Muito feliz com uma
ninhada de ovinhos contendo mais de uma dúzia, uma pata aguardava ansiosamente
o dia que seus filhotes fossem descascados. Parece que até ouvia o piar deles
dentro dos ovos, mas ainda não era. Ela é que sonhava, o certo é que ainda
levaria alguns dias para ouvir o piar da sua nova família. Levantava na hora
certa de cima dos ovos, comia alguma coisa, e muito rápido retornava para o seu
ninho, olhava sempre um cocho com agua ali na sua frente com uma vontade de vê-los
ali nadando, por enquanto era sonhos, mas tão logo seria realidade. Não via a
hora, passaram-se os dias e de repente ouviu os primeiros pios dos patinhos
descascando. Nossa que alegria! Descascaram todos, uma família linda, quanta
emoção, nem cabia em si de contente, agora o pesadelo acabou, novos sonhos
brotaram no coração daquela mamãe tão amorosa, queria vê-los crescidinhos e
nadando dentro daquele cocho. Muito bem tratados por aquele seu senhor o seu dono,
até as galinhas do terreiro ficaram admiradas, diziam: Nossa que família linda!
Dona pata ficava vaidosa com os elogios. Era a sensação do terreiro perante as
outras aves, angola, perua, as marrecas, as gansas e outras patas, o casal de
papagaios lá de cima do rancho, lá na cumieira batia as asas e chamava os
patinhos na sua linguagem de “currupaco” até os cães de guarda ficaram felizes,
os tempos se passaram e as crianças cresceram, num dia desses parece que o
cocho ficara pequeno demais para os patinhos brincarem na agua, a mamãe pata
teve uma ideia, quando era selvagem conhecera ali nas redondezas onde morava um
corixo, de lá que ela foi trazida para este terreiro e ali fora criada. O seu
dono achou-a ainda pequena e a conduziu para sua casa. Acabou de cria-la com
carinho e até os dias de hoje se tornou doméstica e nunca sentiu vontade de ir
embora. Lembrou-se dele e achou que se as crianças fossem lá se divertiriam
melhor, aprenderiam a nadar com mais liberdade. Dava uns 300 metros de
distância do fundo do quintal onde moravam. Se bem que as crianças ainda
estavam pequenas para andarem tudo isso. Não consultou e nem pediu a opinião de
ninguém para esta aventura, nem ao galo ela pediu licença para afastar longe
assim do terreiro. Este é o vigia de todo o terreiro, vê tudo e conta para os
cães que logo saem em perseguição de algum intruso que queira invadir seus
domínios, ou perseguir as aves dali. O seu Osmar tem uma chumbeira para abater
os gaviões e outras aves de rapina que queiram atacar as galinhas, para os
animais felídeos, raposa, lobinho mão-pelada, gatos do mato, lagartos e tatus
que gostam das ninhadas de ovos ou pintinhos ele tem a mesma receita. Os cães e
a chumbeira! Ela sabia que era um bocado arriscada esta aventura, quem sabe se
não havia alguma coisa espreitando-os.
Resolveu ir assim mesmo, logo no dia seguinte, á noite ela falou para os
patinhos da novidade, eles quase nem dormiram direito de tanta emoção por
aquele aventura. Logo cedo ali pelas sete horas rumaram para lá, durante o
trajeto foi uma maravilha, todo mundo animado, enfim chegaram e já foram
entrando n’agua, que delicia de lugar, mamãe na frente e a turma atrás nadando
felizes. Desviavam das moitas de aguapés que tinha na superfície do lago. Era
tudo festa, quando de repente olharam na margem oposta: Uma baita raposa
faminta e sentada na beiradinha da agua olhando-os. Olhem o tamanho do susto!
Mamãe pata se alarmou. Nossa e agora! Todo mundo se espantou, foi aquele
reboliço. A raposa tentando entrar na agua para pegá-los. Pensava consigo: Hoje
vou almoçar diferente. Olha que fartura de carne! A pata abriu as asas protegendo-os
avançando escondeu-os no meio dos aguapés. Eles mergulharam e ficaram só com a
cabecinha fora d’agua. A pata disse-lhes
fiquem no meio dos aguapés só com a cabecinha de fora enquanto a mamãe vai em
nossa casa chamar os cães para a salvar a gente. Ninguém desobedeceu, não davam
nem um pio. Ela levantou voo da superfície da agua e foi-se, ganhou altura e de
lá de cima olhou, a raposa ficara sem saber onde os patinhos tinham se enfiado.
Continuou sentada na margem observando tudo. Enquanto isso os cães por terra e
a mamãe pelo ar chegavam. Os cães fizeram um cerco e liquidaram com a dona
raposa. A pata aproveitou o tumulto e saiu da agua com os filhos. Terminada a
tarefa os cães escoltaram a pata e seus filhotes até em casa. Ela tomou uma
sessão de esculacho dos cães e do galo quando chegaram em casa, por haver agido
sem pensar nas consequências daquela aventura. Ouviu cabisbaixa, pediu
desculpas a todos do terreiro, mas o papagaio não desculpou sem dar-lhe uma
chicotada: Bem feito! Pensa que é dona do nariz? Tem que pensar nas crianças,
viu dona? kkkkkkkkkkkkkk ela nunca mais desobedeceu ao rei do terreiro.
MAIS UMA FÁBULA PARA O
BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
VAMOS ENRIQUECENDO A NOSSA
CULTURA SERTANISTA AOS POUCOS.
ANASTÁCIO MS 26/10/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário