Comadre raposa gozava fama de ser
muito esperta, e por isso, andava muito orgulhosa e até certo ponto muito exibida. Todavia nunca conseguira pregar uma
peça na cegonha. A cegonha era muito desconfiada e ninguém podia gabar-se de
tê-la enganado. A raposa achava que poderia enganá-la. Pensa e repensa, até
que, finalmente pareceu-lhe ter achado um plano e convidou-a para almoçar. Ora,
um convite para almoçar é o mais inocente do mundo, e a cegonha o aceitou sem
se fazer de rogada. No dia marcado, pôs a cabeça o seu belo chapéu primaveril
guarnecido com uma grande fita, e foi para a casa da comadre raposa. A raposa
tinha preparado tudo da melhor forma. Sob as arvores armara a mesa, coberta com
uma toalha branca e muito bonita, e sobre ela dispôs os pratos os copos e uma garrafa de vinho. Pusera até um
cestinho de flores perfumadas. A cegonha tomou assento, cheia de alegria e de
apetite mas a raposa veio da cozinha
trazendo apenas uma panela de caldo. Minha cara amiga, tenho apenas caldo! Disse rindo por dentro, mas lhe
asseguro que é ótimo, feito com carne de
vitelo. Bom apetite! E depois de tomar toda s sopa, começou a beber avidamente.
A pobre cegonha , no entanto ,ficou sem comer. O seu prato era grande e raso;
por isso, ela só podia molhar a ponta do bico. Era impossível engolir uma gota.
Não quer comer? Não lhe agrada? Perguntou a raposa fingindo se de boba. Para
dizer a verdade, eu... balbuciou a
cegonha. Mas a raposa interrompeu: Não quero forçá-la. Deixe o caldo de lado
que eu o tomo. A cegonha partiu desiludida e em jejum, enquanto a raposa ria de
estourar. Os dias se passaram e a cegonha lembrando-se daquele fato resolveu
convidar a raposa: Não quer vir almoçar comigo hoje? A raposa muito se alegrou
com o convite. Prontificou-se e veio com satisfação. Também a cegonha preparou
o almoço sob as arvores. Com dois guardanapos elegantes e raminhos de flores. A
raposa lambeu os beiços, porque sentia vir da cozinha um aroma delicioso. Mas
quando a cegonha trouxe o almoço a raposa teve uma surpresa: De fato, o almoço
não era servido em pratos , mas sim em frascos bojudos de pescoço longo e
estreito. Assim a raposa não conseguiu meter o focinho no gargalo da garrafa, e
não pode comer. Não tem fome amiga? Perguntou a cegonha! Fingindo não entender
o que ocorria. Esta iguaria não lhe
agrada? É uma pena porque não preparei
outra. Para dizer a verdade, eu... Balbuciou a raposa Mas a cegonha lhe interrompeu. Não, não, eu
não quero forçá-la. Comerei a sua parte. E num piscar de olhos, enfiou o bica
pelo gargalo do frasco e engoliu todo o conteúdo que seria da raposa. Obrigada amiga, pela sua
agradável companhia, Só lamento que você tenha comido tão pouco, lambendo somente uma gota que caiu do meu bico sobre a
toalha da mesa disse a cegonha mais tarde, acompanhando a raposa até a
portinhola do seu jardim. A raposa foi-se embora muito desapontada quando
percebeu que tinha sido enganada também!.
CONTOS ANTIGOS: RECORDAÇÕES DE
LUIZÃO-O-CHAVES..... 27/06/2013
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