Mestre gato
e o cão eram velhos conhecidos, mas se aproximavam muito pouco um do outro,
como é sabido por todos que cão e gato são símbolos de discórdias, rixas,
encrencas desentendimentos, bate-bocas, arrelias de toda espécie, malquerenças
entre os povos, tanto é que há um ditado ou provérbio muito antigo que diz
assim: Parecem cão e gato, aquelas ou aqueles. Porque sabemos que nunca se dão
bem esses dois animais apesar de serem domésticos e ambos são muito queridos
das crianças, e dos adultos também! Prestam-nos serviços, cada um com aquilo
que sabe fazer. Salvo um ou outro caso de se darem muito bem quando criados
desde pequeninos juntos, dormem juntos andam pra lá e pra cá sem se estranharem
um ao outro. Brincam tanto que a gente para, ao vê-los naquela bagunça que
aprontam. Pois é vamos discorrer a amizade destes dois em questão. O gato já
tinha família, morava numa beira de estrada que demandava de um lugarejo para
as colônias, sítios chácaras e fazendas. Tinha um boteco onde vendia quase de
tudo, secos e molhados, armarinhos em geral, era muito conhecido e conhecia a
todos da região. O cão por sua vez era ainda solteiro, servia na força pública,
ou seja era policial na corporação do lugarejo. Nas incursões que
a policia fazia nas redondezas, dando buscas onde fosse necessário, até então
tudo calmo entre a população. Passaram lá no boteco do gato, ele e mais alguns
companheiros mas como sabem, estando em serviços não permanecem muito tempo nos
pontos de aglomeração de pessoas, apesar do gato terem lhes oferecido alguma
bebida com parte de cortesia da casa, disseram muito obrigado e se foram
embora. Estamos sempre ás ordens, dissera o gato a guarnição. O cão gostava de
um trago lá de vez em quando, mas como estava de serviços e não podia, saiu com
agua na boca. Planejava num dia desses, dar uma passadinha no boteco do amigo,
bater um papo, tomar uns tragos fazer uma boa amizade e por ai a fora. Deu
certo, foi registrado uma ocorrência na unidade de segurança pública e teve o
cão a sorte de sair em missão de realizar uma prisão de um elemento foragido,
pois havia cometido um delito contra uma moça, os pais dela, foi que fizeram a
queixa, o rapaz aprontara a dele e caiu na “Folha”. Ninguém melhor que o cão
para rastrear o fulano que era o coelho. Os pais e a moça eram os preás. Não
tinha pressa ou data para levar o infrator á presença das autoridades.
Desde que cumprisse a missão estava tudo bem. O cão saiu pedindo informações do
coelho em vários pontos e pessoas que encontrava pela caminhada, fardado, armado de pistola e um facão na cintura
impunha respeito á todos além de ser muito competente era prosa e amigo do povo,
não tinha um mínimo de preocupação com a tarefa, pois era bom farejador e nada
escapava de seu faro aguçadíssimo, era o melhor soldado da corporação. Só que
ninguém esperava que ele ao longo da carreira se tornara um beberrão disfarçado
de gente boa quando não estava de serviços. Kkkkkkkkkkkkkkkkk. Apareceu no boteco do gato e sendo bem
recebido soltou a prosa, conquistou rápido a confiança do gato que vendo aquela
bela amizade, ofereceu-lhe um trago que foi aceito de bom grado da parte do
cão. Papo vai papo vem, a gata deu uma espiada pela cortina da porta que
divisava o armazém da sala de estar, viu que era um soldado fardado, reconheceu
ser o cão, só imaginou: Homens se entendem bem, ela estava para dar gatinhos
dali uns tempos, nem se importou com os dois. Escutando gargalhadas dos dois
deu outra espiada ai o marido viu ela e disse: Traga um cafezinho para o nosso
futuro compadre! Ele está escolhido para ser padrinho de nossas crianças, o cão se mostrou muito honrado. A comadre ficou satisfeita com a escolha. Ela trouxe e eles tomaram, então compadre, o senhor vai ser
pai? Perguntou o cão! Sim, e não demora! Parabéns ao senhor e a comadre que deu
