domingo, 7 de julho de 2013

OS ANIMAIS E O AMOR DA GENTE


O ser humano que não tiver a Deus mesmo só um pouquinho é uma serpente
Começou  gostar mais de bichos, é sinal que teu coração de amor vive carente
A sua alma se sente vazia, teu raciocínio e ação, são duas coisas que não mente
E no fundo do coração há orgulho, coisa terrível  esta semente
É um ato tão perigoso porque afasta Deus da gente
Os bichos só possuem o fôlego da vida que se chama alma vivente
O espírito não foi criado para bichos, quero ver quem me desmente
Hoje ele existe, amanhã  desaparece, te deixando uma dor somente
Há sempre quem os defenda, dizendo:  Porque não falam igual gente
Eu calculo se falassem, era mais uma encrenca e o maior tempo quente
Eu tenho conhecimento, por causa de cãozinho, mataram o velho Vicente
Só que aquilo que fazemos, vai refletir em nossos descendentes
Por que na jornada da vida temos que olhar sempre lá na frente
Deus nos deu uma alma pura, disto podes ficar ciente
Para completar nos deu a missão de nos amarmos mutuamente
Porque o amor nos dá a liberdade que qualquer coração sente
Estamos fartos de saber que amor é dom divino, Jesus deixou isto patente
Vinde a mim os oprimidos e acorrentados  que vos livro das correntes
Ame teu próximo como a ti mesmo e fique comigo eternamente
Este convite está em todas as línguas, soando nos ouvidos diariamente
Só não ouvem isto quem não quer, faça de tudo, faça consciente
Vale a pena repensar,  recomeçando tudo novamente
Ame, perdoe e reconcilie faça isto constantemente
Não guarde rancor, amargura ou tristeza tenha o coração contente
Precisamos ter muito juízo, em muitos casos ser muito prudentes
Até agora consegui o equilíbrio, por isso que continuo: Firme no batente.
FIM.
LUIZÃO-O-CHAVES!                                                   28/06/2013...
                           ANASTÁCIO MS



QUANDO A PORCA TORCER O RABO



Sou um caboclo enxuto minha mente é equilibrada
Estou vendo passar os janeiros com os pés firmes na jornada
Sempre no meu carro de bois  que não enguiça nas estradas
Pedindo a graça de Deus para dar conta da empreitada
Quando a porca torcer o rabo: Eu não caio nas emboscadas
Na natureza tem sete cores, só não gosto da  encarnada
Uma moça da minha vida, é minha rosa e mais perfumada
É uma mulher de garra, para as lutas  foi treinada
Quem tem um amor assim, em sua  vida não falta nada
Se a porca torcer o rabo: Eu enfrento qualquer parada
Não adianta mulher ser bonita, se for feia não é nada
Nada adianta ter só beleza, sendo elegante e mais  requintada
Se elas não tiverem juízo, são iguaizinhas carta marcada
Se ainda viver de pega-e-larga todo dia na “ficada”
Quando a porca torcer o rabo: Ficará sempre na arribada
Para aquelas que se acham feias. Não pense ser rejeitada
Deixe a pressa ir passando, porque pressa não leva a nada
O amor da tua vida vem, basta que seja bem  comportada
O destino põe na tua mão, até com data  marcada
Se a porca torcer o rabo: Foi você quem deu a mancada
Muitos casamentos já se acabaram, as coisas estão bagunçadas
Para todo o canto que você olha só  vê mulher largada
Está faltando é juízo na cabeça da mulherada
Desde que usaram pouca roupa, a coisas ficaram  complicadas
Homem é um bicho de ferrão, é terrível suas ferroadas
Por isso que a porca torceu o rabo: E ninguém não falou nada.   
FIM .

LUIZÃO-O-CHAVES!                                                                05/03/2009.

SOMOS MUITOS MAS O DESTINO É UM SÓ


Numa loja de confecções e calçados estavam numa vitrine expostos um par de sandálias para donzelas num suporte de vidro muito chique, bem a vista mesmo. Ao lado dela estava outra sandalinha mais simples em tudo, na cor, no modelo, e no tamanho, mas muito bonita e elegante  também. Logo abaixo estava noutro suporte outro par de calçado, desta vez era um par de botinas daquelas rústicas, especial para o trabalho árduo, pesado exclusivo para homens. O sandalinha de luxo olhando ao seu redor vendo-os sentiu-se humilhado pela presença da botina; dirigindo a palavra a outra sandália disse: Você não acha que a presença deste aí do lado tira a nossa beleza? Deveria a moça que cuida da gente ter visto esta diferença tão grande entre nós! Pois é, respondeu a outra! Deveria ser afastado da gente essa coisa feia. Mas vamos ter paciência que não demora alguém venha  do mato e leva ele para bem longe de nós. O par de botinas  ouviu toda a conversa calado sem balbuciar nada a respeito do assunto abordado pelas luxuosas sandálias. Como o tempo passa assim passavam as pessoas  e admiravam as duas, eram moças, mulheres da alta sociedade, filhas de ricaços, esposas de prefeito, de outros comerciantes bem sucedidos ,fazendeiras e suas filhas ,enfim só gente fina lhes admiravam. Estavam vaidosas a não mais poder. Algumas as pegavam olhavam, diziam voltar depois para leva-las, outras nem voltavam mais e assim por diante. Quanto a botina ninguém sequer dirigia um olhar, nem mesmo de misericórdia até parece que a tal não existia na vitrine. Tudo tem seu tempo e sua hora e nada acontece por acaso, de repente chegou uma moça muito grã fina, parecia um princesa; olhou a sandalinha e disse: Eu gostei dela, no mesmo instante chega um peão do trecho olha a botina e diz tire ela daí, que vou compra-la. Como a moça estava na frente do rapaz para comprar ele esperou-a, mas a moça era muito educada, disse à vendedora: Atenda o rapaz, eu posso esperar?  Ele agradeceu a gentileza da moça.  Comprou pagou e foi embora com a botina. As duas disseram em tom de alivio! Vai-te feiura para nunca mais! Mas as coisas nunca são como nós queremos e sim como devem de ser. Passaram-se muito tempo, mas muito mesmo, lá vem o caminhão que  coleta lixo apanha daqui, apanha dali é sacos , é caixas, é latões e tudo que tem ajuntado para ser jogado fora e levado para a reciclagem. Chegando no lixão basculou tudo misturado num lugar que pela primeira vez foi jogado aquela sujeira toda. O par de botinas cai lá também e ficando  exposto, bem a vista de tudo; quando  deu uma espiada de lado, qual não foi a surpresa, olhe ali bem encostadinho dela o dito par de sandálias todo esfolado sujo de tudo o que você pensar, estava numa situação das piores de tanta sujeira. A botina também toda esfolada e furada rasgada corroída pelo uso mas, alegre da vida. Não se conteve  e dirigiu uma pergunta á sandália: O guria ? O que você está fazendo num lugar deste? Cadê a tua beleza e a sua  arrogância, teu orgulho, tua vaidade, a tua postura deu em que? O teu luxo acabou em que? Acabou aqui? Pensei que estivesse em outro lugar diferente do meu que agora é nosso! Não e? De que adiantou ser tão metida lá na vitrine e agora esta se lascando num lugar desses? São as lições da vida. Isso é para você ver que nada somos mais que os outros! A sandália depois de ouvir todo o desabafo da botina, mesmo calada não se deu por vencida e disse: É! Só que eu andei nos pés de gente importante, fui com a princesa. Andei pelos palácios pelos passeios mais chiques que você possa imaginar fui até por outros países visitei lugares da mais alta nobreza, castelos medievais, lugares que você jamais pensa que existe. Estivemos em reuniões com ministros, presidentes de outros lugares, frequentei as mais luxuosas festas nos castelos mais famosos do mundo, enfim gozei a vida da melhor forma que pude. Fui muito admirada por tanta gente estranha e depois acabei nos pés de outras meninas simples e pobrezinhas  e por fim fui jogada fora por isso estou aqui. Agora te pergunto, disse a botina  de que valeu o que fizeste tanto, para acabar num estado deplorável deste que tu encontras? Vaidade e orgulho, minha cara! Para nada se aproveita. Seja rico ou pobre! Branco ou preto. Bonito ou feio! Seja grande ou pequeno! Seja servo ou livre! Nosso fim é um só! Somos o lixo da terra! Ela dá, mas requer de volta!...

