quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O MOÇO QUE SOFRIA DOR D’OLHOS.

                                      


      
Ao longo da história da humanidade sempre existiu pessoas símplices de coração, aquelas que creem em quase tudo que os outros falam sem saber se a fonte da informação é, ou não verdadeira. Até parecem ser trouxa dos outros, as vezes pouca convivência com os demais, poucas instruções da vida, quase nem andaram pelo mundo afora, outros não tiveram oportunidades de lidar com as pessoas mais instruídas, mas é simplicidade em alto grau! Há também o outro lado que são aquelas adiantadas em demasia, pensam serem donas do mundo e saberem de tudo, andaram iguais notícias ruins e acham que as outras pessoas foram criadas dentro do ôco de um coqueiro sem nada conhecerem. Sempre houve os dois lados, um da verdade e o outro da mentira. As pessoas de um modo geral usam os dois, de acordo com suas malícias, ocasiões ou interesses. Depende muito da situação de alguns no momento, estes são de seriedade ou de deboches, caçoadores, zombeteiros ou de gozação com o seu próximo, aquele tipo de gaiatos, desocupados, brincalhões, pilhériantes, até falto de respeito etc.. Sabe nestes botecos isolados da cidade, vilarejo ou corrotelas? Aqueles comerciozinhos ralés que ficam nas pontas de ruas, onde se ajuntam todo tipo de cachaceiros, vadios, morrem-andando e outros mais. Tem outros melhorzinhos nas beiras de estradas que demandam colônias e assentamentos ou uma região isolada e muito longe da cidade. Sempre há pessoas que montam um boteco para a sua atividade, ganham a vida e prestigio, ás vezes é um ótimo ponto de informações para os viajantes que vem de outras localidades, tais como: andarilhos, passageiros, boiadeiros, tropeiros, que até fazem uma parada nestes pontos. Nada mais é do que um boteco que se vende de tudo, em um passado não muito remoto, existiam muitos deles para tudo que era canto que a gente viajava, parecia ser um ponto de parada obrigatório. O botequeiro é sempre uma pessoa muito comunicativa, alegre e que sabe lidar com tudo que é tipo de pessoas. Muitos destes lugares com o correr dos tempos se tornaram vilas, e até cidades pequenas. Aquele botequeiro fora um pioneiro daquelas paragens que progrediram muito. Num destes botecos tomamos o seu como exemplo, aconteceu algo que a gente até admirou no final deste conto. Chegou um sujeito num dia de tardezinha no tal boteco para comprar algo que estava precisando, como sempre, o lugar bem frequentado, e independente do horário e da data, sem levar em conta se era meio de semana ou domingo, feriados ou dia Santo de guarda, o rapaz estava com um chapéu de palha de abas largas cobrindo os olhos, estava sempre olhando para baixo evitando a luz do sol e o clarão do dia, chegando cumprimentou a todos os presentes sem levantar o olhar ao botequeiro, este ficou incomodado com sua atitude, pois todos nestes lugares olham diretamente no rosto dos demais. Teve a audácia e curiosidade de perguntar: Porque o senhor não levanta as vistas? Acaso aqui tem alguém que o senhor não gosta? És foragido da justiça e está com medo de ser identificado? Afinal o que há contigo? O moço respondeu: Nada disso meu amigo, eu estou com as vistas que nem posso olhar direto á alguém, me dói muito, estou com dor d’olhos, os meus estão inflamados que nem sei como ainda estou andando. Mas preciso! Dor d’olhos para os que não sabem é: Uma inflamação nos olhos conhecida nos dias atuais por Conjuntivite. Então o senhor me desculpa, justificou o botequeiro! Nisto um gaiato que estava de um lado intrometeu na conversa dizendo: Isto não é nada amigo, sei de um remédio que cura isto muito rápido. Qual é? Perguntou o doente interessado. Mas o gaiato estava de brincadeira com o infeliz, aquele tipo que ri da desgraça alheia, embaixo de um deboche silencioso, escondendo o riso mas, louco para rir alto, porque os olhos do homem estavam todo ramelados, escorrendo prurido, foi e ensinou: Passe pimenta malagueta que sara ligeiro. Os demais presentes ficaram quietos. Ninguém ouvira falar de um remédio louco desses. Pimenta? Logo malagueta? A qualidade de pimenta de maior ardume que se conhece, e que chega a queimar onde pinga uma gota de seu liquido. Um absurdo! Mas o coitado estava em desespero com aquela dor insuportável, creu na conversa do fulano desconhecido. Disse: Ah! eu vou fazer assim que chegar na minha casa. O outro completou, basta pingar uma só gotícula em cada olho e pronto, estará curado!  Olhem que maldade do gaiato, e a ingenuidade do outro que nem sequer imaginou que era crueldade do estranho.  Era mesmo para judiar do coitado, naquela simplicidade e inocência que parecia uma criança, chegando na sua casa fez o remédio, quase que morre de tanto ardor nos olhos, pois estavam feridos pela inflamação, lacrimou demais até aliviar o ardor, mas a cura foi rápida, no dia seguinte já estava enxergando bem, com dois dias mais nem sentiu mais nada, estava curado mesmo. Feliz da vida continuou a trabalhar, nem lembrou mais da doença que o afligia tanto e nem do gaiato. Muito tempo se passou, anos até! Em outro ponto de boteco um dia ele passou vindo de viagem. Lá se encontrava um senhor sentado num banco embaixo de uma árvore com as vistas baixas, este apeando do cavalo amarrou-o num palanque e curioso vendo o estranho sentado ali. Pensou consigo: Se não estiver bêbado, está doente! Indagou: O que o senhor tem? Posso ajudá-lo? O outro disse: Estou com dor d’olhos, estou passando mal há dias, não houve remédio que me curasse até agora, já nem sei o que fazer mais. O viajante se lembrou de alguns anos passados quando estivera assim, lembrou-se da pimenta malagueta que o curara naquela ocasião. Com a mesma simplicidade de sempre, disse ao estranho: Estive assim como o senhor está agora, há uns quinze anos passados e num boteco como este, um sujeito me ensinou pingar uma gota em cada olho de caldo de pimenta malagueta, fui curado e até hoje não senti mais nada nas vistas. Imaginem, se ele não sabia deste remédio! Claro que sabia! Porque não o fez? Porque na ocasião queria judiar do outro. Lhe causava medo o que fizera na ocasião! Naquela hora o seu subconsciente fê-lo lembrar de tudo isso: Pensava consigo: Ele não merecia sofrer mais! Agora a moeda mostra o seu outro lado: Desejando a minha cura assim como foi curado! A simplicidade dele voltou á tona: A decisão é minha! Aceito ou não a receita dele? Aquela receita que na verdade era minha! Agora chegou a minha vez de provar! Ouvindo o outro atentamente, levantou-se indo para a casa e fez o remédio. Perdeu as vistas! A gotícula do caldo da pimenta cegou-o por completo. Não enxergou mais dali em diante, ficou sendo guiado por um garoto de seis anos.  E como já sabem. Vamos repetir! Naquele dia, exatos há quinze anos passados fora ele, o gaiato que tinha ensinado aquele remédio louco ao outro, ensinara por malvadeza, por deboches, por gozação com a dor que o coitado sofria, para vê-lo sofrer ainda mais! Mas aquele não lhe reconheceu no momento do reencontro. Enquanto a inocência do primeiro lhe salvou as vistas porque a inocência salva! Mas o castigo também vem, e vem á cavalo! E como recompensa ao segundo por sua maldade ficou cego. Daí nasceu o ditado: “Pimenta no olho dos outros é refresco”.

CONVERSAS DE PEÕES PARA O BLOGGER“COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
CULTURA SERTANEJA QUE DIVERTEM OS MATUTOS EM RODAS DE AMIGOS.

ANASTÁCIO MS 25/12/2015

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

MESTRE MACACO E DONA ONÇA.

               
                            
