Ainda no mês do nosso folclore, se bem que já no finalzinho
dele vamos relembrar deste personagem tão conhecido, tão admirado, tão
misterioso quanto os outros da nossa mitologia, Tupi-guarani. Não é relembrar,
e sim revelar mais algumas peraltices deste garoto pretinho, da boca grande,
olhos saltitantes, baixinho, cheinho de corpo, e de uma perninha só, que anda
para todos os lados de nossa terra, em todos os estados brasileiros ele está
presente, nos campos, nas invernadas, nas regiões: Serranas e Pantaneiras, nos
serrados, nas matas, nos pampas, coxilhas, no agreste, pradarias, beiras de
rios em todas as partes onde tem criações de animais diversos: Gado em geral,
cabritos, carneiros, e tropas de animais cavalares, muares etc. Fazendas
sítios, chácaras, estradas e recantos onde foi muito povoado, fazendas antigas e
abandonadas. Nas noites enluaradas, ele
tange a tropa, encerra no piquete, tira um dos cavalos ou burro monta e sai
cavalgando pelo corredor ou pátio da fazenda, galopa, troteia e brinca de domar
os animais. Trança as crinas, dá um nó bem dado no rabo do cavalo ou égua, ás
vezes ele deixa o animal assim para você ver que ele esteve ali naquela noite,
dá um trabalho danado para desfazer as tranças que ele fez, de tão bem feita.
Vai lá e solta toda a tropa e vai embora no clarear do dia. É o Saci-Pererê!
Ele mesmo! Enfim ele anda por toda parte sempre pitando seu charutinho ou seu
cachimbinho pulando e assoviando a hora que achar por bem, para ele não tem
hora marcada também para fazer suas brincadeiras com quem quer que seja. É
sempre disposto para tudo, de bom humor, mas também se precisar está pronto
para qualquer desarranjo, seja lá com quem for. Sabe ser valente na hora que
precisar. Cuidado, ele não carrega desaforos de ninguém! Temos um conto neste
Blogger onde ele deu um “Couro” num fulano. Misterioso que só ele sabe ser,
pois surge e desaparece a hora que quiser e em qualquer lugar. Amigável, um
companheiro que gosta de acompanhar as pessoas, os viajantes em qualquer hora
do dia ou da noite. Ele sabe se alguma onça segue o cavaleiro viajante á noite,
avisa-o do perigo que está correndo, ás vezes durante a viagem ele assovia
atrás do amigo de uma maneira, assovia de outra na frente do cavaleiro, sabe-se
que se ele assoviar pertinho de você, e até nos seus ouvidos, é bom tomar
cuidado, fique atento ao menor perigo, e não sabemos como, mas a gente entende
a linguagem dele e a sua viagem será muito feliz. Quando você planeja uma
viagem parece que ele adivinha, tão logo pegou o animal ele assovia como que
diz: Estou te esperando amigo! Vamos?
Não se tem conhecimento que de algum amigo seu, algum vagabundo tenha roubado
um de seus animais. Ele não deixa.Quando simpatiza com alguém é muito
prestativo. Gosta de ajudar a gente quando nós precisamos de um favor e este
está no seu alcance. Mas gosta também de ser gratificado pelo serviço prestado.
Se a gente perde um objeto ele ajuda a encontrá-lo, segue assoviando e você vai
até que vê o seu objeto perdido, ainda tem mais uma coisa, outra pessoa não acha
o que é seu, pelo fato de você ser seu amigo, ele sabe ocultar de outros e
mostrar a você. Dê a ele, fumo para seu pito, doces ou um copo de pinga o que
ele gosta muito, deixe as coisas numa tronqueira do mangueiro, numa cabeça de
toco, em cima de um tronco caído, ele sabe que a sua oferenda é para ele, no
outro dia você vai e não encontra o que puseste lá. Ele veio e sorveu tudo com
prazer. QuiQuiQui,QuiQuiQui. Sabiam que ele tem uma companheira? Sim, a
Sacizinha! Ela é branquinha, cabelinho loiro, de olhinhos azuis diferente dele
somente na cor, todos sabem que ele é bem pretinho que até reluz, ela não fuma
cachimbo também, mas anda com ele para todo lado e se não quer ir, fica sozinha
onde dormem e passam a maior parte do seu tempo, sempre ficam num pau arcado ou
árvore caída, sobre um córrego, onde parece uma pinguela na sombra das árvores
do riacho ou córrego, deitados ali vendo a agua passar embaixo deles, ou se não
tiver o pau sempre há da mesma maneira um emaranhado de cipós que atravessam o
curso d’agua por cima. Se aparece alguém de supetão, eles correm para o lado
oposto. Não gostam mesmo, quando são observados pelos curiosos,ele tem muito
