Eram bons amigos andavam sempre juntos em busca de seus
alimentos cada um com o seu paladar requintado, mas em muito era diferenciado,
tamanduá todos sabem, gosta de formigas
cupins e outros insetos similares. O canastra aprecia cascas de cigarras
besouros e diversos insetos. Cada um sabe se virar como pode para viver. Como
bons amigos sempre há os que gostam de mostrar aquilo que é. O tatu é um animal
muito forte, tem lá suas qualidades, é bom no faro, bom de carreira quando
precisa, sabe enganar os seus perseguidores, não é encrenqueiro com outros
animais, tem hábitos noturnos, vezes por outra saem de dia, quando chove e logo
estia, aproveitando o frescor da mata, outras vezes saem da toca bem de
tardezinha, se recolhe pela manhã antes do sol despontar. É dotado de muita
força, se porventura é pego de surpresa sabe lutar para escapar, de quem quer
que seja que o tenha pegado, pesa lá pelos seus sessenta quilos, e um metro e
pouco de tamanho. Sabe usar bem as armas naturais que possui, são as enormes
unhas, morde também é capaz de trotear com um homem nas suas costas, tem uma
força descomunal em relação ao seu tamanho. Por isso se gabava para o tamanduá
dizendo que ninguém pode com ele, nem mesmo seu colega de trecho que no
caso é o bandeira, que também tem suas
qualidades e nem por isso fica devendo muito para qualquer bicho do seu porte.
Fareja bem, ouvidos aguçados, muito
silencioso, sabe cavar bem a terra, anda qualquer hora independente do tempo
que está fazendo, nas regiões de muito cupinzeiro e que tem muitas cidades de
formigas cabeçudas, quem- quem, boca de cisco, época que voam içás ou tanajuras
e vai por aí afora. Enfrenta qualquer agressor de igual para igual. Só é muito
lento para andar, parece que manca de um lado, tem os pés pequenos, os de trás
parecem pés de criança, as unhas são muito afiadas, dilacera qualquer coisa,
principalmente se for algo que lhe atacar e der um tempo para fazê-lo. É um
bicho tão forte que enfrenta até onça pintada, que vez por outra tenta pegá-lo,
mas só a traição porque frente a frente, a luta é terrível. Ele não se entrega
tão facilmente, não! Caso a onça descuide e deixar o peludo abraçá-la, o felino
está perdido. Morre os dois lutando, você os encontra grudado um no outro,
aquele bolo no chão, e sangue para todo
lado, normalmente as vísceras da onça ficam expostas, devido as unhas do
desdentado. O bicho abraça e não larga mesmo, pedalando na barriga dela até
sair a ultima ponta de tripa. Uma única desvantagem dele, é um animal leve pelo
seu tamanho, pesa mais ou menos uns quarenta quilos, mede quase dois metros. É
fim de assunto. Como havia muito tempo que andavam juntos, a amizade se tornou firme, muito
solida e começaram a se tratarem de compadres. Ambos gostaram era só assim;
compadre para lá e compadre para cá. Um dia de chuva estavam andando em busca
do alimento, como já estavam de bucho cheio, com saúde resolveram inventar
modas. O tatu disse ao seu compadre: Vejamos qual de nos dois que tem mais
força? Vamos lá! Disse o tamanduá! Como faremos? Nem precisa fazer nada disse o
tatu. Eu tenho muito mais que o compadre! Você para mim não significa nada. Se
eu entrar no buraco, duvido muito que me puxa para trás e me tira dele. Ainda
não achei quem o fizesse? Nem onça nem o próprio homem são capazes disso! Já
dei olé neles a beça. Sou bam, bam, bam,
mesmo! O tamanduá pensou: Esse meu compadre é muito convencido, isso sim! Vou
tirar-lhe o papo! Está enganado comigo! Duvido que me vença na força, seja lá
como for. Replicou ao compadre dizendo: Se você segurar no meu rabo,
conseguindo me deter na arrancada, direi
que tu sois bom mesmo, Caso contrario você perde compadre! Ainda não achei quem
me detém na arrancada, cravo as unha no chão e arrasto qualquer tareco. Se você
tem força de sobra, ficará com os meus pelos longos na mão, mas não me segura
mesmo. Só eu vendo para acreditar! Então vamos ver disse o tatu: Eu pego no teu
rabo é você anda. Vou segurá-lo de modo que você nem mexe do lugar. Aí será um
ponto para mim. Um a zero! Feito? Feito disse o tamanduá! Depois nós
inverteremos a situação disse o tamanduá, você entra no buraco, eu te pegarei
pelo rabo! Se eu te arrancar dele, será um a um. Estaremos empatados.
Decidiremos de outra forma, combinado? Combinado disse o outro! Então o
tamanduá esticou o rabo e o tatu segurou firme. O tamanduá arrancou com tudo
para vencer, mas o tatu segurando bem, não deixou ele andar, patinou, patinou mas não foi! Um a zero para mim disse o tatu,
dando gargalhadas. Não te falei seu rabudo? Puxa vida disse o tamanduá. Perdi!
Agora vou á desforra argumentou o tamanduá. Entre no buraco, vamos ver que
bicho dará! O tatu lá se foi com a vantagem, desdenhando o compadre. Entrando
no buraco, deixou o rabo de fora. Pronto compadre: disse o tatu, segure no meu
agora, vou levá-lo de arrasto para o fundo do buraco. Que nada disse o
tamanduá! É o que vamos ver! Pode ir compadre! Estou com as duas mãos no grosso
do teu rabo. O tatu fez força e ia indo com tamanduá e tudo para o fundo do
buraco. Vendo que ia perder de novo o tamanduá deu uma espiada por baixo do
rabo do compadre e “vendo aquilo” meteu a unha mestre no tal como se tivesse
fisgado um anzol, largou do rabo puxou o amigo por ali para fora do buraco só
com uma das unhas sem muito esforço. O tatu deu um grito dizendo ao peludo: Arre! Compadre! Assim também não? Desse jeito
não há tatu que aguente! O tamanduá deu uma risada muito gostosa, e disse:
Estamos empatados na força, né compadre? Que nada, compadre! Na força ninguém
vence os tatus! Você me venceu na astúcia, és muito rápido de raciocínio! És
muito inteligente, isso sim! Vamos ver
como fazer agora para desempatar, disse o tamanduá! Nada temos a fazer depois
dessa! Respondeu o tatu, tá bom demais assim: Um a Um! Vamos embora que é
melhor! Lá se foram campo afora, logo se esquecendo da disputa que acabou em
gargalhadas dos dois, afinal são compadres até hoje.
MORAL DA HISTÓRIA:
MAIS UMA VEZ A FORÇA BRUTA NÃO VENCEU A INTELIGÊNCIA!
MAIS UM CONTO QUE NÓS OS CABOCLOS GOSTAMOS DE CONTAR PARA DIVERTIR OS OUTROS.
COISAS DO NOSSO FOLCLORE REPRODUZIDA POR:
LUIZÃO-O-CHAVES... 28/07/2013
ANASTÁCIO- MS
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