domingo, 30 de agosto de 2015

MARAVILHAS DA NATUREZA- 06 O GAVIÃO-ACAUÃ.



Quase todos nós conhecemos esta ave brasileira de nome Acauã, é uma das espécies de gaviões, ave de rapina que se amestrada pode falar como gente ou papagaio, araras e periquitos, tem a língua grossa e se arredonda-la conseguirá falar corretamente de acordo com a linguagem do seu dono. Tem a voz bonita quando canta. É vista em vários estados, ou todos se não me engano. Seu habitat é nas matas, selvas, campos serrados, em regiões serranas e pantaneiras. Lugares diversos em eixos de serras, ela se alimenta de outras aves pequenas, lebres, ratos, lagartos, calangos, lagartixas raramente ataca as aves domésticas. Sua caça favorita é as serpentes, cobras em geral, a gente conhece bem os hábitos e costumes desta ave divertida até. Anda sempre o casal, o macho que é o cantador e caçador também nas cores preto nas costas e branca no peito. Muito antes das leis que preservam a fauna e a flora brasileira, era favorecida pelos camponêses e fazendeiros que não a matam, ela limpa os campos das cobras que matam os que ela picarem sem que haja soros antiofídicos. Nos meses de: Abril, Maio e Junho, a gente fazia derrubada nas matas para fazermos roças e plantar de um tudo, a vida era de roceiro, camponês, agricultor, lavrador e vai por aí afora. Esta ave caçadora quando a gente colocava fogo na derrubada sempre no finzinho de Agosto, os povos tinham costume de queimar os roçados no dia 24 deste mês, de acordo com a tradição Católica este dia é dia de São Bartolomeu, aquele santo que nos guarda dos perigos do fogo, e também o dia do Vento. Após a queimada os gaviões pardos, e outras espécies ficavam na beirada da mata vendo as demais aves sobrevoando a queimada como que admirados por aquele enorme limpo. Depois de uns dois dias vários animais pequenos passeiam sobre as cinzas, tatus, cutias, lagartos, calangos, cobras, e até animais selvagens e maiores. É aí que os gaviões caçam suas presas,e com a Acauã não é diferente, eles ficam parados no ar peneirando com as asas espiando para baixo ver o que há. Ás vezes durante o fogaréu alguns animais perecem no fogo porque o roçado é grande e eles se encontravam lá no meio da futura roça. Os urubus também acham mortos e fazem a festa. A Acauã fica mais comportada e observando tudo, lá noutra árvore verde ou de galhos secos está a companheira em silêncio e observando tudo, lá bem de tardezinha aparecem as cobras que saem ao anoitecer, e o Acauã macho vê uma lá de cima e fica olhando-a firme, nisto ele hipnotiza-a, sai do galho onde estava pousado e vem como um raio na direção da víbora, esta presta atenção e para de andar. Ficando imóvel. A Acauã finge que vai pegá-la e naquele voô descendo na vertical, da uma rasante e bate com a ponta de uma de suas asas na cara da cobra, esta enfurece e levanta a cabeça, ficando com meia volta do corpo apoiando a cabeça esperando a ave voltar, e ela volta mesmo, desta vez bate com a outra asa na cobra, ela levantou mais a cabeça, agora sim, era o que o Acauã queria, vem de novo e desta vez dá-lhe a asa e a cobra prepara um bote que não chega acontecer. Porque? A sabida da ave engana-a com a ponta da asa, levando um dos pés por traz dela que vai certinho pegar a cobra pelo pescoço sem dar tempo de se enrolar. Pronto! Como um raio a ave apruma o voô para uma árvore ás vezes de galhos secos ou num toco alto, com a cobra dependurada e segura nos pés, pisa no galho e dá uma baita gargalhada de satisfação pelo sucesso da caçada. KauKauKauKau. De longe a gente ouve seu canto. MO CÓ, MO CÓ, MO CÓ! Com uma voz bonita mesmo. Canta por vários minutos, vai mudando as notas do canto até encerrar com: MOKAÓ, MOKAÓ, MOKAÓ, Depois de silenciar, o casal vão jantar sossegados. Passe amanhã embaixo da árvore onde ele esteve com a cobra ontem e verá só a cabeça e as espinhas da cobra no chão. Os caboclos tem o cuidado de não pisarem descalço naquilo.

MAIS UMA CURIOSIDADE PARA O NOSSO FOLCLORE. 22/08
PARA O NOSSO BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

ANASTÁCIO, MS 29/08/2015.

AS CURIOSIDADES DO SACI-PERERÊ


Ainda no mês do nosso folclore, se bem que já no finalzinho dele vamos relembrar deste personagem tão conhecido, tão admirado, tão misterioso quanto os outros da nossa mitologia, Tupi-guarani. Não é relembrar, e sim revelar mais algumas peraltices deste garoto pretinho, da boca grande, olhos saltitantes, baixinho, cheinho de corpo, e de uma perninha só, que anda para todos os lados de nossa terra, em todos os estados brasileiros ele está presente, nos campos, nas invernadas, nas regiões: Serranas e Pantaneiras, nos serrados, nas matas, nos pampas, coxilhas, no agreste, pradarias, beiras de rios em todas as partes onde tem criações de animais diversos: Gado em geral, cabritos, carneiros, e tropas de animais cavalares, muares etc. Fazendas sítios, chácaras, estradas e recantos onde foi muito povoado, fazendas antigas e abandonadas.  Nas noites enluaradas, ele tange a tropa, encerra no piquete, tira um dos cavalos ou burro monta e sai cavalgando pelo corredor ou pátio da fazenda, galopa, troteia e brinca de domar os animais. Trança as crinas, dá um nó bem dado no rabo do cavalo ou égua, ás vezes ele deixa o animal assim para você ver que ele esteve ali naquela noite, dá um trabalho danado para desfazer as tranças que ele fez, de tão bem feita. Vai lá e solta toda a tropa e vai embora no clarear do dia. É o Saci-Pererê! Ele mesmo! Enfim ele anda por toda parte sempre pitando seu charutinho ou seu cachimbinho pulando e assoviando a hora que achar por bem, para ele não tem hora marcada também para fazer suas brincadeiras com quem quer que seja. É sempre disposto para tudo, de bom humor, mas também se precisar está pronto para qualquer desarranjo, seja lá com quem for. Sabe ser valente na hora que precisar. Cuidado, ele não carrega desaforos de ninguém! Temos um conto neste Blogger onde ele deu um “Couro” num fulano. Misterioso que só ele sabe ser, pois surge e desaparece a hora que quiser e em qualquer lugar. Amigável, um companheiro que gosta de acompanhar as pessoas, os viajantes em qualquer hora do dia ou da noite. Ele sabe se alguma onça segue o cavaleiro viajante á noite, avisa-o do perigo que está correndo, ás vezes durante a viagem ele assovia atrás do amigo de uma maneira, assovia de outra na frente do cavaleiro, sabe-se que se ele assoviar pertinho de você, e até nos seus ouvidos, é bom tomar cuidado, fique atento ao menor perigo, e não sabemos como, mas a gente entende a linguagem dele e a sua viagem será muito feliz. Quando você planeja uma viagem parece que ele adivinha, tão logo pegou o animal ele assovia como que diz: Estou te esperando amigo!  Vamos? Não se tem conhecimento que de algum amigo seu, algum vagabundo tenha roubado um de seus animais. Ele não deixa.Quando simpatiza com alguém é muito prestativo. Gosta de ajudar a gente quando nós precisamos de um favor e este está no seu alcance. Mas gosta também de ser gratificado pelo serviço prestado. Se a gente perde um objeto ele ajuda a encontrá-lo, segue assoviando e você vai até que vê o seu objeto perdido, ainda tem mais uma coisa, outra pessoa não acha o que é seu, pelo fato de você ser seu amigo, ele sabe ocultar de outros e mostrar a você. Dê a ele, fumo para seu pito, doces ou um copo de pinga o que ele gosta muito, deixe as coisas numa tronqueira do mangueiro, numa cabeça de toco, em cima de um tronco caído, ele sabe que a sua oferenda é para ele, no outro dia você vai e não encontra o que puseste lá. Ele veio e sorveu tudo com prazer. QuiQuiQui,QuiQuiQui. Sabiam que ele tem uma companheira? Sim, a Sacizinha! Ela é branquinha, cabelinho loiro, de olhinhos azuis diferente dele somente na cor, todos sabem que ele é bem pretinho que até reluz, ela não fuma cachimbo também, mas anda com ele para todo lado e se não quer ir, fica sozinha onde dormem e passam a maior parte do seu tempo, sempre ficam num pau arcado ou árvore caída, sobre um córrego, onde parece uma pinguela na sombra das árvores do riacho ou córrego, deitados ali vendo a agua passar embaixo deles, ou se não tiver o pau sempre há da mesma maneira um emaranhado de cipós que atravessam o curso d’agua por cima. Se aparece alguém de supetão, eles correm para o lado oposto. Não gostam mesmo, quando são observados pelos curiosos,ele tem muito cuidado com ela, até ciúmes, quando alguém a vê e fica admirado com a diferença dos dois na côr. Kkkkkkkkkkkk! Ela é sossegada, gosta de florezinhas silvestres, arranjam para enfeitar seu cabelinho cor de fogo. Tem brinquinhos pequeninos, parecendo missangas, são coloridos, enquanto que os dele são grandes, e de argolas douradas. O gorrinho vermelho só ele que usa, o pente de cabelos que ela usa, é aquela fruta seca do mato parecendo cascas de jaca, outros chamam de pente-de-macaco. Os Sacis gostam de comer frutinhas do mato, azedinhas, Maria-preta, melõezinhos, araçás, mel de abelhas etc. Comem também ovinhos de passarinhos etc. Quando a gente oferece as coisas eles adoram, balas, docinhos, brincos pequeninos de crianças de cor vermelho, esmaltes de cor amarelinha,que é para combinar com seus cabelinhos dourados. Dizem outras lendas que ela gosta de homem preto. Até assovia para eles, FiuFiu! Não sabemos se isto é verdade, porque os outros fatos que contamos são reais. Eles gostam de crianças, as raptam se puderem, houve um fato deste, ele raptou um garotinho ainda pequeno, para brincar com ele, deixando a mãe e o pai malucos de desespero, procurando-o por toda a parte, ninguém dava noticias da criança. Foi um mistério até encontra-lo, alguém mais idoso e conhecedor da região e das artes do Saci, logo imaginou: Aqui tem muito este camarada, ele aprontou mais uma, quer ver? Eu te garanto que o Saci carregou seu filhinho disse aos pais. Vamos na mata, vamos procurá-lo. Imagine o que o negrinho fez, ocultou o menino num lugar que só ele tinha acesso, numa moita de emaranhado de cipós de espinhos que os pais tiveram que cortar de foice a moita para retirar o menino, este por sua vez não tinha um arranhão sequer. Nem formigas e nem mosquitos picaram o menino.Ficaram admirados como ele, o Saci que enfiou a criança naquele lugar impossível. Antes porém, eles  prometeram agradar o Saci e a Sacizinha, pedindo-lhe que lhes devolvesse o menino. Ele atendeu o seu pedido! Seguiram o assovio dele mata adentro até viram a criança, este estava assustadinho, desconhecendo os pais. Com muito custo a criança falou que o Saci brincava com ele, dando-lhe frutinhas para comer. Passou a noite na mata sem ter um nada que lhe tocasse, o Saci cuida bem da criança não deixa nada lhe tocar, afugenta qualquer animal que queira fazer-lhe mal. Sabe como ele faz? Se é de dia e se alguém aproxima de sua toca num oco de pau, ou entre catanas de figueira ou no lugar que ele gosta de ficar que é sempre avizinhado por caseiros de Marimbondos, nichos de mamangava no chão em buracos de tatus, ou outra abelha brava no mesmo oco que ele ocupa, ele vai e assanha as vespas batendo em suas casas, sacudindo os galhos onde os marimbondos tem sua cachopa e estes correm atrás do intruso, este sai debaixo de ferroadas. Enquanto o negrinho da grossas gargalhadas. QUI QUIQUIQUIQUIQUI. Caçadores e cães tem a mesma sorte. Tem raiva de cães, bate neles com um chicote de cipós. Se é de noite ali ao redor nenhum animal aproxima. Ele vigia o tempo todo até ao raiar do dia. Porque ele e a sacizinha só dormem ao meio-dia, um faz cafuné no outro até dormir, um de cada vez, sempre um fica de vigia. Se o tempo é de chuva, e como dissemos acima, entram num oco de pau e lá ficam até a chuvarada passar. Dizem também que em época de muito frio ele fica no meio do gado, na tropa pelo calor do corpo dos animais, podem ver que as reses ou cavalos ficam bem juntinhos, um aquece o outro nas noites de inverno e sentem pouco frio. Se um dia alguém os surpreender e conseguir tirar-lhe o borrete vermelho de sua cabeça, ficará rico, embaixo do boné tem uma pedra de diamante ali guardada, outras histórias dizem que ele sabe onde tem uma mina de ouro ele lhe dará o diamante ou lhe mostrará a mina, para você devolver-lhe o gorro, mas pede segredo. Não conte á ninguém. Se contar, perderá a pedra e o local da mina e você nunca mais achará! QuiQuiQuiQuiQuiQui.