Mestre macaco sempre se vangloriava quando escapava dos ataques e das artimanhas de dona onça, pois ela sempre foi uma caçadora implacável dos símios. Ele era um dos embaraços na vida dela, pois a desmascarava sempre, em lugar de caçado sempre sobressaia vitorioso, ela anda solitária nas matas, principalmente quando sai para caçar, eles os macacos estão sempre aos bandos. Aos bandos tem uma vantagem sobre ela, se uns não a verem, os outros darão por fé do felino até mesmo pela catinga que ela exala do seu corpo. Ficam espertos ao sentirem o cheiro do perigo lhes rondando. Lá de cima dos galhos é mais fácil para sentir o mau cheiro dela, aquilo sobe no ar. Ela também tem seu forte, sabe onde eles vão beber agua na mata, ás vezes numa poça d’agua, salvo sendo no rio para que eles continuem na vantagem de não ter que ir só num ponto da aguada. Mas para quem é caçador tem o seu dia de sorte, e para quem é caçado, se descuidar terá seu dia nefasto. Foi o que aconteceu numa certa manhã, estavam os macacos num pé de jatobá muito grande e de muitas frutas no ponto de saborearem, cada fruto deste tamanho, era um póc,  póc e póc que não tinha mais fim, quebrando-os nos galhos com facilidade incrível, aquela polpa sequinha, doce que era uma delicia, estavam entretidos na festa e não viram dona onça espreitando-os numa moita embaixo da fruteira, naquela manhã uma brisa suave tangia, ela quietinha que nem piscava os olhos, num instante daqueles bem traiçoeiros, um dos macacos desceu pau abaixo  num cipó, ninguém sabe se ele queria balançar nele, porque os macacos depois de bucho cheio brincam nos cipós igual crianças numa corda dependurada, ou ia descer até no chão para ver alguma coisa, pois são muito curiosos, além de dizerem que os felinos atraem suas presas com um magnetismo que possuem num olhar que é fulminante, como nada percebeu de perigo pois o sentinela estava atento e de quando em quando descia do seu ponto de observação e pegava um fruto e retornava para o seu lugar sempre vigiando os companheiros naquela folia, mas desta vez falhou, de repente surge a dona onça e “Zás” no descuidado, saiu com ele entre os dentes sem machucá-lo, parece que ela só queria pegá-lo mesmo, este gritou como um maluco de tanto desespero, mas nada adiantou, estava pego mesmo. Desta vez a sorte não lhe favoreceu. A macacada esparramou para tudo que foi lado, ninguém veio socorrer o amigo. E agora? Dona onça colocou-o delicadamente no chão e sentou na frente dele e disse: Eu sabia que um dia você caía! Eu não desisto fácil amigo! Agora está no meu domínio, corra agora, quero ver? O macaco fazia pipi e cocô tudo misturado, deu-lhe uma diarreia repentina, nem ele sentia o que estava saindo primeiro. kkkkkkkkkkk, gritava, grunhia, choramingava, rolava no chão como se pedisse clemência ou misericórdia a ela para soltá-lo. A comadre onça lambia os beiços e dizia: Estou sem almoço até agora meu camarada, e te garanto que até amanhã nestas horas ainda estarei arrotando você, está gordinho, eu e minhas filhas estamos famintas, vai ser uma festa quando te levar em casa, lá no oco da figueira, dizendo isto o abocanhou com delicadeza e saiu toda faceira, também pudera não é? Um petisco daquele. Enquanto carregava-o dizia: Duvido muito sair desta, meu compadre! Faz um longo tempo que aguardava esta oportunidade que custou, mas ela chegou! Chegando embaixo da figueira colocou-o no chão e gritou: Filhas venham ver o que a mamãe trouxe para nós! As duas saíram do oco e espantaram ao ver o mico no chão que já nem gritava mais de tanto terror, estava paralisado, todo lambuzado e fedorento, somente esperava a morte. Só pensava uma coisa: Desta vez estou ferrado mesmo. Felino desgraçado, desta vez me grudou! Não sei se vocês os nossos leitores sabem de uma curiosidade sobre a onça: Ela tem um ódio terrível de macacos por terem a forma dos humanos a quem ela odeia até a morte, tem o maior prazer por instinto de atacar os homens e matá-los. Como nos contos de fadas a onça tinha uma cuia grande que quando as meninas eram pequeninas dava-lhes agua para beber. E um velho tacho de ferro que certa vez ela roubara do homem contendo carne em salmoura lá fora no terreiro da casa dele, era a boquinha da noite quando o velho camponês tinha saído e ela com uma fome e atraída pelo cheiro da carne da vaca que recém tinham matado e que no outro dia seria colocada no estaleiro para secar. Dona onça arrastou o tacho por uma das asas, carregou a carne com tacho e tudo para a sua toca na mata. Planejou comer o macaco cozido ou assado no fogo, primeiro ela o meteria no tacho com agua fervente para pelá-lo como os homens fazem com capado gordo. Chamou as meninas e disse-lhes: Venham aqui, vou ensiná-las a pegar bichos como este e ao mesmo tempo dar-lhe uma boa lição, todos os felinos assim como nós, fazem isto quando agarramos uma presa, brincamos muito com ela para depois saborear, dizendo isto pegou o macaco e lançou-o para uma das filhas a Sinhá. Jogue-o para sua irmã a Cuca e esta depois para mim, o infeliz mico parecia uma peteca ou uma bola de pingue e pongue, de garras em garras. O bicho miserável estava todo esfolado, sujo de terra e sem ânimo até para se mover, fizeram esta brincadeira por um bom tempo, as oncinhas adoraram fazerem isto, nisso dona onça se lembrou dos desaforos que este lhe tinha feito em outros tempos, lembra quando me insultava estando trepado nos galhos altos? Ria, debochava da gente e até urinava em mim lá de cima? Vocês todos gritavam, foó, foó, foó e me atiravam frutas fazendo a maior farra? Agora pagará caro teus deboches. Com onça não se brinca, ouviu? Aqui com a gente o buraco é mais embaixo! Vocês os símios são muito inteligentes mas por outro lado são esquecidos, sabem de cór e salteado que: "Na mata que tem onças, macacos não fazem baile" kkkkkkkkkkkk. Descuidou? Esqueceu? "Dançou" O mico só olhava para elas, estava entregue mesmo a triste sorte. Aqui se faz as coisas, aqui se paga, companheiro! Dizendo isto deu uma paradinha na brincadeira. Vou dar uma saidinha rápida, falou ás meninas, vou ver algum tempero para a gente colocar neste safado que já me deu muita raiva, vamos comê-lo bem temperadinho. Nunca me esqueci daquela carne que roubei com o tacho daquele velho sozinho, estava uma delicia de bem temperada. Enquanto saio, vocês cuidem deste fulano, assim: uma vai catar gravetos para acender o fogo, a outra não tira os olhos dele, e muito cuidado, ele é cheio de truques igual os homens. Não facilitem! Acendendo o fogo, coloquem agua da mina no tacho para ferver no fogãozinho entre aquelas duas pedras, por via das dúvidas deixo-o amarrado com estes cipós finos. Cuidem bem que já volto. Depois das instruções dona onça se foi. Lá ficaram os três, um olhando para o outro! Uma oncinha trouxe só dois gravetos, era muito preguiçosa mesmo, a outra brigou: Só isso maninha? A mãe quando vier vai dar bronca na gente, até lá a agua não estará quente, como é que vamos pelar este fulano, ajamos rápido, anda logo! O macaco pensou com seus botões e disse: Não quer que eu as ajude? Sei acender fogo com duas pedras e assoprando o fogo levanta rápido, querem ver? Pensava consigo: É agora ou nunca! Quá, tu sabe de nada "Chico"! Replicou a oncinha! Me solta que lhes mostro, argumentou o símio. Aprendi muita coisa com os homens, fui criado com eles, só depois que fugi para a selva. Vocês felinos de nada sabem a não ser pegar os filhos alheios e comê-los. Sei que eu vou morrer mesmo. As tolas acreditaram no sujeito que é descarado, cara de pau, cínico e mentiroso de natureza, foi e soltaram-no, vamos buscar a lenha disse o mico, uma de vocês fica e a outra vai comigo. Saíram os dois na mata em busca dos gravetos, bem perto dali ele achou um pedaço cerne de aroeira bem na medida de um bom cacete, era o que ele queria, dizendo: Este eu levo, você pega umas folhas secas para o facho. Abrace as folhas o quanto que puder. Siga na frente, a tola da oncinha obedeceu, ele segurou bem o pau e deu uma tremenda cacetada na cabeça dela que ela só tremeu. Gritou para a outra: Venha aqui depressa Sinhá, que sua irmã desmaiou, a outra veio apressada para acudi-la, o macaco disse: Ela está mal, faça respiração boca-a-boca que ela volta a si. A outra abaixou e chorando abraçar a irmã, nisso o macaco pensava: Agora desconto o couro que me deram, aproveitou e deu-lhe uma paulada na nuca, largou o pau ali mesmo e saiu a mil. Deu no pé, subiu numa árvore saiu pulando de galho em galho, de uma árvore para outra, sumiu na mata para nunca mais voltar ali por nada desta vida. De per si ambos, onça e macaco fizeram um juramento. A onça chegou e vendo as filhas mortas prometeu se puder não deixar um macaco vivo de tanto ódio que sentiu dele, homens e macacos são iguais pensou, e este prometeu de jamais comer jatobás. Kkkkkkkkkkkkkkkkk.

FABULAS PARA O BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
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ANASTACIO MS. 15/12/2015

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

NÃO SEI COMO SERÁ, NINGUÉM SABE! MAS UM DIA ACONTECERÁ.