MORAL: O DESTINO DA NOSSA VIDA TERRENA É UM SÓ, ONDE SOMOS TODOS IGUAIS:  CEMITÉRIO!               


CONTOS POPULARES: RECORDAÇÕES DE: LUIZÃO-O-CHAVES!                              01/07/2013 

SALVE A NOSSA RAINHA SERTANEJA


Para nascermos já é uma luta por isso que somos lutador
Sempre lutando pela vida com muita  esperança e amor
Nela tudo é difícil tudo se ganha é com labor
Não se tem nada de graça, vamos  ganhar com suor
Nossa coragem é uma grande virtude nela dou muito valor
O que tenho não é emprestado nem foi com troca de favor
Porque se temos fé em Maria, fica mais fácil meu senhor!
Lembre-se que seu filho amado, luta por todos  os pecadores
Nos céus tem a uma  riqueza, é a que tem um maior valor
Além de uma brisa suave,  lá reina a paz e muito amor
Aqui na terra onde vivemos,  já não há paz, está um horror
Vamos lutar pelo céu, onde esta  luz é um resplendor
De cá eu vejo esta luz, que até parece  furta-cor
Quem  irradia esta maravilha, é o Divino Criador
Ele pede para que sejamos uma fonte de amor
Mas no coração de muitos humanos esta fonte já secou
No meio da terra é escuro, lá tem um fogo  abrasador
Nós pedimos, ó Virgem  Maria livra nós deste terror
Peço-te  é com muita  fé, carinho e muito fervor
Porque nos deste teu filho amado, para ser nosso  salvador
Rogue a ele ó mãe querida, para que ouça nosso  clamor
Também queremos ir pro céu, nós os  violeiros e trovador
És a mais bela sertaneja que nesta terra pisou
Agora nos céus és rainha por isso nos canta em teu louvor
Pelo vosso merecimento nos já somos vencedor!!!

FIM.

LUIZÃO-O-CHAVES!

VIVENDO EM TEMPOS MODERNOS


Nossos tempos estão tão modernos que a raça humana mais desenfreia
Vejam o tanto de jovens que povoam os cemitérios e as cadeias
Tantas mulheres que perdem o juízo, a cada passo  mais desenfreia
Muitas não pensa mais nem nos filhos,  os seus maridos elas corneiam
De outras eras passadas há muitos velhos que galanteia
Pois mamãe sempre nos dizia, lugar mais  triste é na cadeia
Guardem o que teu pai te ensina, é sua mamãe  que te aconselha
Responder quem te criou,  é uma coisa muito feia
Mas estes  tempos se foram, hoje está tudo mudado
Filhos falam alto e grosso,  estes velhos são quadrados
Saem a boca da noite, voltam só de madrugada
Chegam exalando um cheiro, de“coisa” que encontram na quebrada
Teu juízo é o teu mestre, os nossos  pais já advertia
Os teus pés é quem te conduz,  tua cabeça que é teu guia
Tudo o que plantares colhe, tenha mais juízo guria!
Não fique lamentando depois que engoliu uma melancia
Assim tem muitos jovens,  com o narizinho todo empinado
Querem viver só na vadiagem,  no bolso nenhum trocado
Quando lança as mãos no alheio, logo vai  aprisionado
Só resta choro e lamentação,  ver o sol nascer quadrado
Deu tristezas a seus pais, quanto eles tem  sofrido
Pois sacrificaram tanto para ver seus filhos crescidos
A recompensa é um pesadelo, saber que seu filho é bandido
É a mais dura realidade deste mundo pervertido
Oh! Bom Deus onipotente, que governa todo o  firmamento
Aqui neste vale lacrimejante,  com a raça no confinamento
As obras más seguem a todo o vapor, obras  boas no esquecimento
Os quatro ventos estão avisando, o fim chegará: Pode ser a qualquer momento!


FIM

LUIZÃO-O-CHAVES!

O NAMORO TEM DESSAS COISAS


Acordei pensando numa  coisa , saí logo a procurar
Já encontrei  uma menina coisa linda pra danar
Lancei meu charme e minha prosa ela começou gostar
Percebendo que a coisa era boa, pois deu trabalho para  encontrar
Nos não pensa em outra coisa que não seja namorar
Um dia vi uma coisa feia querendo me assustar
Era o velhão pai da guria e na mão um tareco de atirar
O velho gritou: Olhe esta  coisa! Vire esta coisa pra lá
Eu respeito  sua filhinha, nos só queremos é namorar
Este velho virou uma coisa, destemperou  me enzucrinar
Que se eu pegasse na coisa a coisa ia complicar
Também pensei numa coisa, este velho eu vou  escorar
Vem ele com tantas coisas, com muito mais eu vou pra lá
Nesse entrevero das coisas,  achei tão chato a gente namorar
Resolvi chegar nos velhos,  com umas coisas para explicar
Mas os velhos não eram tolos, me convidaram para  sentar
Nós falamos de tantas coisas, já começamos tudo  acertar
Combinamos logo o noivado, os desacertos ficaram pra la
A melhor coisa que fizeram, dar sua filha e com ela vou-me casar.

FIM.


LUIZÃO-O-CHAVES!!!    25/06/2013

sábado, 6 de julho de 2013

UM BOI VELHO NA ESTRADA DA VIDA


Um dia me chamaram de boi velho, foi arte da molecada
Apesar de ser um deboche estas gracinhas pra mim é nada
Nesta  marcha pela vida afora, nunca fiquei na arribada
Até hoje ainda deito cedo, só que eu acordo de madrugada
Tomo o café da manhã depois de uma caminhada
Sempre disposto e com saúde,  continuo minha jornada
Sempre de bem com a vizinhança, a nenhum deles não devo nada
Todas as despesas  e minhas contas são perfeitas e equilibrada
Nem dá para fechar a porta, minha dispensa está  lotada
Meu amor sai trabalhar, antes ela deixa a casa bem arrumada
Cinco filhos que nós criamos, estão com as vidas organizadas
Domingo na casa deles, nóis come linguiça assada
Num baita litro de coca lhe acompanha uma feijoada
Um deles roda o espeto, o outro traz a macarronada
Para quem chegou na velhice, é uma vida recompensada
Nunca fui ganancioso, pois a usura não serve de nada
O meu salário são meus proventos cai na conta registrada
Só vou lá sacar a grana na data e hora marcada
Não vivo da vida alheia, deixem a minha  sossegada
Por favor não se incomodem, quando me sento na calçada
Pra bater papo com os amigos, de ninguém eu falo nada
Fui atacado por três meninas daquelas desocupadas
Que só gostam da vida fácil, vão trabalhar gurizada!
Eu não fiz a troca do amor, elas ficaram desapontadas
O amor que tenho em casa, não vou lhe trocar por nada
Ainda não vi quem teve lucro, fazendo esta palhaçada
Como a vida é um Dom divino, deve ser bem aproveitada
De o pão a quem tem fome, que nunca vai te faltar nada
Fazendo o bem que puder, esta  ordem é sagrada
De carinho para os velhinhos, muito amor a criançada
Tenha sempre uma fé em Deus, espere o fim da tua jornada
FIM.
LUIZÃO-O-CHAVES!




