sexta-feira, 5 de julho de 2013

O RATO DO CAMPO E O RATO DA CIDADE


Uma vez um rato da cidade foi visitar um amigo que morava no campo. O rato da cidade era elegantíssimo, usava colete e casaca, enquanto o rato camponês vestia simplesmente camisa  de quadradinhos e um lenço amarrado no pescoço.
Pobre amigo, disse-lhe o chiquérrimo: Você me dá compaixão!  Aposto que em toda a sua vida , você nunca vestiu um traje elegante e nem comeu um pitéu delicado. Venha visitar-me na cidade e você verá maravilhas que não conhece e comerá coisas raras.
O rato do campo ouviu tudo mortificado, torcendo  o chapéu nas patinhas . Aceitou o convite e um dia depois foi visitar o amigo na cidade. Era realmente uma maravilha aquela casa, com assoalho coberto de tapetes e moveis  entalhados !
O rato citadino conduziu o outro á dispensa e lhe disse:  Sirva-se , Aí tem assado, queijo, toucinho, presunto e todos os bens de Deus. Tenha apenas cuidado com as ratoeiras e os bocados envenenados. Um pouco  preocupado ,  o rato camponês começou a comer, de fato, jamais saboreara coisas tão boas.  Mas certa hora  , seu companheiro deu um pulo e pôs –se a fugir.
Fuja rápido! Gritou!  Senti o cheiro do gato. O rato do campo correu a refugiar-se num buraco.
Passado o perigo,  recomeçaram a comer , mas tiveram de interromper novamente pouco depois, porque a cozinheira entrou armada de vassoura. Finalmente, uma ratoeira disparou inesperadamente e quase prendeu os dois pelo rabo. O rato do campo já havia perdido o apetite  e não conseguia engolir  uma migalha . O rato da cidade, no entanto, limpava os bigodes com o guardanapo e mostrava satisfação.
Agora diga a verdade, disse ao companheiro. Você comeu como um rei! Em sua casa você não come pratos tão requintados.
Não, respondeu o rato do campo. Em minha casa como raízes, sementes e  frutas .  Mas como em paz, sem ratoeiras, sem gatos e sem cozinheiras armadas de  vassouras!
Mas este presunto, este queijo...
Sem desfazer, prefiro as minhas sementes, respondeu o rato camponês. Leve-me para fora desta casa, peço-lhe.
Para sair, tiveram de fazer um caminho endiabrado e quando, finalmente, chegaram fora do palácio e depois  da cidade , o rato do campo arrancou de uma sebe um  galho que lhe servisse de cajado de viagem, e disse: Adeus, caro amigo! Sinto muito a vida que você leva. Quando vier visitar-me , ofereço-lhe um prato de sementes  e muita tranquilidade. Não tenho outra coisa, mas vale mais que todas as suas riquezas!
E se distanciou pela estrada, sem nem sequer voltar-se para trás, enquanto o rato citadino ficou a olhá-lo apoiado em sua elegante bengala de bambu.

MORAL:  É MELHOR MAGRO NO MATO, DO QUE GORDO NA BOCA DO GATO.


CONTOS:  RECORDAÇÕES DE LUIZÃO-O-CHAVES 18/06/2.013

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