Numa tarde de primavera, no mês de Novembro a fase da lua era antevéspera da cheia, céu limpo sem uma nuvem, os quadrantes dos pontos cardeais estavam da mesma cor, pois é sabido que no nascente sempre é mais claro e o poente é sempre rubro, mesmo sem ter nuvens, os outros dois não colorem o universo. Naquele dia o sol demorou um pouco mais para se por, estava brilhante, parecia estar feliz por sua missão ter sido cumprida desde a criação do universo, deu cinco horas, lá está ele no alto, deu seis, sete, oito e nove horas da noite, ele no mesmo lugar. Parecia estar num lugar nos confins da terra, lá pelo polo norte onde o dia dura 24 horas ou dependurado por uma corda e esperando alguém cortá-la para que caísse, sumisse desaparecendo no horizonte e vindo á noite. Quase ninguém percebeu este fenômeno da natureza. Os ventos não assopravam de nenhum quadrante, tudo quieto, não se via uma folha das arvores e dos jardins se mover. Parece que a natureza aguardava uma ordem superior para agir, o mar calmo, nenhuma ave gorjeiando, anunciando o fim do dia como era de costume. Os animais do campo silenciosos também, os domésticos numa tristeza que a gente percebia. Adivinhavam algo. Os humanos na bagunça de sempre. Correndo de carros para cima e para baixo, outros á pé indo e vindo dos seus serviços.  No fim do dia muitos ficam nos bares bebendo, outros vão para casa, passam no mercado, nos caixas eletrônicos, na lotérica, alguns vão no rio pescar a boquinha da noite, outros no campo de futebol numa pelada, os roceiros chegam da labuta diária, tropeiros e boiadeiros chegando no pouso, outros assistindo o jornal na televisão as mulheres preparando o jantar, as crianças chegando da escola, os estudantes da noite se arrumando para saírem. O comércio diário fechando as portas, as lanchonetes noturnas abrindo as suas para receberem seus fregueses para tomarem lanches, enfim todos ocupados com alguma coisa, raro um ou outro que olha para o céu, ainda mais na cidade que logo a iluminação pública tira-lhe toda a visão noturna deste. Ninguém está preocupado com nada disso. O mundo está girando? Que continue assim! Poucos se lembram de Deus. Os poucos que assim o fazem estão indo para a missa das sete, ou ao culto. Outros vão indo para uma festa de casamento. Ao estádio de futebol ver o final do campeonato, as torcidas se esfolando etc. Os que viajam por terra estão atentos ao trânsito, os marinheiros no convés de suas embarcações, são os mais atentos, porque veem somente as aguas e o céu. Os pilotos das aeronaves quase nada percebem, se orientam pelos instrumentos sofisticados exclusivos para navegação aérea, quando olham para baixo só vê escuridão e as luzes das cidades e nas torres que indicam os perigos para eles. Os cientistas ocupados, os vigilantes do espaço em suas tarefas, uma nação vigiando a outra, pesquisando o universo, fazendo descobertas, vasculhando o espaço e viajando para outro planeta, enfim todo mundo ocupado. De repente o sol se foi, cadê a lua, as estrelas, o clarão normal de fim de tarde? Nada se via a não ser uma escuridão macabra, diferente de todas conhecidas. Os povos da periferia das cidades, os sertanejos lá pelos campos e matos começaram se alarmando, todos assustados vendo aquilo com espanto. Nem dia e nem noite, e agora? Os homens da ciência perceberam por uma coisa, com esta explicação, as telas dos radares escureceram de repente. Não mostraram mais nada.  Suas aparelhagens não detectaram nada no espaço sideral, tudo normal, os aparelhos, as sondas funcionando perfeitamente. Mas foram pegos de surpresa! O Fenômeno foi silencioso demais! Agora sim, começaram, tentando comunicarem-se, todas as nações mesmo que seria dia para uns e noites para outros a escuridão era completa para todos. Para uns custou anoitecer e para os outros estava custando amanhecer o dia. Em todo lugar, nem dia e nem noite. Os povos se alarmaram de uma vez. Desconfiaram ser o tão falado fim do mundo. Foi um reboliço geral, orações, preces, arrependimentos do mal que fizeram. Só se ouvia gritos, aflições, lamentações, desesperos, choros, pedidos de clemencia e perdão de uns para os outros, uma agonia sem fim clamando á Deus por misericórdia e perdão, os poderosos chefes das nações da terra entraram em pânico, esquecendo até de suas riquezas, das guerras, do ódio, das lutas, das discórdias e das pelejas, além das sofisticadas armas de guerras com os soldados nos campos de batalha não responderem mais ao comando de via satélite. Paralisou tudo de repente, como se um poderoso campo magnético que aproximou da terra e travou todo o planeta, nada funcionou a partir daquele momento nada elétrico, mecânico ou eletrônico funcionou mais, nem carros, todas as luzes da terra se apagaram, as aguas dos rios, mares e lagos se aquietaram ante aquele poder imenso. As crateras dos vulcões, os suspiros da terra, foram lacradas, a entrada do oco da terra e suas ramificações com seus habitantes, a civilização da parte ígnea ficaram sem ação lá no fundo. As temíveis feras do reino abissal, monstros marinhos, descomunal, dragões, serpentes gigantescas que ninguém imagina o tamanho e a ferocidades delas e que estão presos lá nas profundezas do oceano, abaixo da concavidade que cobrem o fundo dos mares como se fossem um telhado protegendo as feras, que vivem nas areias que formam o assoalho dos mares formando um vácuo deste reino maléfico e terrível que emergindo das aguas, saindo de lá e invadindo a terra não ficará um ser vivo neste planeta, devorariam tudo em poucas horas. Outros são seres desconhecidos do homem que vigiam as riquezas, guardam os segredos e mistérios do mundo marinho, nas profundezas dos oceanos. Estão presos há milhões de anos por ordem Divina. Nem estas feras tiveram o direito de aniquilar a raça humana criada por Deus, bem que queriam, porque para isso foram criadas pelo maligno, nem os chefes das nações que dominam e ardem em desejo de despejar bombas atômicas sobre os demais mostrando seu poderio nuclear* Deus não permitiu nada disso. Nem mesmo a queda de um meteoro na terra, conforme a ciência prevê para destruir tudo. Nada passa na frente de Deus sem o seu consentimento. Não houve radares, sensores, rastreadores, detectores, ou similares de engenhos fabricados por humanos nesta terra que conseguiram sinalizar algo sobrenatural vindo da parte de Deus para os povos. Cadê os homens chefes de estado, influentes na politica do mundo? Cadê os mandatários do mundo globalizado? Cadê os políticos que passaram a vida inteira articulando entre si uma maneira de cada vez mais dominar e oprimir os mais fracos?  Cadê os seus poderes? Evaporou ou condensou? Há quem duvide, mas Deus existe e é Supremo! Querendo ou não, os humanos são subordinados á tua supremacia. Uns disseram algo enquanto puderam balbuciar alguma coisa, isso não é nada, logo passa, deve ser algum eclipse total, os mais experientes e sábios diziam: É o Juízo Final! Podem crer! Calma gente, espera ao menos mais um pouco, Jesus já aparece para levar a gente para o céu! Gritar por quem? Correr para onde? Esconder em que lugar? Pedir socorro para quem? Não demorou muito: Os humanos também ficaram paralisados em seus lugares. Inertes, estáticos e duros como pedras. A terra tremeu de tanto clamor dos povos, começou a girar em sentido anti-horário, o calor estava aumentando sem explicação para tamanha rapidez!  Não se sabe por quanto tempo ela girou ao avesso, de repente a terra parou de girar de vez, foi sentido apenas pelo cérebro das pessoas enquanto vivas! A escuridão contínua, que horas são? Ninguém sabia! Sabem o que aconteceu? Sabem que horas são? É hora de receber as recompensas pelo que fizemos de bom na terra! É hora do acerto das contas com o Divino Criador, aqui se faz o mal, aqui se paga! Quem para cá veio, terá que voltar! Ninguém aqui é eterno, da terra fomos criados? Para ela retornaremos! Ela deu tudo, mas agora requer tudo de volta. Não foi a segunda vinda de Jesus á esta terra! Foi a terceira e última! Veio para arrebatar os seus escolhidos, já estavam escolhidos, sim isso mesmo! Ele veio numa surdina como fora predito por ele mesmo. A sua segunda vinda se deu do modo como aquele anjo dissera, aquele que apareceu vindo dos céus na hora que Jesus subiu ao Pai, lembram o que disse o anjo? Varões galileus, que estais olhando para o céu? Este Jesus que vedes subir ao pai, da mesma maneira e forma ele voltará. Quem os viu subir senão os seus discípulos, os seus escolhidos, aqueles que conviveram, ouviram e guardaram seus ensinos? São aqueles que ficaram com ele unidos até o fim de sua jornada entre os homens até a sua crucificação. Foram cento e quarenta e poucos que assistiram a sua Ascensão. E da forma que ele partiu foi num corpo espiritual, angelical, Santíssimo e não material a ponto de ser visto e contemplado por todo o olho humano como muitos pensam. Os demais povos do mundo na época estavam todos ocupados em seus afazeres, tal e qual como ele nascera, só os três Reis Magos e os pastores que cuidavam de seus rebanhos foi que viram o sinal de sua chegada, do seu nascimento neste mundo, naquela humilde estrebaria, uma linda estrela que indicou o local do seu nascimento, nas aparições e transfigurações foi sempre assim, já que não estão nem aí para o Divino Mestre. Nem deram por fé também quando este partiu para o seu Pai. Já tinham crucificado ele mesmo, foi noticiado a sua ressureição e subida aos céus. Fazer o que mais? Enquanto o universo estava escuro e o povo assombrado, ele Jesus com os seus Santos apareceram nas alturas, sua luz, seu resplendor de glória iluminaram todos os seus filhos, somente seus filhos aqui presentes, nesta hora seus corpos físicos ante a luz Divina foram desfeitos como por encanto, tomando a mesma natureza de Jesus, o mesmo corpo celeste, angelical e Santíssimo, sendo desfeito o corpo material no ar como uma neve na frente de uma forte luz do sol. Desaparece e ninguém vê para onde foi! Os seus espíritos foram levitando na direção do Mestre agora em corpos angelicais como dissemos. Na forma como são os anjos celestiais. Á todos estes, ele atraiu para junto de si! Seus filhos, sua riqueza, sua honra, o fruto do seu sacrifício na cruz, são aqueles que lutaram na terra até o último instante de suas vidas terrestres. Fiéis, obedientes, dedicados, leais, sinceros, puros, limpos de coração e vencedores do pecado e das injustiças que abominaram a terra. Via-se uma escadaria ligando a porta dos céus com a terra, lá no fim dela de um lado uma mulher com vestes angelicais, azuis claras bordadas com fios de ouro, com uma coroa de ouro na cabeça ostentando uma grande majestade. Esta é a Virgem Maria Santíssima, a mãe de Jesus, Rainha dos céus e mãe de todos os filhos de Deus tanto na terra quanto nos céus. Á esta é que devemos muita gratidão por ter nos dado seu filho Jesus para a nossa salvação. Do outro lado outra senhora vestida do linho branco e o mais puro dos linhos conhecidos, também com uma coroa de doze estrelas na cabeça, as estrelas significam os doze apóstolos de Jesus, portanto é Rainha deles e de seus discípulos, ostentando uma majestade e tendo sob seus pés a lua e o sol, ela tem poder sobre todos os astros e o domínio sobre toda a terra e a natureza, esta é o Consolador prometido por Jesus quando ele partiu daqui da terra, antes de voltar ao Pai deixou a promessa, cumpriu-a na pessoa desta santa. De um lado e outro da escadaria, um corredor formados por anjos perfilados e a postos, com instrumentos de músicas e executando uma melodia em saudação aos salvos que comandados por um senhor de avançada idade, com um semblante alegre e com os cabelinhos alvos como a lã de um lado no inicio da escadaria, este homem é o último profeta que Deus levantou nesta terra para concluir a sua obra de caridade, salvação e redenção iniciada por seu filho Jesus, do outro lado estava Jesus com o cetro do poder em uma das mãos, na sua mais bela aparição de todos os tempos, ambos recebiam todos os salvos indicando-lhes a subida da escadaria para adentrarem o recinto dos céus e serem apresentados ao Pai Celestial em sua glória. Os demais povos que ainda estavam na terra olhando para cima, petrificados naquela escuridão tremenda, não tiveram o direito de ver a aparição de Jesus, e nem participar desta magnifica cerimônia Celestial. Quem amou a luz ficou na luz, quem não amou, ficou onde escolhera: Em outro lugar! São os que não se arrependeram de seus delitos e seus pecados, iniquidades, das injustiças praticadas, das maldades, suas falta de amor ao próximo, ódios, do sangue que derramaram na terra, das feitiçarias, bruxarias, adultérios, e todas as obras más, infrutuosas das trevas, estas os impediram de contemplar a Divina luz. Para os maus anoiteceu e não amanheceu! Para os bons e humildes de coração, não anoiteceu! Mas amanheceu um dia lindo que durará até a eternidade, onde nunca e jamais chegará uma noite. Ficando assim, patente as duas situações dos habitantes da terra: Enquanto a terra é escura de um lado para os povos pecadores, os maus, os falsos profetas e fingidos. Do outro resplandecente para os que foram seus verdadeiros filhos. Quem creu e obedeceu a Jesus como lhes foi ensinado, viram a sua aparição e foram com ele. Os demais, os desobedientes ficaram na escuridão sem ver a sua aparição, esperando ele voltar. Quem creu e praticou boas obras não entrou em Juízo! Quem não creu, nem praticou o bem já foi julgado por suas obras más! Com Deus não se brinca! Mas facilitaram com as trevas! São dois reinos bem distintos um do outro! Chegou o fim de tudo, um tempo tão comentado e esperado pela humanidade. Fechou a oportunidade de salvação para os humanos e as portas do reino do Céu para sempre. De repente o magnetismo desapareceu. Misturou tudo. Agora será executado o Juízo Divino. Por quanto tempo? Só Deus sabe! Sabe-se que a qualquer momento descerá do céu fogo e enxofre para castigar os que desprezaram a Deus e amaram as trevas é o lago de fogo citado no apocalipse. Logo após, um novo fato! No inicio da criação, do nada, Deus fez tudo! Agora na consumação, do tudo ele fará o nada! E se isso acontecer assim? E se for pior? Nós não profetizamos, não adivinhamos isso. É um conto apenas que nós escrevemos! Os contos são contos! É da nossa imaginação. Um dia poderá ser uma realidade, aqui embaixo tudo tem fim, só não sabemos como e nem quando isto se dará! De uma coisa estamos certos, o castigo nas cadeias da escuridão das trevas é milhões de vezes pior do que imaginamos ser. Ai de quem perder a sua salvação! É a pior dor que uma alma sente! É um caso para pensarmos, de onde viemos, onde estamos, e para onde iremos mediante o que fizermos, estamos fazendo e o que poderemos ainda fazer de bom nesta terra, que tem o domínio das trevas, é nua, crua, terrível, pecadora, perversa e má! Porque aqui predomina toda espécie de maldade e a ganância por riquezas, estas ficaram tudo aqui, ninguém levou nada. Foram enganados! Estamos vivendo e lutando num território alheio, inimigo, estranho, e esquisito isto se você pensa como nós. Com muito respeito de nossa parte as crenças ou descrenças e linguagem de cada um, livre arbítrio para todos. Vamos refletir nisso? Boa sorte para todos nós!