cuidado com ela, até ciúmes, quando alguém a vê e fica admirado com a diferença
dos dois na côr. Kkkkkkkkkkkk! Ela é sossegada, gosta de
florezinhas silvestres, arranjam para enfeitar seu cabelinho cor de fogo. Tem
brinquinhos pequeninos, parecendo missangas, são coloridos, enquanto que os
dele são grandes, e de argolas douradas. O gorrinho vermelho só ele que usa, o
pente de cabelos que ela usa, é aquela fruta seca do mato parecendo cascas de
jaca, outros chamam de pente-de-macaco. Os Sacis gostam de comer frutinhas do
mato, azedinhas, Maria-preta, melõezinhos, araçás, mel de abelhas etc. Comem
também ovinhos de passarinhos etc. Quando a gente oferece as coisas eles adoram,
balas, docinhos, brincos pequeninos de crianças de cor vermelho, esmaltes de
cor amarelinha,que é para combinar com seus cabelinhos dourados. Dizem outras
lendas que ela gosta de homem preto. Até assovia para eles, FiuFiu! Não sabemos
se isto é verdade, porque os outros fatos que contamos são reais. Eles gostam
de crianças, as raptam se puderem, houve um fato deste, ele raptou um garotinho
ainda pequeno, para brincar com ele, deixando a mãe e o pai malucos de
desespero, procurando-o por toda a parte, ninguém dava noticias da criança. Foi
um mistério até encontra-lo, alguém mais idoso e conhecedor da região e das
artes do Saci, logo imaginou: Aqui tem muito este camarada, ele aprontou mais
uma, quer ver? Eu te garanto que o Saci carregou seu filhinho disse aos pais.
Vamos na mata, vamos procurá-lo. Imagine o que o negrinho fez, ocultou o menino
num lugar que só ele tinha acesso, numa moita de emaranhado de cipós de
espinhos que os pais tiveram que cortar de foice a moita para retirar o menino,
este por sua vez não tinha um arranhão sequer. Nem formigas e nem mosquitos
picaram o menino.Ficaram admirados como ele, o Saci que enfiou a criança naquele
lugar impossível. Antes porém, eles prometeram
agradar o Saci e a Sacizinha, pedindo-lhe que lhes devolvesse o menino. Ele
atendeu o seu pedido! Seguiram o assovio dele mata adentro até viram a criança,
este estava assustadinho, desconhecendo os pais. Com muito custo a criança
falou que o Saci brincava com ele, dando-lhe frutinhas para comer. Passou a
noite na mata sem ter um nada que lhe tocasse, o Saci cuida bem da criança não
deixa nada lhe tocar, afugenta qualquer animal que queira fazer-lhe mal. Sabe
como ele faz? Se é de dia e se alguém aproxima de sua toca num oco de pau, ou
entre catanas de figueira ou no lugar que ele gosta de ficar que é sempre
avizinhado por caseiros de Marimbondos, nichos de mamangava no chão em buracos
de tatus, ou outra abelha brava no mesmo oco que ele ocupa, ele vai e assanha
as vespas batendo em suas casas, sacudindo os galhos onde os marimbondos tem
sua cachopa e estes correm atrás do intruso, este sai debaixo de ferroadas.
Enquanto o negrinho da grossas gargalhadas. QUI QUIQUIQUIQUIQUI. Caçadores e
cães tem a mesma sorte. Tem raiva de cães, bate neles com um chicote de cipós. Se
é de noite ali ao redor nenhum animal aproxima. Ele vigia o tempo todo até ao
raiar do dia. Porque ele e a sacizinha só dormem ao meio-dia, um faz cafuné no
outro até dormir, um de cada vez, sempre um fica de vigia. Se o tempo é de
chuva, e como dissemos acima, entram num oco de pau e lá ficam até a chuvarada
passar. Dizem também que em época de muito frio ele fica no meio do gado, na
tropa pelo calor do corpo dos animais, podem ver que as reses ou cavalos ficam
bem juntinhos, um aquece o outro nas noites de inverno e sentem pouco frio. Se
um dia alguém os surpreender e conseguir tirar-lhe o borrete vermelho de sua
cabeça, ficará rico, embaixo do boné tem uma pedra de diamante ali guardada,
outras histórias dizem que ele sabe onde tem uma mina de ouro ele lhe dará o
diamante ou lhe mostrará a mina, para você devolver-lhe o gorro, mas pede
segredo. Não conte á ninguém. Se contar, perderá a pedra e o local da mina e
você nunca mais achará! QuiQuiQuiQuiQuiQui.
MAIS UM CONTO LENDÁRIO PARA ENRIQUECER O NOSSO FOLCLORE.
ANASTÁCIO, MS 28 DE AGOSTO DE 2015
PARA O NOSSO BLOGGER: “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
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