sábado, 10 de agosto de 2013

O VIAJANTE QUE COMEU UMA DÚZIA DE OVOS, E TRABALHOU UM ANO PARA PAGAR.



Certa vez, um certo senhor e pai de família, deixou a sua querência em busca de melhores condições de vida para si e para os seus. Onde moravam as condições eram de imensas dificuldades. O ganho pouco, família numerosa, ainda que a esposa lavasse e passasse roupas  para terceiros,  afim de ajudar na manutenção do lar, ambos desejavam  muito, conseguir um trabalho melhor, rentável assim que desse para terem mais abastança na dispensa, roupas melhores para as crianças e para eles também. A casinha que moravam era modesta, estavam contentes com a mesma. Pensa e repensa de como agirem, até que pareceu terem achado uma solução para o caso. Resolveram vender as criações que tinham, eram da roça, com o dinheiro apurado comprou viveres para deixar para a esposa e os filhos, enquanto ele viajaria para um lugar muito distante, e que talvez não voltasse em menos de um ano. Tudo combinado, a esposa seria mãe e pai enquanto ele não voltasse da viagem tão demorada.  Assim sucedeu, viajou muitos dias ora aqui, ora ali em busca de serviços não encontrando ali mais perto de sua querência foi se distanciando cada vez mais, até que entrou em outro reino, muito longe mesmo. Lugar estranho, pessoas e coisas todas diferentes do seu lugar que ficara tão distante. Um dia ainda em viagem e já passando do meio dia sentiu fome, estava sem matula resolveu chegar numa casa próxima da estrada, era uma pequena chácara pra pedir algo para comer. Chegando foi atendido, mas a mulher lhe disse: Como já e fora de horário do almoço não tenho nem sobra do mesmo, a única coisa que tenho é ovos, se o senhor quiser, posso cozinhá-los ou faço-lhe uma farofa como o senhor quiser. Está bem disse o homem pode cozinhá-los, aceito só que no momento não tenho como pagá-la estou em viagem buscando um meio de ganhar algum dinheiro, outro dia que passar de volta te pagarei. Está bem disse a mulher. Selecionou uma dúzia deles e assim fez. Anotou e guardou. O viajante se foi, passando um ano ele retornou a saldar a conta. Levou um susto com a soma da despesa. Era um absurdo o valor da conta. A mulher contabilizara da seguinte forma: Dez ovos que sairiam dez frangas, estas em um ano dariam xis de produção, desta produção muitas vezes mais reprodução; com os dois frangos também a mesma coisa, no final deu no que deu, seria na matemática uma coisa muito complicada. E agora pagar como? A mulher só receberia conforme suas contas. Não havendo acordo foram parar na justiça, a mesma enviou para o rei de seu País Era um monarca muito rigoroso quando se tratava de questões. O rei determinou que ele pagasse sem reclamar. Caso não o fizesse iria para a forca. As leis de seu reinado eram assim: Descumpriu a lei vai para a forca. E agora, pensou o pobre homem? Um ano fora de casa, o dinheiro para a família, uma conta deste tamanho para pagar, sem ter condições e  preso por não poder quitar a mesma, lugar desconhecido. Parece que até o destino conspirava contra ele. Pediu ao rei que lhe concedesse um mínimo de misericórdia! Queria ao menos ver a sua família antes de morrer. Depois de muito relutar o rei consentiu antes porem, reuniu o seu conselho, o juiz e os advogados de acusação, porque não havia um sequer de defesa. Concordaram em liberá-lo. Foi algemado, era o sinal dos condenados em transito que não deveria nem tocar nas algemas, se viesse com um risco nelas seria pior sua situação. Foi e ,visitou sua família ficou uns dias e vinha retornando quando encontrou um senhor forasteiro também, indagou o porque daquilo. O pobre homem contou sua história, o desconhecido pensou, refletiu no caso e disse: Serei teu advogado. Vamos vencer esta armadilha, esta causa, tenho um plano! Chegando lá avise o rei que você tem um advogado de defesa. Comparecerei nesta data sem falta para ler e ver o processo. Tem direito á defesa sim, a lei de qualquer país lhe dá este direito. Nada feito enquanto eu não chegar. Leve meu nome, apresente-o a eles, depois irei lá. Fez tudo conforme o desconhecido lhe dissera. Foi aceito, já havia marcado a data da execução. O advogado compareceu tomou ciência da situação lendo e relendo o processo, pediu três dias de prazo. A corte aceitou com uma condição; se atrasar quinze minutos do prazo, nem precisaria vir, pois palavra de rei nunca volta atrás, já o encontraria o réu enforcado sem apelação, Ai a culpa seria sua por atrasar. Tudo muito bem explicado com o carimbo e selos reais no contrato. O advogado desconhecido voltaria no prazo. Chegado o dia e horas marcadas, lá estão todos á espera do advogado desconhecido que começa a demorar, e olham para a estrada, passavam cinco minutos do horário, dez minutos, o rei estava perdendo a paciência juntamente com o juiz e advogados de acusação e o povo que estava presente para assistir a execução estavam apreensivos, uns queriam ver logo a execução outros torciam pela demora esperando um pouquinho de compaixão dos jurados em favor do infeliz condenado, o rei esbravejou e pediu que colocassem a corda no pescoço do rapaz, a maioria do povo achava uma grande injustiça, uma coisa daquelas, por uma dúzia de ovos sacrificar um homem? A mulher que levantou a questão não tinha um pingo de remorso pelo que estava fazendo, ela era criadora de aves em geral, não podia ter prejuízo na sua profissão. O coitado do réu estava em prantos, mas fazer o que? Seu advogado não chegava! A única pessoa que tinha forças contra aquele rei impiedoso era a sua única filha. A moça levantou e disse: Este rapaz, disse a moça, não merece ser sacrificado assim sem uma defesa ainda que seu advogado nada consiga ou que nem compareça! Foi lá tirou a corda do pescoço do réu, colocou no seu e disse: Esperarei mais quinze minutos no lugar dele. Puxem a corda se estiverem com pressa. Houve um silencio estarrecedor! O rei baixou a cabeça e nada disse. Olharam para a estrada e lá viram uma poeira longe, um cavaleiro vinha a galope, deduziram: É ele! É o advogado do rapaz! Quando ele chegou, amarrou o animal no palanque com toda paciência, tirou o chapéu cortesmente e reverenciou sua majestade, cumprimentou a todos, pediu licença foi até ao réu, disse-lhe: Não te impaciente meu rapaz, quem lhe atou, irá desatá-lo daqui a pouco, isto eu te garanto! Foi e se apresentou, só que havia passado dezoito minutos do tempo que rezava no contrato. O rei levantou irado com o moço. Isso é hora de chegar? Que autoridade você é, que não respeita o horário de uma audiência? Minha filha perdeu a paciência! Está como refém do condenado! Quem vai para o lugar do réu é você agora? Não tens direito de dizer mais nada! Ordenou ao carrasco que o pegasse a força. Está bem disse o advogado! Não precisa usar de violência, ficarei no lugar dele, pagarei por ele! É um pai de família, precisa de misericórdia, coisa que aqui só vi em sua filha a princesa. Além disto, eu sou sozinho no mundo, nem precisam ter pena de mim. Isso se eu for enforcado! Nada se perderá! Amei esta moça de coração! Pelo seu gesto de amor para com este infeliz pai de família. Sei que nunca a merecerei! Fizeste a tua parte princesa!  Dirigindo as palavras á moça. Agora farei a minha se o rei meu senhor me conceder uma licença. Peço-te,  ó majestade! Use de um mínimo do seu bom senso, me dê uma chance de falar, de contar, ao menos justificar, porque atrasei no horário. Dou sim, disse o rei! Diga logo porque, temos pressa para a execução. O advogado relatou: Para os que não me conhecem, não sou advogado! Vim aqui só para livrar este rapaz da forca. Eu sou camponês, vivo do trabalho de roças, tive que esperar um pouco até cozinhar dois quilos de feijão para eu poder plantá-lo amanhã á tarde. E demorou um pouco, peço desculpas pelo atraso. Eis os meus documentos: Um registro civil, e os outros que qualquer um porta, ainda espalmando as mãos, mostrou-as cheia de calos.  Todo o povo que viu e ouviu o relato, mais os advogados o juiz o rei e sua família, menos a princesa. Desdobraram-se em risadas, o rei aproveitou e debochou do que ele falou e das mãos que mostrara. Acrescentou ainda, mãos cheias de calos não salva ninguém da forca, se não tens argumentos pode dar o fora, não lhe cabe mais aqui. Eu sabia que tu não eras advogado coisa nenhuma, logo vi, só que não podia negar a defesa do réu;  mesmo que nada represente em termos de defesa, sois um maluco, um doido varrido. É o que veremos, majestade disse o rapaz!Ainda para envergonhar mais o rapaz, perguntou apontando para o povo: Algum de vocês já viu feijão cozido nascer? Só na ideia deste advogado! O povo dissera em coro: Feijão cozido não nasce doutor! Aonde o senhor arranjou essa? Ele calmamente, disse: Dos ovos cozidos que este rapaz comeu ha um ano atrás mesmo deitando uma galinha sobre eles, nunca sairiam pintos também! Voltou para a mulher da questão: A senhora não os cozinhou? Mesmo a contra gosto a mulher assentiu com a cabeça afirmativamente, e confirmou, sim; os cozinhei!  Então nunca sairiam pintos, replicou ele pela segunda vez! Gostaria muito que todos os presentes soubessem de uma coisa: O peixe morre é pela boca! Como sertanejo que sou, só mato porco gordo! Tenho pena de matar os magros! Foi um silêncio geral! Todo o corpo de jurados quase morre de tanta vergonha. Apontando para o rei disse: Vossa majestade se tiver coragem agora, como está com pressa e ainda achar contra argumentos, puxe a corda, enforque o rapaz em cima desta minha tese! Duas lágrimas desceram dos olhos da princesa, que veio e abraçando o camponês, beijou repetidas vezes o rosto do verdadeiro advogado.  Tirando a coroa, as suas joias, braceletes e tudo que a enfeitava colocando sobre a mesa disse ao rei: Sei que sou a herdeira deste trono, sou tua filha única, renuncio tudo se for o caso. Quero te pedir duas coisas, meu pai: A primeira é o vosso consentimento para desposar este roceiro. A segunda:  Que seja desfeito de imediato esse conselho que te assessora  e o  corpo de jurados também. Vi muitas injustiças, e não pretendo ver mais nenhuma! O réu após ser liberto veio e beijou os pés da princesa e também as mãos do seu futuro esposo. Ninguém sequer tinha assistido uma cena daquela em toda a vida. Uma cena até comovente para muitos que no peito tem um coração generoso. Um simples roceiro que se fez passar por advogado, mas que só sabia ler e escrever, nada mais.

MORAL DA HISTÓRIA:  AS LETRAS, O CONHECIMENTO É MUITO BOM, ADQUIRIMOS NA TERRA, MAS SE SOMADOS Á ALTIVEZ DO ESPIRITO, MATAM SEM PIEDADE!
 ENQUANTO QUE A SABEDORIA DIMANA DO ALTO,  VEM NA MEDIDA E HORA CERTA PARA SALVAR SEM DISTINÇÃO!

COISAS QUE OS CABOCLOS GOSTAM DE CONTAR...


