sexta-feira, 30 de outubro de 2015

MAMÃE PATA, SEUS FILHOTES E A RAPOSA.

                             
            
Muito feliz com uma ninhada de ovinhos contendo mais de uma dúzia, uma pata aguardava ansiosamente o dia que seus filhotes fossem descascados. Parece que até ouvia o piar deles dentro dos ovos, mas ainda não era. Ela é que sonhava, o certo é que ainda levaria alguns dias para ouvir o piar da sua nova família. Levantava na hora certa de cima dos ovos, comia alguma coisa, e muito rápido retornava para o seu ninho, olhava sempre um cocho com agua ali na sua frente com uma vontade de vê-los ali nadando, por enquanto era sonhos, mas tão logo seria realidade. Não via a hora, passaram-se os dias e de repente ouviu os primeiros pios dos patinhos descascando. Nossa que alegria! Descascaram todos, uma família linda, quanta emoção, nem cabia em si de contente, agora o pesadelo acabou, novos sonhos brotaram no coração daquela mamãe tão amorosa, queria vê-los crescidinhos e nadando dentro daquele cocho. Muito bem tratados por aquele seu senhor o seu dono, até as galinhas do terreiro ficaram admiradas, diziam: Nossa que família linda! Dona pata ficava vaidosa com os elogios. Era a sensação do terreiro perante as outras aves, angola, perua, as marrecas, as gansas e outras patas, o casal de papagaios lá de cima do rancho, lá na cumieira batia as asas e chamava os patinhos na sua linguagem de “currupaco” até os cães de guarda ficaram felizes, os tempos se passaram e as crianças cresceram, num dia desses parece que o cocho ficara pequeno demais para os patinhos brincarem na agua, a mamãe pata teve uma ideia, quando era selvagem conhecera ali nas redondezas onde morava um corixo, de lá que ela foi trazida para este terreiro e ali fora criada. O seu dono achou-a ainda pequena e a conduziu para sua casa. Acabou de cria-la com carinho e até os dias de hoje se tornou doméstica e nunca sentiu vontade de ir embora. Lembrou-se dele e achou que se as crianças fossem lá se divertiriam melhor, aprenderiam a nadar com mais liberdade. Dava uns 300 metros de distância do fundo do quintal onde moravam. Se bem que as crianças ainda estavam pequenas para andarem tudo isso. Não consultou e nem pediu a opinião de ninguém para esta aventura, nem ao galo ela pediu licença para afastar longe assim do terreiro. Este é o vigia de todo o terreiro, vê tudo e conta para os cães que logo saem em perseguição de algum intruso que queira invadir seus domínios, ou perseguir as aves dali. O seu Osmar tem uma chumbeira para abater os gaviões e outras aves de rapina que queiram atacar as galinhas, para os animais felídeos, raposa, lobinho mão-pelada, gatos do mato, lagartos e tatus que gostam das ninhadas de ovos ou pintinhos ele tem a mesma receita. Os cães e a chumbeira! Ela sabia que era um bocado arriscada esta aventura, quem sabe se não havia alguma coisa espreitando-os.  Resolveu ir assim mesmo, logo no dia seguinte, á noite ela falou para os patinhos da novidade, eles quase nem dormiram direito de tanta emoção por aquele aventura. Logo cedo ali pelas sete horas rumaram para lá, durante o trajeto foi uma maravilha, todo mundo animado, enfim chegaram e já foram entrando n’agua, que delicia de lugar, mamãe na frente e a turma atrás nadando felizes. Desviavam das moitas de aguapés que tinha na superfície do lago. Era tudo festa, quando de repente olharam na margem oposta: Uma baita raposa faminta e sentada na beiradinha da agua olhando-os. Olhem o tamanho do susto! Mamãe pata se alarmou. Nossa e agora! Todo mundo se espantou, foi aquele reboliço. A raposa tentando entrar na agua para pegá-los. Pensava consigo: Hoje vou almoçar diferente. Olha que fartura de carne! A pata abriu as asas protegendo-os avançando escondeu-os no meio dos aguapés. Eles mergulharam e ficaram só com a cabecinha fora  d’agua. A pata disse-lhes fiquem no meio dos aguapés só com a cabecinha de fora enquanto a mamãe vai em nossa casa chamar os cães para a salvar a gente. Ninguém desobedeceu, não davam nem um pio. Ela levantou voo da superfície da agua e foi-se, ganhou altura e de lá de cima olhou, a raposa ficara sem saber onde os patinhos tinham se enfiado. Continuou sentada na margem observando tudo. Enquanto isso os cães por terra e a mamãe pelo ar chegavam. Os cães fizeram um cerco e liquidaram com a dona raposa. A pata aproveitou o tumulto e saiu da agua com os filhos. Terminada a tarefa os cães escoltaram a pata e seus filhotes até em casa. Ela tomou uma sessão de esculacho dos cães e do galo quando chegaram em casa, por haver agido sem pensar nas consequências daquela aventura. Ouviu cabisbaixa, pediu desculpas a todos do terreiro, mas o papagaio não desculpou sem dar-lhe uma chicotada: Bem feito! Pensa que é dona do nariz? Tem que pensar nas crianças, viu dona? kkkkkkkkkkkkkk ela nunca mais desobedeceu ao rei do terreiro.

MAIS UMA FÁBULA PARA O BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

VAMOS ENRIQUECENDO A NOSSA CULTURA SERTANISTA AOS POUCOS.

ANASTÁCIO MS 26/10/2015 

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