MAIS UM CONTO LENDÁRIO PARA ENRIQUECER O NOSSO FOLCLORE.
ANASTÁCIO, MS 28 DE AGOSTO DE 2015

PARA O NOSSO BLOGGER: “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

sábado, 22 de agosto de 2015

UM DOS CAPELOBOS MAIS TERRÍVEIS

                                          

Nos seringais do Amazonas e Pará trabalhavam vários seringueiros, cada um tinha sua área de atuação demarcada, divisada e dividida em forma de lotes, um para cada pessoa que no caso trabalha solitário. Sozinho no seu acampamento ou barraco. As divisas de cada um lindeiro do outro é apenas um picada ou uma trilha, demarcada por um marco rústico em cada ângulo ou em parte um curso d’agua.  Exemplo a minha área e de dez hectares em quadro. Nós os seringueiros só trabalhamos á noite colhendo o látex. Saímos do barraco ou rancho de folhas de coqueiro já no escurecer, levamos matula, armas até certo ponto muito boa, um facão de mato, um lampião de luz incandescente, antigamente os lampiões eram os Petromax de 500 velas que funcionavam á querosene, a sua luminosidade era tão perfeita e precisa que afugentava qualquer animal noturno de seu clarão, levamos também uma cabaça de agua, bem vestidos e calçados e muito atentos, porque a selva nunca deixa de ser perigosa e surpreendente, a beira de rios também é cheia de surpresas. Só não trabalhamos em tempos de chuvaradas. Entre os seringueiros existe uma senha, por causa de cada um estar solitário no seu rancho que é muito bem feito e seguro. A selva tem muitos animais que vivem em bandos, porcos queixadas, caititus, caboclinhos d’agua na beira dos rios, onças, outros desconhecidos que podem até atacar o acampamento com a gente dentro. Ao sair para o trabalho fazemos um disparo para que o ribombar da arma seja ouvido por todos os demais companheiros espalhados. Ao retornarmos no dia seguinte no amanhecer fazemos o mesmo ao chegarmos no barraco, isto sinaliza que estamos vivos  e que tudo está em ordem. Caso algum não fizer isto, a senha falhando é sinal que alguma coisa aconteceu, um dos companheiros pode ter adoecido ou estar morto, de imediato o mais próximo vai ver e avisa os outros, logo vão ver o que houve de anormal. Serviço muito perigoso e arriscado para todos que nela trabalham, a selva é sempre infestada de perigos e bichos que nem os conhecemos direito, mas a nossa união ameniza a situação. Insetos noturnos e venenosos, cobras, ou serpentes desconhecidas, animais ferozes diversos etc. Certa ocasião dois deles e vizinhos de lote após a semana de trabalho árduo resolveram descansarem na noite de sábado, para no domingo cedo irem dar uma caçada durante o dia. Cedinho saíram para a mata, andaram longe muito longe e nada encontraram, ao chegarem numa clareira um disse ao outro: Você segue nesta direção sempre na esquerda e eu sigo aqui na direita em linha reta, a nossa rota é paralela, se algum bicho fugir de mim dará de cara contigo e mataremos, ou vice-versa. Basta abatermos um, já é suficiente e voltaremos para casa. Combinado, e de quando em quando darei um grito para que saiba onde estou, e você responderá. Tudo acertado lá se foram muito atentos. Apesar de terem andado muito, caça nenhuma viram. Um deles se chamava Tomaz e o outro atendia por Pio, passado um tempo, este derradeiro pensou: Acho que já esta na hora da gente reencontrar, resolveu dar um grito e chamar o companheiro e ver se não estavam muito longe um do outro. Gritou bem alto: Ô Tomaz! Não obteve resposta nenhuma, esperou mais um pouco escutou, e nada! Gritou de novo e mais forte, seu grito ecoou na mata e nada de resposta. Ficou apreensivo, deu mais um grito e escutou muito longe a resposta do companheiro, marcou a direção e rompeu no mato logo adiante repetiu o grito, obteve nova resposta e desta vez bem mais perto, mas estranhou o grito, era rouco, diferente porque ouviu bem: Ô Tomaz! Como resposta. Teve certeza que não era o Tomaz que respondera ou ele estaria brincando consigo, e remendando do mesmo jeito.  Porque Tomaz era ele e não tinha outro. Esperou uns minutos mais e pela quinta vez tentou desfazer aquela que parecia ser brincadeira ou outra coisa séria, esquisita. Deu o grito e teve como resposta o mesmo, teve um pressentimento ruim e sentiu até um pavor com aquela voz feia e agora bem mais perto, pensou: Isto não está certo. Olhou para um arvoredo de caule fino e subiu nele, nem acabou de empoleirar-se ouviu de novo: Ô Tomaz! Agora bem pertinho, calou e ficou encolhido que nem suspirava para não fazer barulho, ouviu algo rasgando os arbustos no mato vindo em sua direção. Permaneceu quieto e o barulho aproximando cada vez mais, os ramos e os arbustos movendo, até que surgiu uma coisa horrenda, um bicho que parecia ser de outro mundo de tão feio e com o seu amigo o Tomaz embaixo do braço, levando-o de arrasto como se dá uma gravata no adversário numa luta. O Tomaz estava Morto! O bicho o pegara! Era uma fera na forma de um crocodilo ou jacaré: Cabeça, mãos, e braços de humano, a boca era de jacaré, olhos saltados e vermelhos, com orelhas em abano, o corpo era cascudo, pernas, pés e rabo igual crocodilos, mas andando em pé como gente, parou apoiado no rabo estendido. O Pio ficou petrificado vendo aquilo, não teve coragem de atirar naquele expectro. O bicho parou, olhou ao redor como que procurando algo, tomou faro mas este não lhe é facultado, gritou: Ô Tomaz! Deu um enorme eco na mata! Olhou para o morto, deu-lhe um piparote na cabeça esmagando-a, retirou os miolos do amigo e comeu-os dizendo: Deste Tomaz, tomara ter mais! Saiu andando mato afora e gritando: Ô Tomaz! O Pio esperou uma hora até que não ouvia aquela voz horrenda. Desceu e foi-se embora, chegou no barraco ainda assombrado, não deu a senha para os outros seringueiros, não atirou. Sem muita demora os vizinhos vieram até ele. Contou-lhes toda a história, e descobriram o porquê do sumiço de alguns companheiros há algum tempo. Seria este monstro que os matou? Com certeza foi ele. Por três dias ninguém arriscou ir trabalhar, foram á cidade trouxeram uma patrulha do exercito com arma especial que na companhia do Pio vasculharam a região gritando sempre: Ô Tomaz! De repente ouviram a resposta da fera, gritaram de novo e bem alto, após terem subido numa árvore. Não demorou muito escutaram novamente a resposta do bicho, vinha repetindo sempre. Ô Tomaz! Chegou no lugar onde  os nossos amigos estavam camuflados na árvore, parou sondou, desconfiou parece que seu instinto feroz lhe avisava que por ali tinha humanos. Um dos patrulheiros fez movimento no galho onde estava e o bicho olhou para cima, vendo-os abriu a bocarra e esturrou! Um dos rapazes que já havia ouvido falar desta fera pensou: É o homem-crocodilo! Apontou a arma bem na rodela do umbigo da fera onde não tinha casca e disparou sem piedade. O monstro deu um salto para cima e caiu, estrebuchando, roncava, e se debatia, logo quietou sem vida. Desceram, olharam admirados daquela coisa esquisita, fotografaram e concluíram: Agora acabou o sumiço dos trabalhadores. Para nossa sorte estas feras quase não proliferam. Era mesmo outra espécie de Capelobo, muito rara mesmo! O Homem-Crocodilo da Amazônia!