LUIZÃO-O-CHAVES... ANASTÁCIO. MS  20/07/2013         

A LINGUAGEM DOS CÃES


Certa ocasião estava eu sentado em frente da minha casa, que fica situada numa rua de relativo movimento, há horas que passam muito veículos, motos, bicicletas, pedestres e de repente cessa os movimentos de um modo geral.  Era no meio de uma tarde de fins de primavera daí alguns dias entraríamos noutra estação de maior calor. Minha casa fica bem no meio da quadra. Estando de frente para rua, ela tem um ligeiro declive para a esquerda, de modo que á minha direita fica uma rua transversal, de cima e na parte debaixo e do mesmo modo. Então estou bem no meio da quadra. Ao lado esquerdo da casa tenho uma vizinha que tem um cãozinho de médio porte, desses vira lata, mas bem cuidado. Chama-se Pancho. É impertinente que só ver para crer. É do tipo aluado, aquele que amanhece emburrado, como diz o caboclo, com os burros n’agua. De repente é só alegria, é preciso ter paciência com pessoas assim, são pessoas  misteriosas, humor desnivelado ou difíceis de entender. Assim era o cãozinho desta história, poucos amigos este povo tem seja, cão ou gente. Na frente de casa tinha uma grama bem verdinha parecia tapete de tão bonita que era. Ele estava sentado olhando lá para a rua debaixo, de repente vai passando um cãozinho na rua transversal, ele deu uma olhada para o nosso lado como se consultasse o transito para atravessar a rua, viu o Pancho sentado, espiando para lá. Entreolharam-se mesmo á distancia por alguns segundos, o Pancho levantando-se deu duas abanadas de rabo, como se convidasse o outro para chegar até aqui, o outro entendeu e veio correndo atender o convite, Chegando cheiraram-se de todo o jeito abanando as caudas numa alegria imensa, logo o Pacho deitou no chão só as patas dianteiras, chamando o outro para brincar, foi aceito sem arrogo, correram para todo lado, vai aqui, vai ali, rodopiam rolam pelo chão se mordem levantam dão logro um no outro, um tempão nessa alegre brincadeira. Sentindo canseira de tanto correrem com o calor, as línguas de fora resfolegando deitaram de barrigas os dois para tomar um folego. Um de frente para o outro, descansaram alguns minutos, recobrando as forças sentaram de novo. As pulgas perturbou o Pancho, coçou-as na barriga com os dentes mais embaixo no ventre, lá nos outros lugares, mas no pescoço; ele tocou uma viola com as unhas das patas traseiras de um lado e de outro. Parou por instantes como se estivesse pensando numa coisa. O outro vendo que as pulgas não mais aborrecia o Pancho, desta vez convidou-o para retomar a brincadeira, qual não foi o espanto! O Pancho avançou no colega, o amigo pulou fora da bocada. Olhou! Parou e depois insistiu, mas levou outra bocada. Então olhou o Pancho por alguns segundos como quem dissesse: Está bem você não quer mais brincar, vou- me embora então? Sacudiu a cabeça, o corpo e o rabo para tirar a sujeira da grama, olhou lá para baixo de onde tinha vindo, seguiu para lá sem nem sequer olhar para trás, e muito menos para o Pancho, A essa altura este ficou apreensivo, vendo o companheiro indo embora, sem ao menos olhar para trás. Ficou perplexo por instantes, parece que nem respirava olhando o outro até sumir de vista, dobrou a esquina e adeus para nunca mais. Olhei a sua atitude, ficou sem graça, olhando para os lados, não viu ninguém mais a não ser eu, que estava vendo tudo aquilo, envergonhado do seu mau humor, entrou para sua casa, chateado com aquela situação que ele mesmo provocara. Em pouco tempo depois um carro atropelou-o, morreu na hora. O outro nunca mais vi!  

MORAL: QUEM DE NÓS NÃO TEM UM DEFEITO? MAS SEJA CUIDADOSO, NÃO MOSTRE-O!
O GATO ESPERTO NUNCA MOSTRA SUAS UNHAS, OS TOLOS PERDEM OS MELHORES AMIGOS.

HISTÓRIA REAL. DE: LUIZÃO-O-CHAVES...16/07/2013

OS DOIS CIENTISTAS A VIÚVA FAZENDEIRA, E O JUMENTO


Dois rapazes filhos de famílias nobres, muito honradas bem situadas na vida muito embora sendo só vizinhos e por os seus filhos serem muito amigos estudando juntos numa escolinha ,acharam por bem dar continuidade nos seus sonhos de pais amorosos para com seu filhos. Então decidiram que eles se formassem assim: Um estudaria astrologia astronomia coisas que os tornassem muitos sábios e entendidos no conhecimento do universo seu clima suas modificações, transformações ao longo da história da humanidade, como surgiu, como permaneceu, como está e como ficará daqui algum tempo. Enfim conhecer tudo sobre a climatologia suas manifestações, mudanças climáticas, repentinas, variações bruscas, ou seja lá como for prever o que acontecerá daqui a alguns anos, meses, dias, horas ou momentos, ate mesmo como os ventos reagem nos seus quadrantes em determinadas horas do dia ou da noite, sendo lá em que hora for preciso do conhecimento para sí ou para alguém. Olha que sonhos maravilhosos de seus pais! Uns meninos bons como eram, mereciam até mais do estamos falando. Seriam na verdade grandes benfeitores da humanidade, sem dúvida alguma. Um orgulho no bom sentido para os seus pais. Incentivo não faltaria nunca, era só dedicação até alcançar o objetivo premeditado, planejado cuidadosamente com foi. Foram longos anos de estudos e muita paciência de ambos. Um belo dia o sonho se tornou realidade. Culminou com seus diplomas em mãos, imagino só a alegria dos pais com um acontecimento dessa magnitude!  Ufa! Que trabalheira, que canseira, quantas lutas no decorrer da trajetória até aqui, mas foi gratificante, foi compensador. De tanta alegria em festa ninguém sequer se lembrava destas coisas que  ficaram para trás. Eram coisas passadas. Agora no momento só festa e nada mais. Depois veremos  o que há de vir. Agora seria só futuro após as comemorações. Depois das festas, passaram uns dias e já começaram planos para a execução do aprendizado. Muito requintado por sinal um aproveito de cento e tanto por cento. Nada havia que pudesse ser comparado com aquela missão que fora cumprida com tamanho êxito. Por fim disseram aos pais: Acho que precisamos tirar umas férias! Nossa cabeça precisa de um linimento natural dos campos, sítios chácaras e fazendas beira de rios região de serras, lugares altos para a gente respirar ar puro, saudável, ver o alvorecer em muitos lugares e também o anoitecer, contemplar a noite em sua magnitude, suas belezas seu frescor, assistir chuva cair na pradaria, nos lugares onde a gente vê as enxurradas correrem para os lugares mais baixos , ver animais e seus costumes, conhecê-los em seus habitat em plena natureza. Precisamos de muita coisa ainda, depois de terem pensado em tudo isso. Amanhã pela manhã viajaremos por todos os cantos, vamos sair primeiro pelas fazendas sítios e chácaras, Seguiremos a pé em todo o percurso como se fossemos viajantes a esmo sem destino e sem pressa para chegar onde quer que seja. A estrada é longa e nós somos jovens e fortes. Ninguém saberá que somos cientistas, pessoas estudadas. Nós nos apresentaremos como sendo um viajante qualquer conforme dissemos acima. Tudo muito certo se foram os rapazes, felizes da vida. Andaram hoje o dia todo, chegando a noite pedimos pouso em uma casa pobrezinha, acolheram a gente com uma boa vontade de admirar. Pernoitamos  e no dia seguinte retomamos a caminhada. A aventura continuava de forma muito agradável, assim sucederam  por muitos dias. Num dia desses chegaram ja tardezinha numa fazendola de um velha viúva, assistiram o final da jornada de trabalho dos seus empregados que estiveram o dia todo lidando com um terreiro deste tamanho cheio de café em fase de secagem para ser guardado na tuia. A viúva era uma pessoa muito boa, mas era muito observadora de tudo inclusive de seus animais e os tratava muito bem. Dentre eles possuía um jumento que ela considerava muito o bicho, por dois motivos: Primeiro porque através de seus zurrados ela sabia que horas seria se tivesse um relógio, para comparar. Segundo, era muito estimado pelo seu falecido esposo e como  o bicho parecia adivinhar os acontecimentos e até previsões das mais impossíveis de acreditar. Os rapazes estavam por ali vendo tudo. A viúva viu o animal correndo para lá e para cá no pátio da fazenda, zurrava feito um maluco dava coices para o alto soltava de vez em quando uns peidos. Parava e ficava espiando para o lado dela como se quisesse dizer alguma coisa. Os demais animais que estavam com ele no pátio faziam a mesma coisa. Aprontaram um corre e corre que dava até graça a gente ver os bichos escaramuçando. A viúva conhecendo o sinal do bicho disse aos seus empregados: Recolham todo o café, porque esse tempo vai dar chuvas, andem logo.  Os rapazes que ouviram tudo, um deles interveio:  Dona, deixe de tolices! Este tempo está é muito firme! Duvido que dê chuva! Pode crer em nós, porque  somos cientistas da área de climatologia, meteorologia e todas as mudanças climáticas, conhecemos o tempo igual a palma das nossas mãos. Esteja certa disso! A viúva replicou dizendo: Olha moço, quando este jumento apronta esta correria arriba e abaixo, é chuva na certa, e não demora nem muitas horas. Mesmo duvidosa com os rapazes ela deixou com estava. Ou seja, o café espalhado no terreiro. Todos jantaram bateram papo, depois se acomodaram  para o descanso. Lá pelas tantas da noite soou uma trovoada  que só vocês ouvindo para crerem, acordou todos, esta viúva armou um reboliço com seus empregados, convocando a todos para ajuntar o café, vamos ligeiro, andem logo porque a chuva  já esta caindo lá na matinha, perto da sede e vinha com tudo para molhar mesmo, e veio de fato. Mal deu tempo de ajuntar e cobrir com lona todo o terreiro. Escapou de estragar todo o café colhido. Os rapazes ouvindo tudo lá do quarto, admirados e envergonhados levantaram após a chuva ter cessado, saíram na alta madrugada e, pernas para que eu te quero?  Nem sequer lembraram, muito menos esperaram o dia raiar para agradecer a hospedagem da viúva. De tanta vergonha que iriam passar na frente do jumento e do povo. Concluíram da seguinte forma: Que cientistas somos nós, que um jumento sozinho criado no charravascal, numa saroba, pastando capim nas quiçaças sabe mais do que nós dois juntos que estudamos tanto para conhecer o tempo! Esta coisa veio para matar mesmo! Somos  obrigado a dar as mãos para este jumento bater! Tchau!

MORAL: CADA UM NA SUA, TODOS TEM SUA UTILIDADE NO MEIO QUE ESTÁ VIVENDO!
OU: CADA MACACO DEPENDURA NO GALHO QUE CONHECE, NÃO DE PALPITE  PARA O OUTRO EM QUE GALHO DEVERÁ FAZE-LO.!

HISTÓRIAS QUE NÓS GOSTAMOS DE CONTAR PARA AS PESSOAS QUE NOS ADMIRAM!

LUIZÃO-O-CHAVES.......14/07/2013
ANASTÁCIO-MS




VAMOS CAÇAR UM TATÙ COMO NOS VELHOS TEMPOS, COMPADRE?