UM CONTO QUE SÓ EU CONTO, PARA “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

ANASTÁCIO,MS 1º DE NOVEMBRO DE 2015.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

UMA JORNADA NAS PRADARIAS DA VIDA CABOCLA.

                                  




Num dia desses, nós resolvemos fazer uma viagem pelos caminhos da vida até mesmo por onde já tínhamos passado em outras épocas, os caminhos vistos, e outros talvez numa projeção da nossa mente, alguns que ouvimos contar de suas belezas naturais, dos seus percalços e dificuldades, onde com certeza ainda iríamos passar ao longo da trajetória de nossa vida, lugares incertos, desconhecidos, descobertos e ainda não descobertos por nossa mente que até então foi muito perspicaz, curiosa, criativa, adivinhando, imaginando e calculando as suas dimensões, grandeza, magnitude, lugares que só mesmo uma mente fértil tenta dizer e explicar que existe. O irreal, fictício, o real e o verdadeiro. Uma viagem num mundo desconhecido para que mais tarde e por todos tornasse conhecido, explorado, visto e contemplado com os olhos materiais e espirituais também. Um sonho, uma inspiração, uma enlevação, uma coisa que não tem como a gente explicar melhor. Algo indescritível á nossa faculdade mental. Agora que saímos do mundo das fantasias e entramos no real e concreto vamos conhecer tudo, se bem que isto seja impossível de acontecer. Tentando de todas as formas,e rebuscar em todas as pessoas de todas as idades e eras. Algo impossível de novo. Por mais que isto pareça certo e convicto, nunca daria certo, porque as pessoas variam muito de uma para a outra em termos de conhecimentos e inteligência, desenvoltura, agilidade, altruísmo e cuidadosas em resguardar aquilo que foi adquiriu ao longo da vida em sabedoria e seus segredos. Contar aquilo que sabe ou que tenha aprendido, espalhando com alegria para os mais moços, as crianças e adolescentes, enfim passar a nossa tão bela cultura sertanista de geração em geração. Ela está fadada ao desalento, e ao fracasso ante tantas tolices que a modernidade oferece ao povo. Um mundo ilusionista que ludibria em especial as nossas crianças, que é o nosso futuro. A nossa cultura sertaneja vem aos poucos perdendo o seu brilho, seu fulgor, a sua beleza, sua história, seus encantos e realeza. É uma pena que por conta de uma evolução falsa e mentirosa a gente perde tantas coisas simples e belas de cultivar em nossas vidas, elas nos divertem, alegram a todas as pessoas que dela toma conhecimento. Até um cientista de alto nível, um mestre intelectual, um sábio ou aquele que julga que é, ouvem boquiabertos as histórias caboclas que os matutos contam uns para os outros. Porque ficaram assim? De tanto estudarem as ideias de outrem. Esquecendo-se de exercitar as suas ideias, ficam parecendo um dependente químico, não governam as suas ações. São manipulados como robôs. Há dentre os caboclos sertanejos muitos que sabem apenas assinar o nome, nada mais. Mas as suas historias tem fundamento, elas tem um conteúdo harmonioso, perfeito que parecem um quebra-cabeça bem planejado, estudado, executado nos seus mínimos detalhes, montado que se encaixam com precisão. Aí está a diferença do estudioso e do sábio.  A simplicidade ainda é maior do que muitos adjetivos, muitas qualidades que tentam tomar o seu lugar. A humildade, sabedoria e simplicidade juntas são vindas do alto, o conhecimento sobe da terra, adquire-se nela e é bem vindo á todos nós. Como dissemos no inicio desta narrativa cabocla, na alegre companhia do mensageiro desta nossa página, “O Cavaleiro Solitário” Leopoldo e seu baio o “Corisco”, mais duas montarias e mais uma pessoa, um professor de Histórias e este velho peão da estrada. Cada um com uma tarefa. O Leopoldo conhece todo o País, de Sul a Norte e de Leste á Oeste. Portanto é o nosso guia. O Professor registrando todas as nossas aventuras nos mínimos detalhes. O velho peão com menos conhecimentos que os dois, mas com muita experiência de vida nos seus quase oitenta anos de trechos percorridos no estradão da vida, ante os percalços, as batalhas, as íngremes ladeiras, nas serras, as descidas perigosas com as curvas traiçoeiras, os desvios, os falsos atalhos, calmarias, ventos tempestuosos, mudanças climáticas e repentinas, altas temperaturas, as baixas e muitas outras adversidades que o tempo e a vida nos apresentam quando menos se espera, ele está sempre atento a tudo. Desde a chegada em lugar estranho, observa os pontos cardeais, para depois se acomodarem para o descanso. Duas barracas de campanha, todas as tralhas necessárias para nós e os animais. Partimos de um ponto qualquer desta nação cabocla, percorremos todas as estradas, aldeias, vilarejos, povoados, sítios, chácaras, fazendas, eixos de serras, beira de rios, furnas, garimpos, chapadas, planícies, vales e onde pode existir um caboclo, uma família solitária encrustada no mais ermo dos sertões. Encontramos muitos, de acordo com suas idades estão aposentados, outros ainda em atividades da roça, do campo, carreiros, pescadores, andarilhos, carreteiros, boiadeiros, comitivas, tropeiros porque estes povos ao chegarem no pouso após o jantar na beira de um foguinho, tocam viola, contam histórias de suas aventuras pelo mundo, os “Causos,” os fatos ocorridos, eles cultivam a cultura sertanista com prazer. Outros em um casebre lá num cantinho de uma invernada fazendo aceiros de cercas, aramados ou consertando-os, roçando pastos, invernadas vigiando o gado nas beiras das matas das onças pintadas, cuidando da tropa. Logo mais á noitinha estão reunidos no galpão, sentados ao ar livre contemplando as estrelas, e no firmamento o luar, tomando um chimarrão, um café quentinho nas bocas de noites frias, enrolados num pala, xale ou até mesmo em cobertores. Tem deles que forram no chão, no terreiro um saco de estopa, ou um baixeiro, deitam de papo para cima e ficam vendo as estrelas cadentes mudando de lugar. Outros balançando numa rede de descanso ouvindo e contando também o que sabe. Uma troca de conhecimentos diversos. Ali cada um conta uma passagem de sua vida, as histórias que inventaram, e outras coisas para fazerem as crianças e jovens acharem graça de tudo isso. Uma diversão costumeira, uma obrigação prazerosa até mais tarde. Outros juntos na beirada de uma mesa, vão jogar cartas, brincarem de adivinhações, tudo é valido, tudo é uma cultura que nunca se acaba. Passam de pai para filho. Viajamos muitos meses. Jornada árdua, cansativa em dias quentes, outros dias, ventos vindo do quadrante sul com chuvas frias, ventanias secas do leste, derrubando folhas verdes da vegetação e com poeiras, quando as nossas montarias cansavam a gente ficava até oito dias num lugar até que nós e os animais recobrarmos as forças, seguíamos em frente com muito mais ânimo, coragem e dedicação. Encontramos, conversamos e vivenciamos com pessoas idosas, alguns ainda lúcidos, outros quase nem se lembram de nada. Muitos que nos seriam úteis já haviam falecidos, poetas, repentistas, trovadores etc, tivemos só a lembranças deles que eram pessoas magníficas em sabedoria sertaneja, pena que para estes não há substitutos á altura. A mentalidade dos jovens é muito diferente. Dificilmente um filho herda os dons paternos dessa arte. Andamos muito, viajamos que nem imaginam quanto. Tudo por uma coisa simples como nós, o folclore, esta cultura tão saudável que admiramos tanto, mas com pouco rendimento, os mais sábios nesta arte já se foram, exceto uns dois ou três que conseguimos ler a sua bagagem, mas a história que nós procuramos parece ser única, não conseguimos encontrar em ninguém ou em recanto algum. É muito bela, é notória, é linda demais para muita gente saber. Somente duas pessoas sabiam do conteúdo dela, cada um com uma parte também. Um senhor que há anos partiu vítima de um acidente de máquina pesada. Deixou-nos uma parte, a que ele sabia. A segunda nós sabemos. Por isso estivemos este tempo todo em busca da terceira parte. Fomos para todos os recantos, ribeirinhos, seringais, estâncias, nas margens do Rio Tocantins, e do Rio Amazonas e seus afluentes de ambos os lados.  Na nascente do Rio São Francisco, nas encostas da Serra da Mantiqueira. No interior de todos os estados brasileiros. Mapeamos o País. Fomos aos centros culturais, bibliotecas antigas. Museus do tempo do Império, museus do Exercito, da Marinha e da Aeronáutica e unidades militares das fronteiras com o Paraguai, Bolívia, Argentina, Uruguai, Colômbia, Venezuela, Peru até em presídios, visitamos sua população carcerária. Até então. Nada! A nossa aventura durou um ano e três meses. Resolvemos retornar á nossa casinha que parecia esquecida ante tantas aventuras nesta viagem tão salutar. Não vencemos a batalha, mas também não fomos derrotados. Ganhamos experiência. Fizemos muitas amizades. Trouxemos e deixamos saudades! Conhecemos outras culturas, a de muitas etnias de nativos que até então para nós eram desconhecidos. Conhecemos as variedades dos climas desta Nação. A miscigenação das raças que habitam esta terra de meu Deus! O Brasil! Vimos fartura de tudo, e miséria também, daquelas da gente derramar lágrimas de compaixão. Uma civilização homogênea, animais de todas as espécies. Conhecemos a Pátria da Agua. A Amazônia selvagem, misteriosa, encantadora, fascinante, perigosa até uma espécie de víbora perigosa: A Surucucu Apaga-fogo, nas matas do Pará, antigamente existia muitas nas matas do sul de Minas Gerais divisa com Bahia nos anos 1935. Vimos também um Capelobo! Coisa horrível a sua origem. Passamos três noites em três pousos diferentes, revezando o turno, quase sem dormir vigiando a nossa tropa e os companheiros. Felinos perigosos queriam nos pegar, uma delas, a onça preta, a temível Pantera Negra. Animal mais sensível ao olhar dos humanos, a mais ligeira que conhecemos. Estávamos bem armados e com iluminação de boa qualidade. Saímos vencedores. Vivos, com saúde e contando a história. Os cursos d’agua, saltos e cachoeiras, lagos e peixes de espécie nunca vista. Olha gente acho que não dá, não há espaço suficiente para descrevermos toda a nossa aventura. Paramos por aqui. Tivemos que por em exercício a nossa criatividade para completar a história, conseguimos sim. Ficou muito bela. Chegamos á uma conclusão, vamos conservando a nossa cultura com o conteúdo que temos. Esperamos que surjam nesta geração de pessoas modernas, algum gênio, alguma pessoa ímpar nestes conhecimentos tão raros neste mundo de tanta gente maluca onde até os brinquedos de nossas crianças são eletrônicos. O natural, o belo, a inteligência, e a perspicácia ou agudeza de espírito são esquecidas, foram desativadas ou dadas em troca destas tolices que um esperto inventou, criou, disseminou, contagiou e manchou a mais bela de toda a criação: O Ser humano! O engenho humano! Tudo por causa do dinheiro, como se esta coisa imunda fosse tudo! Até de Deus esqueceram! A terra está pesteada, doentia, enferma, agonizando numa miséria extrema, está vivendo seus últimos dias, mas enquanto existir o Divino Criador, nascerá alguém que o represente aqui na terra em todos os aspectos, mesmo em dias difíceis como estamos vendo. A Vencedora será a qualidade, e nunca a quantidade!

