira? Vem com uma proposta destas? Eu não recebo ordens! Dou ordens! Fique sabendo que depois do homem, quem manda na terra sou eu! Terá que me obedecer e pronto! A guerra vai começar tão logo meu exército estiver treinado, preparado para combater seja em que circunstâncias forem. Pisotearemos todos sem piedade, os aniquilaremos, serão dizimados, e varridos da face da terra. Só nós triunfaremos. Lembre-se: Todos os animais grandes estão do meu lado e convocados, pertencem ao meu exército. Da borboleta para baixo em tamanhos são seus soldados. Dominaremos a terra! Volte para o seu reduto e aproveite seus dias finais. O Grilo abaixou a cabeça, pensou e respondeu humildemente: Desculpe-me majestade, não imaginei que Vossa alteza pensasse assim! Uma última pergunta: Quando se dará a vossa invasão no nosso reduto? Invasão não? Replicou o leão com superioridade! Daqui a quarenta dias exatos a contar desta data entraremos em guerra! O rio é a divisa do combate! Estaremos em forma do lado de cá, atravessamo-lo e vos atacaremos lá do outro lado. Antes, nós dois estaremos frente a frente na praia do seu lado visto que insetos não atravessam cursos d’agua, prontos para o desafio. Puxará tua espada eu puxarei a minha.



Continua...

domingo, 17 de agosto de 2014

A PACA E O RATO

                                 