CONTOS IMAGINÁRIOS DE CABOCLOS SERTANEJOS PARA O NOSSO FOLCLORE 22/08/2015

NOSSO BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”.
ANASTACIO, MS 18/08/2015

   

O CORVO E A RAPOSA



                                       
Como quase todos sabem, que nas fábulas onde a raposa é mencionada, ela é tida como o mais esperto, matreiro, desconfiado, mentiroso e muito sagaz, mais que todos os demais bichos da mata. Sempre aparece pregando peças nos outros animais. Tem uma lábia que consegue enrascar os outros com suas artimanhas. Desta vez a sua vítima é um Corvo que tinha roubado um pedaço de queijo de uma mulher que os fabricava. Ela havia colocado alguns pedaços numa tábua sobre o seu telhado para secar e depois ralar. O Corvo vendo aquela facilidade, não perdeu tempo, roubou um pedaço e voou para um capão de mato nas proximidades. Quando foi saboreá-lo aparece a dona Raposa atraída pelo cheiro. Logo aplicou uma das suas, na descuidada ave. Viu o Corvo lá num galho alto e fora de seu alcance. Pensou e repensou como faria para lográ-lo. Olhando a ave lá no alto disse: Olá amigo Corvo, há tempos eu queria  encontrá-lo e desta vez deu certo, quero te pedir uma coisa, porque ando muito triste ultimamente. O que é, indagou o Corvo! A Raposa diz: Quero que cante para mim ouvir. Sei que fazes isto com prazer e muito bem, como nenhuma outra ave canora. É muito comentada pelas outras aves a beleza de sua voz. O Corvo apesar de saber que ele nunca foi o que ela dissera sobre sua pessoa, quis delicadamente justificar o engano ou a mentira dela a seu respeito. Não se envaideceu, mas abriu o bico para responder, nisso o pedaço do queijo caiu. Era o que ela esperava, deu certo seu plano, abocanhou-o e saiu na carreira mata adentro deixando o paspalhão sem o almoço e falando sozinho. Ao ver a raposa sair dali com uma pressa danada, sem ao menos dizer tchau, percebeu a tolice que cometera, pensou consigo: Caí no conto daquela vigarista. Quando a raposa acabou de lanchar, lambeu os beiços e disse: Quem rouba ladrão tem cem anos de perdão! kkkkkkkkkk Enquanto existir um trouxa o espertalhão não passa apertado!

ESTA FÁBULA É ANTIGA, NÓS A TRANSCREVEMOS PARA O DIA DO FOLCLORE.

TAMBÉM PARA O NOSSO BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
ANASTÁCIO, MS 18/08/2015.



    

OS TRÊS MISSIONÁRIOS REDENTORISTAS


                                        