Por longos anos, dois compadres se avizinharam, queriam se bem como ninguém podia imaginar. Cada um tinha seu pedaço de terra, eram lindeiros por apenas uma cerca de arame, cada um tinha um filho batizado pelo outro e assim levavam a vida, como diz o caboclo: Cada um cuidando da sua! Tocavam a roça, cuidavam das criações, se caso um precisasse do outro, sem importar a circunstancia do momento. Estamos aí, compadre! Para o que der e vier! Se der lucro nos divide, caso dê prejuízo, nos reparte! Quem mora em sítios ou fazendas longe da cidade dificilmente tem diversões á disposição, a não ser quando as famílias ao redor,  é em grande numero, eles se reúnem num final de semana para jogarem maia, bocha, corridas de cavalos, corridas a pé e futebol. Fazem bailinhos para os filhos rapazes e moças se divertirem, outros fazem novenas, terços e brincadeiras de rodas e outros. Nisso os homens casados inventam, contar causos, jogarem truco enquanto a moçada namora ajeitam até mesmo casamentos. Chega a ser muito divertido, mas o que esses dois compadres gostavam mesmo era de caçar tatus. Não gostavam muito dos bailes e nem de vigiarem a moçada. Deixavam para as comadres esta tarefa. Compadre, amanhã as crianças vão dançar até lá pela meia noite, como é sábado mesmo, enquanto eles se divertem vamos caçar uns tatus? É isso mesmo compadre, vamos lá. Levavam os cachorros, uma pá de ponta, um enxadão, a velha Pica pau e o lampiãozinho de querosene, alguns sacos de estopas para trazer os tatus ou pegá-los vivos quando saíssem da toca. O bicho saia de dentro feito uma bala, vestiam o saco na boca da toca e o animal caia dentro do saco. Este está no papo; dizia um dos compadres! A caçada seguia bem, quando os acordes da gaita de foles silenciavam eram o sinal que o baile terminara, isso porque de longe e ainda mais a noite o barulho de qualquer coisa vai muito longe. Eram tempos de ouro como diziam os mais antigos. Hoje as leis proíbem a caça. São leis e a gente respeita. Viveram muito assim. Um dia um dos compadres resolveu vender as terras e mudar para a cidade, com o dinheiro apurado, tocaria um comércio que sempre fora seu sonho. Deu tudo muito certo. Deu tão certo que o negócio da venda do sitio, o compadre ofereceu primeiro ao amigo! O outro topou e realizaram tudo sem problemas. Fizeram até uma festa de tanto contentamento entre as partes. Daí alguns dias o compadre rumou para a cidade com a mudança. Estabeleceu, comprou uma casa com jeito para o tão sonhado comércio. O compadre não cabia em si de tão feliz. Apesar de ter ficado rico com o empreendimento novo, nunca  esquecia do velho vizinho compadre e das caçadas de tatus, sempre lembrava. Mas era muito ocupado, ser comerciante dá uma trabalheira danada. Os tempos  passaram e um dia o comerciante disse á esposa: Estou querendo ir visitar nosso compadre, faz tempos  que a gente não se vê. Se a gente não ir vê-lo, o que pensará de nós? Que ficamos ricos e nem se lembra dele mais! Vamos lá? Antes mandou um recado para o amigo, que final de semana vindouro, estaria em sua casa igual um feixe de lenha! Para a gente comer um frango e caçar uns tatus. O compadre ajeitou tudo e esperou o outro. Chegando o visitante todo pomposo. De carro, de gravata com um monte de coisas para comerem, aproveitando para mostrar ao outro como estava bem de vida, atualizado com tudo da cidade as novidades e noticias do mundo inteiro. O outro ficou de boca aberta com tudo que ouvira do compadre. Mas estava muito feliz com o visitante. As brincadeiras deles não mudaram em nada. Compadre você está ficando buchudo? Que história é essa? Antes era a comadre que ficava gordinha, agora o disco virou! Caiu na risada! Foi um ká ká ká, quase sem fim. Foram até tarde da noite batendo papo. No dia seguinte lembraram cedo das caçadas de tatus, combinaram para logo mais a noite irem. Só que os apetrechos eram diferentes dos antigos. Levaram apenas  uma lanterna, um botijão de gás daqueles pequenos, os cachorros e os sacos de estopas, nada mais. O visitante achou esquisito não levarem mais nada, mas ficou quieto pensando consigo! Das duas uma: Meu compadre está mais atrasado do que antes, ou anda esquecido! Mas vamos ver no que dará isso. O compadre não se conteve, não aguentou de curiosidade e perguntou: Compadre? Me explica uma coisa? Cadê as outras ferramentas? O senhor esqueceu? Como pegaremos os tatus sem elas? Pera aí, compadre? Dissera o outro! Aqui também as coisas evoluíram! Hoje só caço com gás? Mas como, disse o outro! É muito simples! Pego o bico da mangueirinha do botijão enfio no buraco, ele não aguenta o cheiro  e sai feito um louco, pego todos, não me escapa nem um, saem do buraco tontos, vivinhos da” Silva”, não mato mais nenhum aqui!  Quer ver? Pegaram o primeiro. O compadre ficou de queixo caído vendo a arte do outro. Chegaram para pegar o segundo, primeiro ele arredou os cães para um lado, e disse: Este é seu, viu compadre? Segure o saco na boca do buraco, que o bicho vai sair, não deixa ele escapulir. Agora preste bem atenção! Veja como ainda estou evoluindo, aqui no meu sertãozinho querido! Afastou o botijão para bem longe da toca. O outro ficou mais intrigado ainda porque nem a mangueirinha  ele colocou no buraco como dissera antes. Que diabo será que o compadre vai fazer só com as mãos limpas? Pensava o ricaço! O velho roceiro aproximou da boca da toca e deu um grito: Lá vai o gás! O tatu não esperou o segundo aviso. Cuspiu do buraco caindo certinho dentro do saco! Enquanto o outro nem cria no que estava vendo, nosso compadre caboclo rolava no chão, até doía-lhe a barriga de tanto rir do outro. Uma boa peça este caboclo sertanejo pregou no sabichão. Esta mania todo capiau tem, e dá muito certo! Basta esperar um pouco que, sempre tem um fulano de tal que estudou bastante, o que é muito bom, mas ele se exibe mais do que aprendeu, vem se mostrando tanto, raspando todos os érres que conhece, e sibilando os ésses que existem, querer vir dar lições nos mais simples, as tais lições, nem ele aprendeu durante a vida!.

MORAL: HÁ DENTRE MUITOS QUE ESTUDARAM TANTO, MAS QUE APRENDERAM POUCO!
CONHECEMOS O SÁBIO, PELA MANEIRA DE COMO QUE ELE TRATA OS DE MENOS CONHECIMENTOS.

UM POUCO COM HUMILDADE VALE MAIS DO QUE AQUELE QUE UFANA BARBARIDADE!
HISTÓRIAS QUE OS CABOCLOS GOSTAM DE CONTAR PARA DIVERTIR QUEM GOSTA DELES!

LUIZÃO-O-CHAVES.... 14/07/2013.............ANASTÁCIO -MS

                   

O GALO A RAPOSA E O SEU CONVIDADO


Num dia bem de tardezinha, a dona raposa ainda em busca de alimento deu uma parada numa encruzilhada, e enquanto decidia para que lado ir, ouviu um cantar de galo não muito longe dali. Prestou mais atenção, ouviu de novo! Marcando a direção rumou para lá, vai aqui, vira ali ate que ouviu pela terceira vez, não teve duvidas estava no rumo certo. De repente sentiu que estava mais próximo do que pensava, avistou por entre as folhagens de alguns arbustos  baixos, um enorme poleiro lotado de galinhas, lambeu os beiços com é o costume de todo animal carnívoro, como se diz o caboclo,” Deu uma temperada na boca”: Fixou o olhar era verdade mesmo! Um monte galinhas, angolas, perus de todo os tamanhos, uma fartura  como nunca jamais tinha visto na vida, só que estava muito alto para ela raposa, visto que os caninos não trepam  em lugares altos. Fez mil e um parafusos, com seus botões, não tinha como alcançá-los. E agora? Tenho que encontrar um meio de jantar um dessas aves ainda hoje! Não achando um meio de ao menos derrubar uma, arquitetou um plano. Saiu devagarinho e logo retornou  com um monte de folhas de pateiro, aquelas folhas largas. Chegando bem debaixo do poleiro chamou o galo: Olá amigo galo? Quanto tempo a gente não se via? Como vai o amigo e as galinhas? Estou de passagem por aqui  com uma grande e ótima noticia para toda a bicharada. Você quer ver? A esta altura o galo que não tinha dito nada ainda Disse: Arre! Coco- ri –cocó! Que disse que raposa e galinhas são amigos? Isso para nós é novidade! Isso mesmo; retrucou a raposa, é novidade de verdade, estou aqui por que sou portadora desta nova? Tenho em mãos o jornal da floresta, com esta manchete de primeira página. É ordem do nosso rei leão. Publicou hoje de manhã. E para toda a bicharada saber: Veja só? Foi extinta do reino da terra entre todos os bichos: Aquela malquerença que ha muitos anos existia e trazendo muita discórdia entre nós. Era lobo pegando cordeiro, os cães caçando os bichos, onça pegando bezerro,  cabrito e os filhos dos outros bichos para comer, gavião com os pintos e outras aves pequenas, raposa com as galinhas e vai por aí a fora. Toda essa bagunça já ficou para trás. Não há mais guerra nem ódio que desuna os bichos. Está uma paz  e união que só vendo para crerem! Haverá uma grande confraternização a ser marcada a data, eu mesma virei avisá-los. Enquanto ela não chega vamos dar as mãos de amigos leais e sinceros, nos abraçando e comemorando antecipadamente a grande nova. Desça daí e venha receber o abraço  fraternal desta sua amiga! Convide a galinha e os outros que estão contigo neste poleiro, venha já, venha  é rapidinho mesmo. A galinha ficando emocionada com o discurso da raposa, disse ao galo: Velho, vamos descer lá embaixo e abraça-la, estou feliz com a noticia dela! O galo disse a esposa: Você esta louca, está louca, está louca! Com este grito natural do galo quando percebe um perigo para a galinhada, ele como rei do terreiro, nada escapa de sua percepção!  Vendo que aquilo tudo era armação da raposa para devorar o que pudesse. Os cães do seu dono deram um latido de desconfiança, querendo adivinhar alguma coisa, o galo aproveitou e disse: Amiga raposa? Parece que os cães farejaram ou ouviram sua notícia; parece que  estão vindo. Será o nosso convidado especial, a hora que chegarem, desceremos todos nós, aí a festa será melhor. Aguarde só mais um pouquinho, que batendo as minhas asas eles aceleram a corrida chegando muito ligeiro. A raposa tomou um susto deu um pulo, e sumiu no mato! 
          
MORAL: QUEM VAI DAR, É BOM LEVAR UM SACO PORQUE PODE GANHAR E PRECISA TRAZER!

É DO NOSSO FOLCLORE:  HISTÓRIAS DOS TEMPOS QUE OS ANIMAIS FALAVAM.

DE: LUIZÃO-O-CHAVES.........09/07/2013


ANASTÁCIO MS.