                                         
De acordo com as histórias, contos e fábulas sobre os animais silvestres, e no reino da bicharada a Paca e o Rato são primos em segundo grau. Ou como é de costume o sertanejo dizer: ”Primos segundo” Ambos são muito parecidos, na pelagem, no porte, no jeito de andarem, sentam de igual modo e em épocas remotas a Paca tinha rabo longo como o do Rato, este também era muito maior, são da espécie roedores, quadrúpedes, mamíferos e vertebrados, de hábitos noturnos, ás vezes saem de dia, é muito raro ver Pacas durante o dia, o Rato sai a qualquer hora, mas com muita cautela, devido aos predadores seus que além dos gatos tem corujas, caburés, gaviões de toda espécie, lagartos, cobras, seriemas e outras aves de grande porte como emas e outras. Alimenta-se de frutas, raízes. Da roça come de tudo:  Arroz, feijão, milho, mandioca, amendoim batatas e se morarem perto de casas é um convidado especial muito intrometido, é triste porque além de comer de tudo, estraga até roupas nos lugares que estiverem fácil. Acostuma com a gente de modo que nem se assusta com nossa presença. Só é cuidadoso com os gatos domésticos, seu principal inimigo. Transmissor de pestes, e outras doenças contagiosas, urina para tudo o que é lado em cima das coisas de comer, na agua de beber, enfim é uma verdadeira peste. Aprende a conhecer ratoeiras e armadilhas diversas que são armadas para lhe pegar. É tão sabido que os bocados envenenados, ele muitas vezes não come, se sente o odor do veneno, mas alguns caem. Quando desconfiam que na isca contem veneno, já urinam em cima dela, este gesto é um aviso para os demais companheiros que vierem após ele saberem que aquilo é perigoso. Todos conhecem a senha e ninguém mais cai. Todos escapam! Moram em ocos de pau, coqueiros podres, cupins e em buracos no solo. Fazem ninhos para suas crias que são numerosas até uma dúzia de filhotes. É totalmente terrestre. Já a Paca vive na mata, capoeirões onde tem córregos, rios, lagoas, não chega ser anfíbia, é meio termo e alimenta-se de frutas em geral, milho, feijão verde, mandiocas, batatas é de natureza selvagem, dificilmente se adapta a costumes na casa da gente como animal doméstico. Gosta de sair somente de noite, de preferência nas noites escuras, sem luar. Por ser um animal sutil e desconfiado de natureza, os homens fazem “Esperas” e as tocaiam de noite, é de carne muito saborosa, parece com leitão novo seu sabor, se for assada é uma delicia. É muito caçada! Armadilhas também são usadas para lhe capturar! Caem com muita facilidade, é trouxa mesmo, diferente do primo que é esperto demais! Os seus predadores são muitos também, a sucuri, jiboias, gatos-do-mato. Jaguatiricas, onças, águias, gaviões reais, lobos e todos os demais felinos e canídeos, mas sabe defender bem a vida, por isso mora na beiradinha da agua, qualquer sinal de perigo: Tibummmmmm,  cai n’agua e mergulha saindo longe dali, engana o seu perseguidor. Tem sempre uma entrada ou saída subaquática de sua toca ou morada. Apesar de muito pouco se diferenciarem, quase não se encontram! Salvo neste caso que iremos contar uma de suas aventuras. Reconheceram serem parentes, surgiu uma bela amizade entre eles a ponto de toda noite se encontrarem e andarem em busca do que comerem, quando achavam algo, eles tinham o capricho de dividirem o jantar. Num dia desses tinha chovido á tardinha e a noite estava uma maravilha para andarem. Tinham caminhado muito sem nada encontrar para a janta daquela noite. Sentaram um de frente para o outro e começaram a pensar! Já é tarde e nada encontramos! Vamos atravessar o ribeirão e ver se lá do outro lado tem o que precisamos. Os dois saíram e na beirada dele o Rato achou um cipó caído que se estendia até a outra margem, rapidinho trepou nele e já estava lá do outro lado. A Paca caiu n’agua nadou, e já estavam juntos. Não censurou o primo por ter escolhido o cipó para fazer a travessia, sabedora que rato não gosta de agua, a não ser para beber kkkkkkkkkkkkk! Andaram pouco e logo viram uma coisa que arregalaram os olhos de espanto: Um monte de espigas de milho douradas, penduradas num pau arcado e por baixo de um tronco mais grosso cercado dos lados. Exclamou: Primo, só pode ser presente dos céus um negócio deste? Estamos fartos desta vez! O Rato nem suspirava de espanto! Nunca vira aquilo também, mas sentiu um calafrio na espinha. Pensou consigo só: O que será isso? Ficou meio cismado com aquela aparição! Kkkkkkkkkkkkk. O Rato disse: Prima, isso está muito alto, eu não alcanço pegar para nós! Deixa comigo primo que eu alcanço. Levantando as patinhas dianteiras abocanhou aquilo e puxou para si. Era uma armadilha, fez um reboliço aquele tronco e a vara caindo por cima dela. A Infeliz só teve tempo de dar um salto pra frente, mesmo assim ficou presa pelo rabo, e bem presa. Com aquela barulheira o rato sumiu no mato e ela ficou sozinha. Primo! Ô primo! Clamava ela. Venha me socorrer que estou presa! Medroso que só ele! O primo estava longe dali! Nem escutava! Kkkkkkkkkkkkkk. Depois de uma meia hora lá vem o primo sorrateiro e com muita cautela. Parou, escutou! Não viu nada de perigo e chegou de fininho. O que foi prima? É o que vês primo? Fiquei presa pelo rabo! Dê um jeito e me tira daqui, senão estou perdida, meu rabo está doendo muito entre esses enormes toros de madeira! Rôa eles primo? Mas como, disse o Rato! São enormes! Não tem como roê-los. E agora? Como faremos para mim sair daqui? Não sei disse o Rato! Ele rodeou, olhou e subiu em cima do tronco, ai a Paca berrou: Desce daí primo? Estou louca de dor e você ainda fica trepado em cima? Me doí o rabo que não suporto! O Rato desceu, pensou, passou a mão no queixo segurou e cofiou um fiapo dos bigodes e disse: Só achei uma solução para o seu caso! Cortar o teu rabo bem no pé! Melhor ficar sem ele do que os homens te pegarem viva! Isso é uma armadilha das piores que já vi!  Nossa, primo, e você conhece isso? Claro que conheço disse o Rato! Bem que desconfiei! Os homens são terríveis, fizeram para te matar, tivestes muita sorte de ficar presa só pelo rabo!  Vamos cortar como? Ponderou a paca! Espere ai um pouco dissera o rato, sumiu no mato e daí a pouco lá vem ele com uma folha de Caraguatá, aquela planta nativa de capões secos com serrilha nas beiradas, A “Abacaxizeiro do mato”. São folhas compridas parecendo serrote de dois gumes. A paca viu aquilo, entendeu e logo pensou na dor que teria que passar. Pensou: O primo age correto, melhor doer do que morrer. O rato segurou firme na folha e mandou a serra no rabo da prima. Cada esfregada era um guincho dela, mas suportou. Saia pelos, fiapos de couro, sangue, carne até deu na juntinha dos ossinhos do rabo. Acabou a serrilha de uma folha, ele foi buscar outra, até que serrou tudo! Terminada a tarefa a pobre paca onde sentava, ficava uma mancha de sangue no chão. O rato esfregou terra, na cicatriz até o sangue estancou. A paca agradeceu o primo e disse: Vamos embora daqui, nunca mais volto num lugar destes. Quem desta escapou, cem anos vive! O rato disse: E o nosso jantar? Como é que fica? Fez a prima roer as palhas da espiga, e cada um levou uma. Foram embora já no clarear do dia. Como primos e amigos das horas difíceis, se querem bem até os dias de hoje, é por isso que a paca não tem rabo.