No tempo das missões redentoristas pelos sertões do Brasil em especial no centro-norte e nordeste, viajavam um padre, um sacristão e um negro velho que era o arrieiro. Quatro animais que os conduziam compondo a pequena comitiva Cristã. De lugarejo em lugarejo, nas aldeias viajavam o ano todo. Faziam casamentos dos jovens e adultos, ainda sem este sacramento, confissões, batizados em crianças pequeninas, nos maiorzinhos a primeira comunhão, quermesses, missas, procissões e tudo em termos de festividades relacionadas á Igreja Católica. Tempos de um povo muito devoto apesar de ser uma organização religiosa quase única. Eram assim considerados missionários redentoristas. Ás vezes permanecendo uma semana em um dos lugarejos visitados por eles, dependia dos povos das circunvizinhanças, que vinham em caravanas de muito longe e que demoravam chegar até ali. Não faltava uma capelinha num desses lugares. Vinham com muita dedicação para receberem uma benção do padre. Em outros só nos finais de semanas, dois a três dias, assim iam catequizando, dando assistência espiritual aos povos sertanejos. Bons tempos aqueles, muita fartura, dinheiro era muito pouco, a comitiva cristã também quase nem gastava com as despesas de viagem, eram as doações voluntárias da comunidade que sustentava a peregrinação deles. Se a distancia de um lugar á outro fosse longa, havia os pontos de parada, ou ponto de pouso, lugar isolado. Um ranchinho beira-chão na beira da estrada, próximo de uma cacimba, um regato ou até mesmo um poço, mina, um rego d’agua. Carregavam os víveres num cargueiro, aquelas caixas de couro de um lado e outro do lombo de uma mula, jumento ou burro, ia roupas, calçados, redes, cobertores, agasalhos de frio, capas de chuvas, vasilhas de cozinha, apetrechos diversos e rações para a tropa onde não houvesse pastos etc. Levavam também imagens dos santos, terços, medalhinhas, e outros os quais eram comercializados com o povo. No último lugarejo que estiveram, na saída eles ganharam muitos presentes e lembrancinhas do povo daquele lugar, gente cortês, educados, bondosos, afeiçoaram com a comitiva e até queriam que demorassem mais, mas não podiam, pois a viagem continuaria. Ganharam dos visitados, queijo, doces, rapaduras, farinha, uma garrafa de vinho especial e até um frango deste tamanho e assado num forno a lenha, uma delicia para que eles lembrassem sempre das amizades que para traz ficaram. Levantaram acampamento e viajaram até o sol se por, até que chegaram. Cansados da viagem e ansiosos para jantarem o frango assado e as demais iguarias, o padre foi sentar no seu banquinho de acampamento, o sacristão também e o pobre do negro foi trabalhar, mas era a sua tarefa, limpar e varrer o galpão, descarregar o cargueiro e arrumar a esteira no rancho para os dois descansarem, tirar as vestes dos dois, mas da mala de garupa e a sua para tomarem banho na cacimba. Após o termino da tarefa, jantarem o “Capão”. Deu banho nos animais, deu ração, escovou-os, amarrou-os num arvoredo pequeno enquanto os animais comiam, andou e olhando a volta viu um pequeno piquete onde os animais podiam passar encerrados durante á noite. Enquanto isso o vigário e o sacristão já tinham se banhado, estavam limpinhos e deitados descansando. Até que terminou seu trabalho já passava das nove da noite, exausto, com fome ainda ter que levantar a noite e ver a tropa se estava bem. Tomou seu banho, ficou atento ao convite do padre para jantarem o “Capão”. Mas o padre avisou-os: Não tem janta hoje! Ninguém comerá nada até amanhã cedinho! Ainda por cima, quem de nos três dormir bem e tiver o sonho mais belo irá comer o Capão sozinho. Ninguém respondeu nada! Antes do padre se agasalhar para dormir, o negro arrieiro coçou a cabeça, resmungou: Essa é boa, trabalhei feito um maluco, passar a noite de barriga roncando? Deixa comigo: Para toda dor tem remédio, e para todo mal tem uma cura, saiu dali fingindo ir ver a tropa, e ficou lá no escuro fora do barraco vendo o que o vigário iria fazer. Lá dentro as velas iluminavam o ambiente até se acomodarem nas esteiras. O padre ocultou o Frango e as demais iguarias, mas o negro velho viu tudo. Uma fome que Deus nos livre. Esperou pacientemente os dois roncarem, quando ressonavam foi na ponta dos pés com a vela acesa, pegou devagarinho o frango e a garrafa de vinho e foi lá para a cacimba, sentou no chão mesmo, comeu o frango assado todinho, bebeu o vinho e deu um tempo, olhou a tropa no piquete, estavam dormindo também. Voltou feliz da vida. Pensou consigo: Não matei meu pai a soco para dormir com fome, com tanta fartura aí, e o vigário fazer uma coisa dessas com a gente? Onde já se viu uma coisa igual! Castigar quem não merece! Cumprir uma ordem tola? Isso é injustiça! Estamos trabalhando para Deus, e ele não quer isso! Seus filhos são bem cuidados por ele, sempre nos deu o de melhor e o reverendo fazer isso com a gente. Assim não! Passaram a noite em paz, no maior silêncio, lá fora só se ouvia a tropa soar as ventas, e dentro do barraco os dois roncarem que dava até dó de acordá-los. Kkkkkkkkkkkkkkkkk. O velho arrieiro falava com seus botões! Só imagino a surpresa que terá o meu senhor quando descobrir o que fiz. Só que não fiz mal nenhum e nem roubei nada do meu próximo. Matei minha fome! Isso não é pecado! Na escola que este padre estudava para ser velhaco, dela fui expulso. Kkkkkkkkkkkkkkkk. Dela nenhum dos professores me aguantou. Lidar com velhaco a gente tem de ser velhaco e meio! Kkkkkkkkkkk. Fui um filho bem criado. O meu pai sempre dizia: Meu filho: Nunca roube e nem mate ninguém por nada deste mundo. Me ensinou, e eu trabalho desde os 7 anos de idade para ter a mesa farta, e de nada ter falta em casa. Não vale a pena fazer mal aos outros! Além de Deus cobrar da gente na sua justiça, o mundo nos ensina a viver e não judiar do próximo. Logo a barra do dia vinha surgindo, o negro que quase nem dormiu, cuidando a tropa e os dois, logo levantou e foi encilhar os animais, quando os dois acordassem já estaria tudo arrumado, prontos para retomarem a peregrinação. Acordaram felizes da vida se prepararam para a viagem, antes porem, convocou-os para contar seus sonhos, e logo após, o felizardo comeria o “Capão sozinho”. O padre disse: Cada um conte o seu sonho, quem teve o mais belo comerá o frango. O padre foi o primeiro, sonhei que estava no céu celebrando uma missa. Coisa linda é o céu, eu já sabia, mas tive a oportunidade de entrar lá, muitos anjos e santos assistindo. O sacristão muito do velhaco aproveitou e emendou com astucia, foi mesmo vigário, que coincidência, eu também estava lá contigo lhe ajudando! Lembra-se meu senhor? Quando me disse que não precisava acender as velas? Eu obedeci! O Padre pensou: Que sujeito mais esperto, assim eu tenho que dividir com ele o frango, não há outro remédio. E você meu arrieiro, o que sonhou?  O velho africano olhou lá longe! Pensou: Mentir não dá! Meu senhor, eu não pude sonhar nada, só cochilei de tanta fome e preocupado em vigiar a tropa e os senhores para dormirem tão bem, senão nem sonhariam sonhos tão lindos assim. Já que entraram e estava no céu, eu pensei comigo, este dois não voltam mais aqui. Deus não deixa sair de lá quem entrou. Já que não sou Padre e nem sacristão, levantei e comi o “Capão”.

 ESTE E OUTROS SÃO CONTOS QUE PUBLICAMOS PARA OS CABOCLOS DIVERTIREM.

ANASTÁCIO MS, 12 DE AGOSTO DE 2015.   O NOSSO FOLCLORE É  DIA 22/08/2015.


 PARA O NOSSO BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”   

domingo, 16 de agosto de 2015

A LENDA DO CAPELOBO

                       

                  

 O Capelobo é uma entidade das matas e selvas brasileiras, encontrados na Amazônia, Pará, Mato Grosso, Maranhão e nas selvas Paraguaias, Colombianas e Bolivianas onde habitam as mais diversas etnias e tribos indígenas, dentre elas existem até algumas desconhecidas pelo homem branco. É um misto de humano com lobo, com tamanduá, com anta, com porco ou com outro animal até mesmo com anfíbios no caso com cobra sucuri. Segundo a mitologia Tupi-guarani esta entidade das matas e selvas acima mencionadas são de origem Indígena, são índios ou índias que foram muito maus durante a sua vida, sua existência nesta terra, não fizeram nada de bom ao seu próximo, nem ao seu povo, sua etnia ou demais, até civilizados quando para estes prestaram serviços de benzimentos, adivinhações, previsão do destino, acharam melhor fazer bruxarias, mandingas, macumbas, malefícios, feitiçarias, magias negras, fazendo poções maléficas e curandeirismos diversos. A fêmea do Capelobo é um pouco menor e tem crina de cor baia, parda ou amarelada. Do deus Tupã os quais eram por ele protegidos ao ver suas maldades, ruindades destruindo a felicidade alheia, tirando-lhes a paz até mesmo entre as tribos e provocando mortandades nos povos, recebem como castigo da entidade Suprema por tudo o que fizeram: O desprezo! Perdendo a proteção não servem para mais nada a não ser se tornar aos poucos um bicho horrendo, perdendo a forma e natureza humana, esta aos poucos foi invadida pela forma descomunal de felinos e outros animais ferozes. Seu corpo foi sendo deformado aos poucos, crescendo os pelos, cabelos, as unhas viraram garras, as orelhas cresceram, até tocarem no chão, veio uma segunda canela, os pés tortos, ou sendo cascos  como de cabras ou de animais que os tem, as mãos peludas, os dentes cresceram, os caninos parecem de tigres, olhos esbugalhados e a língua avermelharam como fogo crescendo-lhes o focinho como de tamanduá, porco, ou tromba de anta, outros ficaram chatos como os cães buldogues.  A forma do corpo é esquelética, feia, magra, fedorenta como carniça, pois se tornaram carnívoros por força das circunstâncias, outros tomam a forma de um sapo barrigudo, mas de tamanho descomunal, meio sapo meio humano, meio jacaré, enquanto iam  se desenvolvendo nesta coisa horrível, os seus filhos e demais familiares tinham que lhes dar o que comer. Mas os filhos vendo aquilo que fora seu pai ou mãe desprezam-no para sempre, levando-o para os confins da mata e por lá deixaram bem longe da comunidade silvícola. Outros saem por si, deixam a aldeia onde foi criado, distanciando cada vez mais da civilização de sua etnia. Passaram a serem carnívoros, e se alimentarem de aves, ratos, animais pequenos como cutia, pacas, lebres, cobras, lagartos e tudo o que puder pegar, se acharem crianças ou até mesmo adultos pegam-nos e comem somente os miolos da cabeça da vítima, outros Capelobos comem a parte traseira dos humanos as nádegas. Outros ainda estando mais para vampiros com asas de morcegos chupam sómente o sangue das vitimas. Quando pegam o humano mordem no pescoço logo abaixo das orelhas, na veia jugular, bem no encontro da cabeça com o pescoço, sugam o sangue todo, fartando-se, deixam o cadáver exposto apodrecer para as aves de rapina comerem. Vivendo alongados nas matas nos eixos de serras, nas beiras dos rios moram em lapas de pedras, tocas na terra em moitas de espinheiros onde nada entra para incomodá-los. Enquanto estão cheios, dormem o  tempo todo. Quando sentem fome saem em busca do que comer. Raramente saem de seus redutos, indo onde a civilização está. Mas a casos que atacam pessoas á noite, viajantes descuidados, acampamentos de pescadores, carreteiros acampados, peões solitários no rancho e outros, sempre pegam o primeiro ou o derradeiro se estão viajando á noite, ainda mais se não tiverem vigias atentos. Mas quando se tornam ousados atacam de frente e somente á noite. Em última instância quando a fome aperta, comem até carniças de outros animais se acharem. Dão esturros como onças e leões assustando quem os ouve. Nas noites de lua cheia, uivam como lobos ou cães, andam a noite inteira até o dia raiar. Quando acuados por cães e caçadores, são mortos pelos tais, por estes desconhecerem esta espécie de monstros selvagens quase nunca vistos. Uma das espécies mais conhecidas é também a mais comum, é aquela que mais assemelha com tamanduá bandeira é o tamanduá-homem tem os olhos miúdos focinho alongado comem formigas e cupins e outros insetos, esta não ataca o homem, não possuem dentes de modo nenhum e é do tipo que jamais sai da mata, permanecem o tempo todo num só lugar, parece que apenas cumpre o fado que lhe destinado por Tupã. Muito falado e pouco conhecido esta coisa horrível de nome Capelobo nunca morre por si. A morte não os quer, nem outros felinos os atacam, muitos passam por uma metarmorfose animal, muito lenta tornando-se ainda pior, criam asas de morcego, no corpo criam cascas, escamas ou carapaças como quelônios, ficam mais curtos, criam aguilhões na ponta do rabo e parecem com serpentes ou dragões. Moram o tempo todo nas locas de pedras em muitos casos numa altura que não saem de lá mais parecem enrigecidos, duros, enrrugados, não conseguindo mais se locomover. Outros cantam como galos, mas são serpentes terríveis. Nós, e titular deste Blogger já conhecemos um morro cujo nome é Morro do Cantagalo bem próximo a uma aldeia muito antiga por causa de um desses monstros que ali morava. Mas já fazem mais de 40 anos que não se ouve mais o seu canto. Deve ter sido morto ou desapareceu do lugar. Cada vez que olhamos para o morro lembramos desta fera encantada por muitos anos. Felizmente não existe mais!