O MACACO, O COELHO E O ROCEIRO


O macaco e o coelho eram velhos amigos de andanças pela mata  o tempo todo principalmente quando a mata estava bem fresquinha e com as folhagens bem verdes uma  característica de certas  estações do ano, que as árvores frutíferas dão suas frutas no tempo certo, é uma abundancia para a bicharada comerem, de nada os bichos tem falta é a vida no dizer caboclo “Aquela vida que pediram a Deus”! Os macacos acham frutas de toda espécie que imaginarmos,  vivem fartos! De galho em galho saltando gritando assoviando em bandos ou solitário estão vivendo, os coelhos são animais rasteiros, saem a noite para buscarem o seu de comer, frutinhas, raízes e relva verdinha sabe onde encontra-las cada espécie deste rico habitat sabe defender a vida. Há também determinadas épocas do ano que todas as caças e animais do mato enfrentam  dificuldades para se manterem  alimentados porque vem a estiagem as vezes frio intenso intempéries diversas que impedem das arvores produzirem e começa a escassez de alimentos. Todos tem que andar mais e nem sempre comem o suficiente. E como nós os humanos, temos dificuldades, e com eles não é diferente. Numa dessas épocas de escassez, o macaco andava pelo chão na companhia do coelho, o que eles encontravam era dividido entre os dois com muita amizade. Andaram, andaram e nada,  neste dia as coisas não estavam favoráveis aos dois. Já era de tardezinha e nada tinham comido e a previsão era péssima, estavam convencidos que dormiriam sem nada no estomago, e seria o caos. E agora companheiro? Dizia o macaco. Não sei, respondia o coelho. Que faremos numa crise desta. De repente ouviram um barulho abafado e longe. Entreolharam-se, prestaram mais atenção, resolveram seguir o rumo das batidas. Não demorou chegaram a beira da mata. O barulho era de um homem na roça batendo amendoim com a esposa e um filho ainda pequeno lá pelos seis anos de idade. Planejaram como chegar ao homem para pedirem um pouco de amendoim para saciar a fome que traziam. Combinado, o coelho fingiria de morto, o macaco diria ao homem que o havia matado e queria trocá-lo por um pouco do amendoim. O coelho ficaria inerte sem se mexer. De certo o homem aceitaria a proposta  daria o produto em troca do coelho morto, o macaco sairia correndo para o mato, em baixo de uma figueira onde eles descansavam sempre. Lá o macaco esperaria o coelho para dividirem o jantar. O coelho sendo um bom calculista adivinharia a hora que o macaco estaria a sua espera neste lugar combinado, e assim que o homem descuidasse só um pouquinho o coelho: Zás sairia correndo feito um maluco. Assim os dois lograriam o roceiro. O importante era matarem a fome, o resto não importava para eles. Tudo acertado lá se foi o macaco com o coelho embaixo do braço, outra hora seguro o companheiro pelos pés e de cabeça para baixo. Chegando perto do homem, ele parou e ficou esperando o que o macaco queria falar, o símio com uma cara muito lambida o que é as qualidades deles fez a proposta que foi aceita pelo homem sem perguntar duas vezes. Deixou o coelho no chão, pegou o amendoim num saquinho que o homem dera e é por aqui, pernas para que eu te quero! O homem recomeçou o seu trabalho sem se preocupar com nada. O seu menino muito curioso, foi pegar o coelho dos pés. O coelho deu uma dentada na mão do garoto que deu um grito de dor. Saiu numa desabalada carreira que em poucos segundos já estava no lugar onde o macaco o esperava. Mas as coisas nem sempre acontece como a gente quer ou combina; para surpresa do coelho, o macaco estava num dos galhos mais altos, de velhaco para não dividir com ele o jantar. Olha a decepção do pobre coelho que arriscara a vida por um jantar para os dois. Agora sim! Embaixo olhando para cima, desolado,  uma fome de dar pena e o macaco saboreando tudo sozinho. Arriscou pedir ao macaco ao menos que fosse um pouquinho. Que nada! O macaco dissera: Depois que eu jantar desço aí em baixo. Não me importunes, estou jantando agora! Ainda por desaforo jogava as cascas sobre o coelho, que teve uma ideia! Saiu caladinho fingindo que fora até ao homem, veio de lá com uma astúcia pronta. Amigo, disse o coelho! Você agora está perdido? Falei para o homem que o safado que logrou ele, é você! Está vindo ai com uma espingarda e um monte de cachorro para te pegar! Está frito! Desta vez duvido escapar dessa! Por coincidência um dos cães latiu bem perto. O Macaco não contou conversa. Largou o saquinho de amendoim pau abaixo, e saiu louco de medo, pulando de galho em galho, até sumir de vista. Enquanto isso o coelho agarrou o saquinho do jantar e muito sossegado no fundo de um buraco jantou, e depois do quilo feito, e muito tarde da noite saiu dar uma volta, nunca mais encontrou o amigo.

MORAL: AMIGO QUE NÃO PRESTA,  E FACA QUE NÃO CORTA, QUE SE PERDEREM ELES; POUCO SE IMPORTA.!

CONTOS E RECORDAÇÕES DE: LUIZÃO-O-CHAVES..............05/072013

ANASTÁCIO MS

  

OS DOIS AMIGOS E O TOURO


Viajam dois bons amigos de uma localidade para outra muito distante, os tempos era antigos quase não havia condução que os levasse ao destino que os povos da época muitas vezes, precisavam ir. As conduções eram na maioria animais de montaria, carretas, carros de bois e mais tarde as carroças e charretes. Era tudo muito difícil a locomoção dos povos, onde fosse necessário irem. Mas havia muita amizade e cooperação entre os estranhos em viagem de um lugar para outro. Não havia hospedarias ou um lugar que as criaturas em transito pudessem pernoitar, descansando a noite para no dia seguinte retomar as caminhadas fosse á pé ou de alguma condução conforme nós falamos anteriormente. Geralmente as famílias que moravam na beira das estradas é quem dava acolhida para os viajantes em suas andanças. Também não havia o que nós vemos hoje, pessoas mal vistas, malandros de toda espécie que anda por aí na vadiagem em busca do que podem furtar, assaltar, matar e muitos outros delitos muito comum nos dias de hoje. As pessoas daquela época eram na verdade de muita confiança, quase todos. Algum viajante que chegava, ou passasse num desses lugares que falamos ainda pouco, eram convidados para chegar, era-lhe oferecido algo de comer e beber e descanso; pois sabia o morador que sempre o visitante vinha de longe e trazia fome e cansaço. Era uma gentileza natural das pessoas deste tempo. Ainda para ser mais completo, no dia seguinte o viajante levava uma matula para comer mais adiante quando sentisse fome. Então esses dois amigos que vamos ver a aventura deles agora, tinham saído de um pouso, retomaram a caminhada satisfeitos conversando estrada afora, passaram por capões de mato, regatos campinas, ás vezes de um lado ou de outro, roças de plantações diversas e após uma travessia de um córrego a estrada que seguiam fazia uma curva muito grande contornando uma fazenda de criações diversas e muito gado na invernada. Olharam e perceberam que antigamente tinha um desvio, que cortava a invernada pelo meio encurtando a distancia, só que agora existia uma cerca de arame farpado impedindo quem quisesse diminuir a caminhada. Não pensaram duas vezes: Vamos passar pelo meio do gado e sair lá na frente. Passaram a cerca e lá se foram por esse atalho, mas quando estavam muito longe das cercas, surge um touro com a cara de bravo e veio na direção deles; vinha furioso mesmo. E agora! Que fazer? Correr para onde? Como enfrentar um bicho deste tamanho, e ainda por cima bravo? Perigoso e ligeiro? Olharam para os lados, só viram um pequeno arvoredo a uns quarenta metros dos dois. Saindo em desabalada carreira para alcançarem o refúgio antes que o touro pudesse alcança-los, um deles, o mais esperto consegue chegar primeiro e trepa  como se fosse um gato; o outro mais lento chegando por derradeiro gritou: Amigo? De me a mão? Mas o outro negou o pedido do companheiro! O coitado se vendo perdido deitou-se no chão ficando imóvel. O animal chegou bufando perto dele cheiro-o dos pés á cabeça! Cheirando mais na direção do seu ouvido. Cheirou, cheirou e foi saindo devagarinho ate ficar distante dos dois deixando-os em paz. Passado o perigo o que estava trepado  desceu gracejando com o companheiro com se para disfarçar a causa do seu gesto desagradável ao amigo. Perguntou-lhe: O que é que o touro estava dizendo á você rapaz? Ele deve ter dito alguma coisa a ti, porque ele cochichou nos seus ouvidos? De imediato o outro lhe respondeu! Ele estava me falando que o companheiro que abandona o outro na hora do perigo, é um verdadeiro covarde!...
MORAL: O CAVALO BOM É AQUELE QUE CERCA O BOI NA HORA CERTA!
REPRODUÇÃO DOS CONTOS DE: LUIZÃO-O-CHAVES........06/07/2013

ANASTACIO MS

SUA MAJESTADE O LEÃO E O RATINHO


O mestre e rei leão descansava calmamente numa sombra de figueira muito grande, estava com uma preguiça de dar medo, espreguiçava de todo jeito, virava de um lado para outro com uma moleza  que só vendo para crerem. Também pudera era mês de dezembro pleno verão, um calor sufocante num lugar tão fresquinho, barriga cheia, não era pra menos quem levantaria, e para que? A única coisa que lhe incomodava, mas não era tanto, eram os passarinhos que em festa no alto da figueira comiam seus frutos e deixavam cair sobre ele as cascas. Mas compensava, a orquestra das aves era muito suave, e os outros pássaros ali em redor também cantavam completando a alegria da mata. Ah! deixo isto para lá, pensou o leão e virando para o outro lado adormeceu de novo, mas foi um soninho muito leve até mesmo uma folha verde ou um galhinho se tocasse nele acordaria sem dúvida, mas não foi nada disso, foi um ratinho miúdo , desses camundongo que caindo esbarrou no rei acordando-o de supetão, o grande felino meteu as patas no ratinho segurando-o. Escute aqui, seu porcaria? Você não achou o que fazer na vida e veio me incomodar na hora da sesta? Você anda correndo de que? A estas horas do dia? Vamos, fale alguma coisa? O pobre ratinho tremendo de tanto medo não conseguia balbuciar uma palavra sequer, Além de ver o tamanho do leão, ainda preso entre suas patas. Criando coragem disse: Desculpa mestre! Eu saí do oco desta figueira para comer umas frutinhas da mesma, não imaginei que o senhor estivesse dormindo embaixo e nem que escapasse daquele galhinho seco que se quebrou comigo me fazendo cair sobre o meu rei. Peço mil perdões, pelo incidente, não foi porque eu quis. O senhor me deixa ir embora? Eu prometo, não o incomodarei mais! Está bem disse o leão! Além de você ser muito miudinho estou de bucho cheio. Por que se fosse de outra forma eu te comeria agora mesmo. Tá desculpado! Cai fora daqui! Soltando o ratinho, este saiu feliz da vida, antes de sumir no mato disse ao mestre: Um dia desses retribuirei ao senhor o favor e a misericórdia que tiveste de mim. Esteja certo disso. Qual o que? Quem és tu, para fazer algo para o teu rei? Nem tamanho possui? Economize saliva! Vá embora! O rato desapareceu. Ao bem da verdade o leão tinha certas razões para trata-lo assim, é um da raça roedor, o menor possível, mas se o leão soubesse do que este bichinho é capaz de fazer, com certeza se calaria. Vejam só: Em qualquer fresta de armários ou guarda-roupas ele penetra, esses buraquinhos de paredes ou no chão ele entra com muita facilidade pela sua elasticidade e finura, são terríveis roem tudo o que acham, destroem tudo. Algum tempo depois numa madrugada o rato andava na mata escutou ao longe uns esturros que ecoavam na mata, até estremecia a terra. Parou , escutou e conheceu , era o mestre que rugia daquele jeito, não cessava. Marcou bem o rumo, dirigindo para lá com muita cautela, por não saber o que era aquilo, chegou bem devagarinho pé- ante- pé, viu o rei se debatendo para escapar de uma rede que o pegara, era as artes dos caçadores para capturar o leão. Deu certo, o leão nunca escaparia daquela, estava no beco sem saída, só lhe restava cair nas mãos dos caçadores, bastava o dia clarear e adeus rei dos bichos! O ratinho olhou, pensou de que maneira daria uma demão para o rei. Achou a solução, roer as malhas da rede, abrindo um buraco nelas, mas o leão é um enorme bicho, será que ele conseguiria roer tanto? Ai o leão deu uma parada nos esturros, o rato aproveitou a pausa e disse: Mestre leão? Estou por aqui? Sou teu amigo o ratinho? Posso chegar até aí? O rei reconhecendo-o disse: Pode sim! O que queres? Estou aqui para ajudá-lo a sair desta encrenca afirmou o ratinho. Mas como? Disse o leão! És tão pequenino! Eu que tenho tanta força, nada consegui até agora? Nada poderá fazer pelo teu rei! Espere um pouco disse o ratinho. Vou roer as malhas desta rede, depois o senhor fará um  esforço para sair! Fique calmo aí, nem se mexa, deixe-me fazer o que posso! O rei obedeceu, e o rato meteu os dentes nas malhas, cortando-as com uma rapidez incrível e para todo lado. A rede começou a ceder nos fios, afrouxando-os e de repente, olha o tamanho dos buracos que o rato fizera! Olhou para o mestre e disse: Agora o senhor faça como  falei, antes porem deixe-me sair de perto de ti para não me machucar caso role para o meu lado. Ele saiu, o rei esforçou a rede se abriu como por encanto. Num piscar de olhos o leão estava livre. Sentou no chão, chamou o bichinho para perto de si, olhou-o bem de pertinho, com um sentimento de gratidão e concluiu: Tamanho não é documento em muitos casos! Lembrando-se das palavras do rato quando estava dormindo embaixo da figueira! É verdade, disse: Um pequenino e frágil cair nas mãos de um forte, é muito comum? Agora um forte cair nas mãos de um frágil como você, ratinho! É uma situação muito especial! Não há o que paga uma vida!
MORAL: UMA BOA AÇÃO DOS PEQUENINOS, DERRUBA MONTANHAS DE ARROGÂNCIA DAQUELES QUE SE JULGAM MAIOR QUE TODOS.

