Dois meninos
de idades iguais, um deles se chamava Daniel e o outro Givanildo que se
avizinharam por longos anos, cresceram, conviveram e ficaram rapazes, sempre
conservando uma bela amizade, trabalhavam sempre que possível juntos, os tempos
escolares, suas infâncias, adolescências, as diversões, as atividades e
aptidões, de gênios compatíveis e comportamentos muito semelhantes, pareciam
até mais que irmãos, mas não eram irmãos, nos passeios, até nas preferencias
das coisas muito se assemelhavam, seus gostos até pelas cores de roupas eram de
dar admiração aos outros amigos, só não brincavam de dizer que eram gêmeos, por
serem de fisionomias diferentes, eles simplesmente riam dos demais, e diziam: É
que somos mais que irmãos verdadeiros, só num ponto que eram divergentes as
suas opiniões, imaginem no que fazia referência: A vida após morte, um deles, o
Daniel achava que, lá do outro lado da vida era assim: mostrava sua opinião e
forma de pensar, não tinha dúvidas, já o Givanildo pensava totalmente
diferente, muito diferente mesmo. Não se acertavam no aspecto da religação da
vida presente com a vida futura, após a morte física. Em vida sim, pensavam
iguais e jamais discutiram, nem nunca se desrespeitaram, só arrazoavam entre si
e mantinham apenas as opiniões diferentes, afinal ninguém tinha vindo do outro
lado para lhes contar como era lá, nenhum deles queria ser surpreendido, quando
chegasse a sua vez de ir morar em outra vida, queriam ter certeza de com era do
outro lado. Mas a dúvida permanecia, perdurava sem solução até aquele momento.
Era um segredo que um dia a eles seria revelado, só não sabiam de que forma ia
acontecer. O Daniel pensou de um jeito para dirimir aquela dúvida entre os
dois. Disse ao amigo: Façamos o seguinte, quem de nós for primeiro, voltará e
dirá ao outro como é lá do outro lado desta vida. Combinado? Sim, estamos
combinados! Dissera o Givanildo Mas como saberemos que será você, ou eu sendo
que os espíritos ninguém consegue vê-los? Eles não falam, não são vistos, sua
presença não é sentida, nem sabemos como eles se manifestam ante um humano
ainda na vida física. Como faremos? O outro pensou muito tempo, depois
argumentou, nunca senti, mas já ouvi falar que eles, os espíritos bons
manifestam aos humanos através de um perfume com uma fragrância que na terra
não existe. Só no céu que existe. É um perfume angelical, só os anjos
celestiais que usam para diferenciarem-se dos anjos maus, quando em missões de
virem ajudar alguém aqui na terra, pois os maus fingem ser bons para enganar as
pessoas de bem, por estas não saberem distingui-los dos anjos bons. Porque os maus
não exalam perfume nem aroma agradável. Dizem que são de um odor horrível,
assim como podridão de ossos humanos no sepulcro, por serem espíritos que
viveram a vida inteira no pecado, morreram sem arrependimento, sendo reprovados
por Deus, perderam a salvação. Fica fácil para a gente então identificar um do
outro na situação que pensamos. Feliz lá do outro lado da vida. Ou infeliz!
Conforme Deus determinar, devido suas boas ou más obras praticadas enquanto
vivemos aqui. No caso nosso fica muito fácil, porque não fazemos mal ao nosso
próximo e temos em comum a certeza de ganhar a salvação quando a gente viajar. Um
deles pensou ainda muito mais, se for eu que morrer primeiro, pedirei á Deus
uma licença especial para vir comunicar contigo, te direi como é lá! Antes de
tudo, ficará com este perfume que comprei para te presentear, tenho outro
frasco do mesmo dissera o Givanildo. É uma delicia de fragrância, sei que irá
gostar muito, é uma senha entre nós dois. Não o usarei em hipótese alguma a não
ser quando eu morrer. Você fará o mesmo. Pedirei a minha mãe ou esposa para
borrifar meu corpo no caixão com ele. Quero ir perfumado. Assim que obtiver a
licença de Deus, me apresentarei á você, sentirá o cheiro dele, em seguida
sentirá o perfume dos anjos. Porque creio que serei portador do aroma angelical.
Serei um anjo também. Saberás que sou eu. Entendido? E se for você a viajar
primeiro, o trato é o mesmo, estarei atento. Os tempos se passaram, e o Daniel
se casou logo, e foi morar em outro lugar muito distante dali com a família.
Este que ficou solitário lamentou a desdita de uma grande amizade que por
forças das circunstâncias teria que acontecer um dia. Sendo assim, foi desfeita
a amizade no bom sentido das palavras. Mas é a vida! Muitos anos se passaram, e
nunca mais se encontraram, ele também foi para outras paragens muito longínquas,
não quis casar, ficaria solitário até onde fosse possível. Um dia após uma
jornada de trabalho, o Givanildo indo para o descanso noturno, entrou no seu
quarto, pois morava sozinho, e de joelhos fez sua prece de agradecimento á Deus
pela vida e a paz que possuía, feliz como sempre, antes de deitar sentiu aquele
perfume, aquele que dera ao amigo, o que havia presenteado ele. Ficou atônito,
surpreso, sem ação, olhando para as paredes do quarto, tudo iluminado, além da
luz que clareava o ambiente, uma luz fulgurante, límpida, resplandecente,
sentiu um frescor, uma coisa nunca vista em toda sua vida, nem sabia de onde
vinha aquele facho de luz. Nem medo sentiu. Não se continha, dava a impressão
que estava em enlevação, estava flutuando no ar, sua mente parecia tocada,
iluminada por algo indescritível. Fluía de si uma alegria vinda sem saber de
onde, lembrou-se do amigo! É você que me visita, Daniel? Estou te reconhecendo
pelo nosso perfume! Já não és mais deste mundo que eu ainda vivo? Percebo que
sim! Então, como é lá do outro lado? Conte-me logo rapaz, estou ansioso para
saber? Sentiu algo aproximando dos seus ouvidos, seguido do perfume angelical:
Uma voz delicada e suave lhe dissera: NÃO É COMO VOCÊ PENSA! E NEM É COMO EU PENSEI! Num piscar de olhos
aquela aparição sobrenatural, aquele maravilhoso estado de alma se desfez.
Entendeu tudo com perfeição! Concluiu com convicção, não adianta ninguém querer
saber, é um segredo de Deus! A mente humana jamais conseguirá desvendar isto!
Obrigado meu amigo, e descanse em Paz. É o segredo da transposição desta vida
para a outra que perdura!
SÃO
IMAGINAÇÕES QUE ESCREVEMOS PARA “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”.
ANASTÁCIO
MS, 17/09/2014 Me encontre no Face. Luiz
Moreira Chaves.
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