ESTE É O NOSSO SITE “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
DO NOSSO BLOGGER DE: HISTÓRIAS, CONTOS, FÁBULAS E CURIOSIDADES DIVERSAS.
ANASTACIO MS 20/10/2015



AS MARAVILHAS DA NATUREZA- 07

                                            

Nesta oportunidade vamos admirar uma, das centenas dos seres de formas e naturezas diferentes uma das outras: A formiga! A espécie em destaque é a formiga saúva, aquela marrom-avermelhada, muito conhecida por todos nós como: “Cabeçuda,” ”Cargueiras e outros, dependendo das regiões deste País ela ganha apelidos diferentes. Enfim, é uma das espécies mais daninhas que existem. Um horror para os fazendeiros, chacareiros e sitiantes em suas pastagens, roceiros e lavradores em suas plantações. Se bem que existem outras espécies menores, mas os danos que causam e da mesma dimensão desta, são elas: Quem-Quem, Boca de cisco etc. Há lugares que ela é abundante, tem sauveiros para todos os lados, no subsolo formam as cidades, que variam de tamanhos, há regiões de terras vermelhas, terras brancas cujo solo é arenoso elas tomam conta da situação, como se fossem donas da área. Chega a serem tantas as cidades formadas que nem é possível abrirem estradas ou escavações para alguma finalidade. O solo fica frágil, afunda, abate por ser todo vazado por baixo pelos canais delas de uma cidade para outra. Se ararem ou gradearem destroem os canais de suas cidades, mas em pouco tempo elas reconstroem tudo de novo. É uma praga, plantações de algodão, milhos, feijão, pomares, mandiocais, hortaliças, jardins, depósitos de cereais, pastagens do gado, dispensa de mantimentos nas casas que elas descobrem arrasam tudo em pouco tempo. É conhecida como uma das organizações mais perfeitas do mundo. Ali todas trabalham para o bem comum, não há discórdias entre elas, ninguém espera pelo outro, não a tempo á perder, cada um faz sua parte. A formiga tem citações até nas Escrituras Sagrada como símbolo de união e trabalho. A Rainha habita no lugar mais seguro de suas cidades e ninhos, por mais que a gente cava seus “olheiros” para destrui-las, é muito difícil encontrar o reduto da Rainha. É segredo delas! A missão da rainha é proliferar e nada mais.  Elas são organizadas e subdivididas em grupos, cada grupo tem um líder que obedece as ordens superiores, é uma hierarquia, um exército treinado para as lutas da sobrevivência. Há um grupo que são as exploradoras, estas saem em busca de alguma pista para encontrarem mantimentos para a colônia. Elas se dispersam, a gente encontra sempre uma solitária, andando sem pressa, ela está olhando, farejando, observando tudo. As vezes sente o cheiro de alguma planta, roseiras, laranjeiras, mexeriqueiras, depósitos de cereais, paiol etc. Movem as antenas e vai na direção certa de onde está vindo o aroma. Averigua tudo, e volta para o sauveiro com a nova noticia de farturas para o superior. Este recebendo a boa noticia, já convoca um pelotão para irem logo mais á noitinha, das cinco horas da tarde em diante ate ao amanhecer. Se forem arvoredos, roseiras, ou outra planta que tem caule alto, esta primeira turma vão subir no caule e somente cortar, pelam toda a planta. Derriçam todas as folhas e talinhos finos. Trabalham a noite toda. Ao amanhecer voltam para o caseiro sem levar nenhum corte. A sua tarefa é cortar e está terminada. Logo após o primeiro grupo terem começado a cortar, o segundo vai só carregar, nesta altura já outro grupo fez a trilha por onde irão passar com os mantimentos depositando-os lá dentro da cidade, ou espalhando na sua colônia em diversos lugares, pois segundo o conhecimento que nós temos, elas não comem as folhinhas, alimentam-se apenas do cheiro fermentado com a umidade do subsolo, existem também as porteiras, vigiando a entrada contra os intrusos, tem a equipe que limpa a casa, retirando as cascas dos ovos que geraram formigas novas, outro grupo é responsável para a escavação de novos tuneis, aumentando a cidade são para tanto, as construtoras. Quando chove e entra enxurradas no sauveiro, elas se encarregam de reconstruir tudo, no inverno ficam sem atividades fora do caseiro. Está frio! Ninguém sai! Ou saem ali perto do meio-dia enquanto estiver quente, logo se recolhem caso esfrie. Mas no verão trabalham incessantemente, dia e noite! Salvo em época que a atividade solar é muito intensa restringe somente á noite. Se encontrarem alguma companheira morta, carregam-na para dentro da casa. Não pudemos saber o que será feito desta. Isto acontece só quando um enxame de outras espécies, como: Correição preta, vermelha ou a Caiapó, estas por onde passam matam o que estiver na sua passagem, não lhes escapa nada em sua passagem, grilos, aranhas, gafanhotos, sapos, rãs, ratos e até gentes tem que dar-lhes passagem, fazem uma verdadeira limpeza em nossas casas, as saúvas que estiverem trabalhando morrem todas cortadas ao meio, outras sem cabeça ou sem a bunda. Quando chega a época dos içás, ou tanajuras como é conhecidas voarem, nesta altura o formigueiro está lotado e é necessário evacuar um pouco, as cortadeiras saem para fora, limpando  tudo ao redor da entrada para que nada atrapalhe as que voarão. Nesta fase elas ficam agressivas, não permitem que ninguém fique por perto. Atacam a gente. Tudo pronto! De repente sai cada formigona gorda afiando as asas e levantam voo, voando para todas as direções, tão grande é a quantidade que formam um zumbido nos ares. De longe se houve! Uma revoada! Daí a pouco começam a caírem, pois as asas não suportam o peso delas e desintegram caindo por toda parte, as aves aproveitam a fartura dos insetos, outras morrem, e as que sobram perfuram a terra e se alojam naquele buraquinho redondinho que só cabe ela. Ali será futuramente uma nova colônia. Assim é o ciclo de vida delas. Vamos combater estas pestes agora. Dificilmente a inseticida que ministramos para acabar com os sauveiros lhe atinge. A mais eficaz, a formicida tatu, só mata as que passarem sobre ela. O fumacê dos foles antigos, não atinge todas também, não se sabe ao certo porque os canais de ventilação da cidade delas não convergem na direção da rainha. Deve ser outro ramal que não interligam com os demais. É exclusivo a sua comunicação e ventilação com o exterior. Mas com o homem ninguém pode! Ele descobre mesmo, antigamente existiu um tipo de formicida liquida, de nomes: Capanema e HPeama, eram as mais eficazes na destruição dos sauveiros. A gente abre bem a entrada, e com uma lata de 18 litros de agua misturada com o formicida, despejamos tudo de uma vez, a agua vai profundamente levando o formicida sobre ela e que se tornou inflamável após a mistura, risca-se um palito de fósforo em seguida, parece gasolina, o fogo acompanha a inseticida que está sobre a agua indo profundamente. Ouve-se estouros, das panelas de ovos, formigas ainda em larvas e demais são dizimadas. Pronto! Acabou-se tudo, não escapa ninguém! Uma alternativa de destruição dos sauveiros e elaborado por elas mesmas. Nós que somos agricultores e que conhecemos esta técnica nunca nos demos ao luxo de ficar quebrando a cabeça com elas. Plantávamos ao redor da lavoura, muito gergelim, a planta é aromática, elas logo percebem, cortam e carregam tudo o que puderem, enquanto tiver estão cortando e carregando, ficam fartas, mas em pouco tempo as folhinhas em contato com a umidade natural do seio da terra, degeneram desintegram virando um melaço venenoso, fermentou e gera uma química de cheiro forte e intoxicante, impregnando todo o sauveiro.  Pronto! Foi extinto toda a cidade delas, não fica uma sequer, um processo natural que dizima as formigas de uma vez por todas. Dentro em pouco tempo e após as chuvaradas aquele lugar afunda formando buracos no solo. Animais cavalares, carroças, carros caem nas panelas desertas. Há casos que os animais domésticos que passam na carreira quebram as pernas nesses lugares. Carros e carroças atolam nos buracos.