HISTÓRIAS QUE IMAGINAMOS PARA “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
ENRIQUECENDO O NOSSO FOLCLORE QUE NO DIA 28 DE AGÔSTO SE COMEMORA.

ANASTÁCIO MS, 15/08/2014           LUIZ MOREIRA CHAVES. 

OS ANIMAIS TAMBÉM PASSAM POR DIAS DIFÍCEIS NA VIDA.

                         
         
Numa certa época, e por dois anos seguidos uma seca vinha devastando tudo, plantas, pastagens, matas, campos e pradarias, vinha também secando regatos, ribeiros, lagoas e até rios, os animais da mata estavam atribulados com a situação geral. Os predadores então, andavam por toda parte sem dar tréguas ás suas presas que já não tinham onde se defenderem dos tais. Parecia que ninguém conseguiria escapar, se não morresse de fome pela escassez dos alimentos naturais, os que sobrassem, os predadores pegariam na certa. Estava difícil a situação, quase sem solução, não chovia há muito tempo, fazia um calor insuportável, ventos quentes, abafadiço á noite, céus rubro-acinzentado no entardecer e amarelo no alvorecer, nem uma nuvem para dar uma sombra durante o dia, nem que fosse de alguns minutos. Animais magros, com pelos arrepiados sofrendo muito com a estiagem. Os animais que antes puderam, emigraram para outras regiões enquanto deu tempo. Outros deram bobeira e ficaram pensando que ia melhorar! Resultado! Dos predadores ficou o pior. A onça pintada! Tinha comido muitos dos que ainda ficaram na mata, os outros atravessaram o rio seco refugiando em qualquer lugar. O terrível felino sondava-os, corria atrás do que achasse até pegá-lo eram, tatus, cutias, pacas, alguma capivara na beira do rio, algum porco do mato, jabutis, preás, lebres e outros. Estava um inferno a vida dos pobres bichos, que além da fome uma perseguição acirrada. Não havia agua abundante, só alguma poça no meio da mata em alguma grota. Os animais noturnos nem saiam mais, pois a onça é noturna também. Esperando o dia amanhecer para saírem porque a onça ia dormir durante dia, então aproveitavam o horário. O felino estava louco de fome. Dera um carreirão no coelho. Mas este escapou de suas garras. Ficou uma fera, pensou com seus botões: Onde posso tocaiá-lo já que é o único que tem por aqui, os outros deram no pé, as aves sumiram todas. Andando pela mata, somente folhas secas que estalavam nas suas patas quando pisava. Agua, só muito longe e lá no rio e bem abaixo! Lugar de beber era descampado, aberto, não tinha como se esconder para surpreender a cobiçada presa. Deu sorte! Achou uma pequena poça d’agua numa grota que parecia nunca secar, ficou feliz da vida, agora sim, pensou consigo. Terão que vir beber agua aqui e eu os pego sem muito trabalho. Mas algum tempo atrás ela tinha atravessado o rio e ido em uma chácara e pegara um novilho, mas como era muito sacrificado o assalto, foi só uma vez, notou que tinha muitos cães, um velho caçador que era o dono da chácara, viu que era muito risco só por um petisco. Não pôs os pés lá nunca mais. Mas quem bate sempre esquece, e quem apanha sempre se lembra, pois o velho chacareiro que nunca esqueceu daquele fato, jurou que fosse  em qualquer tempo ou lugar, um dia daria cabo daquele felino. Então voltamos a ver o que a onça estava tramando para pegar o Coelho, já que os outros estavam todos foragidos dali. Olhou tudo a sua volta e viu que era um ótimo ponto de observação. O carreiro que descia da barranca era do outro lado, se o bicho entrasse para beber agua ficaria encurralado pelas paredes da grota, teria que correr grota acima ou abaixo caso assustasse dela, se tentasse voltar pela entrada estaria no “Papo” era subida e de um salto o pegaria. Mas o felino tem um cheiro terrível e é sentido pelos animais, inda mais com os ventos como sopravam dia inteiro. Ficou lá de tocaia, vinha um deles e quando sentiu a onça, caiu fora, e os animais da mata são solidários uns com os outros, muito unidos na defesa da vida, vendo ou sentindo o perigo logo dão alarme e os demais entendem e nem por lá tão cedo vão. O Coelho andava ressabiado, muito além de seu jeito de ser, também pudera! Um carreirão daquele! Quem