domingo, 30 de agosto de 2015

AS CURIOSIDADES DO SACI-PERERÊ


Ainda no mês do nosso folclore, se bem que já no finalzinho dele vamos relembrar deste personagem tão conhecido, tão admirado, tão misterioso quanto os outros da nossa mitologia, Tupi-guarani. Não é relembrar, e sim revelar mais algumas peraltices deste garoto pretinho, da boca grande, olhos saltitantes, baixinho, cheinho de corpo, e de uma perninha só, que anda para todos os lados de nossa terra, em todos os estados brasileiros ele está presente, nos campos, nas invernadas, nas regiões: Serranas e Pantaneiras, nos serrados, nas matas, nos pampas, coxilhas, no agreste, pradarias, beiras de rios em todas as partes onde tem criações de animais diversos: Gado em geral, cabritos, carneiros, e tropas de animais cavalares, muares etc. Fazendas sítios, chácaras, estradas e recantos onde foi muito povoado, fazendas antigas e abandonadas.  Nas noites enluaradas, ele tange a tropa, encerra no piquete, tira um dos cavalos ou burro monta e sai cavalgando pelo corredor ou pátio da fazenda, galopa, troteia e brinca de domar os animais. Trança as crinas, dá um nó bem dado no rabo do cavalo ou égua, ás vezes ele deixa o animal assim para você ver que ele esteve ali naquela noite, dá um trabalho danado para desfazer as tranças que ele fez, de tão bem feita. Vai lá e solta toda a tropa e vai embora no clarear do dia. É o Saci-Pererê! Ele mesmo! Enfim ele anda por toda parte sempre pitando seu charutinho ou seu cachimbinho pulando e assoviando a hora que achar por bem, para ele não tem hora marcada também para fazer suas brincadeiras com quem quer que seja. É sempre disposto para tudo, de bom humor, mas também se precisar está pronto para qualquer desarranjo, seja lá com quem for. Sabe ser valente na hora que precisar. Cuidado, ele não carrega desaforos de ninguém! Temos um conto neste Blogger onde ele deu um “Couro” num fulano. Misterioso que só ele sabe ser, pois surge e desaparece a hora que quiser e em qualquer lugar. Amigável, um companheiro que gosta de acompanhar as pessoas, os viajantes em qualquer hora do dia ou da noite. Ele sabe se alguma onça segue o cavaleiro viajante á noite, avisa-o do perigo que está correndo, ás vezes durante a viagem ele assovia atrás do amigo de uma maneira, assovia de outra na frente do cavaleiro, sabe-se que se ele assoviar pertinho de você, e até nos seus ouvidos, é bom tomar cuidado, fique atento ao menor perigo, e não sabemos como, mas a gente entende a linguagem dele e a sua viagem será muito feliz. Quando você planeja uma viagem parece que ele adivinha, tão logo pegou o animal ele assovia como que diz: Estou te esperando amigo!  Vamos? Não se tem conhecimento que de algum amigo seu, algum vagabundo tenha roubado um de seus animais. Ele não deixa.Quando simpatiza com alguém é muito prestativo. Gosta de ajudar a gente quando nós precisamos de um favor e este está no seu alcance. Mas gosta também de ser gratificado pelo serviço prestado. Se a gente perde um objeto ele ajuda a encontrá-lo, segue assoviando e você vai até que vê o seu objeto perdido, ainda tem mais uma coisa, outra pessoa não acha o que é seu, pelo fato de você ser seu amigo, ele sabe ocultar de outros e mostrar a você. Dê a ele, fumo para seu pito, doces ou um copo de pinga o que ele gosta muito, deixe as coisas numa tronqueira do mangueiro, numa cabeça de toco, em cima de um tronco caído, ele sabe que a sua oferenda é para ele, no outro dia você vai e não encontra o que puseste lá. Ele veio e sorveu tudo com prazer. QuiQuiQui,QuiQuiQui. Sabiam que ele tem uma companheira? Sim, a Sacizinha! Ela é branquinha, cabelinho loiro, de olhinhos azuis diferente dele somente na cor, todos sabem que ele é bem pretinho que até reluz, ela não fuma cachimbo também, mas anda com ele para todo lado e se não quer ir, fica sozinha onde dormem e passam a maior parte do seu tempo, sempre ficam num pau arcado ou árvore caída, sobre um córrego, onde parece uma pinguela na sombra das árvores do riacho ou córrego, deitados ali vendo a agua passar embaixo deles, ou se não tiver o pau sempre há da mesma maneira um emaranhado de cipós que atravessam o curso d’agua por cima. Se aparece alguém de supetão, eles correm para o lado oposto. Não