MAIS UMA CURIOSIDADE PARA O ENRIQUECIMENTO DE NOSSA CULTURA SERTANISTA.

PARA O NOSSO BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

ANASTÁCIO,MS 26/10/2015

MAMÃE PATA, SEUS FILHOTES E A RAPOSA.

                             
            
Muito feliz com uma ninhada de ovinhos contendo mais de uma dúzia, uma pata aguardava ansiosamente o dia que seus filhotes fossem descascados. Parece que até ouvia o piar deles dentro dos ovos, mas ainda não era. Ela é que sonhava, o certo é que ainda levaria alguns dias para ouvir o piar da sua nova família. Levantava na hora certa de cima dos ovos, comia alguma coisa, e muito rápido retornava para o seu ninho, olhava sempre um cocho com agua ali na sua frente com uma vontade de vê-los ali nadando, por enquanto era sonhos, mas tão logo seria realidade. Não via a hora, passaram-se os dias e de repente ouviu os primeiros pios dos patinhos descascando. Nossa que alegria! Descascaram todos, uma família linda, quanta emoção, nem cabia em si de contente, agora o pesadelo acabou, novos sonhos brotaram no coração daquela mamãe tão amorosa, queria vê-los crescidinhos e nadando dentro daquele cocho. Muito bem tratados por aquele seu senhor o seu dono, até as galinhas do terreiro ficaram admiradas, diziam: Nossa que família linda! Dona pata ficava vaidosa com os elogios. Era a sensação do terreiro perante as outras aves, angola, perua, as marrecas, as gansas e outras patas, o casal de papagaios lá de cima do rancho, lá na cumieira batia as asas e chamava os patinhos na sua linguagem de “currupaco” até os cães de guarda ficaram felizes, os tempos se passaram e as crianças cresceram, num dia desses parece que o cocho ficara pequeno demais para os patinhos brincarem na agua, a mamãe pata teve uma ideia, quando era selvagem conhecera ali nas redondezas onde morava um corixo, de lá que ela foi trazida para este terreiro e ali fora criada. O seu dono achou-a ainda pequena e a conduziu para sua casa. Acabou de cria-la com carinho e até os dias de hoje se tornou doméstica e nunca sentiu vontade de ir embora. Lembrou-se dele e achou que se as crianças fossem lá se divertiriam melhor, aprenderiam a nadar com mais liberdade. Dava uns 300 metros de distância do fundo do quintal onde moravam. Se bem que as crianças ainda estavam pequenas para andarem tudo isso. Não consultou e nem pediu a opinião de ninguém para esta aventura, nem ao galo ela pediu licença para afastar longe assim do terreiro. Este é o vigia de todo o terreiro, vê tudo e conta para os cães que logo saem em perseguição de algum intruso que queira invadir seus domínios, ou perseguir as aves dali. O seu Osmar tem uma chumbeira para abater os gaviões e outras aves de rapina que queiram atacar as galinhas, para os animais felídeos, raposa, lobinho mão-pelada, gatos do mato, lagartos e tatus que gostam das ninhadas de ovos ou pintinhos ele tem a mesma receita. Os cães e a chumbeira! Ela sabia que era um bocado arriscada esta aventura, quem sabe se não havia alguma coisa espreitando-os.  Resolveu ir assim mesmo, logo no dia seguinte, á noite ela falou para os patinhos da novidade, eles quase nem dormiram direito de tanta emoção por aquele aventura. Logo cedo ali pelas sete horas rumaram para lá, durante o trajeto foi uma maravilha, todo mundo animado, enfim chegaram e já foram entrando n’agua, que delicia de lugar, mamãe na frente e a turma atrás nadando felizes. Desviavam das moitas de aguapés que tinha na superfície do lago. Era tudo festa, quando de repente olharam na margem oposta: Uma baita raposa faminta e sentada na beiradinha da agua olhando-os. Olhem o tamanho do susto! Mamãe pata se alarmou. Nossa e agora! Todo mundo se espantou, foi aquele reboliço. A raposa tentando entrar na agua para pegá-los. Pensava consigo: Hoje vou almoçar diferente. Olha que fartura de carne! A pata abriu as asas protegendo-os avançando escondeu-os no meio dos aguapés. Eles mergulharam e ficaram só com a cabecinha fora  d’agua. A pata disse-lhes fiquem no meio dos aguapés só com a cabecinha de fora enquanto a mamãe vai em nossa casa chamar os cães para a salvar a gente. Ninguém desobedeceu, não davam nem um pio. Ela levantou voo da superfície da agua e foi-se, ganhou altura e de lá de cima olhou, a raposa ficara sem saber onde os patinhos tinham se enfiado. Continuou sentada na margem observando tudo. Enquanto isso os cães por terra e a mamãe pelo ar chegavam. Os cães fizeram um cerco e liquidaram com a dona raposa. A pata aproveitou o tumulto e saiu da agua com os filhos. Terminada a tarefa os cães escoltaram a pata e seus filhotes até em casa. Ela tomou uma sessão de esculacho dos cães e do galo quando chegaram em casa, por haver agido sem pensar nas consequências daquela aventura. Ouviu cabisbaixa, pediu desculpas a todos do terreiro, mas o papagaio não desculpou sem dar-lhe uma chicotada: Bem feito! Pensa que é dona do nariz? Tem que pensar nas crianças, viu dona? kkkkkkkkkkkkkk ela nunca mais desobedeceu ao rei do terreiro.

MAIS UMA FÁBULA PARA O BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

VAMOS ENRIQUECENDO A NOSSA CULTURA SERTANISTA AOS POUCOS.

ANASTÁCIO MS 26/10/2015 

domingo, 30 de agosto de 2015

MARAVILHAS DA NATUREZA- 06 O GAVIÃO-ACAUÃ.



Quase todos nós conhecemos esta ave brasileira de nome Acauã, é uma das espécies de gaviões, ave de rapina que se amestrada pode falar como gente ou papagaio, araras e periquitos, tem a língua grossa e se arredonda-la conseguirá falar corretamente de acordo com a linguagem do seu dono. Tem a voz bonita quando canta. É vista em vários estados, ou todos se não me engano. Seu habitat é nas matas, selvas, campos serrados, em regiões serranas e pantaneiras. Lugares diversos em eixos de serras, ela se alimenta de outras aves pequenas, lebres, ratos, lagartos, calangos, lagartixas raramente ataca as aves domésticas. Sua caça favorita é as serpentes, cobras em geral, a gente conhece bem os hábitos e costumes desta ave divertida até. Anda sempre o casal, o macho que é o cantador e caçador também nas cores preto nas costas e branca no peito. Muito antes das leis que preservam a fauna e a flora brasileira, era favorecida pelos camponêses e fazendeiros que não a matam, ela limpa os campos das cobras que matam os que ela picarem sem que haja soros antiofídicos. Nos meses de: Abril, Maio e Junho, a gente fazia derrubada nas matas para fazermos roças e plantar de um tudo, a vida era de roceiro, camponês, agricultor, lavrador e vai por aí afora. Esta ave caçadora quando a gente colocava fogo na derrubada sempre no finzinho de Agosto, os povos tinham costume de queimar os roçados no dia 24 deste mês, de acordo com a tradição Católica este dia é dia de São Bartolomeu, aquele santo que nos guarda dos perigos do fogo, e também o dia do Vento. Após a queimada os gaviões pardos, e outras espécies ficavam na beirada da mata vendo as demais aves sobrevoando a queimada como que admirados por aquele enorme limpo. Depois de uns dois dias vários animais pequenos passeiam sobre as cinzas, tatus, cutias, lagartos, calangos, cobras, e até animais selvagens e maiores. É aí que os gaviões caçam suas presas,e com a Acauã não é diferente, eles ficam parados no ar peneirando com as asas espiando para baixo ver o que há. Ás vezes durante o fogaréu alguns animais perecem no fogo porque o roçado é grande e eles se encontravam lá no meio da futura roça. Os urubus também acham mortos e fazem a festa. A Acauã fica mais comportada e observando tudo, lá noutra árvore verde ou de galhos secos está a companheira em silêncio e observando tudo, lá bem de tardezinha aparecem as cobras que saem ao anoitecer, e o Acauã macho vê uma lá de cima e fica olhando-a firme, nisto ele hipnotiza-a, sai do galho onde estava pousado e vem como um raio na direção da víbora, esta presta atenção e para de andar. Ficando imóvel. A Acauã finge que vai pegá-la e naquele voô descendo na vertical, da uma rasante e bate com a ponta de uma de suas asas na cara da cobra, esta enfurece e levanta a cabeça, ficando com meia volta do corpo apoiando a cabeça esperando a ave voltar, e ela volta mesmo, desta vez bate com a outra asa na cobra, ela levantou mais a cabeça, agora sim, era o que o Acauã queria, vem de novo e desta vez dá-lhe a asa e a cobra prepara um bote que não chega acontecer. Porque? A sabida da ave engana-a com a ponta da asa, levando um dos pés por traz dela que vai certinho pegar a cobra pelo pescoço sem dar tempo de se enrolar. Pronto! Como um raio a ave apruma o voô para uma árvore ás vezes de galhos secos ou num toco alto, com a cobra dependurada e segura nos pés, pisa no galho e dá uma baita gargalhada de satisfação pelo sucesso da caçada. KauKauKauKau. De longe a gente ouve seu canto. MO CÓ, MO CÓ, MO CÓ! Com uma voz bonita mesmo. Canta por vários minutos, vai mudando as notas do canto até encerrar com: MOKAÓ, MOKAÓ, MOKAÓ, Depois de silenciar, o casal vão jantar sossegados. Passe amanhã embaixo da árvore onde ele esteve com a cobra ontem e verá só a cabeça e as espinhas da cobra no chão. Os caboclos tem o cuidado de não pisarem descalço naquilo.