SÃO HISTÓRIAS E CONTOS DE CAÇADORES QUE CABOCLOS CONTAM PARA OS OUTROS
MAIS UM CONTO PARA ENRIQUECER O NOSSO FOLCLORE QUE É DIA 22 DE AGOSTO.  
“COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES” ANASTACIO, MS 16/08/2015    

A LENDA DOS DOIS COMPADRES.

                      


Conta-se que um caçador muito malvado com os bichos na mata quando caçava, muitas vezes matava um pobre bicho só para mostrar que atirava bem. Principalmente em macacos e bugios, quando ouvia o ronco deste último lá na ponta da serra dizia: Este camarada que está moendo lá na mata, um dia vai ter comigo quando o encontrar. Todos nós os caboclos sertanejos conhecemos o bugio e suas artimanhas, é um animal que só desce dos galhos para beber agua e nada mais, é muito perseguido por onças onde tem, é um macaco grande e preto. As fêmeas são de cor amareladas, pardas como os macacos comuns. Ás vezes encontramos os de pelagem ruiva em outras regiões deste País. Andam na mata sempre em numero de três, duas fêmeas e um macho, ou dois machos e uma fêmea, quando assim são o casal e mais um filhote. Ou o casal e mais uma filhota. A mamãe bugia carrega o filhote nas costas, é semelhante ao gambá e outros marsupiais. Roncam no alvorecer do dia até lá pelas nove horas da manhã, principalmente em épocas que o tempo muda, quando estão adivinhando chuvas no período e o vento norte sopra prenunciando-a. É mais lento do que o macaco, anda a cata de frutas para comer, sempre na ponta dos angicos, aroeira, jatobá e ipê que são arvores altas, onde tem muitos cipós de alto abaixo envolto nos troncos, aqueles cipós enrolados se chama zambueira, nome dado pelos caboclos e índios, isso na prevenção dos predadores a onça no caso. Uma curiosidade nos machos, ele tem um osso na garganta em forma de um copo de boca para cima, bem saliente a gente vê por fora embaixo do queixo de forma pontiaguda assim como um copo descartável ou copinho de sorvetes vazio, com a ponta para baixo. Ali é que produz o som rouco e alto quando ronca, é um ruído forte e que é ouvido á léguas de distância, além de estar na ponta das arvores o vento tange o som para muito longe. É divertido até, nós os caboclos acostumamos com seu hábito e até sentimos falta deles nas manhãs primaveril quando não roncam. Quando percebe que nós estamos olhando-o a família se acomoda num só galho, ficam ali quietinhos, quando se sentem incomodados com nossa presença, o macho “Caga” uma berdelé podre numa das mãos e atira o cocô na gente lá de cima, se lhe acertar aquela bosta, aquilo queima a nossa pele, e até vira ferida se não cuidar, tamanho é o seu ardor, parece agua quente. Ele urina também, não fique embaixo deles. Por isso temos o cuidado de ficar longe de seu alcance. É um animal pacifico. Somente os índios que o matam para comer! Já vimos isso. Dá remorso matar o bicho, parece gente, os gestos e olhares, mimicas, modo de sentar nos galhos é igual crianças trepadas em goiabeiras ou mangueiras. Nesta história deste animai o personagem principal é o caçador que andando e caçando na mata encontrou dois bugios machos e uma fêmea com um filhote ainda pequeno nas costas e amamentando-o. Malvado como dissemos no inicio desta, ele quis matar a fêmea e pegar o filhote, mas deu errado seus planos, a fêmea foi baleada por ele mas não caiu com o filhote, ficando segura no galho e estendendo  um dos braços na direção do macho para que este tomasse conta e cuidasse do filhote porque sentiu que ia morrer. Um dos machos correu rápido para ela e recebeu em suas costas o filhotinho, este ficou grudado como se estivesse com sua mãe. O pai cuidaria dele pois ficara órfão de mãe. Logo ela sucumbiu, caiu lá de cima e o caçador ficou sem graça com a atitude dos bichos, não esperava aquilo dos animais. Aquele gesto de amor materno com sua família, e o cuidado dos que escaparam de sua crueldade. Ficou olhando para os bichos como que sentindo remorso pelo que fizera. Mas já tinha feito! Só que ele nunca imaginou que os dois bugios eram compadres, um deles era padrinho do filhote do outro. Kkkkkkkkkkkkkkk. Um dos bugios disse ao outro, falando como gente: Já que a comadre morreu. Então compadre Manoel Inácio, vamos escorregar e descer até lá embaixo. Vamos pegar este malvado e ver se ele prova que é bem macho! Nisto o caçador largou a espingarda e saiu numa desabalada carreira mato afora, e os dois bugios no seu encalço pega-não-pega até saiu da mata todo cagado de tanto medo que passou. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

HISTÓRIAS DE CAÇADORES PARA O NOSSO FOLCLORE EM 22DE AGOSTO 2.015
POSTAMOS EM NOSSO BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

ANASTÁCIO, MS 16/08/2015.