CONTOS POPULARES QUE NÓS GOSTAMOS, COISAS DOS MATUTOS ALEGRES.
LUIZÃO-O-CHAVES.....29/07/2013

ANASTÁCIO-MS




      

O TATU CANASTRA E O TAMANDUÁ BANDEIRA



Eram bons amigos andavam sempre juntos em busca de seus alimentos cada um com o seu paladar requintado, mas em muito era diferenciado, tamanduá todos sabem,  gosta de formigas cupins e outros insetos similares. O canastra aprecia cascas de cigarras besouros e diversos insetos. Cada um sabe se virar como pode para viver. Como bons amigos sempre há os que gostam de mostrar aquilo que é. O tatu é um animal muito forte, tem lá suas qualidades, é bom no faro, bom de carreira quando precisa, sabe enganar os seus perseguidores, não é encrenqueiro com outros animais, tem hábitos noturnos, vezes por outra saem de dia, quando chove e logo estia, aproveitando o frescor da mata, outras vezes saem da toca bem de tardezinha, se recolhe pela manhã antes do sol despontar. É dotado de muita força, se porventura é pego de surpresa sabe lutar para escapar, de quem quer que seja que o tenha pegado, pesa lá pelos seus sessenta quilos, e um metro e pouco de tamanho. Sabe usar bem as armas naturais que possui, são as enormes unhas, morde também é capaz de trotear com um homem nas suas costas, tem uma força descomunal em relação ao seu tamanho. Por isso se gabava para o tamanduá dizendo que ninguém pode com ele, nem mesmo seu colega de trecho que no caso  é o bandeira, que também tem suas qualidades e nem por isso fica devendo muito para qualquer bicho do seu porte. Fareja bem, ouvidos  aguçados, muito silencioso, sabe cavar bem a terra, anda qualquer hora independente do tempo que está fazendo, nas regiões de muito cupinzeiro e que tem muitas cidades de formigas cabeçudas, quem- quem, boca de cisco, época que voam içás ou tanajuras e vai por aí afora. Enfrenta qualquer agressor de igual para igual. Só é muito lento para andar, parece que manca de um lado, tem os pés pequenos, os de trás parecem pés de criança, as unhas são muito afiadas, dilacera qualquer coisa, principalmente se for algo que lhe atacar e der um tempo para fazê-lo. É um bicho tão forte que enfrenta até onça pintada, que vez por outra tenta pegá-lo, mas só a traição porque frente a frente, a luta é terrível. Ele não se entrega tão facilmente, não! Caso a onça descuide e deixar o peludo abraçá-la, o felino está perdido. Morre os dois lutando, você os encontra grudado um no outro, aquele bolo  no chão, e sangue para todo lado, normalmente as vísceras da onça ficam expostas, devido as unhas do desdentado. O bicho abraça e não larga mesmo, pedalando na barriga dela até sair a ultima ponta de tripa. Uma única desvantagem dele, é um animal leve pelo seu tamanho, pesa mais ou menos uns quarenta quilos, mede quase dois metros. É fim de assunto. Como havia muito tempo que andavam  juntos, a amizade se tornou firme, muito solida e começaram a se tratarem de compadres. Ambos gostaram era só assim; compadre para lá e compadre para cá. Um dia de chuva estavam andando em busca do alimento, como já estavam de bucho cheio, com saúde resolveram inventar modas. O tatu disse ao seu compadre: Vejamos qual de nos dois que tem mais força? Vamos lá! Disse o tamanduá! Como faremos? Nem precisa fazer nada disse o tatu. Eu tenho muito mais que o compadre! Você para mim não significa nada. Se eu entrar no buraco, duvido muito que me puxa para trás e me tira dele. Ainda não achei quem o fizesse? Nem onça nem o próprio homem são capazes disso! Já dei olé neles  a beça. Sou bam, bam, bam, mesmo! O tamanduá pensou: Esse meu compadre é muito convencido, isso sim! Vou tirar-lhe o papo! Está enganado comigo! Duvido que me vença na força, seja lá como for. Replicou ao compadre dizendo: Se você segurar no meu rabo, conseguindo me deter  na arrancada, direi que tu sois bom mesmo, Caso contrario você perde compadre! Ainda não achei quem me detém na arrancada, cravo as unha no chão e arrasto qualquer tareco. Se você tem força de sobra, ficará com os meus pelos longos na mão, mas não me segura mesmo. Só eu vendo para acreditar! Então vamos ver disse o tatu: Eu pego no teu rabo é você anda. Vou segurá-lo de modo que você nem mexe do lugar. Aí será um ponto para mim. Um a zero! Feito? Feito disse o tamanduá! Depois nós inverteremos a situação disse o tamanduá, você entra no buraco, eu te pegarei pelo rabo! Se eu te arrancar dele, será um a um. Estaremos empatados. Decidiremos de outra forma, combinado? Combinado disse o outro! Então o tamanduá esticou o rabo e o tatu segurou firme. O tamanduá arrancou com tudo para vencer, mas o tatu segurando bem, não deixou ele  andar, patinou, patinou  mas não foi! Um a zero para mim disse o tatu, dando gargalhadas. Não te falei seu rabudo? Puxa vida disse o tamanduá. Perdi! Agora vou á desforra argumentou o tamanduá. Entre no buraco, vamos ver que bicho dará! O tatu lá se foi com a vantagem, desdenhando o compadre. Entrando no buraco, deixou o rabo de fora. Pronto compadre: disse o tatu, segure no meu agora, vou levá-lo de arrasto para o fundo do buraco. Que nada disse o tamanduá! É o que vamos ver! Pode ir compadre! Estou com as duas mãos no grosso do teu rabo. O tatu fez força e ia indo com tamanduá e tudo para o fundo do buraco. Vendo que ia perder de novo o tamanduá deu uma espiada por baixo do rabo do compadre e “vendo aquilo” meteu a unha mestre no tal como se tivesse fisgado um anzol, largou do rabo puxou o amigo por ali para fora do buraco só com uma das unhas sem muito esforço. O tatu deu um grito dizendo ao peludo:  Arre! Compadre! Assim também não? Desse jeito não há tatu que aguente! O tamanduá deu uma risada muito gostosa, e disse: Estamos empatados na força, né compadre? Que nada, compadre! Na força ninguém vence os tatus! Você me venceu na astúcia, és muito rápido de raciocínio! És muito inteligente, isso sim!  Vamos ver como fazer agora para desempatar, disse o tamanduá! Nada temos a fazer depois dessa! Respondeu o tatu, tá bom demais assim: Um a Um! Vamos embora que é melhor! Lá se foram campo afora, logo se esquecendo da disputa que acabou em gargalhadas dos dois, afinal são compadres até hoje.

MORAL DA HISTÓRIA: MAIS UMA VEZ A FORÇA BRUTA NÃO VENCEU A INTELIGÊNCIA!
MAIS UM CONTO QUE NÓS OS CABOCLOS  GOSTAMOS DE CONTAR PARA DIVERTIR OS OUTROS.