MAIS UMA CURIOSIDADE PARA O NOSSO FOLCLORE. 22/08
PARA O NOSSO BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

ANASTÁCIO, MS 29/08/2015.

AS CURIOSIDADES DO SACI-PERERÊ


Ainda no mês do nosso folclore, se bem que já no finalzinho dele vamos relembrar deste personagem tão conhecido, tão admirado, tão misterioso quanto os outros da nossa mitologia, Tupi-guarani. Não é relembrar, e sim revelar mais algumas peraltices deste garoto pretinho, da boca grande, olhos saltitantes, baixinho, cheinho de corpo, e de uma perninha só, que anda para todos os lados de nossa terra, em todos os estados brasileiros ele está presente, nos campos, nas invernadas, nas regiões: Serranas e Pantaneiras, nos serrados, nas matas, nos pampas, coxilhas, no agreste, pradarias, beiras de rios em todas as partes onde tem criações de animais diversos: Gado em geral, cabritos, carneiros, e tropas de animais cavalares, muares etc. Fazendas sítios, chácaras, estradas e recantos onde foi muito povoado, fazendas antigas e abandonadas.  Nas noites enluaradas, ele tange a tropa, encerra no piquete, tira um dos cavalos ou burro monta e sai cavalgando pelo corredor ou pátio da fazenda, galopa, troteia e brinca de domar os animais. Trança as crinas, dá um nó bem dado no rabo do cavalo ou égua, ás vezes ele deixa o animal assim para você ver que ele esteve ali naquela noite, dá um trabalho danado para desfazer as tranças que ele fez, de tão bem feita. Vai lá e solta toda a tropa e vai embora no clarear do dia. É o Saci-Pererê! Ele mesmo! Enfim ele anda por toda parte sempre pitando seu charutinho ou seu cachimbinho pulando e assoviando a hora que achar por bem, para ele não tem hora marcada também para fazer suas brincadeiras com quem quer que seja. É sempre disposto para tudo, de bom humor, mas também se precisar está pronto para qualquer desarranjo, seja lá com quem for. Sabe ser valente na hora que precisar. Cuidado, ele não carrega desaforos de ninguém! Temos um conto neste Blogger onde ele deu um “Couro” num fulano. Misterioso que só ele sabe ser, pois surge e desaparece a hora que quiser e em qualquer lugar. Amigável, um companheiro que gosta de acompanhar as pessoas, os viajantes em qualquer hora do dia ou da noite. Ele sabe se alguma onça segue o cavaleiro viajante á noite, avisa-o do perigo que está correndo, ás vezes durante a viagem ele assovia atrás do amigo de uma maneira, assovia de outra na frente do cavaleiro, sabe-se que se ele assoviar pertinho de você, e até nos seus ouvidos, é bom tomar cuidado, fique atento ao menor perigo, e não sabemos como, mas a gente entende a linguagem dele e a sua viagem será muito feliz. Quando você planeja uma viagem parece que ele adivinha, tão logo pegou o animal ele assovia como que diz: Estou te esperando amigo!  Vamos? Não se tem conhecimento que de algum amigo seu, algum vagabundo tenha roubado um de seus animais. Ele não deixa.Quando simpatiza com alguém é muito prestativo. Gosta de ajudar a gente quando nós precisamos de um favor e este está no seu alcance. Mas gosta também de ser gratificado pelo serviço prestado. Se a gente perde um objeto ele ajuda a encontrá-lo, segue assoviando e você vai até que vê o seu objeto perdido, ainda tem mais uma coisa, outra pessoa não acha o que é seu, pelo fato de você ser seu amigo, ele sabe ocultar de outros e mostrar a você. Dê a ele, fumo para seu pito, doces ou um copo de pinga o que ele gosta muito, deixe as coisas numa tronqueira do mangueiro, numa cabeça de toco, em cima de um tronco caído, ele sabe que a sua oferenda é para ele, no outro dia você vai e não encontra o que puseste lá. Ele veio e sorveu tudo com prazer. QuiQuiQui,QuiQuiQui. Sabiam que ele tem uma companheira? Sim, a Sacizinha! Ela é branquinha, cabelinho loiro, de olhinhos azuis diferente dele somente na cor, todos sabem que ele é bem pretinho que até reluz, ela não fuma cachimbo também, mas anda com ele para todo lado e se não quer ir, fica sozinha onde dormem e passam a maior parte do seu tempo, sempre ficam num pau arcado ou árvore caída, sobre um córrego, onde parece uma pinguela na sombra das árvores do riacho ou córrego, deitados ali vendo a agua passar embaixo deles, ou se não tiver o pau sempre há da mesma maneira um emaranhado de cipós que atravessam o curso d’agua por cima. Se aparece alguém de supetão, eles correm para o lado oposto. Não gostam mesmo, quando são observados pelos curiosos,ele tem muito cuidado com ela, até ciúmes, quando alguém a vê e fica admirado com a diferença dos dois na côr. Kkkkkkkkkkkk! Ela é sossegada, gosta de florezinhas silvestres, arranjam para enfeitar seu cabelinho cor de fogo. Tem brinquinhos pequeninos, parecendo missangas, são coloridos, enquanto que os dele são grandes, e de argolas douradas. O gorrinho vermelho só ele que usa, o pente de cabelos que ela usa, é aquela fruta seca do mato parecendo cascas de jaca, outros chamam de pente-de-macaco. Os Sacis gostam de comer frutinhas do mato, azedinhas, Maria-preta, melõezinhos, araçás, mel de abelhas etc. Comem também ovinhos de passarinhos etc. Quando a gente oferece as coisas eles adoram, balas, docinhos, brincos pequeninos de crianças de cor vermelho, esmaltes de cor amarelinha,que é para combinar com seus cabelinhos dourados. Dizem outras lendas que ela gosta de homem preto. Até assovia para eles, FiuFiu! Não sabemos se isto é verdade, porque os outros fatos que contamos são reais. Eles gostam de crianças, as raptam se puderem, houve um fato deste, ele raptou um garotinho ainda pequeno, para brincar com ele, deixando a mãe e o pai malucos de desespero, procurando-o por toda a parte, ninguém dava noticias da criança. Foi um mistério até encontra-lo, alguém mais idoso e conhecedor da região e das artes do Saci, logo imaginou: Aqui tem muito este camarada, ele aprontou mais uma, quer ver? Eu te garanto que o Saci carregou seu filhinho disse aos pais. Vamos na mata, vamos procurá-lo. Imagine o que o negrinho fez, ocultou o menino num lugar que só ele tinha acesso, numa moita de emaranhado de cipós de espinhos que os pais tiveram que cortar de foice a moita para retirar o menino, este por sua vez não tinha um arranhão sequer. Nem formigas e nem mosquitos picaram o menino.Ficaram admirados como ele, o Saci que enfiou a criança naquele lugar impossível. Antes porém, eles  prometeram agradar o Saci e a Sacizinha, pedindo-lhe que lhes devolvesse o menino. Ele atendeu o seu pedido! Seguiram o assovio dele mata adentro até viram a criança, este estava assustadinho, desconhecendo os pais. Com muito custo a criança falou que o Saci brincava com ele, dando-lhe frutinhas para comer. Passou a noite na mata sem ter um nada que lhe tocasse, o Saci cuida bem da criança não deixa nada lhe tocar, afugenta qualquer animal que queira fazer-lhe mal. Sabe como ele faz? Se é de dia e se alguém aproxima de sua toca num oco de pau, ou entre catanas de figueira ou no lugar que ele gosta de ficar que é sempre avizinhado por caseiros de Marimbondos, nichos de mamangava no chão em buracos de tatus, ou outra abelha brava no mesmo oco que ele ocupa, ele vai e assanha as vespas batendo em suas casas, sacudindo os galhos onde os marimbondos tem sua cachopa e estes correm atrás do intruso, este sai debaixo de ferroadas. Enquanto o negrinho da grossas gargalhadas. QUI QUIQUIQUIQUIQUI. Caçadores e cães tem a mesma sorte. Tem raiva de cães, bate neles com um chicote de cipós. Se é de noite ali ao redor nenhum animal aproxima. Ele vigia o tempo todo até ao raiar do dia. Porque ele e a sacizinha só dormem ao meio-dia, um faz cafuné no outro até dormir, um de cada vez, sempre um fica de vigia. Se o tempo é de chuva, e como dissemos acima, entram num oco de pau e lá ficam até a chuvarada passar. Dizem também que em época de muito frio ele fica no meio do gado, na tropa pelo calor do corpo dos animais, podem ver que as reses ou cavalos ficam bem juntinhos, um aquece o outro nas noites de inverno e sentem pouco frio. Se um dia alguém os surpreender e conseguir tirar-lhe o borrete vermelho de sua cabeça, ficará rico, embaixo do boné tem uma pedra de diamante ali guardada, outras histórias dizem que ele sabe onde tem uma mina de ouro ele lhe dará o diamante ou lhe mostrará a mina, para você devolver-lhe o gorro, mas pede segredo. Não conte á ninguém. Se contar, perderá a pedra e o local da mina e você nunca mais achará! QuiQuiQuiQuiQuiQui.