não ficaria velhaco? Sondou, viu a bichona sentada e cochilando. Recuou e pensou. A coisa está preta para o meu lado! Se avançar ela me pega, se não for beber agua morrerei de sede! E agora? Voltou para trás e ficou quebrando a cabeça e espremendo os miolos em busca de uma solução. Ah sim, agora achei o que precisava, esfregou as patinhas uma na outra de contentamento. Procurou uma árvore de nome leiteiro, arranhou a casca dela e escorrendo um leite que parece cola esfregou no corpo todo, rolou nas folhas secas, ficou todo camuflado e esquisito, prendeu as orelhas embaixo do queixo e se foi, parecia um espantalho. Lá chegando perguntou á onça: A senhora me dá licença de beber um pouquinho de agua? Sim! Respondeu a onça. Beba a vontade! Ele desceu sorrateiramente e aproveitou! A onça olhava aquele bicho diferente dos conhecidos e curiosamente perguntou: Quem sois vós? De onde vens? Que nunca vi e nem te conheço? Acabando de beber agua, respondeu: Venho de outra galáxia, estou de passagem por aqui, as aguas de lá secaram! Morreram todos os habitantes e de lá só eu escapei! Nossa, disse a onça! Como te chamas? Meu nome é “Folha Seca”! Respondeu o Coelho. Muito obrigado, já vou indo! Espera aí? Replicou a onça. Por onde você passou não viste o coelho por aí? Não! Não vi! Mentiu o Coelho, bicho safado e de raciocínio rápido, passou na onça uma mentira deste tamanho: Vi somente uma imensidade de outros bichos, bonitos, gordos e bastante. Atravesse um rio que tem logo ali adiante, só que ele está seco. Tem um poço de água, muito grande e fundo bem adiante numa chácara. Só animais grandes como tu, é que tem lá, Anta, Veados, Caititus, queixadas, bezerros, bodes, carneiros, uma criação de porcos mansos além dos demais animais da mata que pra lá imigraram, o velho dá agua para todos. Este velho foi quem me deu de beber, e ele mora sozinho. Não quis ficar com ele porque estou indo para outra dimensão. É muito longe daqui. Porque me perguntas? Não, não precisa responder, atalhou o Coelho, adivinho o que queres, está passando fome aqui esperando aparecer alguma carne! Vou retribuir-lhe agora o favor que me fizeste, me deixando beber agua. Deixe de tolice, siga meu conselho e se dará muito bem! Mude para lá e fartarás de comida. A onça pensou, sabe que vou mesmo! Ah, já entendi! Fugiram daqui e foram parar lá com o velho. Enquanto a onça ligava os pontos, o Coelho deu no pé saiu a ponto de estourar de tanto rir, e a tonta foi na conversa dele, e logo que chegou na chácara, um bando de cães deu pela sua presença vieram de encontro com ela e foi aquele quebra-pau. Parecia que o mundo vinha abaixo. O velho chacareiro ouvindo o barulho pensou, já sei quem é, conheceu pelo acuado dos cães, espere aí, sabia que você um dia voltaria. Vamos ajustar as contas, passou a mão na cartucheira, um facão, uma capanguinha de cartuchos e foi vê-la de pertinho. Era aquela onça mesmo! Estava magra e fraca não podendo correr muito, logo deu acuação, sentou-se no chão bem no pé de uma árvore. Feroz como é, rosnando e fazendo caretas.  Os cães com aquela barulheira, de longe o Coelho ouvia tudo. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Escutou um baita de um estrondo, pensou consigo: O velho lascou fogo nela, caiu na bala! Agora sim! Esta não volta nunca mais! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Agora teremos paz! Saiu contente e foi avisar a bicharada que ia encontrando, que os bons tempos voltaram. Logo o tempo mudou e caiu uma abundante chuva a noite inteirinha dali uns três dias, a mata reverdeceu, árvores deram seus frutos, todas as campinas, cabeceiras e várzeas se tornaram verdejantes e a bicharada festejou o acontecimento! Agradeceram muito ao mestre Coelho, tão pequenino e frágil, mas muito astuto e inteligente, pregou uma peça na onça. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!

SÃO HISTÓRIAS QUE IMAGINAMOS PARA “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
ENRIQUECENDO O NOSSO FOLCLORE QUE NESTE MÊS SE COMEMORA DIA 28/08/2014

ANASTÁCIO 13/08/2014.   LUIZ MOREIRA CHAVES.