O TURCO FAZENDEIRO E O POBRE LAVRADOR


Era uma vez um fazendeiro turco que possuía muitas terras muito gado, tropas e diversos animais de criação como qualquer proprietário bem sucedido adquire ao longo da vida, principalmente aqueles que herdaram dos seus  antepassados e a fortuna não afasta de suas mãos. Terras férteis  excelente para o plantio de tudo que se pensar em cultivar, além disso dispunha de alguns empregados que lhe prestava serviços em todas as áreas de trabalho. A sua fazenda era cercada por uma cordilheira de serras em forma de arco, um rio muito piscoso banhava a fazenda de um jeito tão perfeito, perfazendo a forma de um D. Foram as mãos de Deus que desenhara aquela beldade, uma obra prima da natureza em toda a sua plenitude. Parecia um lugar divino esta  fazenda, a única coisa que contrastava era este patrão    que tinha um coração muito mesquinho, pagava seus empregados com uma dó que dava dó, parecia querer que aquele dinheiro retornasse para seu bolso novamente. Era impossível um negócio destes! O empregado trabalha arduamente de sol a sol, é justo que receba pelo seu serviço prestado. Cada um tinha seus familiares  e precisava dar a manutenção no seu lar. Imagine se ninguém precisasse do dinheiro que ganhou como seria? E o patrão ficando com todo o seu soldo? Não teria graça nenhuma para ninguém. Mas o patrão era tão egoísta e avarento que não enxergava nada a favor de seus empregados tão dedicados, tão defensores de seus interesses e do seu progresso, apesar da mesquinhez  que a cada dia parecia-lhe mais familiar ainda, prosperava que dava gosto, gado de engorda, de reprodução lavouras bonitas, a família feliz com muita saúde empregados firmes em seus serviços. As sua andanças pela fazenda admirando seus  bens deixava-o soberbo, altivo e impiedoso a ponto de nem ligar se os seus serviçais estavam fartos ou não. Diz-se assim porque não estendia a mão a ninguém em termos de agradar nem as crianças filhos de seus empregados. Porque é comum os patrões oferecerem o que lhes sobra ou comprar presentes para as crianças em épocas de festividades de Natal, final de ano, aniversário de alguém que lhe ajuda tanto o ano inteiro, como forma de gratidão e reconhecimento por tudo que tem feito e faz pelos seus patrões. Mas o turco nada disso fazia, dizia que estava tudo bem e que ninguém precisava de nada. A crença dele era focada somente em trabalho, progresso e muito dinheiro. Quanto menos gastar melhor, era este o seu lema! Um dia passou por lá uma cigana vindo ninguém sabe de onde, e como todos sabem;  cigano é cigano! Gostam de fazer previsões adivinhar a sorte das pessoas e outras coisas que eles inventam, é a sua maneira de viverem! Vendo a dita cigana adentrar e conversar com os moradores da fazenda, intimou-a para que saísse de imediato porque o pessoal  estavam todos em horário de serviços e que tudo estava muito bem. Todos ali tinham sorte, inclusive de terem um patrão bom como ele era. Então a cigana veio até ele dizendo: Senhor eu já estou indo, não pretendo lhe incomodar em nada! Apenas quero fazer uma previsão de futuro para o senhor.! O turco disse-lhe: Não quero saber de nada! Obrigado! Mas a cigana insistiu e disse-lhe: É bom que o senhor saiba! Apontando para a casa de um dos seus empregados, o mais pobre de todos. Um dia, toda esta riqueza que tens, num piscar de olhos irá parar nas mãos daquele seu empregado, porque ele é o melhor que o senhor tem. É um homem simples e de um coração muito bom! Existe uma lei do universo, lei das razões ou lei das compensações. Ela pune ou galardoa as pessoas, os habitantes da terra: Livres e servos, brancos e pretos, ricos e pobres, altos ou baixos, feios ou bonitos, pequenos ou grandes, reis, imperadores ou seus imediatos!  Ela está agindo entre vocês. Ficarás somente com a sua casa de moradia. Nada mais! Dizendo isto se retirou. O fazendeiro ficou tão impressionado com aquela conversa que nem sequer dormiu aquela noite. Não suportou a ideia de saber que tem tantos bens e repentinamente ficar sem nada. No outro dia o fazendeiro saiu a conversar com seu povo nas suas casas. O teu povo estranhou aquela atitude, não era de costume ele fazer aquilo! Ele perguntava àqueles com quem a cigana falara na ocasião, o que ela tinha dito? Por coincidência à esposa do mais pobre! Ela respondeu: Disse-me a cigana que um dia seremos ricos! Mas acho isso impossível disse a mulher. O patrão ficou desconfiado com aquela confirmação. Pensou consigo! Se isso for verdade irei desfazer tudo! Já sei! Foi embora para sua casa, lá chegando resolveu demitir todos os empregados, menos o pobrezinho. Vendeu todos os seus bens até as terras deixando somente  sua casa de moradia. Com a fortuna, em mãos foi e comprou um diamante guardou dentro de uma sopeira com tampa de vidro bem no meio do quarto. Para poder vigiá-lo até mesmo enquanto dormia. Tinha medo que o pobre viesse roubá-lo.  Agora sim! Pensava ele! Pobre nenhum nunca terá a minha riqueza! Quando saia para passear com a família levava a pedra com muito cuidado. Um dia resolveu ir de tardezinha pescar com a esposa. Colocou o diamante com a sopeira bem no meio da canoa, lançou a rede em um lugar, nada de peixes, em outro nada outra vez; mudou  para um lugar do rio que ele sabia dar muitos dourados era uma corredeira de muitas pedras. Quando vem descendo a rede enrosca, ele não querendo deixar a rede enroscada forçou muito, desequilibrando a canoa, esta virou com ele e a esposa. Lá se foram ele, a esposa e a sopeira com o diamante dentro para o fundo do rio, assim que os dois  saíram fora da água e desolado da vida ele reclamou da sorte dizendo: Maldita cigana! Só que pobre nenhum nunca terá meu diamante! Naquele mesmo dia á noitinha o pobre tinha ido pescar porque a esposa disse que queria comer um ensopado de peixe no jantar. Quando ele chegou da pescaria com o peixe que pescara, um grande dourado; descamaram-no quando o abriram, tomaram um susto: No bucho do peixe tinha algo estranho e duro e que reluzia, cortaram para ver o que era! Lá estava o diamante do seu patrão, o peixe o havia engolido. No outro dia correu a noticia que o pobre havia pegado um peixe e no bucho dele tinha um lindo diamante!    

CONTOS DO NOSSO FOLCLORE:  REPRODUÇÃO DE LUIZÃO-O-CHAVES!   04/07/2013

ANASTÁCIO MS.