MAIS UM CONTO LENDÁRIO PARA ENRIQUECER O NOSSO FOLCLORE.
ANASTÁCIO, MS 28 DE AGOSTO DE 2015

PARA O NOSSO BLOGGER: “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

sábado, 22 de agosto de 2015

UM DOS CAPELOBOS MAIS TERRÍVEIS

                                          

Nos seringais do Amazonas e Pará trabalhavam vários seringueiros, cada um tinha sua área de atuação demarcada, divisada e dividida em forma de lotes, um para cada pessoa que no caso trabalha solitário. Sozinho no seu acampamento ou barraco. As divisas de cada um lindeiro do outro é apenas um picada ou uma trilha, demarcada por um marco rústico em cada ângulo ou em parte um curso d’agua.  Exemplo a minha área e de dez hectares em quadro. Nós os seringueiros só trabalhamos á noite colhendo o látex. Saímos do barraco ou rancho de folhas de coqueiro já no escurecer, levamos matula, armas até certo ponto muito boa, um facão de mato, um lampião de luz incandescente, antigamente os lampiões eram os Petromax de 500 velas que funcionavam á querosene, a sua luminosidade era tão perfeita e precisa que afugentava qualquer animal noturno de seu clarão, levamos também uma cabaça de agua, bem vestidos e calçados e muito atentos, porque a selva nunca deixa de ser perigosa e surpreendente, a beira de rios também é cheia de surpresas. Só não trabalhamos em tempos de chuvaradas. Entre os seringueiros existe uma senha, por causa de cada um estar solitário no seu rancho que é muito bem feito e seguro. A selva tem muitos animais que vivem em bandos, porcos queixadas, caititus, caboclinhos d’agua na beira dos rios, onças, outros desconhecidos que podem até atacar o acampamento com a gente dentro. Ao sair para o trabalho fazemos um disparo para que o ribombar da arma seja ouvido por todos os demais companheiros espalhados. Ao retornarmos no dia seguinte no amanhecer fazemos o mesmo ao chegarmos no barraco, isto sinaliza que estamos vivos  e que tudo está em ordem. Caso algum não fizer isto, a senha falhando é sinal que alguma coisa aconteceu, um dos companheiros pode ter adoecido ou estar morto, de imediato o mais próximo vai ver e avisa os outros, logo vão ver o que houve de anormal. Serviço muito perigoso e arriscado para todos que nela trabalham, a selva é sempre infestada de perigos e bichos que nem os conhecemos direito, mas a nossa união ameniza a situação. Insetos noturnos e venenosos, cobras, ou serpentes desconhecidas, animais ferozes diversos etc. Certa ocasião dois deles e vizinhos de lote após a semana de trabalho árduo resolveram descansarem na noite de sábado, para no domingo cedo irem dar uma caçada durante o dia. Cedinho saíram para a mata, andaram longe muito longe e nada encontraram, ao chegarem numa clareira um disse ao outro: Você segue nesta direção sempre na esquerda e eu sigo aqui na direita em linha reta, a nossa rota é paralela, se algum bicho fugir de mim dará de cara contigo e mataremos, ou vice-versa. Basta abatermos um, já é suficiente e voltaremos para casa. Combinado, e de quando em quando darei um grito para que saiba onde estou, e você responderá. Tudo acertado lá se foram muito atentos. Apesar de terem andado muito, caça nenhuma viram. Um deles se chamava Tomaz e o outro atendia por Pio, passado um tempo, este derradeiro pensou: Acho que já esta na hora da gente reencontrar, resolveu dar um grito e chamar o companheiro e ver se não estavam muito longe um do outro. Gritou bem alto: Ô Tomaz! Não obteve resposta nenhuma, esperou mais um pouco escutou, e nada! Gritou de novo e mais forte, seu grito ecoou na mata e nada de resposta. Ficou apreensivo, deu mais um grito e escutou muito longe a resposta do companheiro, marcou a direção e rompeu no mato logo adiante repetiu o grito, obteve nova resposta e desta vez bem mais perto, mas estranhou o grito, era rouco, diferente porque ouviu bem: Ô Tomaz! Como resposta. Teve certeza que não era o Tomaz que respondera ou ele estaria brincando consigo, e remendando do mesmo jeito.  Porque Tomaz era ele e não tinha outro. Esperou uns minutos mais e pela quinta vez tentou desfazer aquela que parecia ser brincadeira ou outra coisa séria, esquisita. Deu o grito e teve como resposta o mesmo, teve um pressentimento ruim e sentiu até um pavor com aquela voz feia e agora bem mais perto, pensou: Isto não está certo. Olhou para um arvoredo de caule fino e subiu nele, nem acabou de empoleirar-se ouviu de novo: Ô Tomaz! Agora bem pertinho, calou e ficou encolhido que nem suspirava para não fazer barulho, ouviu algo rasgando os arbustos no mato vindo em sua direção. Permaneceu quieto e o barulho aproximando cada vez mais, os ramos e os arbustos movendo, até que surgiu uma coisa horrenda, um bicho que parecia ser de outro mundo de tão feio e com o seu amigo o Tomaz embaixo do braço, levando-o de arrasto como se dá uma gravata no adversário numa luta. O Tomaz estava Morto! O bicho o pegara! Era uma fera na forma de um crocodilo ou jacaré: Cabeça, mãos, e braços de humano, a boca era de jacaré, olhos saltados e vermelhos, com orelhas em abano, o corpo era cascudo, pernas, pés e rabo igual crocodilos, mas andando em pé como gente, parou apoiado no rabo estendido. O Pio ficou petrificado vendo aquilo, não teve coragem de atirar naquele expectro. O bicho parou, olhou ao redor como que procurando algo, tomou faro mas este não lhe é facultado, gritou: Ô Tomaz! Deu um enorme eco na mata! Olhou para o morto, deu-lhe um piparote na cabeça esmagando-a, retirou os miolos do amigo e comeu-os dizendo: Deste Tomaz, tomara ter mais! Saiu andando mato afora e gritando: Ô Tomaz! O Pio esperou uma hora até que não ouvia aquela voz horrenda. Desceu e foi-se embora, chegou no barraco ainda assombrado, não deu a senha para os outros seringueiros, não atirou. Sem muita demora os vizinhos vieram até ele. Contou-lhes toda a história, e descobriram o porquê do sumiço de alguns companheiros há algum tempo. Seria este monstro que os matou? Com certeza foi ele. Por três dias ninguém arriscou ir trabalhar, foram á cidade trouxeram uma patrulha do exercito com arma especial que na companhia do Pio vasculharam a região gritando sempre: Ô Tomaz! De repente ouviram a resposta da fera, gritaram de novo e bem alto, após terem subido numa árvore. Não demorou muito escutaram novamente a resposta do bicho, vinha repetindo sempre. Ô Tomaz! Chegou no lugar onde  os nossos amigos estavam camuflados na árvore, parou sondou, desconfiou parece que seu instinto feroz lhe avisava que por ali tinha humanos. Um dos patrulheiros fez movimento no galho onde estava e o bicho olhou para cima, vendo-os abriu a bocarra e esturrou! Um dos rapazes que já havia ouvido falar desta fera pensou: É o homem-crocodilo! Apontou a arma bem na rodela do umbigo da fera onde não tinha casca e disparou sem piedade. O monstro deu um salto para cima e caiu, estrebuchando, roncava, e se debatia, logo quietou sem vida. Desceram, olharam admirados daquela coisa esquisita, fotografaram e concluíram: Agora acabou o sumiço dos trabalhadores. Para nossa sorte estas feras quase não proliferam. Era mesmo outra espécie de Capelobo, muito rara mesmo! O Homem-Crocodilo da Amazônia!


CONTOS IMAGINÁRIOS DE CABOCLOS SERTANEJOS PARA O NOSSO FOLCLORE 22/08/2015

NOSSO BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”.
ANASTACIO, MS 18/08/2015

   

O CORVO E A RAPOSA



                                       
Como quase todos sabem, que nas fábulas onde a raposa é mencionada, ela é tida como o mais esperto, matreiro, desconfiado, mentiroso e muito sagaz, mais que todos os demais bichos da mata. Sempre aparece pregando peças nos outros animais. Tem uma lábia que consegue enrascar os outros com suas artimanhas. Desta vez a sua vítima é um Corvo que tinha roubado um pedaço de queijo de uma mulher que os fabricava. Ela havia colocado alguns pedaços numa tábua sobre o seu telhado para secar e depois ralar. O Corvo vendo aquela facilidade, não perdeu tempo, roubou um pedaço e voou para um capão de mato nas proximidades. Quando foi saboreá-lo aparece a dona Raposa atraída pelo cheiro. Logo aplicou uma das suas, na descuidada ave. Viu o Corvo lá num galho alto e fora de seu alcance. Pensou e repensou como faria para lográ-lo. Olhando a ave lá no alto disse: Olá amigo Corvo, há tempos eu queria  encontrá-lo e desta vez deu certo, quero te pedir uma coisa, porque ando muito triste ultimamente. O que é, indagou o Corvo! A Raposa diz: Quero que cante para mim ouvir. Sei que fazes isto com prazer e muito bem, como nenhuma outra ave canora. É muito comentada pelas outras aves a beleza de sua voz. O Corvo apesar de saber que ele nunca foi o que ela dissera sobre sua pessoa, quis delicadamente justificar o engano ou a mentira dela a seu respeito. Não se envaideceu, mas abriu o bico para responder, nisso o pedaço do queijo caiu. Era o que ela esperava, deu certo seu plano, abocanhou-o e saiu na carreira mata adentro deixando o paspalhão sem o almoço e falando sozinho. Ao ver a raposa sair dali com uma pressa danada, sem ao menos dizer tchau, percebeu a tolice que cometera, pensou consigo: Caí no conto daquela vigarista. Quando a raposa acabou de lanchar, lambeu os beiços e disse: Quem rouba ladrão tem cem anos de perdão! kkkkkkkkkk Enquanto existir um trouxa o espertalhão não passa apertado!

ESTA FÁBULA É ANTIGA, NÓS A TRANSCREVEMOS PARA O DIA DO FOLCLORE.

TAMBÉM PARA O NOSSO BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
ANASTÁCIO, MS 18/08/2015.