A “VISAGEM” E O VELHO CAÇADOR “SEU”QUINTINO


Numa tarde dessas o”Seu”Quintino, um antigo morador da fazenda “Buracão” nas proximidades da mata assombrada, do lado de cá da cordilheira  numa furna e hábil caçador e “Esperador” de caças nas matas da furna, muito famoso e admirado por suas façanhas, coragem e feitos notáveis resolveu ir esperar uma caça naquela tarde de sexta-feira, não importava o que saísse, fosse anta, veado, caititu, ou outro bicho qualquer que descesse do alto da serra para a furna, onde a mata era fechada, fresquinha, bonita e sombria, tinha um córrego e muitas fruteiras onde os bichos se fartavam de comerem. Lugar excelente, ponto de uma estratégia que não falhava, as caças caiam mesmo em suas artimanhas, sabia esperar com uma técnica invejável, um hábil, engenhoso profissional nesta arte. O homem entendia mesmo do assunto. Como sabemos que o mês de Agosto costuma ser um período do ano que as pastagens e a alimentação dos animais escasseiam muito, e a estiagem ás vezes se estende por mais uns dias até o mês de Setembro que quando o ano é bom, chove logo no inicio do mês e ai toda a relva, mata, campos e cerrados reverdece dando uma nova forma de vida á tudo. Mas enquanto isso não acontece, e a chuvarada demora, os bichos procuram as furnas onde sempre tem o que comer, por ter quase de todas as frutas e raízes que os animais e aves silvestres se alimentam. Eram umas três e meia da tarde! O velho caçador dissera a sua esposa: Conceição, estou com um palpite de matar um bicho esta tarde, faz dias que não caço e nem espero, por estar muito ocupado na roça. Mas hoje roubei um tempinho e da roça subi lá e vi, como tão saindo, descendo a serra, e indo para a furninha, vou buscar um bicho para nós. Hoje é meu dia! Trago uma caça nem que seja de arrasto pelo rabo, kkkkkkkkk. Deixa disso Quintino, retrucou a esposa! Hoje não é dia de caçar e muito menos esperar, deixe os bichos em paz, além de ser o mês de Agosto, o dia de hoje da semana costuma ser aziago, impróprio para isso. Em muitos casos as caças nem saem com a frequência como você está pensando. Elas tem o seu dono, e as leis que obedecem. As caças e as matas tem certos dias que são misteriosas e muita gente que caça não sabe. É bom ter cuidados! Que nada mulher, vou te mostrar que mato elas qualquer dia da semana, comigo não tem nada disso! Caça não tem querer lá na furninha estão saindo de dia, tem muita fruta caindo, o chão está forrado e pisoteado delas, andam famintas, passei por lá e vi! O carreiro está poido, e fundo de tão batido de tudo que é bicho. Vou matar o que sair primeiro, pegou a cartucheira de dois canos, o sapicuá de munição, uma cabacinha de agua e o facão. E foi todo garboso. De fato o carreiro de descida que passava por uma garganta da serra parecia corredor de gado, porque de um lado e de outro era um paredão enorme de alto, a bicharada tinha que passar só por ali naquele desfiladeiro. Chegando lá no lugar que achou ideal, viu um pé de Pateiro que tinha galhos frondosos e bem ocultos por suas folhagens e que davam sombra bem no carreiro, trepando numa forquilha com um terceiro braço e se acomodou lá em cima, era um antigo jirau, o vento leve que tangia as folhagens da mata era suave e abanava do alto do morro para a furna. As caças não lhe sentiriam, ficou quietinho lá no alto. Não demorou muito lá vinha dois veados, um pequeno na frente e outro grande mais atrás. Como caçadores são gulosos, pensou consigo: Este grandão tá no papo, deixou o pequeno passar embaixo do seu jirau, e empunhou a cartucheira engatilhou um dos canos e fez pontaria no veado grande, no capricho. Dormiu na mira, acompanhou o andar do baita bicho, firmou o ponto na volta da paleta, coçou o dedo no gatilho e: TIBUM! A fumaceira da pólvora cobriu tudo, mas a brisa suave dissipou tudo muito rápido. Quintino muito animado e certo de ter abatido o veado pois sempre fora bom atirador tomou um susto que quase caí para trás, ao ver os dois bichos em pé um olhando para o outro, sem ter um arranhão, nem ter caído sequer um fiapo de pelo, e ainda o veadinho pequeno olhou para trás como se procurasse a direção de onde tinha ouvido o estrondo do tiro, falou para o outro: Este tiro acertou em você Tomé? O veado grande respondeu: Em mim não! O veadinho pequeno replicou: Pensei que tivessem atirado em você que tá aí atrás e é grandão. Ah! se te acertam este tiro, veria que dor desgraçada tu ia sentir. O velho Quintino ouvindo a conversa entre os dois pensou consigo: Esperem aí que vou fazê-los calarem a boca. Engatilhou o outro cano da bocuda e mandou ver de novo, errei o primeiro, mas o segundo jamais. TIBUM!!! De novo a fumaça cobriu tudo! O veadinho pequeno deu uma baita gargalhada depois de um salto de lado após o disparo. Perguntou de novo: E este outro tiro lhe pegou Tomé? Também não me acertou! O veadinho olhou para cima e viu o velho Quintino da cor de uma flor de algodão de pálido e tremendo de tanto medo e susto. Nunca ouvira falar dum negocio deste. Caiu na realidade, sentiu que a ficha caíra, bicho da mata falando igual gente? Viu que era coisa do outro mundo! Deixou a espingarda cair das mãos e em seguida despencou lá de cima do jirau e veio de qualquer jeito até bater no chão. O veadinho gritou para o outro: Pegue esta “Cabra” e vamos dar um couro nele agora. Cerca ele para não descer na furna, Quintino levantou, nem se importou com espingarda, nem capanga de munição nem nada que tinha levado, em pânico, apavorado subiu serra acima rasgando o mato no peito, não houve cipó arranha-gato, nem espinheiros ou cipoal que segurasse o homem. Parou de correr só quando chegou na sua casa com um palmo de língua de fora e as pernas bambas de tanto correr. Chegou a sujar toda a roupa. Kkkkkkkkkk. No dia seguinte voltou lá para buscar a espingarda na companhia de seus dois compadres. Não encontraram nenhum rastro, nem batida de nenhuma caça naquele carreiro e nem embaixo do seu jirau não havia sinal de nenhum bicho e muito menos dos dois veados.  Voltaram arrepiados e dizendo: Isso foi uma “Visagem” compadre! Que assombram caçadores quando perseguem muito as caças em dias nefastos. O senhor teimou com a comadre, olhe aí no que deu! Foi o dia da caça! Era o dia delas! Não era dia do caçador! Nunca mais Quintino caçou, e muito menos esperou caça na furninha!

SÃO HISTÓRIAS E CONTOS DE CAÇADORES QUE CABOCLOS CONTAM PARA OS OUTROS.

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“COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES” ANASTACIO, MS 16/08/2015  

sábado, 8 de agosto de 2015

A CORRENTE DE OURO QUE SUMIU NO TERREIRO.

                               
   