COISAS DO NOSSO FOLCLORE REPRODUZIDA POR:
LUIZÃO-O-CHAVES... 28/07/2013



ANASTÁCIO- MS     

A ONÇA E O LOBINHO QUE QUERIA SER BOM CAÇADOR



 Dia desses a onça encontrando com o lobinho, velho amigo de andanças pelo mato estranhou o colega, vendo-o tão magro e com os pelos arrepiados feio que dava dó, mas sempre alegre como fora nos velhos tempos. Muito curiosa, a onça fez como certas pessoas que se dizem amigos da gente fazem, quando nos encontram ao invés de olhar com prazer e satisfação no rosto da gente, ficam olhando você de cima abaixo como se querendo saber como tem passado esses tempos que a gente não se encontrava, se você está bem ou mal de situação. Se esta mais bem vestido ou não, está diferente da ultima vez que nos vimos. Uma verdadeira falta de educação, pelo menos eu acho. Então vamos lá. Amigo lobinho? O que há com você? Anda doente, desanimado, solitário, parece que está distante da realidade da vida, ou está em outro planeta, aéreo, biruta o que há? Afinal que há com você? Me conta vamos lá, estou louca para saber! O lobinho olhou aquele gatão pintado, gorda que só ela, passou a mão no queixo, parecia não querer falar nada, mas enfim resolveu se abrir para a velha amiga. Olha, disse ele! As coisas não andam muito bem para mim. Ando preocupado com a situação! Época de crises para os homens no mundo afetam também a gente, nem que seja indiretamente, até as caças do mato enfrentam dificuldades para sobrevivência, não é mesmo? Derrubam nosso habitat, secam nossas aguadas a bicharada fica sem o mínimo de defesa, passam venenos para tudo o que é lado os insetos morrem todos, matam as aves em caçadas, os bichos em esperas, caçam com os cães assustam todo mundo, carregam nossos filhotes e os criam em cativeiro para venderem, enfim a coisa está preta para os bichos. Olha amiga ás vezes nem bem acho o que comer direito e passo fome por isso que estou assim. Porque, você quer me ajudar? Sim, disse a onça? Vamos ver o que posso fazer pelo amigo. Vamos andar por aí! Chegaram num ponto na cabeceira de um córrego bem longe dali. Olharam para o horizonte e ela disse: Vou ensiná-lo a caçar, você quer aprender? Sim respondeu o lobinho! É meu sonho ser um hábil caçador, porque aí eu nunca mais passarei fome. Agora me acompanha disse a onça, e veja como faço! Primeiro você corta o vento, depois se esconde numa moita bem fechada, bem perto do carreiro do que você  pretende  pegar, por exemplo; está vendo aquele monte de bezerros que está vindo para cá beber água? Pois então! Eles vão passar por aqui, dou um salto de surpresa, caio em cima dele, derrubo-o e já meto os dentes no pescoço, está dominado, aperto-o no chão e num instante acabo de matá-lo e bom apetite para nós! Viu como é fácil? Vi! Disse o lobinho. Preste bem atenção como farei, vou pegar aquele bezerro que vem na frente, fique aí do outro lado para ver melhor, mas muito quieto, senão o bicho desconfia e nós perderemos o almoço de hoje. A onça ficou atenta e o bezerro entrou no carreiro que era mais ou menos fundo até chegar a beira da água, ali do alto ela tinha uma ótima visão para o salto, Dito e feito, deu um salto tão certeiro que o bezerro nem sequer moveu uma orelha. Já estava dominado e ela sangrou-o no pé do pescoço. Jorrou o sangue em abundancia. Este está no papo disse ela ao amigo. Vamos almoçar enquanto está quentinho. Ele lambeu o sangue do bezerro numa gulodice que dava medo ver. Era uma fome de lascar que o infeliz trazia naquela manhã, ainda iria fartar-se de tanta carne. A onça sentou-se de um lado e ficou espiando como o amigo se deliciava naquele banquete tão apetitoso e oportuno. Ele lambendo todo o sangue derramado, encheu tanto que nem tinha mais espaço no bucho para saborear a carne tão quentinha. Sentou-se também  de frente com a amiga e com a língua de fora e ansiado de tanto cheio. Olhava para a caça no chão. Que fartura! Pensava ele! Que facilidade minha amiga tem para caçar, pegou este bezerro num piscar de olhos. Acho isto incrível! É muita farinha para um pote só! Enquanto isso a onça cofiava seus bigodes numa boa, acabara de dar uma belíssima aula de sobrevivência para um dos seus melhores amigos o lobinho. O sol estava levantando devagarinho no horizonte e nascente e ela começava a sentir uma preguiça, mas era vontade de dormir lá na sua toca que era num oco de uma figueirona  dessa grossura, Disse ao amigo: Já vou indo preciso descansar um pouco agora de manhã. Ele sentindo que tinha faltado com as boas maneiras com a amiga, disse a ela: Desculpe-me amiga, nem te convidei para dividirmos o almoço! Nada disso respondeu ela! Não se incomode por mim! Estou de barriga cheia. Matei este só para ensiná-lo como caçar, este é só teu, aproveite-o bem! Tchau, até outra hora! O lobinho ficara maravilhado com a nova situação, aprendeu a caçar, estaria de pança cheia no mínimo por uns três dias ou mais até, Era só vigiar o petisco para outro não vir roubar. Estava no fim da crise, perspectivas muito animadoras, mais bem preparado para a luta, enfim tudo dava certo.  Quando aquele banquete acabou, esfregou as mãos uma na outra, pensando com seus botões: Agora sou um bom caçador! Mãos a obra. Andou por vários outros bebedouros de água do gado, carneiros, cabritos e tropas em geral. Escolheu um ponto estratégico e disse consigo: Daqui a pouco estarei beleza! Entrou na moita de lixeira bem na beiradinha do carreiro que os vitelos iriam passar. Não demorou muito, lá pelas nove horas, horário que os animais descem para a aguada, já estava ele de plantão,  avistou ao longe um grupo deles que vinham com uma preguiça danada em andar, aquela moleza que até parecia encomendada. Lá vem os bichos, numa coluna só, em fila á moda índios na mata, na frente quem ponteava a turma era um burro novo, gordo que só ele, pelos lisinhos que reluziam  a luz do sol, era ainda pequeno no tamanho, mas muito desenvolvido, ágil, atento, desconfiado como é a natureza dos muares, mais atrás dele vinham os bezerros e carneiros, lá bem atrás, no coice da tropa vinhas as vacas e bois, bem no finalzinho da fila é que vinha o touro, bicho perigoso; mas estava muito longe. O lobinho nem pensava em escolher qual seria a vitima. A amiga pegava qualquer um, tudo é carne. Os animais foram se aproximando e o nosso futuro predador com os olhos fisgados no burrinho, lambendo os beiços de tanta certeza de mais um churrasco dali a alguns minutos. Quando o petisco foi passando por ele, saltou sobre o mesmo com uma certeza inigualável. Cairia certinho em cima do burrinho, que muito mais ligeiro que o lobinho, deu uma rapada de lado lhe oferecendo a sua  traseira  juntamente com um par de coices certeiros no queixo e barriga do nosso inexperiente predador que saiu voando pelos ares caindo numa moita de espinhos de saranzeiro, aqueles de beira de rios. Este burro saiu numa desabalada carreira e assoprando até muito longe dali, assustou todos os demais que se foram sem beber agua naquele dia. E o nosso amigo como Ficou? Dava pena de vê-lo, o queixo quebrado, a ponta da costela machucada sem ter forças para sair da moita de espinhos, gemendo de dor, se lamentando da vida, até sair foi um custo! Arrastando-se deitou por ali mesmo esperando a morte que dessa vez ainda não veio. Ficou somente a lição de conhecimentos que ele nunca pensou que precisaria um dia.  Começou a meditar naquele acontecimento tão trágico para ele, não pensou que onça é felino; ele é canino, ela tem garras, ele tem apenas unhas curtas, a onça é grande, ele é pequeno, ela tem muita força, ele é fraco demais, a onça domina qualquer vaca, ele não domina nem uma cutia, concluiu dizendo: É uma verdade! Vou contentar em procurar alguns corós em algum oco de pau, cascas de cigarras, cabeças de coqueiros podres onde tem besouros e larvas, comer os restos dos outros que caçam como a minha amiga que só come uma vez, ficando para mim os seus restos.
MORAL: AS NOSSAS PRETENSÕES PODEM SER GRANDES, MAS PRECISAMOS MEDIR OS PRÓS E CONTRAS DO EMPREENDIMENTO ALMEJADO, SEM ESQUECER  NOSSAS LIMITAÇÕES.
CONTOS QUE O POVO CONTA, É PARTE DO NOSSO FOLCLORE TÃO VASTO.
REPRODUZIDO POR: LUIZÃO-O-CHAVES.......31/07/2013

ANASTÁCIO-MS
 

OS TRES HOMENS E UMA CAVEIRA QUE FALOU



 Havia em tempos muito antigos um fazendeiro de uma natureza difícil, de uma índole muito  perversa ,era um homem muito cruel e sanguinário, Era temido até pelos seus vizinhos, outros fazendeiros cujas terras divisavam com ele e até dos mais distantes que sabiam da sua fama de mau. Um homem de temperamento explosivo, determinante em suas convicções de patrão. O que dissesse era para ser cumprido sem conversa. Não tolerava nada e nem mentiras  fosse de quem fosse. Um homem sistemático, duro, ou melhor, osso duro de roer, Era o verdadeiro homem com instinto de fera. Sabemos que ele não nasceu assim, mas devido a criação que teve somado á tendência humana de ser sempre rebelde e mal agradecido ao seu criador, resultou no que veremos a seguir nesta história que estamos contando. Um homem bem sucedido, uma fortuna relativamente muito grande. Muitas criações e diversas, família muito boa, prestativa e servidora a quem precisasse independente de quem quer que fosse. Mas, escondido dele e com mil cuidados. Mil capas sobre o feito ao necessitado da hora! Dispensava um tratamento muito bom aos seus empregados que era um numero muito elevado. Pois sendo um engenheiro agrônomo formado e em exercício da função, além de um grande pecuarista de renome até internacional. Tinha um humor desnivelado que nem ele acreditava ser daquele jeito, muito menos a nós que tivemos a sorte de conhecê-lo e de alguma forma prestar-lhe algum serviço. Tinha dias que ele amanhecia com a natureza de um anjo Divino, na missão de dar vida a alguém, mas de repente o homem” virava os arreios “ pior que um satanás quando leva um couro do chefe para ir trabalhar na obra deles. Era um tormento, e nesse tempo o homem achava de fiscalizar todo o serviço dos seus empregados e auxiliares. Dava broncas de todo jeito, sem escolher em quem. Naquele dia cutucava o diabo com vara curta, se duvidar puxava-lhes os bigodes. Ai daquele que questionasse qualquer palavra sua: Estava “ Ferrado” o fulano. Como todo facínora tem suas manias e seus segredos com os seus confianças. É aquele refrão do caboclo sertanejo. Um  pisado no rabo do outro. Acho que entenderam! Tinha seus confianças. Aqueles que sempre fazia os “servicinhos” de emergência. As empreitas repentinas. Tem que ser agora e pronto! Tinha também as suas invernadas de segredo. Lá só ia ele e alguns dos seus. Tinha pessoas que nem conheciam todo o campo onde trabalhavam gado ou outra atividade. Nesse lugar de segredos havia um pequeno cemitério de poucas covas. No meio do matagal, nem era bem cemitério. Mais ou menos um lugar de “desovas,” ficou explicado! Como em todo lugar existe pessoas bisbilhoteiras, curiosas  e aqueles que tem a cara de sonsas mas gosta de saber de tudo, os tempos passaram, um dia apareceu na fazenda um sujeito pedindo serviços, teve sorte ou azar não sei o certo. Sei que foi contratado e logo começou trabalhar. Muito desenvolvido na lida, todos gostaram dele, inclusive o patrão por informações dos outros peões de confiança, Que bom disse o patrão. Será mais um dos nossos. O tempo passa, o rapaz sempre querendo mostrar mais serviços andava para todo lado conhecendo o campo. Um dia ele saiu sozinho sem ninguém ver resolveu vasculhar tudo e por toda a parte. Porque que ele fez isso? Porque um dia desses os companheiros  de serviços lhe dissera que não era em todo lugar que poderia entra sem a ordem do patrão ou do seu encarregado. Passaram na frente desse matagal e ouvira isso. Mas ele era extremamente curioso. Ficou com aquilo na mente buscando uma oportunidade para matar a curiosidade. Dito e feito! Foi nesse dia entrou lá onde não deveria. Viu uma caveira espetada num pau  mais alto que a altura de um homem. Olhou aquilo, pensou, olhou ao redor não viu mais nada, sentiu arrepios; por fim resolveu perguntar! Escuta aqui caveira, quem lhe matou? A caveira por incrível que pareça, respondeu! Foi a língua! Assustou tanto que saiu numa pressa tremenda. O chapéu caiu-lhe da cabeça, nem voltou para pegá-lo. Chegou no galpão de olhos arregalados. Não tinha ação para nada, pois nunca tinha visto nada igual em sua vida até ali. Passou esta noite muito apreensivo, quase nem dormiu direito. Não suportando o segredo, comentou com um dos companheiros o que lhe tinha acontecido. O fulano que ouvira seu relato, saiu de fininho e informou o patrão do fato. O patrão ficou uma fera quando soube  do ocorrido.  No outro dia convocou o sujeito bisbilhoteiro dizendo: Você está maluco meu rapaz! Aqui não existe nada disso. Não há caveiras nem cemitério nem nada do que você esta insinuando. Estás pirando! Vou manda-lo embora daqui, antes porem terá que provar o que está dizendo. O rapaz afirmou e bateu o pé no duro: É verdade patrão! O senhor pode crer em mim! Vou lhe provar que a caveira falou comigo. A caveira fala mesmo! Chamando dois peões de seus serviços fê-los acompanhar o moço ate no local. Disse em sussurro aos dois: Se a caveira nada disser. Matem-no, deixem fazendo companhia a ela para largar de ser curioso! Lá foram os três, campo afora, enfim chagaram no lugar sinistro. De fato tinha a caveira espetada no pau. É claro que eles sabiam de tudo, mas os males só aumentam. Meteram as armas no infeliz dizendo: Se esta caveira nada disser, te mataremos aqui e agora, fique quietinho, é ordem do patrão! Agora se ela falar estarás de volta com vida! Mas terás um acerto com nosso patrão! Obrigaram-no a fazer perguntas á caveira! A caveira nada respondeu! Outra vez, nada! Mais outra, nada! Por fim disseram os dois: És muito linguarudo! O fim dos linguarudos é aqui! Executaram o rapaz ali sem dó nem piedade. Ainda na agonia da morte levantando os olhos para contemplar a caveira pela ultima vez, esta lhe disse: Não lhe disse que a língua me matou?  Foste teimoso, também morreste por ela. Os dois capangas saíram de qualquer jeito do local, pareciam loucos de tanto que correram até chegarem na fazenda resfolegando disseram: Patrão, o negocio é sério mesmo; a caveira falou. E o rapaz? Perguntou o patrão! Matamos ele conforme o senhor dissera! Porque fizeram isso! Porque só ouvimos a voz da caveira depois do rapaz morto!