um sorriso maroto! Ficarei muito feliz em ser seu compadre. Continuaram só os dois tomando a pinga alternados, mas a
cachaça subiu na cabeça dos dois e começaram conversando mole, a gata interveio
e disse: Já estão ficando tontos é bom parar com isso. O gato voltando para ela
respondeu: Lá para a cozinha, sabemos o que fazemos, ela saiu murchinha e os
dois continuaram. O gato olhou o compadre e disse: Tu sabes usar estes tarecos
que trazes na cintura? Claro que sei respondeu o cão! Manejo isto como ser fossem
brinquedos! Quá, disse o gato! Comigo isto não funciona, porque sou mais
ligeiro do que o senhor, isto eu garanto! Compadre, respondeu o cão, você não
me conhece! Sou treinado para brigar com qualquer um! Nunca fui derrotado por
ninguém! Quem é o senhor para me desafiar! Perde seu tempo! Quer experimentar ?Vamos ali fora no terreiro que te mostro meu valor! Sou o melhor soldado do batalhão! Tanto eu atiro
como corto de facão! Ante as bravatas do cão, o gato saltou por cima do balcão, passou acima do compadre riscou um fósforo no terreiro e disse: Pegue-me se puder meu compadre! Rolou no chão e esperou. O cão puxou o facão da bainha, lambeu-o e despejou no compadre gato. O gato limpou fora e o facão sibilou no ar mas só cortou a terra! O gato kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, Não te falei compadre? Sou igual um
raio! Segure o ferro que lá vou eu! O compadre gato riscou mais um palito do seu fósforo, saltou de barriga prá cima, virou no ar deu um tapa na cara do compadre cão, mas só acertou no capacete que voou lá longe. O cão soltou o facão e sacou da pistola e abriu
fogo no gato! Este deu um salto mortal e caiu em pé! Ainda no ar a bala do cão
acertou bem na ponta do rabo do gato, tirou um pedacinho dele! O gato lambeu o rabo e disse: Puxa vida
compadre, o senhor e bom mesmo, disse entre risos! Nessa altura a pobre da gata assustou daquele
tiro, vendo os dois rolando na poeira passou a mão num cabo de vassoura e
disse: Agora quero ver se não me obedecem seus dois bêbados safados! Não acham o que fazer enchem o "Tampo" de cachaça e ficam inventando moda. Parem com isso, quase me matou de susto seu dois vadios! Compadre cão, vai já para o quartel, que daqui a pouco chego lá! Vou registrar uma ocorrência
de vocês dois! E você passa para dentro que depois vamos acertar, disse ao
marido! Entrou lá dentro da casa, como se fosse pegar alguma coisa. Os dois muito desapontados, um olha para o outro e diz! Nossa, compadre
o que fomos arranjar depois das pingas que tomamos! Verdade disse o outro!
Estamos ferrados! O cão disse: Peça a comadre pelo amor de Deus! Não faça nada
de ocorrência, senão vou ser expulso da corporação, por má conduta, perco meu ganha-pão, fico
sujo perante a sociedade! Estou em serviço, missão importante para cumprir, fico nos botecos tomando cachaça e o dever ainda por ser cumprido. Já imaginou compadre, eu saindo daqui bêbado e preso? Tô lascado se a comadre o fizer! Pera aí compadre, disse o gato! Chamou a
esposa, ela veio muito brava nervosa, e perguntou: Compadre cão, o senhor ainda
não foi embora? Espere ai só mais um pouquinho que o senhor vai. Te mostro quem sou eu! Não, não comadre, te peço perdão pelo que fizemos! Prometo-lhe que
nunca mais isso vai acontecer! Vou deixar de beber! Ponderou o compadre cão!
Está bem, disse ela, espere ai um pouco! Foi lá na cozinha e fez um café
amargoso para os dois. É para curar a bebedeira! Ambos tomaram em silêncio, se
desculparam, se elogiaram e o cão foi-se embora, a comadre fechou o boteco e o gato foi dormir no sofá! São compadres até hoje! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
FÁBULAS QUE
CONTAMOS PARA DIVERTIR OS CABOCLOS SERTANEJOS.
IMAGINAÇÕES
DESTE VELHO SERTANEJO E AMIGO DAS CRIANÇAS.
LUIZÃO-O-CHAVES.
ANSTACIO MS 23/06/2014. (67) 3245 0140.
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