Conta-se que em uma época remota existiu um senhor riquíssimo e de muita astúcia, esperteza mas de certa forma muito mesquinho, para não dizermos avarento. Amava os seus bens com todas as suas forças do entendimento que possuía. Tinha a sua crença, mas era apenas para ser usada como símbolo de prosperidade. Para ele o que valia para uma pessoa tinha que ser seus bens, riqueza, altas fortunas, nada mais o interessava. Trabalhar, trabalhar e ajuntar tesouros, gozar a vida, ser admirado por todos. Adorava os assuntos de como adquirir mais tesouros, exemplos: Falar de garimpos, enterros, jazidas onde extraiam ouro, pedras preciosas, comprava qualquer lugar onde se suspeitava ter tesouros escondidos e era sortudo mesmo. Sua riqueza aumentava como ninguém imaginava. Sentia-se muito feliz assim. Tinha serviçais a sua disposição, pagava-os com uma mesquinhez que só vendo, não desculpava um centavo de ninguém, passe para cá o que é meu dizia sempre assim. Se ele pudesse fazer os trabalhadores trabalharem de graça para ele não hesitava um instante. Suas criações aumentavam, suas lavouras rendiam-lhe muitos frutos enfim, parecia que era muito bem sucedido no que fazia. Ardorosamente trabalhava noite e dia. Não admitia prejuízo nenhum. Parecia um maluco, maluco mesmo, mas por dinheiro amigo! Num certo dia deu serviços para um trabalhador que os prestava á quem precisasse, um braçal como muitos, o serviço era de capina, preparação de uma palhada de roça para plantio, daí uns dias este homem adoeceu, e parou o serviço. Todos os dias ele ia até o galpão do seu serviçal ver se este já estava com saúde para continuar o trabalho, pois precisava do terreno limpo para cultivar porque o tempo não espera ninguém, não levou nem um comprimido para o seu camarada aliviar pelo menos. Vivia lamentando por o serviço estar parado, o homem melhorou e foi lá pedir uns trocados adiantado para comprar remédios, ele disse: Dinheiro amigo? Só quando você terminar a tarefa, antes eu não dou um centavo sequer! Já lhe dei uma parte para iniciar o serviço! O trabalhador voltou triste e sem recursos para tratar da saúde, ficou pensativo sem saber o que fazer. Piorou seu estado de saúde, dali mais uns dias como não tratou da saúde, acabou morrendo, também não aparecendo no serviço desde aquele dia ele, o patrão pensou que o seu camarada tivesse ido embora sem lhe avisar e sem terminar o trabalho combinado. Foi cedinho lá no galpão e tomou um susto ao ver o seu camarada morto na cama. Voltou aborrecido e lamentando, puxa vida, e agora? Pensou consigo: Este peão além de não terminar o serviço ainda morre e me deixa no prejuízo. Perdi o adiantamento que dei a ele, parece que morreu só para não trabalhar para mim. Passou a noite sem dormir só pensando no ocorrido, não pela morte do homem e sim, pelo seu dinheiro que ficou irrecuperável. O jeito é perder mesmo. Consolou-se com estas palavras, sepultaram o individuo e ele ficou se lamentando ainda. Dali a três dias o peão morto parece que ressurgiu, apareceu ao seu patrão em sua forma física, visível, perfeita e com saúde, apresentando-se disse: Vim terminar o serviço que combinamos e pagar-lhe o adiantamento que me deste. Muito alegre ficou o patrão, mesmo sabendo que se tratava de uma coisa nunca vista, sabia que ele era um morto, viu-o na cama duro e moscas assentando sobre o cadáver, mas mesmo assim não se importou, respondeu-lhe pode ir terminar a tarefa, na hora do almoço o senhor vem almoçar, como você veio terminar a tarefa lhe darei comida, assim não perderá tempo em cozinhar, ficou todo feliz, não cabia em si de contente, mas o peão não veio almoçar, ficou por lá mesmo, e na hora de encerrar a jornada diária lá pelas cinco e meia da tarde o patrão olhou lá para a roça e viu o camarada subindo para o lado do cemitério isso durante uns três dias seguidos, sem vir almoçar e só trazia a ferramenta a deixava no galpão ao lado da sede da fazenda de tardezinha e no dia seguinte chegava cedinho e pegava-a e ia para o trabalho, o patrão estranhou a atitude do seu peão, dizendo: Ele não vem almoçar? Onde é que ele come? Aqui não tem pensão e nem ninguém que lhe dê o almoço? Resolveu sondá-lo, viu-o trabalhando, sem que o mesmo lhe visse, voltou e ao entardecer no fim da jornada, viu-o de novo subindo para o lado do cemitério, desapareceu sem que ninguém visse por onde entrou. Desapareceu em meio das catacumbas. O cemitério ficava lá no alto depois do pomar e algumas arvores num descampado, mas nem ligou para isso. No outro dia cedinho viu-o saindo do cemitério e lá vem o homem pegar a ferramenta e avisar que naquele dia terminaria a tarefa, assim que findasse viria para acertar a contas. O patrão já começou a refazer as contas e deixou tudo certinho só para ele assinar o recibo e pronto. No tempo previsto o peão terminou, vindo entregar o serviço ao patrão dizendo: Já terminei a tarefa! Vamos lá para o senhor receber o serviço. Foram os dois, o patrão olhou, vistoriou tudo, e estando certinho e dentro do combinado dirigiram para escritório para ver as contas e o patrão disse: Agora o senhor vai receber seu ganho, sim respondeu o peão, daqui a pouco chegarei lá, vou ali rapidinho, subiu para o lado do cemitério e desapareceu entre os túmulos agora o patrão viu mesmo e constatou a veracidade do que ainda tinha dúvidas. Ficou pensativo, será que este homem está vivo ou morto? Desceu para casa esperou o camarada que nunca mais voltou. Ufa! Suspirou o fazendeiro, se não veio receber? Melhor para mim! No dia seguinte apareceu na fazenda um sujeito esquisito, diferente dos homens normais e com uma corrente dourada reluzente que ofuscava os olhos, de arrasto, igual ás correntes de maquinários diversos, caminhões, tratores etc. Deixou-a no terreiro e foi-se embora. O patrão ficou maravilhado com aquela aparição, nunca tinha visto um negocio daqueles. A corrente brilhava o tempo todo até de noite ela reluzia. No outro dia logo pela manhã, ele levantou e viu a corrente no mesmo lugar. Ficou contemplando aquela coisa bonita no seu terreiro, mas sem saber de onde saiu aquilo, aquela belíssima aparição. Dai a pouco, do nada formou uma ventania com redemoinhos e dentro deles saiu um espectro, uma “Coisa” parecendo humano misturado com bicho com uma cara de raivoso, pegou o patrão de qualquer jeito e amarrou a corrente em sua cintura, nisto aparece no meio do terreiro um buraco na medida da corrente, o espectro colocou a outra ponta da corrente nele e sumiu na ventania, esta acabou como havia surgido, num piscar de olhos. O homem amarrado começou a debater-se, pelejando para sair daquela situação, entrou em pânico, começou a gritar por socorro, todo o povo da fazenda correu para acudi-lo. A cada pequeno espaço de tempo da corrente tilintava um elo no outro e o buraco engolia um deles. De forma que a cada engolida de um elo, a corrente diminuía e o homem se aproximava de ser engolido também pelo mesmo. O povo assombrado com aquilo falava: Nossa! Meu Deus? O que é isso? Mas como aconteceu isso? O que foi patrão? O homem nem respondia de tanto desespero. Gritava e clamava para tudo o que era Santo que ele sabia o nome. O povo ao redor dele se desesperando também por vê-lo assim e sem ter como fazerem nada. Resolveram chamar um padre, foram na cidadezinha e trouxeram-no. O Pároco chegou, olhou aquilo, meditou uns instantes fez uma avaliação daquela situação e concluiu em silêncio. Só Deus pode salvar esta criatura! Fez preces de consolo para todos dali e o homem gritando por socorro, e a cada elo da corrente que sumia maior era o desespero de todos. O padre falou para todos: A última coisa que farei em favor dele é confessá-lo. É uma ordem Divina que nós os padres fazemos ás pessoas. Uma e única oportunidade que as pessoas tem para se arrependerem de seus pecados e maldades para  alcançar o perdão e a misericórdia Divina, pode ser a última hora dele, ninguém sabe o que é isso. Nunca em minha vida vi e nem ouvi falar de uma coisa dessas. Confessou-o da maneira que pode, o homem parecia estar em outro mundo. O pessoal foi saindo um a um para não verem o final daquela “Coisa” esquisita. Coisa de outro mundo com certeza!  Já chegando nos derradeiros  elos ficaram só padre e umas poucas pessoas, até chegou ao último: O homem foi dobrado ao meio, puxado para o centro daquele maldito e apertado buraco em esturros, e sumiu naquele tormento de gritos, naquela agrura, angustia e dores, ninguém nunca mais viu, coisa sinistra que parecia nunca ter fim. Ficaram aí todas as suas riquezas, bens, ostentação, usura, apego ás coisas em demasia, avareza, presunção, ganância, ambição, lamentações e perversidades com os seus semelhantes, suores alheios, fama e tudo o que possuiu em vida. FICOU TUDO PARA A TERRA!  Ele não levou nada! Ela é dona de tudo! Ela nos apresenta quase de tudo, parece que nos dá, mas nunca deu nada, pois simplesmente nos empresta e depois requer tudo de volta, até o nosso corpo físico/matéria, um dia terá que ser devolvido á ela. Para os que creem que temos um espírito plantado no corpo, devem ter um equilíbrio nas aquisições de bens materiais e no usufruto deles, se em excesso tivermos um apego neles, correremos o risco de nossa alma não levitar em direção ao nosso Divino Criador que por direito dele nós o pertencemos. Sejamos desprendidos dos nossos bens. Zelar daquilo que possuímos é uma coisa e se amarrar nelas já é outra. Ficou uma lição de como viver e ser cuidadoso com aquilo que possuímos, deixamos de ambições desmesuradas, cultivemos a moderação, desapego, contentamento com aquilo que Deus nos der para viver.

 UM CONTO TRISTE, MAS VERDADEIRO E REPRODUZIDO POR NOSSO BLOGGER.

“COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”.
ANASTÁCIO MS, 08/08/2015.  


domingo, 2 de agosto de 2015

O PADRE, O SACRISTÃO E O ARRIEIRO

                             
      
