sábado, 10 de agosto de 2013

NA VERDADE QUEM SERIA O RASGA-MORTALHA?



Dentre muitas histórias do nosso folclore ainda há histórias que apesar de todas terem um cunho de mistérios que as envolvem, sempre há umas mais complexas que outras. Por exemplo: O rasga mortalha, ou Matinta Pereira;  como queiram, os nomes em destaque é devido as regiões do nosso País e seus costumes, sotaques, culturas, hábitos e conhecimentos diferentes das outras. Na Amazônia, toda a região norte, no Nordeste, no Centro-oeste, no Sul e vai por aí afora. Como é que este personagem do folclore se apresenta? Até onde eu já li ouvi contar e descreverem é muito incerto, há muitas interpretações e cada uma diferente das outras, Por exemplo: Vou descrevê-la conforme eu vi numa noite dessas. Primeiro vamos explicar o que significa: Rasga-mortalha. Rasga: Do verbo rasgar ou ato de rasgar, papeis, panos outras coisas como, rasgar o verbo, quer dizer abrir um assunto ou coisa similar. Agora mortalha é uma vestimenta que se usa para cobrir o corpo de um ente humano já falecido e em cima de uma mesa, já pronto para ser velado conforme o costume tradicional. Normalmente é de cor preta simbolizando o luto, que significa tristezas. Dizem os mais antigos que este ente que sobrevoa á noite e por sinal muito tarde, em forma de uma ave agourenta, quer dizer que traz azar, infortúnio. Mau agouro, desgraças por onde passa ou sobrevoam a residência, bairro, vilas ou sítios, chácaras fazendas, enfim por onde for. Nós tínhamos por vizinhos onde morávamos numa vila de uma cidade pequena, dois sujeitos que gostavam de tomar muita cachaça nos finais de semana, cair e ficar dando um trabalho danado para suas mães e demais familiares. Eram eles Jorginho e o Nego. Gente boa pra chuchu. Trabalhavam a semana inteira, prestativos e servidores que só vendo vocês. Bom para todos, menos para eles, é claro! Acontece que o vicio do álcool mata as pessoas lentamente, assim foi com o Nego. Um dia adoeceu, ficando de cama por vários dias, corre daqui e dali, nada de melhora apesar dos cuidados dos familiares e recursos disponíveis. Finalmente o médico disse: Tá muito difícil. Leve ele para a capital. Levaram o Nego. Cá ficamos, amigos e vizinhos com certa apreensão. Será que ele escapa dessa? Fui um dos que mais pensava no caso. Ficou por lá alguns dias. Noticia dele, continua mal no hospital. E numa noite dessas, lá pelas tantas, calculo passando das onze e meia ou mais. Ouvi: nos ares lá fora, eu ainda acordado um: RRRRRRRRRRRAAAAAAPPPPPP, RRRRRRRRAAAAAAAA. Era como se alguém rasgasse um pedaço de pano novo, porque o barulho é mais nítido. Saí de imediato para fora de casa, olhei para o alto, pude ver uma ave de cor rajada mais para claro, isso por baixo das asas e da barriga, devido o reflexo das luzes dos postes da rua, ela batia as asas com muita lentidão. Voo característico das aves noturnas, silencioso devido sua plumagem parecer pelos de animal. Vim para dentro de casa pensando naquilo que vi, já tinha ouvido falar que é um sinal de morte em família, quando ela passa voando sobre uma casa. Lembrei-me do Nego de imediato. Se bem que nossas casas, uma é ao lado da outra. Dormi um sono intranquilo. Logo que amanheceu o dia, o seu parente me chama: Vizinho? O Nego morreu! Recebi a noticia nesta madrugada! Não quis lhe incomodar. Daqui algumas horas chegará o corpo para ser velado.  Diante deste acontecido fiquei acreditando na aparição da ave agourenta. O  tão falado Rasga-mortalha! Os tempos passaram muito, um dia o velho amigo o Jorginho que ficara órfão de mãe, achou mais uma desculpa para continuar bebendo, lembro que após a morte do Nego nosso vizinho, ele tinha dado uma trégua nas bebedeiras. Mas como o tatu nunca esquece do buraco, voltou com tudo. Ajudei-o muito nas lutas para deixar o vicio, mas tudo em vão. Há! Cada um sabe o que faz! Algum tempo depois foi a vez de Jorginho. O tal Rasga-mortalha parece não ter esquecido daquela rua. Passou de novo sobre nossas casas. Desta vez não saí para vê-lo, deixe isto para lá pensei! No outro dia morre Jorginho. Confirmando a crendice de novo, a respeito do bicho agourento. Passaram muitos anos mais de dez, de novo escuto o canto dele sobre nossa rua. Um velhinho de seus noventa para lá. Morre no dia seguinte á sua aparição. Agora dizem os mais entendidos no assunto que, se acontecer dele aparecer com seu canto tenebroso, corra para fora e diz-lhe em voz alta: Venha buscar fumo? No outro dia cedo ou mais tarde, fique atento com a aparição de um índio bem velhinho, até maltrapilho para ser disfarçar. É ele! É o Rasga-mortalha! Que veio na forma humana em busca do fumo que você prometeu. Então como recompensa pelo brinde, ele afasta aquele mau agouro de sua casa. Quer entender? Ele tanto dá, como tira o azar. Se quiser chamá-lo de Matinta Pereira não terá problema nenhum.

MORAL: A TUA CRENÇA É VOCÊ QUEM FAZ, EU RESPEITO VOCÊ E ELA!

HISTÓRIAS QUE O NOSSO POVO CONTA, COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES.

ESTA É MAIS UMA DO FOLCLORE BRASILEIRO. 

ANASTÁCIO MS.      15/07/2013

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