O MARMITEIRO DE UMA CADEIA


Eu era um garoto de uns oito anos de idade, naquela época as escolas não eram como as de hoje, que a garotada pode sair de casa para a escola faltando uns quinze minutos para o inicio das atividades escolares. Saem de carros próprios dos pais, outros ganham carona dos vizinhos e aqueles de mais distancias tem os ônibus que os transportam até seus colégios. Hoje é uma facilidade incrível para os tais. Isso sem falar que tem a merenda escolar, material escolar, uniformes e  livros didáticos  tudo gratuito, um monte de professores capacitado, um para cada matéria e  horários definidos. Enfim uma regalia para se estudar nos dias atuais. No nosso tempo era tudo diferente. Muitos alunos andavam até oito quilômetros para estudar, lugares difíceis, somente dois horários. Matutino ou vespertino, além de termos que estudar nos sábados meio período. A gente só não comparecia as aulas nos domingos, feriados e dias santos de guarda. O nosso  Grupo escolar tinha somente agua encanada e banheiro rustico, não havia ventiladores nem tinha as salas com forros no teto muitos o piso era de madeira ou tacos, não havia aulas a noite, os professores vinham de outras cidades e passavam  o tempo longe de seus familiares. Eles hospedavam em hotéis  e pensão. Era ela ou ele, professor de todas as matérias: História, Geografia, Ciências, Aritmética, Gramática e Educação Moral Social e Cívica. Isso era o calendário da época: De fevereiro ao final de Junho, de Agosto a quinze de Dezembro. Finalmente chegava as tão esperadas férias. Aqueles que moravam nas cidades pequenas, lugarejos a vida eram mais fácil como no meu caso morava em colônia tinham como disse antes as dificuldades maiores. Depois mudamos para uma cidadezinha pequena, tudo foi tão bom que a gente  nem sequer lembrava das lutas de antes para estudar. Pais lavradores que sobreviviam das coisas da roça. Estudar um filho naquele tempo não era muito fácil só quem podia mesmo, quem tinha recursos próprios. Imaginem um pai pobre! Olhem as despesas inerentes: Calçados, uniformes, material escolar e lanche. Mas valia a pena! Nós os filhos não tínhamos preguiça de ir a escola. Íamos com prazer, satisfação e amor pelo esforço do nosso pai. Nunca esqueci os nomes dos livros que o papai comprou para mim; o primeiro foi uma cartilha: Caminho Suave, no primeiro ano, Seleta Escolar no segundo ano, Aventuras de Pedrinho no terceiro ano, Pedrinho e o Mundo no quarto ano. Parei aí nunca mais sentei num banco de escola. Nesse interim lá pelo meado do meu quarto ano,  passei a morar com a minha avó do lado de minha mãe, ela cozinhava num hotel onde os professores eram os hospedes durante o ano letivo. Que riqueza! Que maravilha! Amava a minha professora que se chamava: Lurdes Aleixo Figueiredo. Eu não tinha dificuldades nenhuma nas lições, além de ser um aluno aplicado, muito estudioso e inteligente, ainda contava com o carinho dos professores que me rodeavam  o tempo todo. Também pudera! Eu era muito prestativo servidor  ajudava a vovó nas tarefas mais leves do hotel, ajudava lavara louças, tirar agua de uma cacimba enchendo a caixa d’agua que ficava num lugar elevado. Subia as escadarias como se fosse brincar. Um dia este hotel firmou contrato com a segurança da cidade para o fornecimento de alimentação dos presidiários. Fui designado marmiteiro da cadeia; A distancia era mais ou menos  seis quadras em zig -e- zag, lembro-me quando a patroa da minha avó disse:  Meu filho, vou contar com você para carregar comida para os presos? Você vai? Vou sim, senhora! Respondi-lhe, o café da manhã era servido ás sete horas, mas as seis e meia eu já estava lá, trazia de volta para o hotel as marmitas sujas e vazias do jantar de ontem, ás dez horas levaria o almoço, traria de volta a garrafa de café e xícaras do café da manhã, ás duas horas da tarde retornava com o lanche do meio da tarde. Era café, leite, e pão com manteiga, não existia margarina. De novo e de volta com as marmitas do almoço, ás dezoito horas lá vai o marmiteiro com o jantar para os presos, eles eram assim: O mineiro com dois companheiros em uma cela e a Jovelina com seu marido em outra cela, na ultima cela estavam mais dois encarcerados. No inicio a gente ficava quieto, só entregava as coisas e voltava em cima do rastro; primeiro porque, a vó não queria que eu demorasse e segundo não tinha o que conversar com os presos, eram pessoas  estranhas  e nós os garotos da época tinha muito respeito por quem quer que seja, em qualquer lugar que estivéssemos. Mas como o tempo passa e a gente fala; logo os presos gostaram muito da gente, ademais eu era muito alegre e simpático aos olhos de todos, comecei a gozar da confiança deles já demorava mais tempo servia agua para todos  sobretudo porque o pote de agua era fora das celas, e não havia geladeira para os preso, isso quando o carcereiro dava um saidinha no boteco da esquina,  me sentia a vontade com os novos amigos muito embora  sendo presidiários. Um dos presos  o mineiro olhou para mim e disse: Meu filho você é um menino de ouro, és muito bom, te conserve assim que  serás muito feliz! Faça tudo em sua vida para nunca vir parar num lugar desses em que estou com estes companheiros. Isso não é lugar de gente! Isto aqui, é o lugar mais triste que um cristão é obrigado viver! Isto aqui é um pedaço do inferno! Você aqui só tem liberdade para fazer as necessidades fisiológicas e nada mais! Se ninguém te der comida, morrerás de fome ou sede.! Diante deste relato do preso aproveitei e perguntei: Porque o senhor está aqui? Não aborreça com minha curiosidade! Ele pensou um pouco e me respondeu com duas lágrimas nos olhos! Fiz uma loucura! Matei um japonês taxista! Mesmo com toda a razão que tinha, nunca deveria ter feito uma desgraça daquelas! Hoje sou um homem derrotado por uma fatalidade. Já chorei muito aqui dentro,  mas duas coisas tenho certeza na vida! Nunca esquecerei  este fato que marcou minha vida, jamais sairei daqui enquanto não pagar a pena. Sou estranho, não conheço ninguém neste estado sou de outro, e muito longe daqui! Pormenorizou os fatos dizendo: Eu estava num ponto chamado de Paturi, era um boteco de beira de estrada, assim: Uma estrada que demandava  de uma cidade chamada de Lucélia até Panorama na barranca do rio Paraná. O Paturí era uma colônia de japoneses que distava da estrada uns doze quilômetros. O dito japonês tinha um automóvel da marca Mercury de cor preta que chegava reluzir aos raios do sol, estava no ponto aguardando a passagem do ônibus que viria do lado de Panorama cujas cidades eram: Tupy Paulista, Dracena, Junqueirópolis, Irapuru e Santa Genoveva.  Quem sabe saltaria do ônibus algum passageiro das bandas do Paturi. Faria a corrida e tudo muito certo. Mas parece que tem dias que a bruxa esta solta de canga e corda. Ali nas mediações do boteco moravam algumas famílias que trabalhavam nas roças. Dentre elas havia garotos já grandinhos lá pelos seus sete anos de idade, um desses moleques como eram chamados naquele tempo passou por ali vendo o carro do japonês estacionado no ponto. Vendo que  estava empoeirado ele passou o dedinho do farol até no rabo de peixe ficando o risco do seu dedo bem distinto marcado pela poeira. O japonês sai do bar e vê aquilo no carro ficou uma fera, como eu estava ali perto conversando com um amigo, ele me julgou o feitor daquilo. Eu lhe disse: Não fiz isto, foi um moleque que passou o dedo ai. Não fui eu! Mas apesar do amigo ter dito o mesmo,  o japa retrucou: Você, nego sem vergonha! Está com medo de Japão eu sabe lutar judô. Vai dar uma lição em gagin, corombo! Fechando os punhos partiu para cima de mim. Tirei o corpo fora e disse: Arreda para lá japonês; se vier de novo, lhe meto uma peixeirada, não venha? Ele se fez de surdo e veio com tudo de novo, só sai para o outro lado, deixando a faca que abriu a barriga do infeliz que caiu agonizante. Estava feita a desgraça,  fuji dali, mas pouco tempo depois estava encarcerado. Estou até hoje neste lugar horrível. Leve este meu conselho que  servirá por toda a sua vida. A única coisa que tenho para agradecer a você que traz comida para nós neste lugar de tormentos. Vai meu filho, vai em paz! A liberdade é de Deus! A prisão é coisa que o demônio criou!

ESTE É UM FATO VERDADEIRO!  HISTORIA REAL!


