sábado, 10 de agosto de 2013

Imagem meramente ilustrativa

UMA VISITA INESPERADA DEPOIS DA APARIÇÃO DO LOBISOMEM
O ano era 1967 o mês do ano era março o dia é uma quinta feira santa. Eu era um soldado muito aplicado, respeitador  da disciplina do exercito e dos meus superiores hierárquicos com prazer servia a Pátria, isso aconteceu no mês de darmos baixa, seria no dia 30 dele, mas, feliz da vida pela missão cumprida pelo menos até ali. Era Quinta feira Santa, fui dar uma olhada na escala de serviços. Olha a surpresa que me aguardava, de guarda na pocilga, os companheiros de farda, todos os vigias daquela noite até ás oito horas de sexta feira, torciam ardentemente para escaparem do turno na pocilga todos com medo do lobisomem, ela ficava longe do aquartelamento, do final dele daria uns cem metros ou mais, lá bem nos fundos mesmo. Também pudera, era um enorme chiqueiro de porcos, o bicho é terrível de fedorento além de fazerem muito barulho sem escolher o horário de fazê-lo. Apesar disso dizem os entendidos que lobisomem gosta de visitar mangueirão dos porcos. Bateram palmas de contentamento, escaparam do tal fenômeno! Escapei da pocilga! Dizia um, vote! Lá é assombrado. Ainda por cima era noite de lobisomem. Plena semana santa, dessa vez o vigia de lá vai tomar o dele. Soldado é assim, quer ver o colega se lascando mesmo. Mas eu nunca pensei dessa forma, por isso nada temi, seja lá o que Deus quiser; sempre fui corajoso, nunca vivi batendo papo, nem contando vantagens, caboclo do mato é assim, sempre que foi preciso andei em qualquer dia ou horas da noite. Quantas vezes a gente andava fora de hora lá pelos matos até mesmo em esperas de caças, Andei por lugares que diziam ser assombrados, nada tinha visto. Afinal, homem não pode ser um rato. Tem que ser homem e acabou-se. Bem, o assunto dos guardas era sempre o mesmo. Lobisomem e assombração nesta noite de semana santa. Deu a noite, observei o horário do meu turno. O último quarto de hora; seria das vinte e duas horas até á meia noite. Ao dito horário que o tal bicho andaria. Não me preocupei com nada, carreguei a lanterna de três pilhas, todas novinhas, um bico de reserva, esperei dar o horário do turno, para ser mais claro, guarda móvel não levaria o vigia até este local. Por ser distante ele recebia a ordem de saída, que caminhe até lá, e o outro venha também sozinho ate o corpo-da-guarda. Nesse tempo não havia iluminação a noite toda como é hoje; ás vinte e três horas apagava tudo menos no corpo-da-guarda, em cada companhia ficava só uma lâmpada acesa nos banheiros, o resto era escuridão por completo. Lá fui eu no horário, faltava quinze para as dez da noite. Assumi o posto, o outro saiu doido de medo que o lobisomem chegasse antes dele sair, se foi aliviado. Logo estaria tudo escuro, a porcada só fazia barulho. Bem de frente a Pocilga tinha uma área de terras de mais ou menos um hectare e toda gradeada, limpinha pronta para o plantio de alguma coisa. A hora passou muito ligeiro, dez e meia, dez e quarenta, e onze horas a luz apagou. Escureceu tudo nem sequer havia luar nesta noite. Dei um tempo de uns quinze minutos.  Foquei a lanterna, o facho de luz clareou longe, quase cem metros. Vi tudo ao redor, por detrás da pocilga também era muito limpo, nada a vista. Apaguei a lanterna ficando num ponto estratégico que até sentado dava para ver tudo com o auxilio da lanterna. Daí a pouco foquei a lanterna para o lado do batalhão, vi um vulto ainda longe, pude divulgar quem era, era o ronda do horário. Apresentei a ele, fez as devidas anotações perguntou se estava tudo bem! Disse que sim, sem alteração o serviço. Se foi, eu fiquei e  sentando-me de novo numa boa, mas muito atento a qualquer ruído onde os meus ouvidos captassem focaria a lanterna para ver. Olhei o relógio marcava onze e vinte. Lá na rua que divisava os terrenos do batalhão com uma chácara de nome mexicano, do outro lado da mesma isso bem no fundão. Ouvi uma cachorrada no maior reboliço da história, ate parecia que os cães estavam se matando uns aos outros de tamanha gritaria dos bichos. Pegou a rua que vinha na minha direção. Como diz o matuto, o pau vinha quebrando sem piedade, percebi que os cães atropelavam alguma coisa e conforme vinham, teriam sim, que passar na frente da pocilga e por mim que estava lá. Percebendo que o negócio era sério mesmo, levantei e focando a lanterna na direção do barulho, vi um enorme cão sendo atropelado por um monte de outros, estava rodeado deles que quase nem, podia andar. Deu uma parada ante o foco da lanterna. Á distancia era de uns cem metros, talvez menos, ele fitou a luz como se olhando