gostam mesmo, quando são observados pelos curiosos,ele tem muito cuidado com ela, até ciúmes, quando alguém a vê e fica admirado com a diferença dos dois na côr. Kkkkkkkkkkkk! Ela é sossegada, gosta de florezinhas silvestres, arranjam para enfeitar seu cabelinho cor de fogo. Tem brinquinhos pequeninos, parecendo missangas, são coloridos, enquanto que os dele são grandes, e de argolas douradas. O gorrinho vermelho só ele que usa, o pente de cabelos que ela usa, é aquela fruta seca do mato parecendo cascas de jaca, outros chamam de pente-de-macaco. Os Sacis gostam de comer frutinhas do mato, azedinhas, Maria-preta, melõezinhos, araçás, mel de abelhas etc. Comem também ovinhos de passarinhos etc. Quando a gente oferece as coisas eles adoram, balas, docinhos, brincos pequeninos de crianças de cor vermelho, esmaltes de cor amarelinha,que é para combinar com seus cabelinhos dourados. Dizem outras lendas que ela gosta de homem preto. Até assovia para eles, FiuFiu! Não sabemos se isto é verdade, porque os outros fatos que contamos são reais. Eles gostam de crianças, as raptam se puderem, houve um fato deste, ele raptou um garotinho ainda pequeno, para brincar com ele, deixando a mãe e o pai malucos de desespero, procurando-o por toda a parte, ninguém dava noticias da criança. Foi um mistério até encontra-lo, alguém mais idoso e conhecedor da região e das artes do Saci, logo imaginou: Aqui tem muito este camarada, ele aprontou mais uma, quer ver? Eu te garanto que o Saci carregou seu filhinho disse aos pais. Vamos na mata, vamos procurá-lo. Imagine o que o negrinho fez, ocultou o menino num lugar que só ele tinha acesso, numa moita de emaranhado de cipós de espinhos que os pais tiveram que cortar de foice a moita para retirar o menino, este por sua vez não tinha um arranhão sequer. Nem formigas e nem mosquitos picaram o menino.Ficaram admirados como ele, o Saci que enfiou a criança naquele lugar impossível. Antes porém, eles  prometeram agradar o Saci e a Sacizinha, pedindo-lhe que lhes devolvesse o menino. Ele atendeu o seu pedido! Seguiram o assovio dele mata adentro até viram a criança, este estava assustadinho, desconhecendo os pais. Com muito custo a criança falou que o Saci brincava com ele, dando-lhe frutinhas para comer. Passou a noite na mata sem ter um nada que lhe tocasse, o Saci cuida bem da criança não deixa nada lhe tocar, afugenta qualquer animal que queira fazer-lhe mal. Sabe como ele faz? Se é de dia e se alguém aproxima de sua toca num oco de pau, ou entre catanas de figueira ou no lugar que ele gosta de ficar que é sempre avizinhado por caseiros de Marimbondos, nichos de mamangava no chão em buracos de tatus, ou outra abelha brava no mesmo oco que ele ocupa, ele vai e assanha as vespas batendo em suas casas, sacudindo os galhos onde os marimbondos tem sua cachopa e estes correm atrás do intruso, este sai debaixo de ferroadas. Enquanto o negrinho da grossas gargalhadas. QUI QUIQUIQUIQUIQUI. Caçadores e cães tem a mesma sorte. Tem raiva de cães, bate neles com um chicote de cipós. Se é de noite ali ao redor nenhum animal aproxima. Ele vigia o tempo todo até ao raiar do dia. Porque ele e a sacizinha só dormem ao meio-dia, um faz cafuné no outro até dormir, um de cada vez, sempre um fica de vigia. Se o tempo é de chuva, e como dissemos acima, entram num oco de pau e lá ficam até a chuvarada passar. Dizem também que em época de muito frio ele fica no meio do gado, na tropa pelo calor do corpo dos animais, podem ver que as reses ou cavalos ficam bem juntinhos, um aquece o outro nas noites de inverno e sentem pouco frio. Se um dia alguém os surpreender e conseguir tirar-lhe o borrete vermelho de sua cabeça, ficará rico, embaixo do boné tem uma pedra de diamante ali guardada, outras histórias dizem que ele sabe onde tem uma mina de ouro ele lhe dará o diamante ou lhe mostrará a mina, para você devolver-lhe o gorro, mas pede segredo. Não conte á ninguém. Se contar, perderá a pedra e o local da mina e você nunca mais achará! QuiQuiQuiQuiQuiQui.

MAIS UM CONTO LENDÁRIO PARA ENRIQUECER O NOSSO FOLCLORE.
ANASTÁCIO, MS 28 DE AGOSTO DE 2015

PARA O NOSSO BLOGGER: “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

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