CONTADO POR NÓS – LUIZÃO-O-CHAVES!                                                                 01/07/2013                                                                     

O QUE OS HOMENS FAZEM DE BOM E DE MAU EM SUAS VIDAS


Agora vou mexer com os  homens :  Só não quero ouvir pampeiro!
E o bicho mais perigoso e de todos é o mais ligeiro.
Homem,  touro e  escorpião  passeiam no mesmo carreiro
Eles atacam e se defendem por isso são três guerreiros
Prova é o almirante Barroso na batalha do Riachuelo
Mas se quer viver bastante, nunca  banque o desordeiro
O que encurta muito a vida é se misturar com maloqueiro
Conserte todos os seus defeitos deixe de ser bagunceiro
E bom chegar cedo  pra vida, mas pra sair? É melhor ser derradeiro
Deus te dá longos  anos,  tu nem conta tantos  janeiros
Você quer ver coisa boa?  Experimente  ser  violeiro
A gente acha tanta inspiração nas historias de boiadeiro
A profissão mais divertida você percorre o Brasil inteiro
Profissão que não vejo dar lucro, é os chamados  garimpeiro
Quem  lucra nessa  parada é o chamado  capangueiro
Outra de grande risco que não gosto é o seringueiro
Corretor ou advogado é complicado: É muito difícil ganharem dinheiro
Há homens que gostam de bater: Tem oficina de ferreiro
Sabem quem mais deu pontapé durante a vida: Adivinhem quem  é?
Vou lhe dar uma dica: Ele tem  três corações! E por cima ainda é mineiro!
Se você pensou em Pelé, acertou! Foi um terror pra muitos goleiros
Não esqueçam de  Garrincha ,do mundo o maior ponteiro
Carlinhos Alberto Torres para mim foi o melhor zagueiro
Igual o Rogério do São Paulo ainda não vi nenhum goleiro
Que ama a família, o seu time e a Pátria: Um grande brasileiro!
Gosto de falar sempre a verdade numa delas sou matreiro
As quatro coisas melhores da vida: Saúde, mulher, dinheiro e se aquilo estiver inteiro
Só que vocês mulheres tomem cuidado! Homem não é brincadeira
É igual marimbondo caçador: Só ferroa a caranguejeira
Porque o ferrão dele está  escondido na dianteira
Diferente do escorpião que o perigo está na traseira
Se for sondar a mulher alheia, toma cuidado com vara de marmeleiro
Os que atrapalham a vida dos casais são os tais de macumbeiro
Outros não acham o que fazer de sua casa afundam o trieiro
Se ele te socorreu na hora “H” este amigo é verdadeiro
E a oitava maravilha do mundo que conheço:  Ser mineiro !
O homem  num  buraco com as duas mãos numa corda: Ele é poceiro
Se  entrar  vivo numa cova, pode crer que este é coveiro
Se tiver com a corda numa das mãos: Na laçada ele é ligeiro
Estando  com as cordas nos dois  pés:  Ele caiu num  laceiro
Agora com os dois pés em uma corda: Equilibrista no picadeiro
 Se o homem está com a corda no pescoço: Está faltando dinheiro
Agora com o pescoço  numa corda: Foi inconfidente mineiro
O que sabe dar nó em cordas basta não dar nos companheiros
Agora se desata qualquer nó: Confie neste parceiro
Se ele tem os dez dedos em  dez cordas:  É caprichoso violeiro
Os mais famosos são: Renato Andrade, Biancardini e o Tião Carreiro
E o da moda mais  bonita : É o Ferreirense  com  João ferreiro
Na moda que homenageia  peões velhos estradeiros
O que não gostar de moagem nunca pode ser moleiro
Se sua loja tem boas promoções: O velhinho é barateiro
Tirou as tachinhas da botina É sempre bom sapateiro
Se  estiver com o pé na tábua, este aí é caminhoneiro
Estando com as mãos numa tábua é ele o carpinteiro
Estando amassando o barro se não for minhoca e um oleiro
Aqueles que vivem da roça sustenta  milhões de brasileiros
Esses coitados não tem  valor depois que surgiu os glebeiros
Os que tomavam terras alheias eram chamados de grileiros
E uma bagunça desgraçada que incomoda o País inteiro
Tem uma que é a pior de  todas:  Mistura de índio com  fazendeiro
Morre gente dos dois lados isso já é corriqueiro
Ninguém sabe onde está a razão, virou o maior pesadelo
Fazendeiro alega que paga imposto e índio diz: Mim, é mais brasileiro!
Esta encrenca nunca vai acabar porque ali corre muito dinheiro
Nós ainda nem  lembramos  dos índios com os garimpeiros
Lembre-se no governo do Cardoso a mortandade dos posseiros
Chacina dos Carajás  foi  manchete no mundo inteiro
Quem carrega cabaça de agua para os peões na roça a turma chama de bombeiro
É chamado de esfola pau quem tirou casca de angiqueiro
É chamado de vira-cu se não for bom machadeiro
Quatro machados  duas batidas, fazem isso o dia inteiro
Entoam a cantiga do urubu, um urutau chega  ligeiro
Peonada  esparrama tudo, deixam sozinho o empreiteiro
É um bicho cheio de malícia ainda mais se é peão trecheiro 
Agora com as mãos sujas de massas, é servente ou  senão padeiro
Tá no alambique fabricando pinga? Este é o maior dos cachaceiros
Pescadores  velhos  chama os peixes  pequenos  de batuqueiros
Se eles gostam de batucadas nos sábado: Sabem bater pandeiro
Chapéu quebrado na testa  grita no baile, este é fandangueiro
E já no finzinho da noite um abraço ao gaiteiro                                                                                     O homem que sai vendendo de tudo: É maluco por dinheiro
O que vendeu a alma pro Diabo: Isto é usura pelo dinheiro
Sai na frente de uma  boiada com alguns  burros de carga: Ele é o cozinheiro
Um monte de peões tocando boiada: O da frente é o ponteiro
Outro conduz uma burrada de venda e  compra: No seu jantar o feijão de tropeiro
A coisa mais chata que eu  já pude ver : Um homem noveleiro
O que é bom e faz a cabeça dos outros, cabeleleiro
Se ele gosta de tocar viola e sapateia no salão: Este aí é o katireiro
Se for fumante bem educado pede licença, fuma põe as pontas do cigarro no cinzeiro
Tem homens  leais e honestos com a família e o próximo: Este é filho de mineiro
Respeita  tudo o que é alheio são distintos e ordeiro
Se não usa vícios nenhum , este é o melhor companheiro
Já outros que são sem graça, mentiroso e  caborteiro
Gostam muito de bagunçar na roda dos cachaceiros
Um homem chamado de gato:”Tem a profissão de empreiteiro
Tem o peão gira-mundo vive grudado  neste companheiro
Principalmente nas carvoarias, aquele monte de carvoeiro
Já outros  experimenta o gato pelo grude do cozinheiro
Se o rango for de primeira ele trabalha o ano inteiro
Ajuntou uma boa  grana  sai do gato: Vai direto pro puteiro
Passa fim de semana bonito, na segunda não tem  um cruzeiro
Outro ficou no barraco cuidando todas as traias do empreiteiro
Se tiver com a mão na vara é pescador ou pirangueiro
Se for com a vara na mão vai tirar frutos do mamoeiro
Agora se alisa a vara vai troca-la por dinheiro
Achou melhor levar a vara faz um favor para o companheiro
Passa as mãos na chapa quente, é assador ou cozinheiro
Com a chapa na mão cortando e soldando o ferro dia inteiro
O Queiroz nosso vizinho, é o melhor dos Serralheiros
Com as mãos cheias de cartões de ponto logo cedo, chapeira
Tem peão que amansa burro xucro pra defender alguns cruzeiros
Outros  amansam  somente mulas  apoiado num cupinzeiro
Na cidade um que cheirou peido de égua ele já foi  charreteiro
Hoje não tem mais charretes, no seu  lugar só os carroceiros
Você quer ver dureza é quando o burro da carroça é peidorreiro
Quem no passado foi chofer de estrada  hoje é chamado caminhoneiro
O homem que faz denúncias  para a policia conheço por cagueteiro
É igual o puxa  saco quando  entrega  seus  companheiros
Nada ganha fazendo dessas além do nome de fofoqueiro
Se na firma sair um corte: Ele é sempre o dianteiro
A recompensa do vagabundo é um chute no traseiro
O defeito  continua chamam ele de “leiteiro”
O homem  que vigia as celas do presídio : É o carcereiro
Todo o mal que fazem  na terra, a recompensa não é dinheiro
Se antes de morrer pedirem perdão: Escapam do formigueiro!
Conheci uns que ganhou a vida de capanga ou pistoleiro
Hoje deles ninguém se  lembra, virou assombração para os retireiro
Aqui tinha vereadores velhos  com mais de vinte Janeiros
Estão agora “Pendurados” São folhas secas de um coqueiro
O eleitor não lhe cortou: Do seu partido foi seu companheiro
Olham para mim com cara de enterro, secou a teta? Companheiro!
Aqueles que foram  abonados, passeiam de carro o dia inteiro
Nós somos  muito felizes, pois á nenhum devemos um cruzeiro
Agradeço muito a todos que trabalharam de Dezembro á Fevereiro
Prefeito e vereador pra mim só é bom se for “Rueiro”
Tem que sair do gabinete e balançar o saco o dia inteiro
Vai para ela que  fuma e coça “aquilo” há muitos e muitos  Janeiro
Prefeito tá pulando quente igual cutia de tarde no carreiro
Ele sabe que a coisa tá preta e o tempo passa ligeiro
Os deputados andam sumidos devem ter ido caçar dinheiro
 Só homens: Doutor, juízes, Delegados e  Botequeiro
Aviadores, Florestais, Taxistas, Aposentados  e moambeiros
Empresários , consultores, Soldados, guardas do sinaleiro
Pais de família, aramadores,  Changas  e  Enfermeiros
Plantão de  hospitais, Jornalistas , Marinha e do Exercito  Brasileiro
Fiscais dos  postos avançados ou em linhas de fronteira
Vigilantes das selvas de nossa Amazônia brasileira
Aqueles da missão de paz no Haiti em  território estrangeiro
Atendente de  posto de gasolina e Saúde, Técnicos e Carreteiro
 Cuida do jardim e poda arvores  este trepa  o dia inteiro
Uns que prega de todo o jeito na sua tenda faz um griteiro
Que assombra a vizinhança e  tudo isso é por dinheiro
Carregam de tudo pra todo lado moto- boi e gazeiro
Moto-som,  vende-de-tudo ,  ambulante e conselheiro
O Zezinho com Denir um dos mais antigos leiteiro
A turminha que só anda a noite, esta molecada faz um piseiro
Uma madrugada dessas  na rua de casa, um casal de barraqueiro
Radialistas, apresentador enfadonho, que repete o tempo  inteiro
Os aeroportuários e quem  trabalha nos estaleiros
Os que trabalham até a noite  recicladores e lixeiros
Mecânicos, picaretas, sobe seis, farmacêutico  e açougueiro    
Gerente de  Firmas,  Bancos lojas mercados  fazendas  escritórios  motéis e puteiros
Topografo , encarregados , delinquentes  livres e prisioneiros
Patrão , empregados , garçons, lavadores, alfaiates administradores  e  costureiros  
Projetistas, engenharia, cientistas, calouros, poetas e trambiqueiros
Nunca se esquecer das horas,  lembrando do relojoeiros
Os que fabricam nossos  anéis e mais : Joalheiros!
Rua abaixo, rua acima com os bilhetes na mão é os “bicheiros’
A todos que fizerem  o bem , escaparão do inferno e o braseiro
E aqueles que Deus aprovar: É porque foram verdadeiros!
Este mundo tá uma bagunça, sem  amor, o povo louco por dinheiro
Nossos  governantes falta  pouco ficarem doidos, envelhecem ligeiro
As manifestações do povo nas  ruas , parece formigas a noite no carreiro
Os coitados não podem nem cuspir que paga, é um quinto do  cruzeiro
Tem tantos políticos de bom  coração, mas perde o juízo vendo dinheiro
Se ele fizer o bem desagrada muitos dos seus  parceiro
Se ele faz  somente pra si : Vão chama-lo de que? Não sei!
Você sabe o que é mais certo? Cada um escolhe, vai dormir no  bueiro
Nosso bate-papo acaba aqui meu prezado companheiro.