Em tempos de outrora, quando não existiam tantas religiões como nos dias de hoje, a única existente era a Católica, tradicional entre os povos antigos. Nesta época existiam os padres capuchinhos, aqueles bem velhinhos, salvo uma ou outra vez que os padres mais moços exerciam a função de catequizar os povos, isto por ocasião das missões redentoristas, era assim: Os padres viajavam pelos sertões levando aos caboclos a palavra Divina, enquanto os capuchinhos não podiam mais viajar devido estar em idade avançada e ter que andar léguas e léguas á cavalo. Numa dessas viagens o Bispo indicou um padre bem moço para aquela missão, esta seria muito longa. O Padre nunca tinha saído da capela para viajar assim, organizou sua comitiva catequizadora, era composta de: Um padre, ele no caso, um sacristão, aquele garotão que auxilia o vigário nas missas, acender as velas, arranjar os santos nos seus devidos lugares, limpar o altar, colocar vinho e as hóstias no cálice, arrumar as flores no altar ir ao confessionário e limpar a poeira na cadeira do padre e ver se tudo estava em ordem para os fiéis se acomodarem para as confissões. Também um voluntário esperto para cuidar da tropa, ele era chamado de arrieiro, uma mula ou burro para que transportasse as cargas de tudo que fosse preciso em duas caixas de couro uma de cada lado do lombo do animal, cargueiro se chama. Ali estavam as roupas pessoais dos três, redes para dormirem, cobertores, agasalhos de frio, vasilhas de cozinha, víveres diversos, produtos de limpeza, asseios, higiene de todos. Rações diversas para os animais caso não tivesse pasto onde pernoitassem, duas cabaças grandes com agua para beberem. Os outros animais seriam a montaria deles três, arreios, e todos os apetrechos para cavalgarem. Normalmente o arrieiro era um negro, um descendente de africano, mestiço por ser mais obediente ao seu senhor. Este de nosso conto era um baita, e atendia por “Negão”. Também era quem mais trabalhava, teria que cuidar dos animais, na pousada, sem importar onde quer que  estivessem, teria que dar banho na tropa, dar pasto, cuidar para nenhum animal escapar da corda á noite nos lugares estranhos. Seria um desastre se isso acontecesse. O padre se limitava de somente se preocupar com o que iria falar ao povo, nada mais, o sacristão já falamos, então viajaram na madrugada seguinte. Lá se foram todos felizes da vida, conhecer lugarejos diferentes, pessoas, coisas e o que não conheciam. Viajaram o dia todo no entardecer chegaram num vilarejo, foram bem recebidos, eram esperados sim, pois um batedor com um mês de antecedência tinha passado e avisado todo o povo em toda a rota que o padre faria naquele ano. Cada um no seu oficio, os visitados arrumaram lugar para todos pernoitarem e logo começarem a missão determinada. A capelinha local já estava limpa, adornada e os fiéis ansiosos para o inicio das missões. Nesta altura o sacristão só ajudou o padre a recepcionar os fiéis. Ali permaneceram uns três dias, celebraram missas, fizeram batizados das crianças, catecismo para os maiorzinhos, casaram os adultos que ainda não tinha recebido este sacramento, organizaram quermesses, festinhas catequizando o povo dali. Depois viajaram de novo para outro lugar. Sucessivamente durante um mês foi assim a jornada. Já tinham passado por vários lugares quando numa tarde chegaram num lugar onde ficariam mais tempo até descansarem as montarias e eles também. Final de semana, festividades com a sua chegada, dia santo de guarda, os povos das circunvizinhanças vieram receber uma benção. Muita alegria enfim descansados! Para saírem deu um que fazer! Os povos não queriam que fossem tão já, mas era preciso irem, tinham mais cristãos que os esperavam em outras paragens, e lugares mais difíceis de chegar, a missão deles não terminaria ali. Ao saírem ganharam muitos presentes, viveres, lembranças dos moradores do lugar e até um frango assado no capricho, pois a próxima parada seria num lugar ermo, tinha uma cabana na beira de um riacho, o lugar apropriado para os caminhantes e viajantes pousarem. Despediram do povo, agradeceram os presentes e tudo o que ganharam. A viagem era longa, seria o dia inteiro sem muita parada para não chegarem de noite. O Padre todo feliz com o sucesso das missões e da viagem até ali. Maravilhado com o frango assado que o chamaram de “Capão” e uma garrafa de vinho especial, doces e mais coisas. Seria o jantar de todos quando chegassem ao ponto de pousada. Tomarem banho, descansar da fadiga daquele dia, prosear um pouco com o sacristão e o negro arrieiro. Depois jantarem o “Capão” assado, o pobre do negro foi terminar a sua tarefa lá pelas nove da noite. Desencilhar os animais, dar agua, dar banho, dar pasto, amarrá-los num lugar seguro e ainda vigiar a noite. Desarrumou as cargas, tirou esteiras para dormirem no chão, roupas para os companheiros vestirem após o banho, só depois sentar em trepeças que carregavam no cargueiro, eram seus bancos. Agasalhar as bruacas e caixas num lugar no canto da cabana. O arrieiro quase teve um desmaio, quando viu os companheiros se agasalhando para dormir sem jantarem o “Capão”. Perguntou: Não vamos jantar vigário? Estou com uma fome de lobo, viajamos o dia inteiro sem comer nada. Não jantaremos o “Capão” hoje amigo. Fica para amanhã, pela manhã antes de prosseguirmos a viagem dissera o vigário. Ainda tem mais uma acrescentou o padre, quem de nós tiver o sonho mais belo esta noite comerá a parte principal do “Capão” primeiro, depois os outros dois. Trate de dormir e sonhar bonito. O pobre negro quase chorou, mas nada retrucou ao seu senhor. Deitou-se desconsolado, a barriga roncando, de quando em quando levantava indo ver se a tropa estava bem, voltava e deitava. Nada de sono, o padre e o sacristão eram acostumados jejuarem, fome para eles não era problema, mas e o negro que não jejuava de modo nenhum, nunca aceitava isso, também  pudera, trabalhar como um maluco e ainda ter jejuar? Não dá! Não jejuava mesmo. Numa hora daquelas vendo os companheiros roncando teve uma ideia: Esperem aí, seus dois folgados, disse baixinho com seus botões: Também tenho vez! Saiu de fininho e foi na caixa, pegando o “Capão”, a garrafa de vinho, foi lá na beira do regato, acendeu uma vela para clarear e sentou numa pedra, comeu sem cerimônia todo o frango, tomou o vinho, depois bateu na pança e disse: Agora sim, agora dá para dormir! Kkkkkkkkkkkk. Ferrou no sono e quando amanheceu o dia saiu para cuidar da tropa e retirar umas coisas, e guardar outras no cargueiro para continuar a viagem, não deu demonstração de nada. Estava encilhando os animais quando o padre o chamou. Venha cá Negão! Sente ai e vamos contar os sonhos. Eu contarei primeiro, depois o sacristão, o derradeiro será você. Combinado? Disse aos companheiros: Ouçam com atenção! Eu sonhei que celebrava uma missa lá no reino Céus, Santos e Anjos só vendo o tanto, como tinha, todos felizes ao assistirem a nossa missa. Nunca vi coisa mais linda, e não pode haver em lugar nenhum um sonho mais belo que este meu. Louco para comer a maior parte do “Capão”. O sacristão não perdeu tempo, completando a frase do padre, é pura verdade Negão! Eu estava lá também servindo o senhor, não foi vigário? Nossa, que sonhos lindos estes nossos! Não há igual! O vigário pensou consigo: Este meu assistente é demais esperto pelo seu tamanho, terei que dividir o “Capão” com ele. E você amigo arrieiro? O que sonhou? Pergunta o padre. O negro sempre reverente, tirando o chapéu da cabeça, segurou-o com uma das mãos e passou a outra no queixo, cofiou a barba, olhando para o chão, pensou um pouco e disse: No meu sonho, vi a hora que o reverendo e você subiram para o céu, logo imaginei: Fiquei sozinho na terra, pensei comigo: Terminou as missões! Que pena! Estes dois jamais voltarão! Porque quem vai para o Céu nunca mais volta na terra, além de não precisar comer nada daqui, porque o Senhor Deus os alimentam! Não é assim que o senhor fala nos seus sermões e nos ensina? Eu sendo o arrieiro, não sou padre nem sacristão, acordei, levantei, tomei o vinho e comi o Capão sozinho. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.



SÃO CONTOS QUE O CABOCLO SERTANEJO INVENTA PARA DIVERTIR OS OUTROS.
“COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

ANASTÁCIO, MS 29/07/2015   

O PINTO, A RAPOSA E O CÃO!

                               
                    
Recentemente enxotados pela mamãe galinha um bando de pintos já grandinhos estavam no monturo ciscando esgravatando lixo a procura de insetos e minhocas, apesar do convívio do grupo ser bom, harmonioso, e muito unidos, um deles resolveu sair mais longe sozinho e aventurando. Afastou-se dos demais feliz da vida em poder viver a primeira aventura, e já distante do fundo do quintal onde nasceu, lá ficou o galinheiro, o cocho d’agua, a vasilha de quirera, as crianças, o papagaio, o gato, os cães e ainda os cuidados que a dona tinham com o grupo de pintinhos. Este queria conhecer melhor as coisas da vida, outros animais, e a natureza enfim. Assim que atravessou um pequeno capão de mato nos fundos da casa donde morava ficou maravilhado vendo tantos pássaros cantando, mas na sua inocência ele nem imaginava que um gavião pudesse lhe pegar, quando pequenino ainda a mamãe cuidava de tudo, vigiava-os, avisando dos perigos, não conhecia nenhum predador, corujões, cobras jiboia, gato-do-mato, iraras, lobos, lagartos e jaguatiricas além de outros. O tolinho estava distraído, absorto em admirar tudo á sua volta saiu numa pequena clareira quando de repente deparou com uma raposa sentada espreitando-o. Esta com uma cara amistosa, alegre lhe pergunta: O que fazes aqui, amigo pintinho? Ele respondeu meio trêmulo do susto que levou ao ver aquele enorme cachorro diferente dos demais que conhecia: Estou catando e vendo as coisas que lá em casa não tem. Nossa, disse a raposa! Então, bom-dia “Comido”. “Comido? Porque Comido? Porque me chamou assim? Nunca ouvi isso? Nem esse nome? Quem sois vós? Oras, diz a raposa, é muito simples, vou lhe explicar: Eu sou a dona raposa. Meu alimento predileto são as aves. Você é um pinto novo, gordinho, sozinho num lugar deste, indefeso e eu com uma fome de rachar, pois não jantei ontem. O que achas que vai acontecer? Vou comê-lo e é pra já! Só está nos dois aqui mesmo! O pinto tremeu mais ainda, e sentiu que estava perdido mesmo. Mas foi muito inteligente, e rápido com um argumento convincente. Pera aí, eu acho que está enganada dona raposa! Não estou só, estou bem acompanhado e tu não sabes. Um grande cão me vigia enquanto cato, é meu amigão desde pequeno. Mentira sua, raiou a raposa, cadê ele? Me mostre ele pra mim acreditar! O pintinho apontou para uma moita, há alguns metros dos dois e disse: Ele está ali cagando! Ele não demora nada para fazer seu “serviço”, esqueceu que vocês e todos os canídeos não usam folhas de mato  para se limparem? Se esfregam no chão e já saem correndo? Basta eu dar dois “Piaus” ele vem correndo me socorrer. Quer ver? “PIAU” a raposa não esperou o segundo. Sumiu no mato, e o pintinho:  Qui Qui Qui   Qui Qui Qui,  rindo muito foi-se embora  para não mais voltar ali.

HISTÓRIAS PARA AS CRIANÇAS DIVERTIREM
“COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

ANASTÁCIO MS 01/08/2014