MORAL DESTE FATO VERÍDICO: QUEM FALA DEMAIS DÁ BOM DIA ATÉ AOS CAVALOS!

CONTOS POPULARES: LUIZÃO-O-CHAVES.......13/07/2013


ANASTÁCIO-MS        

O ESPERADOR DE BICHOS E O CAIPORA


O sujeito gostava muito de caçar bichos numa mata que havia próximo á tua casa, próximo é o modo de dizer, daria uns dois quilômetros de distância de sua casa até lá onde iria ver se matava alguma caça. Andou, andou pela mata adentro sai numa clareira entra em outro capão atravessa córregos e nada de encontrar nada. Por fim sentou em tronco já mais podre que são, fumou um cigarro pensou consigo; vou até nos barreiros  ver como está, se estiver bem comido e lambido vou arranjar um jeito de espera, quem sabe mato algum bicho, chegando lá observou que estava como ele pensou. Agora sim! Vou arranjar um jirau no capricho, e volto depois de amanhã, daí até lá o meu cheiro de suor dissipa e as caças não estranharão a minha passagem por aqui. Fez tudo direitinho conforme planejado, olhou como se fosse de noite os pontos de tiro seguro, simulou um facho de lanterna convenceu que tudo daria certo.  Desceu e foi-se embora todo feliz alimentando a esperança de no mínimo matar uma anta gorda ou um veado mateiro, que são as caças que mais gostam de comer barro a noite. Os outros bichos passam de dia comem um pouco logo vão embora, as vezes as aves como, Jacutinga, mutuns. Jacus , aracuãns dão uma passadinha nos barreiros também, mas o fazem durante o dia, as vezes por outras os queixadas e caititus quatis e outros também vão aos barreiros. Chegado o dia, munido da espingarda, o sapicuá de cartuchos, o facão, um travesseiro pequeno de penas  para sentar e não fazer barulho algum, lá no alto, porque senão as caças apesar de não verem quem as espera, elas ficam velhacas e saem correndo. Ou por outra nem sequer chegam no barreiro. O bicho noturno é muito desconfiado, essa é a natureza deles, ainda contam com os seus sentidos muito aguçados como por exemplo,  o faro, sentem qualquer cheiro estranho na mata porque o cheiro da mata lhes é muito familiar, é o seu habitat e conhecem tudo dele, um estalido de um galho quebrado eles sabem que não é como um que cai. O barulho é muito perceptível, muito diferente um do outro. Então o nosso amigo se acomoda no jirau ali pelas quatro da tarde, assiste o entardecer no maior silencio da sua parte, ouve os cânticos de todas as aves, saudando a chegada da noite ao longe as vezes ouve o cantar de um galo muito longe dali, as gaitadas do jacu, o estralar das asas da jacutinga, o gemer do mutum, o uivo de algum lobo, o bagunçar dos macacos se acomodando no alto das perobas ou jatobás emaranhados de cipós, onde se escondem do seu predador pior, a onça pintada ouve o miado da suçuarana em busca de caças também. Quando os macacos descobrem o amigo no jirau, está perdido o tempo do coitado! Na maioria das vezes terá que descer e vir embora, porque os símios dão alarme na mata, de um jeito que toda caça desaparece das imediações e não sai nada naquela noite. Se o amigo tiver mais sorte, quem sabe! No caso deste esperador, veja só o que lhe esperava! Ainda com um pedacinho do dia, ele ouviu vindo do lado de suas costas um barulho esquisito, diferente de andar dos bichos. Qual não foi a surpresa que teve! Passando debaixo do seu jirau um baita dum bugre preto e peludo, desta altura, cada braço com músculos dessa grossura, as mãos só vendo o tamanho, os pés todo espalhado os dedos, as unhas dava medo ver, uma catinga selvagem, com um cajado na mão, parou bem debaixo dele, espiou para cima, tinha só um olho bem no meio da testa, deste tamanho, bem preto com um anel amarelinho no meio, igual olho de corujão murucututu á luz de lanterna parecia um facho de  tão límpido, brilhava como tal, bateu o cajado no pau que sustentava o jirau e disse: Desça daí e vem cá! Ande logo! Intimou aquela coisa esquisita! O rapaz desceu com um medo que suas pernas mal sustentando o peso do corpo. O bicho lhe perguntou: Cadê o fumo? De cá um taco? Meu pito tá seco! O pobre rapaz sem jeito disse: Fumo eu não trouxe hoje! O bicho replicou já querendo zangar, o que você faz, que não tem nem fumo? Mas o rapaz teve um instante de lucidez, respondendo: Quer dizer, no bolso eu não tenho! Mas o meu cachimbo está lotado, apontando para a espingarda calibre doze. Quer experimentar ponha a boca aí na ponta do meu pito que já risco o fogo? Já pensando em arrebentar a cabeça daquele tareco importuno, que veio estragar sua esperada. O bicho não contou conversa, arreganhou um bocão segurando o cano com uma das mãos, e este rapaz engatilhou a espingarda, arrastou o dedo disparando de uma só vez os dois canos. Tibooooooooommmmmmm.  Pensou consigo o rapaz, toma seu sem graça! Quando a fumaça dissipou, o bicho cuspiu todo o chumbo por um dos cantos da bocarra, e disse: É meio fraco o seu fumo, mas valeu! Se vier outra vez aqui, não te esqueça, traga do outro que é mais forte! Com essa o nosso amigo achou ligeirinho o caminho de casa e nunca mais voltou naquele lugar.  
MORAL: QUEM CAÇA SEMPRE ACHA, FOI ESPERAR  MAS  JÁ ESTAVA SENDO ESPERADO!

CONTOS QUE O POVO CONTA:  COISAS DE CABOCLO PARA O NOSSO FOLCLORE.


ANASTÁCIO MS- LUIZÃO-O- CHAVES... 26-07-2013          

A CASA DO MEU AMIGO ERA ASSOMBRADA, EU NÃO SABIA!