LUIZÃO-O-CHAVES!










MEU AMOR! MINHA MAGRICELA


Quem me corteja é uma menina, ela é tão fininha igual ponta de sovela.
Me cerca de todos os lados, pensa em casar comigo assim diz ela
É uma fofinha que só você vendo, mas estou fora desta esparrela
Peço a ela com carinho, deixe de história guria, este assunto nos cancela
Imagine se te pego na cintura e aperto, se tiver sai a moela
É quase um palmo de pescoço, boca grande eu vejo a goela
Bracinhos longos e finos, cinturinha de cinderela
Olhinhos pretos e graúdos, o rostinho é de gazela
Sainha longa as pernas fininhas, teu nome é Rafaela
Me desinquieta um grande amor, que sinto chegando por ela
Os seus pezinhos igual de boneca, é lisinha tuas canelas
É só eu dormir começo a sonhar, acordando quero ver ela
Convidei-a  para sair, um prato cheio para os tagarelas
Foi tanta gente cochichando, espiando pela  janela
Molecada  fazendo a farra , lá vem o negão com a magrela
Agora a porca torceu o rabo, sentou em cima das rodelas
Agora sim, ela é só minha e eu sou todinho dela
Ela me convenceu de vez:  Meu amor! Minha magricela!
A nossa lua de mel  será, na Fazenda Três Cancelas
As margens do Rio Formoso, tem  Cerros azuis, que vista bela!
A lua prateando a pradaria, com uma luz bem amarela
Estou encantado com este amor, não tem defeito minha Rafaela.

FIM.


LUIZÃO-O-CHAVES!                          26/06/2013

ESTE É O PAGODE DO HEM


Os céus  a terra e o mar ,são as ciências do além
Eu não sei se  tem limites e nem de onde isso vem
Só admiro a grandeza e a beleza que eles  tem
O homem vasculha tudo e fica num vai e vem
Anda num mexe e remexe mexe onde não  convém
Um amor muito sincero nunca fez mal a ninguém
Namorar é coisa boa namorei pra mais de cem
Um cheirinho de gostosura só o meu amor que tem
Quero beijos e abraços  quero tudo do meu bem
Pro  amor estou soltinho por isso que vou além
Aproveitem bem a vida que um dia a morte vem
Ela vindo leva os pobres leva os ricaços também
Leva preto leva branco dela não escapa ninguém
Quem não ficou para ir velhinho foi mais cedo e foi neném
Uma vez vindo a esta terra é só uma vez que vem
Se  foi chamado de volta é só uma vez também
Se você partiu sorrindo nunca mais volta do além
Agora se foi reprovado vai reclamando  pra quem
Por que ajuntou  tanta riqueza se não quis fazer o bem
Assim como você foi os outros irão também
A riqueza da terra é feia, a mais bela e a do além
Vivo sorrindo pra vida e com você sempre de bem
Gosto de ajudar os outros e não fazer mal a ninguém
Ser marido de dez mulheres que me chamem de harém
Estou rolando numa tarimba grudadinho no meu  bem
Espero ser muito feliz quando eu viajar também
A bondade é eterna  mas tem castigo que é também
O sol nasce e escode um dia vai e outro vem
Eu peguei nesta viola já fiz o pagode do hem
Quantos anos já se passaram é quase dois mil e cem
Por aí andam gritando que um dia o Cristo vem
E se o Cristo não vier vocês vão queixar pra quem?
Quem sabe ele até já veio e vocês não viu ninguém
O povo que o viu subindo passava  pouco de cem
Assim como ele subiu ele viria também
O segredo de sua vinda é a forma que ele tem
Em espirito e pureza pelos séculos sem fim. Amém
Mas se o mundo voar em cacos num deles vou com meu bem.

FIM.

LUIZÃO-O-CHAVES!