para mim, tirei o fuzil do ombro, com uma das mãos, a outra firme focada no bicho, segurei-o ajeitei , destravei para meter fogo naquela coisa que nem eu sabia o que era, parecia um cão policial de cor negra, olhos cor de fogo que reluzia na luz da lanterna, parecia andar sentado e mancando de uma das patas traseiras, a boca aberta com uma língua deste tamanho e para fora dela. Ao estalido da destrava do fuzil ele arrancou para a sua esquerda, para o lado da terra tombada, entrando nela subiu reto uns quarenta metros fez um circulo, uma meia lua como se desviasse de mim, passando lá por cima e saindo como ia para o aquartelamento, como de fato foi. Seguindo na direção de umas máquinas pesadas, eram esteiras e tratores ao lado da garagem dos Dodge antigos, saiu certinho nos fundos da cozinha contornou ela passando entre ela e a primeira companhia, seguiu-a até chegar aos banheiros, que ficava fora do corpo da mesma entre um e outra que o reboliço foi grande. Aquela enorme cachorrada uma barulheira infernal naquelas horas da noite. O plantão dos vestiários e banheiros, se chamava Apolônio 465, saiu louco de medo correndo escadaria acima até no alojamento de dormir, a soldadesca acordou toda, saíram nas janelas para verem o que era. Nada puderam porque estava tudo escuro, só mesmo o reboliço e o bicho resolveu voltar para trás saiu pelos fundos, entrou num goiabal que existia á esquerda de onde tinha vindo e sumiu por lá. Passado o susto tudo se acomodou. Amanheceu o dia, ninguém falava em outra coisa senão no lobisomem e sua visita indesejada. Os soldados das outras companhias debocharam a valer, dizendo ser mentira. Que lobisomem que nada, é medo que vocês tem, cambada de moleirões, frouxos e vaiaram o dia todo assim. Eu que vi a coisa fiquei muito caladinho, aguardei até mais tarde para falar do caso. Não tardou muito, na hora do rancho saiu um soldado mais curioso perguntando quem era o guarda da pocilga naquela noite, afirmava que só acreditava no que o vigia dissesse. Acharam-me na reta meu rapaz! Aí tive que falar. Virei o foco das atenções naquela hora  fiz uma cerinha e disse: É verdade! Eu vi o bicho! Não só o barulho, como ele mesmo na sua forma! Foi ás onze e trinta e cinco desta noite. O bicho não é bonito não! Estava de lanterna acesa vendo-o. Não vou aproveitar da situação para mentir ou acrescentar nada. Ainda falei uma coisa que eu não deveria ter dito, mas que daria certo. Disse-lhes: Fiquem prevenidos que de hoje para amanhã ele virá até vocês! O bicho vai na sua companhia meu amigo, fazer-lhes uma visitinha de cortesia para vocês deixarem de gozação. Ficaram todos desconfiados comigo! Uns crendo outros duvidando! Foi a gota de agua que precisava para acabar com aquela brincadeira de mau gosto. Encerrou por ali. Quando foi a noite tudo normal transcorrendo na maior harmonia entre todos. Assunto esquecido, ninguém nem quis saber de mais nada. Quando deu no mesmo horário, olhem o reboliço de novo, o bicho apareceu deu uma passadinha rápida na Companhia de comando, foi direto para a segunda companhia, lá a coisa foi do jeito que falei a eles, fez do mesmo jeito da noite anterior em nossa primeira, acordou meio mundo de soldados, plantões correram escadaria acima, uma barulheira de cães, o bicho saiu pela frente do batalhão em direção ao campo de parada da segunda companhia, como quem fosse indo para a vila militar, esta que fica na  Duque de Caxias, ganhou esta rua e nunca mais ninguém viu. No dia seguinte foi a nossa vez de cobrá-los: Cadê os machões de coragem? Quem de vocês enfrentou o lobisomem? Quem saiu no escuro para vê-lo de perto?  Conta para a gente, como é o bicho? É como eu vi e disse, ou não é? Ninguém articulou uma palavra! Nesta noite de sexta feira Santa para o Sábado de aleluia, o vigia da pocilga tirou uma soneca que dava dó de acordá-lo após o ronda ter ido ás vinte e duas e vinte minutos, estava velhaco com a aparição do Lobisomem, foi mais cedo e tchau!   Obs. Gostaria muito se o Gonçalves 4l4, Apolônio 465, 518 Aguilar, 519 Neres, 520 Lourival,524 Cordeiro, 525 Calves,526 Gomes,527 Manoel,528 Rocha,532 Mendonça, 540 Leanes, 542 Porfirio, 544 Castilho, 545 Alaman, 546 Renato, 555 Salles, e muitos outros que não me lembro estejam ainda vivos como estamos, lesse esta história do seu velho camarada de farda. Que Saudades!

ESTA HISTÓRIA É VERDADEIRA, É REAL, ACONTECEU COM ESTE QUE VOS CONTA:  SD CHAVES - 522
BATALHÃO CARLOS CAMISÃO! OU  9º BE COMB.  ANO 1966/67
                 
APROVEITO PARA ACRESCENTÁ-LA AO NOSSO FOLCLORE.


ANASTÁCIO MS. 17/07/2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário