Ao longo da história da
humanidade sempre existiu pessoas símplices de coração, aquelas que creem em
quase tudo que os outros falam sem saber se a fonte da informação é, ou não
verdadeira. Até parecem ser trouxa dos outros, as vezes pouca convivência com
os demais, poucas instruções da vida, quase nem andaram pelo mundo afora,
outros não tiveram oportunidades de lidar com as pessoas mais instruídas, mas é
simplicidade em alto grau! Há também o outro lado que são aquelas adiantadas em
demasia, pensam serem donas do mundo e saberem de tudo, andaram iguais notícias
ruins e acham que as outras pessoas foram criadas dentro do ôco de um coqueiro
sem nada conhecerem. Sempre houve os dois lados, um da verdade e o outro da
mentira. As pessoas de um modo geral usam os dois, de acordo com suas malícias,
ocasiões ou interesses. Depende muito da situação de alguns no momento, estes
são de seriedade ou de deboches, caçoadores, zombeteiros ou de gozação com o
seu próximo, aquele tipo de gaiatos, desocupados, brincalhões, pilhériantes,
até falto de respeito etc.. Sabe nestes botecos isolados da cidade, vilarejo ou
corrotelas? Aqueles comerciozinhos ralés que ficam nas pontas de ruas, onde se
ajuntam todo tipo de cachaceiros, vadios, morrem-andando e outros mais. Tem
outros melhorzinhos nas beiras de estradas que demandam colônias e
assentamentos ou uma região isolada e muito longe da cidade. Sempre há pessoas
que montam um boteco para a sua atividade, ganham a vida e prestigio, ás vezes
é um ótimo ponto de informações para os viajantes que vem de outras
localidades, tais como: andarilhos, passageiros, boiadeiros, tropeiros, que até
fazem uma parada nestes pontos. Nada mais é do que um boteco que se vende de
tudo, em um passado não muito remoto, existiam muitos deles para tudo que era
canto que a gente viajava, parecia ser um ponto de parada obrigatório. O
botequeiro é sempre uma pessoa muito comunicativa, alegre e que sabe lidar com
tudo que é tipo de pessoas. Muitos destes lugares com o correr dos tempos se
tornaram vilas, e até cidades pequenas. Aquele botequeiro fora um pioneiro
daquelas paragens que progrediram muito. Num destes botecos tomamos o seu como
exemplo, aconteceu algo que a gente até admirou no final deste conto. Chegou um
sujeito num dia de tardezinha no tal boteco para comprar algo que estava
precisando, como sempre, o lugar bem frequentado, e independente do horário e
da data, sem levar em conta se era meio de semana ou domingo, feriados ou dia Santo
de guarda, o rapaz estava com um chapéu de palha de abas largas cobrindo os
olhos, estava sempre olhando para baixo evitando a luz do sol e o clarão do
dia, chegando cumprimentou a todos os presentes sem levantar o olhar ao
botequeiro, este ficou incomodado com sua atitude, pois todos nestes lugares
olham diretamente no rosto dos demais. Teve a audácia e curiosidade de
perguntar: Porque o senhor não levanta as vistas? Acaso aqui tem alguém que o
senhor não gosta? És foragido da justiça e está com medo de ser identificado?
Afinal o que há contigo? O moço respondeu: Nada disso meu amigo, eu estou com
as vistas que nem posso olhar direto á alguém, me dói muito, estou com dor d’olhos,
os meus estão inflamados que nem sei como ainda estou andando. Mas preciso! Dor
d’olhos para os que não sabem é: Uma inflamação nos olhos conhecida nos dias
atuais por Conjuntivite. Então o senhor me desculpa, justificou o botequeiro!
Nisto um gaiato que estava de um lado intrometeu na conversa dizendo: Isto não
é nada amigo, sei de um remédio que cura isto muito rápido. Qual é? Perguntou o
doente interessado. Mas o gaiato estava de brincadeira com o infeliz, aquele
tipo que ri da desgraça alheia, embaixo de um deboche silencioso, escondendo o
riso mas, louco para rir alto, porque os olhos do homem estavam todo ramelados,
escorrendo prurido, foi e ensinou: Passe pimenta malagueta que sara ligeiro. Os
demais presentes ficaram quietos. Ninguém ouvira falar de um remédio louco
desses. Pimenta? Logo malagueta? A qualidade de pimenta de maior ardume que se
conhece, e que chega a queimar onde pinga uma gota de seu liquido. Um absurdo!
Mas o coitado estava em desespero com aquela dor insuportável, creu na conversa
do fulano desconhecido. Disse: Ah! eu vou fazer assim que chegar na minha casa.
O outro completou, basta pingar uma só gotícula em cada olho e pronto, estará
curado! Olhem que maldade do gaiato, e a
ingenuidade do outro que nem sequer imaginou que era crueldade do estranho. Era mesmo para judiar do coitado, naquela
simplicidade e inocência que parecia uma criança, chegando na sua casa fez o
remédio, quase que morre de tanto ardor nos olhos, pois estavam feridos pela
inflamação, lacrimou demais até aliviar o ardor, mas a cura foi rápida, no dia
seguinte já estava enxergando bem, com dois dias mais nem sentiu mais nada,
estava curado mesmo. Feliz da vida continuou a trabalhar, nem lembrou mais da
doença que o afligia tanto e nem do gaiato. Muito tempo se passou, anos até! Em
outro ponto de boteco um dia ele passou vindo de viagem. Lá se encontrava um
senhor sentado num banco embaixo de uma árvore com as vistas baixas, este
apeando do cavalo amarrou-o num palanque e curioso vendo o estranho sentado
ali. Pensou consigo: Se não estiver bêbado, está doente! Indagou: O que o
senhor tem? Posso ajudá-lo? O outro disse: Estou com dor d’olhos, estou
passando mal há dias, não houve remédio que me curasse até agora, já nem sei o
que fazer mais. O viajante se lembrou de alguns anos passados quando estivera
assim, lembrou-se da pimenta malagueta que o curara naquela ocasião. Com a
mesma simplicidade de sempre, disse ao estranho: Estive assim como o senhor
está agora, há uns quinze anos passados e num boteco como este, um sujeito me
ensinou pingar uma gota em cada olho de caldo de pimenta malagueta, fui curado
e até hoje não senti mais nada nas vistas. Imaginem, se ele não sabia deste
remédio! Claro que sabia! Porque não o fez? Porque na ocasião queria judiar do
outro. Lhe causava medo o que fizera na ocasião! Naquela hora o seu
subconsciente fê-lo lembrar de tudo isso: Pensava consigo: Ele não merecia
sofrer mais! Agora a moeda mostra o seu outro lado: Desejando a minha cura
assim como foi curado! A simplicidade dele voltou á tona: A decisão é minha!
Aceito ou não a receita dele? Aquela receita que na verdade era minha! Agora
chegou a minha vez de provar! Ouvindo o outro atentamente, levantou-se indo
para a casa e fez o remédio. Perdeu as vistas! A gotícula do caldo da pimenta cegou-o
por completo. Não enxergou mais dali em diante, ficou sendo guiado por um
garoto de seis anos. E como já sabem.
Vamos repetir! Naquele dia, exatos há quinze anos passados fora ele, o gaiato
que tinha ensinado aquele remédio louco ao outro, ensinara por malvadeza, por
deboches, por gozação com a dor que o coitado sofria, para vê-lo sofrer ainda
mais! Mas aquele não lhe reconheceu no momento do reencontro. Enquanto a
inocência do primeiro lhe salvou as vistas porque a inocência salva! Mas o
castigo também vem, e vem á cavalo! E como recompensa ao segundo por sua
maldade ficou cego. Daí nasceu o ditado: “Pimenta no olho dos outros é
refresco”.
CONVERSAS DE PEÕES PARA O
BLOGGER“COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
CULTURA SERTANEJA QUE
DIVERTEM OS MATUTOS EM RODAS DE AMIGOS.
ANASTÁCIO MS 25/12/2015
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