A FESTANÇA NO ANIVERSÁRIO DO PERU E DO PAVÃO



Num dia desses a Rainha da selva com seu esposo, o mestre leão, descobrem  no calendário, o aniversário do peru e do pavão. Resolveram dar uma festança, com muita dança na comemoração. A festa seria na mata, na beira da cascata num improvisado barracão, coberto com um encerado, aberto dos quatro lados, e uma divisão; um lado para servir o jantar e o outro para arrumar as bebidas para o povão. Depois de tudo bem calculado e dentro do planejado, deram inicio á execução. A anta, o cavalo, o boi e o macaco com as ferramentas fizeram os buracos no chão. Foi uma canseira carregando as madeiras pros esteios do barracão. Fincaram tudo bem aprumado e muito alinhado e ainda bateram a terra do chão. Trouxeram a lona limpinha deixando ela bem esticadinha amarrada com cordão, limparam bem ao seu redor e para ficar melhor, até a margem do ribeirão. A leoa gostou da limpeza aproveitou e pediu mais destreza na instalação. Arrumaram todos os banheiros  até que saiu ligeiro dentro da programação. Era banco pra todo lado pra todo mundo ficar sentado e bicho nenhum sentar no chão, foram três banheiros na parte externa  com uma grande cisterna só água era num latão. Fizeram ainda um grande jirau com varapau amarrado com cipó além da mesa improvisada atada com timbó. Também para todos os lados cipós esticados pra segurar a instalação, os vaga-lumes trouxeram as lâmpadas e acenderam que se via de longe o clarão. Depois de tudo perfeito solicitaram ao prefeito alvará de licença registrando o barracão. Assim com maior brevidade exercer a atividade como seria a função. Depois de regularizado sem que ficasse nada atrasado anunciaram no pregão. A raposa chegou já dando palpite, dizendo que os convites ela espalharia pelo sertão. Agora prevenir estoque de comilanças para não ter decepção. O burro se gabava de ser o maior transportador de toda região, aproveitando o embalo falou logo com o cavalo, Você me ajuda irmão? Só que deu uma trabalheira danada a bebida para a bicharada chegou foi chegando de  montão. Vinhos  secos e suave, cerveja de lata, cidra e cachaça aos garrafão, refrigerantes, corotinho, Ypioca, dreher e conhaque de alcatrão. Presidente, canelinha, três fazendas, praianinha,  contrey, teimosa e jamelão. Chica boa, atrás do saco, tatuzinho, katira, quati, el do nero e coco bom. Isso sem contar barril de chopp, ferro quina, fernet, quinado,  cinzano e bituzão. Era a maior barbaridade, tamanha a quantidade e ainda um fardo de açúcar e um saco de limão. A leoa como sempre ótima patroa admirada na cabeça colocou as mãos. Quase entra em desespero achando aquilo um exagero a ordem do seu leão. Mas o velho rei dissera, quero que toda essa galera beba sem que haja distinção. Deixe que a turma beba desde o rato até a peba eu lá que me importe se rolarem no chão. Vejamos a lista de convidados e as suas profissões: O macaco era um grande agricultor e um dos maiores lavrador, cultivava amendoim, milho, arroz, soja,  mandioca, batata, abóbora, melancia, gergelim e algodão. O coelho tinha uma horta deste tamanho as margens do ribeirão, lá ele semeava de tudo alface, repolho,  couve, cenoura, rabanete, tomate, berinjela, cebola, salsinha, coentro, abobrinha, nabo, pimenta e açafrão. Pimenta do reino, cravo e canela, louro espinafre, erva doce e pimentão. O lobo plantava cana e coco da baia  lá no alto do chapadão. O cateto plantava mais era mandioca batatinha e alguns pés de mamão, a raposa  criava galinhas, patos marrecos angolas  e tinha um empregado para vigiar os gaviões. Os gambás saruês lobinhos tinham um alambique de fabricarem cachaça e produtos para destilação. De tudo que dali saia ia para as redondezas  e outras região. O porco tinha uma olaria na beira do banhado vendia telhas e tijolos para todo o povoado. A onça parda comprava e vendia couro de cabrito e carneiro, curtidos e só esfolado. O mestre tatu plantava só mandioca  fazia farinha  e entregava em todos os mercados.  O coiote tinha só um canavial e um engenho  e dois animais para moerem fazendo rapadura e também açúcar e melado. A lontra e ariranha moravam na confluência  dos rios ,na companhia de um velho tio vivendo só de pescado. A anta colhia frutas pequis mangaba  e outras trazendo lá do alto da serra já num saquinho  amarrado. A capivara morava pertinho de uma lagoa atravessava ela de canoa quando indo ao mercado. A jiboia vendia pasta de dente por que ela tem um bafo quente de um fedor lascado. Quem não falhava um só dia era dona cutia descascando mandioca para ser por milho trocado. O rato desde muito novo tinha um desejo de fabricar e vender queijo para um dos seus cunhados. O lagarto tinha um apiário bem no meio do serrado tirava mel de caçulunga saindo com rabo erguido e de mel todo lambuzado. Os porcos do mato os queixadas com toda sua manada mais de trezentos mais ou menos contados. O veado com sua esposa eram muito perseguidos por isso que andam meio desconfiados, O tamanduá bandeira com a sua companheira eram pedicure e manicure num belo salão. O carneiro para ganhar algum dinheiro lavavam suas lãs no ribeirão. O jacaré sendo dentista faz serviços somente a vista porque seus dentes são muito bons. A preguiça que só anda dependurada e sem coragem para nada, nem  de pregar um botão sua máquina de costura e por isso que dura com os pés enterrados no chão, O bugio nas manhãs  ronca no eixo da serra seu eco escutam em todo o sertão, O irara, cachorro do mato, os preás, e um monte de gato vivem sem muita ocupação. Só aquele  gato marisco que trabalha num frigorifico na área da inspeção. Jaguatirica, o gorila, o leopardo, a onça, jaratataca, o canastra e o furão, aquela espécie de porco, aquele que chamam  de monteiro;  vive fuçando as beiras de lagoas as vezes meio atoa só reclamando que : Tá ruim,  tá ruim mas tá bom. Disseram o curupira e o pai da mata, se isso não for cascata: E o fumo para o nosso charutão? Jacu, jacutinga, tucanos e aracuan, emas e seriemas, jacucaca e peruzão. Pintassilgo, coleirinha, canário e sabiás, curiós, as pombas juritis e rolinhas, perdizes jaó nhambu aquela grandona o iguassu codorniz  codorninha;  falar de um modo geral as aves serranas e do pantanal, patos marrecos anhumas gansos saracuras mariazinhas  e águia real gaviões de toda espécie  acauan papagaios araras  periquito e tuiuiú o símbolo do pantanal. As aves noturnas: corujão mocho caburé coruja  e o joão corta pau gavião da noite você fala perna longa curiango e bacurau. Calangos e lagartixas, tetéus, rasga mortalhas, carcarás, urubu, condor e urutau. Enfim chegou o dia tão esperado para a comemoração, era foguetes para todo lado, nos ares subiam rojão, que estrondavam na  mata inteira ecoando pelo sertão. Bicharada tudo em festa  as comilanças tinha aos montão. Os bichos começaram chegando só você vendo as palmas. Para não perderem tempo deram inicio a apresentação, quem tinha instrumentos e os trouxe foram adentrando ao salão. Jacaré era o gaiteiro, o caititu trouxe o bordão, o queixada  no contrabaixo o guaiaca no bombardão. Tamanduá tocava a sanfona  somente com um dedão, tatu canastra muito exibido ponteando um violão. O lobo trouxe seu teclado com pinta de folgazão, de bombacha bota e espora e seu pala arrastando no chão. Dando viva aos festeiros: O peru e o pavão. Ah! O meu tempo de rapaz, hoje vou lembrar o tanto que já fui bom de nada eu tinha pena e machucava os corações, mas estou velho e cansado e com pouca disposição. A jiboia assoprava uma flauta de causar admiração, falava no meio da sala viram como eu sou sadia do pulmão? Só toco musica de primeira geração! O papa-me chegou alegre afrouxando o cinturão, hoje eu beber de todas vou até rolar no chão lá na furna que eu moro só alimento com mamão pinga é lá de vez em quando isto se sobra algum tostão, se eu estiver muito ruim me deixem na saída do portão. O bode olhava para o cachorro do mato admirado! Nossa! Quanta esganação. O gavião com a esposa  e o filhote tomava pinga com açúcar e limão. O que não presta também  estava presente, o jaratataca chegou tonto deu um peido bem no meio do salão, foi aquele reboliço com aquela podridão, até passar a catinga do peido saíram todos do salão credo em cruz quem é que aguenta ficar perto deste porcalhão.  