 Nós morávamos numa cidadezinha relativamente pequena, dessas que todos conhecem quase todos, basta  passar na rua qualquer pessoa, um diz: Eu conheço este fulano; mora lá na rua tal em frente ao boteco de cicrano. Passa uma mulher, outro diz: Essa dona cria perus ou galinhas e mora numa chacrinha no fim de rua tal. De repente passa um garoto, outra diz: É filho de fulano com beltrana desde pequeno eu o conheço. Conheci os avós desta moça que vai passando ali e assim por diante. Sabem todos quem são todos em suas atividades, ademais porque nós os homens sempre que ajuntamos para o bate-papo, o assunto predominante é sobre serviços raras vezes os mais antigos lembram quando vieram para este lugar. Como era o lugarejo alguns anos atrás que ajudou a levantar a cidade, quem se mudou para outras paragens, os que já morreram os herdeiros que ficaram os que ainda estão vivos e vai por ai a fora, imensidade de assuntos que se preciso for conversarão o dia todo e o assunto não se esgota. Pelo lado das mulheres não é muito diferente falam de tudo e de todos principalmente quando dentre elas, as mais bem informadas para não dizer fofoqueiras ou enredeiras porque estas nunca faltam em lugar nenhum. Sempre há sobrando. Sabem de tudo e da vida alheia ainda mais. Querem ver é quando era tempos de festividades diversas como as festas mais tradicionais dentre os povos, exemplo: Santo Antônio, São João, São Pedro e os dias santos de guarda, época de missões na igreja católica quermesses, muito assistida; festas familiares quando havia casamentos, batizados, aniversários visitas de familiares que moravam em outros lugares. Vinham de muito longe. Então os visitados convidavam os vizinhos para que conhecesse os seus parentes. Era muito divertido, sempre havia trovadores, repentistas com seus instrumentos e contadores de histórias que muito divertia as crianças e os convidados. Era um tempo de fazerem amizades novas e conservar as outras feitas. Era raro uma inimizade ou malquerenças. As criaturas desses  tempos eram amigáveis, solidárias bondosas, raras vezes você via um rem, rem,  rem! Algum bate-boca ou um tirar isso a limpo. Tempos de muita paz. A felicidade parece que visitava as criaturas diariamente. Então, dos antigos do lugarejo morreu um deles alguns anos atrás. Ficaram os filhos da família, juntamente com o cônjuge que ficara viúvo. Mas não durou muito tempo o viúvo com os filhos. Os idosos enfrentam uma dura verdade que poucas pessoas sabem. Quando já estão em idades muito avançadas se um morre; não demora muito, o outro amarra as botas  também. Não suportam a solidão. Assim aconteceu, o outro partiu também. Ficaram os filhos não por muito tempo. Uns casaram indo para outro lugar, outro também, e os demais que nem sei quantos eram ao todo resolveram partir nem sei para onde, só sei que disseram que a casa estava muito grande, sentia a ausência dos demais, ficara muito chato estarem solitários o tempo todo. Ficando somente um dos filhos morando no casarão, este era o mais sossegado de todos. Não estava nem ai para nada. Trabalhava fora, ele mesmo cozinhava e lavava e passava a sua roupa. Quando se sentia cansado a vizinha do lado fazia os serviços. Limpava casa conservando a mobília antiga de seus pais. Saia de tempos em tempos visitar os irmãos que mudaram para longe. Os demais não ligavam para herança coisa nenhuma. Está com o mano, está tudo muito bem! Não quero nada não. Diziam os demais! Chegou o final do ano, tinha planos de ir passar em outro lugar na companhia dos seus irmãos. Precisava de alguém que desse uma olhada na sua casa enquanto não viesse da viagem, isso no ano que vem, e claro! Este amigo me procurou: Amigo você pode da uma olhada na minha casa enquanto não volto da viagem? Claro que posso? Afinal de contas o amigo ou vizinho que considera o outro é para servi-lo quando este precisa! Então estamos combinados! Aqui está a chave da casa, você dorme nela e no quarto que quiser, está tudo limpinho, bem arrumado e daqui a pouco eu viajo. Chegada a hora de viajar nos despedimos e ele se foi. Fiquei tranquilo, chegando a noite eu fui lá acendi as luzes da frente e do fundo simulando que na casa tinha alguém, isso quem passasse na rua teria esta ideia. Eu morava numa sobre esquina do outro lado da mesma rua, de forma que durante o dia de cá eu via quem chegava ou batia palmas lá, porque na época era muito difícil alguém ter campainha na entrada do portão ou no muro. Voltando para casa esperei até lá pelas quase onze da noite. Fui pousar na casa escolhi um quarto que não ficava muito distante da copa e esta dava para a varanda dos fundos. A casa era assim: Varanda da frente. Sala de visitas. Corredor, com cinco quartos, dois de um lado e três do outro, copa e depois a varanda dos fundos finalmente o quintal com muitas plantas frutíferas. Então como ia dizendo, deixei a luz do fundo acesa, a da frente também. Acendi uma do corredor e me acomodei numa cama de solteiro muito confortável. A gente sempre estranha a casa dos outros antes de dormir, não fazia frio, mesmo assim peguei o cobertor leve, me embrulhei cobrindo a cabeça, porque só durmo assim e com a luz apagada. Pelo umbral da porta do quarto que tinha vidros antigamente eu via só o clarão da luz do corredor, não era luz direta no quarto se assim fora o quarto não ficaria no escuro como eu gosto. Tudo silêncio, para todo lado e tarde da noite só se ouvia de quando em quando os latidos dos cães, uns em suas casas outros na rua. De repente ouço passos no corredor para lá e para cá, gente caminhando vindo da sala para os fundos  e vice-versa, movimento de pessoas mesmo. A luz do corredor apagou-se! Oras! Quem seria pensei! Girou a maçaneta da porta do quarto e entrou! Fiquei perplexo com um negocio desses! Senti que pegou na ponta do cobertor, deu um puxão e largou no piso e sumiu! Levantei acendi a luz, o cobertor no chão! O pior é que a porta estava fechada? Abri-a fui ao corredor novamente acendi a luz. Voltei e deitando, me cobri do mesmo jeito, ficando atento porque apagou de novo a luz e as andanças pelo corredor continuavam. Pensei comigo! Será o Benedito? Ou é o capote dele? Olha o que fiz? Levantei a cabeça do travesseiro para escutar melhor! De novo abrem a porta do quarto, ela rangiu nas dobradiças, não tive dúvidas, alguém abriu a porta. Ganhei outro puxão e o cobertor fica no chão! Foi um sopapo que balançou até a cama.  Levantei fiz tudo de novo. Porta fechada,  não vi ninguém acendi outra vez a luz do corredor. Voltei e deitei de novo! Fiquei alerta mais ainda! Desta vez embrulhei e mordi o cobertor, segurei firme embaixo do queixo e esperei. Lá vem o estrupisso com suas arrumações! Aconteceu tudo de novo. Só não me levou o cobertor porque eu segurei-o firme, desta vez só me balançou e sumiu! Inconformado com tudo, apesar do acontecido eu não tive medo hora nenhuma daquelas presepadas. Deixei a luz do corredor apagada, sai pé- ante- pé nele e na direção da porta que dava para a varanda dos fundos: Curiosamente olhei pelo buraco da fechadura da porta fechada. Olhem só o que eu vi! Um casal de velhos na varanda! Ela torcendo umas roupas no tanque e estendendo no varal. Ele sentado numa cadeira destas preguiçosas, fumando seu charuto numa boa, baforava e olhava para a fumaça que subia. Fiquei imaginando, como pode uma coisa dessas. Abri a porta sai na varanda. Não tinha ninguém! Mas ninguém mesmo! Olhei ao redor. Estava o maior silencio do mundo, nem cães latiam naquelas horas. Voltando, me agasalhei e dormi como criança. Nada mais me importunou pelo resto da noite. Amanheceu o dia e  todas as coisas no seu devido lugar, não tinha roupa nenhuma no varal nem cadeira preguiçosa na varanda. Nas noites seguintes aconteciam só movimentos de pessoas andando, varrendo a casa, espanando moveis escarrando as vezes, abrindo e fechando as portas. Mas eu nem me importei com nada. Parece que brincaram comigo vendo se eu era medroso. São coisas do outro mundo, o mundo sobrenatural. De certo amaram muito as suas coisas durante a sua existência e retornaram após morte para cuidarem daquilo que lhes pertenceu quando pela sua passagem material ou terrena.
MORAL: ONDE ESTIVER O VOSSO TESOURO ALI TAMBÉM ESTARÁ O VOSSO CORAÇÃO!
ESTA HISTÓRIA NÃO É CONTO, É UM FATO ACONTECIDO!
ELA É UMA PEQUENINA FAGULHA DA IMENSIDÃO CLARA DO NOSSO FOLCLORE.
LUIZÃO-O-CHAVES........07/07/2013.

ANASTÁCIO MS            

UM VELHO CAÇADOR QUE ENCONTROU COM O CAIPORA



Chamava-se Sebastião do Carmo, um velho caçador de bichos e caças diversas. Morava numa furna, para quem não sabe, furna é um lugar rodeado de serras ou morros com reentrâncias e saídas formando vales, ou só um vale com uma ou mais saídas. Geralmente são matas muito fechadas onde a vegetação é densa, há delas que são atravessadas por rios ou riachos, lagoas ou qualquer um desses cursos d’água são temporários. Isto é, quando chega a seca deles desaparecem a agua ou ficam muito pouquinha que mal dá para a bicharada da mata saciarem a sede. Toda espécie de caças e aves e animais vem ali. O Tião como era mais conhecido, morador ali alguns anos. Conhecia  toda a furna, apesar de ser muito grande, extensa mesmo! Lidava com lavoura plantações diversas, era a sua vida. Só ele e a esposa ali viviam. Nos dias de folga ou o dia que sentisse vontade de andar no mato, saia para caçar. Caça nunca faltava, e de toda espécie, dava até para escolher o que queria, fosse de dia ou  noite, ai no caso seria a falada “espera”. Onde o caçador faz um pequeno jirau em galhos, ou copa de arvores bem escondido dos olhares  dos bichos, porque a noite os animais enxergam  melhor que durante o dia. Tião conhecia toda a mania, costumes ou hábitos de todos os bichos. Era um homem entendido dessa arte, esperava em pés de frutas, carreiros, travessia e barreiros. Não gostava de caçar com os cachorros porque os demais  bichos se espantavam com a barulheira das caçadas. Um dia desses era por sinal uma sexta feira, lá vai o Tião com a espingarda a tira colo uma capanga de cartuchos e as munições que pudesse precisar. Levava na cintura um facão, e sua traia de pitar. Aproveitou e levava uma garrafa de pinga da boa, daquela que ele mais gostava. Sabedor que um dia é da caça e outro dia é do caçador. Sabia também que na mata existe o protetor dos bichos que se chama caipora. É um índio preto, baixinho, forte fisicamente, cabeludo, olhos vermelhos, boca grande, dentes salteados e verdes,  braços e mãos grandes, os cabelos são amarelos e usa uma tanga de folhas de figueira ou pateiro. Monta um porco deste tamanho, usa um cajado de cipó de Imbé ou vara de marmeleiro. Fuma um cachimbo e o fumo dele é bosta de porco quando está seca, para que o fogo possa queimar, carrega dois pedaços de pedra pequenos. Batendo um no outro dá centelhas de fogo, assim ele acende o seu cachimbo! Este personagem das matas vigia constantemente toda a bicharada! Se aparecer uma caça ferida por algum caçador ruim de pontaria, que machucou o animal deixando-o ir embora assim ele pega o bicho e cura. Mas costuma ficar furioso! Se pegar o tal caçador, está enrolado o fulano, dá-lhe lições duras que ele enquanto lembrar, não caça mais! Um verdadeiro defensor dos seus. Quem caça terá que tomar cuidado! Como todas as pessoas e animais e coisas desta natureza tem também seu lado bom, com o caipora não é diferente! Ela gosta que deem a ele fumo para o seu pito ou até mesmo cachaça, o que ele retribui com prazer, oferecendo-lhes uma caça bonita e gorda para o fulano abate-la e aproveitar bem. Então o Tião dirigiu para a mata, entrou furna adentro, ao sair em uma clareira que antecedia o carreiro que o levaria ate um dos barreiros, eis que surgiu na sua frente um veado da cor de algodão: Tião tomou um susto! Nunca tinha visto deste animal com esta cor! Tinha ouvido falara que existia, o que ele achava uma grande mentira. O bicho está olhando para ele sem piscar! Acreditou porque via! E agora? Vou matá-lo, ora essa! Estou caçando e porque não? Sacou da espingarda e lascou fogo no tal! Tibuuuummmm ! A fumaça cobriu tudo! Quando essa dissipou, olhou , olhou não viu nada nem o tal veado branco! Sumira de sua frente. Uai disse! Cadê o bicho? Só viu uma arvorezinha pequena branca parecia ter uma pequena galhada de chifres igualzinho do veado. Assustou com aquilo e resolveu correr, levou um tombo na saída, ao levantar, teve uma surpresa! No lugar da arvorezinha saiu um tareco parecendo o caipora, pitando o cachimbo e vindo na sua direção: Ficou paralisado de tanto susto: O bicho lhe perguntou: Tião, porque você está caçando hoje? Você não sabe que hoje é sexta feira, o dia das caças? Tião espantou de ver o bicho falar! Mas meio sem graça respondeu:  Me desculpa, eu esqueci que hoje é sexta! Não aceito, replicou o bicho! Você sabe que dia foi ontem? Foi quinta disse o Tião. Como é que queres me enganar, sabendo que ontem foi quinta? Você tem calendário em sua casa? Tenho sim? Porque não o consulta antes de sair? Mas eu não sei ler, disse o Tião! A sua mulher não sabe? Sabe sim? Você não me engana, viu rapaz? Além de desrespeitar a lei da caça, é um mentiroso querendo me passar para trás. Onde já se viu isso? Eu não sou trouxa, está bem? Sim disse o Tião! Mas o senhor não vai me desculpar mesmo? Não vou! Disse o caipora! Como castigo eu vou furar um dos teus olhos com o chifre do veado! Mas o veado foi embora disse o Tião! Eu dou um assobio e ele volta ligeirinho, disse o caipora! O Tião era mais velhaco do que o caipora pensava e argumentou sabendo das suas fraquezas. Por sorte eu tenho aqui no meu bornal um remédio muito bom para olho furado. Minha mulher me deu para trazer caso acontecesse qualquer tipo de machucadura com corte e sangue. Assim o senhor pode furar meu olho, no instante vai sarar, passarei cachaça no furo, tenho aqui um litro cheinho sem abrir! Tenho  um palmo de fumo de corda do melhor, masco e passo o melado para aliviar a dor. O caipora de um salto tão grande de alegria que o Tião deu risada já saboreando a vitória sobre ele. Disse o caipora: Você tem pinga aí? Me da logo este  litro de pinga, que estou com a garganta seca? Dar não? Disse o Tião! Podemos negociar se caso você se interessar!  Dou toda pinga e o fumo, mas você me deixa ir embora em paz. Está bem, esta bem até demais disse o caipora. Mas vou fazer uma exigência a você? Não cace mais na sexta, combinado? Não caçarei, te prometo disse o Tião! Tudo acertado o caipora tomou a pinga de duas goladas, estalou a língua de satisfação, pegou o fumo rasgou no dente pôs no cachimbo acendeu sorrindo despediu do Tião, chamou um porco do mato deste tamanho, quebrou um galhinho de japecanga açoitou o porco e sumiu no mato. O Tião veio embora contente mesmo sem ter trazido nada da caçada.kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

CONTOS FOLCLÓRICOS:  PARTE  DA NOSSA CULTURA SERTANEJA.

REPRODUZIDO POR: LUIZÃO-O-CHAVES.... 08/07/2013
ANASTÁCIO MS.