sábado, 10 de agosto de 2013

A LINGUAGEM DOS CÃES


Certa ocasião estava eu sentado em frente da minha casa, que fica situada numa rua de relativo movimento, há horas que passam muito veículos, motos, bicicletas, pedestres e de repente cessa os movimentos de um modo geral.  Era no meio de uma tarde de fins de primavera daí alguns dias entraríamos noutra estação de maior calor. Minha casa fica bem no meio da quadra. Estando de frente para rua, ela tem um ligeiro declive para a esquerda, de modo que á minha direita fica uma rua transversal, de cima e na parte debaixo e do mesmo modo. Então estou bem no meio da quadra. Ao lado esquerdo da casa tenho uma vizinha que tem um cãozinho de médio porte, desses vira lata, mas bem cuidado. Chama-se Pancho. É impertinente que só ver para crer. É do tipo aluado, aquele que amanhece emburrado, como diz o caboclo, com os burros n’agua. De repente é só alegria, é preciso ter paciência com pessoas assim, são pessoas  misteriosas, humor desnivelado ou difíceis de entender. Assim era o cãozinho desta história, poucos amigos este povo tem seja, cão ou gente. Na frente de casa tinha uma grama bem verdinha parecia tapete de tão bonita que era. Ele estava sentado olhando lá para a rua debaixo, de repente vai passando um cãozinho na rua transversal, ele deu uma olhada para o nosso lado como se consultasse o transito para atravessar a rua, viu o Pancho sentado, espiando para lá. Entreolharam-se mesmo á distancia por alguns segundos, o Pancho levantando-se deu duas abanadas de rabo, como se convidasse o outro para chegar até aqui, o outro entendeu e veio correndo atender o convite, Chegando cheiraram-se de todo o jeito abanando as caudas numa alegria imensa, logo o Pacho deitou no chão só as patas dianteiras, chamando o outro para brincar, foi aceito sem arrogo, correram para todo lado, vai aqui, vai ali, rodopiam rolam pelo chão se mordem levantam dão logro um no outro, um tempão nessa alegre brincadeira. Sentindo canseira de tanto correrem com o calor, as línguas de fora resfolegando deitaram de barrigas os dois para tomar um folego. Um de frente para o outro, descansaram alguns minutos, recobrando as forças sentaram de novo. As pulgas perturbou o Pancho, coçou-as na barriga com os dentes mais embaixo no ventre, lá nos outros lugares, mas no pescoço; ele tocou uma viola com as unhas das patas traseiras de um lado e de outro. Parou por instantes como se estivesse pensando numa coisa. O outro vendo que as pulgas não mais aborrecia o Pancho, desta vez convidou-o para retomar a brincadeira, qual não foi o espanto! O Pancho avançou no colega, o amigo pulou fora da bocada. Olhou! Parou e depois insistiu, mas levou outra bocada. Então olhou o Pancho por alguns segundos como quem dissesse: Está bem você não quer mais brincar, vou- me embora então? Sacudiu a cabeça, o corpo e o rabo para tirar a sujeira da grama, olhou lá para baixo de onde tinha vindo, seguiu para lá sem nem sequer olhar para trás, e muito menos para o Pancho, A essa altura este ficou apreensivo, vendo o companheiro indo embora, sem ao menos olhar para trás. Ficou perplexo por instantes, parece que nem respirava olhando o outro até sumir de vista, dobrou a esquina e adeus para nunca mais. Olhei a sua atitude, ficou sem graça, olhando para os lados, não viu ninguém mais a não ser eu, que estava vendo tudo aquilo, envergonhado do seu mau humor, entrou para sua casa, chateado com aquela situação que ele mesmo provocara. Em pouco tempo depois um carro atropelou-o, morreu na hora. O outro nunca mais vi!  

MORAL: QUEM DE NÓS NÃO TEM UM DEFEITO? MAS SEJA CUIDADOSO, NÃO MOSTRE-O!
O GATO ESPERTO NUNCA MOSTRA SUAS UNHAS, OS TOLOS PERDEM OS MELHORES AMIGOS.

HISTÓRIA REAL. DE: LUIZÃO-O-CHAVES...16/07/2013

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