O peru só sabia glugluzar de tanta satisfação. O canguru chega com a esposa e pendura no oitão um saco com dois filhos dentro e dois pedaços de pão. O gorila chegou alegre requebrando no salão com o chapéu de três estrelas imitando o lampião, com um colete e a calça de couro, com o fuzil na mão, nas costas a pé-de-bode desamarrou-a de um cordão e cantou mulher rendeira fazendo sua  saudação. O bugio trouxe dois presentes, um em cada mão, tinha um chapéu de palha e calçava um sapatão, trinta e dois na cintura do outro lado um facão, sempre muito respeitador de todos apertava a mão. Deu um viva para o peru  outro viva para o pavão. Viu o macaco de terno baforando um charutão, bateu nas costas dele, dizendo: E daí companheirão! O gato estava muito esperto com medo do Ricardão. A gata fazendo manha  abrindo as pernas e rolando no chão, se ela me cornear eu vou morrer do coração. A paca e a cutia estavam mamadas nem ficaram no salão. O lobinho dava cada grito que balançava o barracão, o irara só dançava se fosse com o pavão. O papagaio deu gaitadas com um copo de vinho e só molhando o dedão. A capivara veio gestante assim mesmo arrastando o bucho no chão, o porco estava enfezado riscando a faca no chão as damas não queriam dançar, nele deram carão. O Jumento começou zurrar com um cacete na mão. Era ele o chefe da guarda inspetor de quarteirão. Leopardo tinha na platina as divisas de capitão. O cachorro era um dos policiais. Seu cassetete era um pedaço de cansanção. O carneiro estava tão limpinho alvo como algodão. A lontra com a ariranha são primas mas, de terceira geração saíram lá do rio negro atravessando o sertão trouxeram  de presente dois casacos de peles, um para o peru e outro para o pavão. Os sabiás com a passarada orquestraram uma canção, a perdiz veio sozinha lá do capoeirão não quis cantar porque estava sem inspiração. Um bando de patos e marrecos  trouxeram um monte de cartão no meio tinha um bem velhinho escorado num bastão. Colocou seu óculo escuro por causa do clarão. O porco chegou de charrete e estaciona na contra mão com a sua esposa e um monte de leitão as crianças descem de qualquer jeito no meio da multidão, um dos leitõezinhos chorou o porco pegou o facão queria saber o que foi já armou uma confusão. A turma do deixa disso entrou logo em ação: Você está errado companheiro e ainda quer ter razão? O leão com a leoa subiram numa cadeira bem no meio da sala  para dar uma explicação: Quero que todos brinquem e bebam a vontade, não quero nenhuma alteração. Não dar desgosto nesta festa nem ao peru nem ao pavão. Vamos todos comemorar na mais perfeita ordem e união. Aqui não queremos arruaceiros e nem valentão. Darei ordem ao leopardo para que o meta na prisão além de um couro merecido sai daqui de camburão. O mestre da sala que era um chipanzé aplaudiu dando uma salva de palmas á leoa e ao patrão. Após esta palestra foi servido a refeição. Tomem porre bicharada que o negócio hoje tá bom. Serviram tanta bebida  que ninguém tinha visto coisa igual quem ficou de boca aberta foi nosso amigo o chacal que veio lá da Africa para conhecer os bichos do nosso pantanal. A raposa, anta, lobinho, cachorro do mato, um bando de macacos os gambás, a irara, eram responsáveis pela distribuição das bebidas até o canguru encheu sua bolsa de latas de cervejas e levou para a turma da guarnição. Agora os que quiserem  podem dançar a vontade até o dia mostrar o seu clarão. Podem ficar armados só não quero confusão. Deixem o som cortar direto nem que estronda o salão. O saruê nas musicas de discos é quem fazia a seleção. Enquanto os músicos descansavam um pouco esvaziando o garrafão. O caipora não quis uma garrafa pediu logo um garrafão empurrou a rolha com a ponta do dedo abrindo o bocão depois de uma cipoada boa estalou a língua, deu um grito de alegria: Esta coisa é um tareco muito bom! O jumento estava de namoro com uma potranca que só vendo o carinho e afagos, chamando de todos  a atenção. Esta moça que eu namoro é a filha do meu patrão, o cavalo é um fazendeiro ele precisa e vou ser dele mais um peão. Nunca falta um espírito de porco, que não arruma confusão. Desta vez é o caipora e o curupira um dos dois bem de fogo vomitando igual um cachorro, inda queria beber mais, o macaco disse: Dá um tempo cunhado! Mas ele não quis saber. Pegou na ponta da lona do barraco e disse: Eu puxo desta ponta e doutro lado pega meu irmão, esse  paliçado não aguenta a gente! Senão me der pinga? Vou mandar isto tudo no chão! O reboliço foi levado ao conhecimento do leão que disse assim: Quem passar sobre minhas ordens arrumando  confusão, já disse que será preso, tem bebidas a beça, ninguém passa vontade, beba até rachar o bucho, ninguém passa precisão! Falar as coisas sem saber é muita falta de educação. Com uma atitude dessas  aborrece o pavão! O peru bateu palmas com o gesto do leão, vamos dançar ó bicharada, não demora o dia mostra o clarão.  Tudo se acalmou continuaram na função. Mas durou pouco a paz,  logo esqueceram da  recomendação. Lá vem o porco de novo desta vez com um porrete na mão, furioso e lambuzado de lama onde rolou no ribeirão. Queria sacudir as orelhas e o corpo bem no meio do salão. Sujando a roupa de quem estava limpo só para arrumar outra confusão. Desta vez quem interviu foi a esposa do leão, Isto é muito desaforo, aqui não quero ninguém atrevido, cai fora do barracão? Vou chamar meu buldogue de confiança para você ver o que é bom! É o mais forte de todos e ele se chama, amansa valentão! O porco saiu murchinho foi se lavar no grotão, depois voltou alegre e sorrindo bebeu mais um bocado, deu um abraço no peru outro no pavão. A onça estava  sentada num dos cantos do salão. Lambendo seu bigodes,  pensando com seus botão, esta macaco parece gordinho me da uma ótima refeição, a qualquer horinha dessas vou jantá-lo na beira do grotão. O macaco estava desconfiado, não tirava os olhos do bichão, embaixo da camisa seguro no cabo da pistola chegava coçar o dedão, Se essa peste se meter a besta lasco fogo neste gato. Eu não me importo de sair preso, pago fiança pra todos deixo um abração. O bugio que via tudo aquilo, já deu uma de bicão, se o cunhado precisa de uma força posso te dar uma mão, o meu berro está aqui na cintura  tenho farta munição, O cachorro que também via tudo falou com o leopardo, estou as suas ordens capitão. Onça é bicho nojento vamos tirar ela de circulação, este bicho é arruaceiro, e aqui é só diversão, daremos um sumiço neste felino e acaba com a confusão. O gambá estava perdido no meio da multidão. Bêbado e foi dar uma mijada acertando  num garrafão. Já tomou um puxão de orelhas e no traseiro uma bicuda. Vai urinar no banheiro relaxado, porcalhão! A raposa quando viu seu sobrinho estendido no chão, ficou cheia de revolta, na maior indignação, Quem bate num pobre bêbado não tem nenhuma  consideração. Festejaram a noite inteira apesar de algum inconveniente prevaleceu a união.  As horas passam ligeiro quando estamos na diversão. Dai a pouco o dia veio clareando e dispersou a multidão. Só vendo a alegria dos bichos abraçando o peru e  desejando-lhe boa sorte e saúde extensivo ao pavão. Até em outra data dizia em coro a multidão, todos se despediram apertando suas mãos, cada um seguiu seu rumo uns caminhando firme outros caindo pelo caminho. Mas festa é assim mesmo, valeu o grande festejo nesta comemoração, saíram todos felizes ficando vazio o velho barracão.

 FIM

 LUIZÃO-O-CHAVES!                              30/06/2013