Conta-se a história de um casal de jovens muito pobres,
recentemente unidos pelo casamento e que viviam muito bem, moravam nos fundos
de uma fazenda, e que o proprietário era um homem muito bom. O casalzinho era
muito simpático, o patrão gostava muito deles. Além dela, a moça ter sido
criada por ele, filha adotiva, tinha um mimo por ela que só vendo. Ele os
ajudava como podia. Como havia pouco serviço para o jovem senhor sustentar a
família do seu labutar que rendia muito pouco, e que vezes por outra, passavam
dificuldades, isto muito os aborrecia. Mas lutavam sempre, mas com pouco
resultado. Resolveu aventurar indo para outros lugares, muito longe dali, em
outras paragens, para ver se conseguiria um ganho melhor. Combinou com a esposa
que ficaria muito tempo longe de casa, talvez meses ou anos, conforme fosse a
sorte que tivesse naquela aventura. Ela
lhe prometeu fidelidade e amor na sua ausência. Ele faria o mesmo. Mesmo sabendo que seria muito sofrida uma
tarefa daquela magnitude. Nenhum dos dois nem imaginava que ela estava no
inicio de uma gravidez, ficara grávida a sua esposa tão amada, naqueles dias
que antecedia sua viagem. Como nenhum dos dois percebeu a situação dela, se
despediram com muito amor, carinho e paixão, ele levava e também deixava
saudades. Viajou por uns dias, feliz com
esperanças de melhoria para a vida, fazia alguns serviços durante a viagem,
arranjava alguns trocados, andou por outras terras, lugares estranhos em outros
estados até que chegou numa fazenda de um senhor já idoso. Pediu serviços
comuns, é o que ele sabia fazer. Pois não tinha profissão nenhuma a não ser de
serviços diversos, e nada mais. O patrão disse ao recebê-lo como um visitante e
dentro do que pudessem combinar, seria novo empregado. Dizendo ao rapaz:
Serviços eu tenho e contrato-o da seguinte forma, eu te dou os serviços, mas só
posso pagar dando-lhe conselhos. Não pagarei de forma diferente. Não é que
conselhos pague ninguém, conselhos nunca foi dinheiro, o caso é que se você
guardá-los, eles valerão muito mais que dinheiro e poderá alcançar fortuna e
muitas felicidades. Se a proposta te servir estamos combinados, caso contrario está
dispensado. Chegaste de viagem está cansado, coma, beba e durma, descanse bem.
Reflita na minha proposta e depois me diga: Sim ou não! Este senhor era um
homem diferente dos demais, muito bondoso, prestativo, servidor e muito humano.
Com o seu jeito de ser, tinha ajudado tanta gente ser feliz. Era um notável
sábio, mas ninguém imaginava que naquela pessoa tão simples, estava um gênio,
não era adivinhador, mas sabia que seus conselhos eram de uma certeza de alguém
que os guardasse, de ser muito bem sucedido na vida. Amava o próximo e queria
só o bem deles. A única coisa que sempre afirmava: Siga meus conselhos, meu
filho que tudo dará certo em tua vida. O rapaz pensou consigo, até amanhã
decidirei com tempo para responder se ficarei ou não. Fique a vontade lhe
dissera o patrão. Descansou a noite e chegou a uma conclusão, já andei tanto
ate agora, quem sabe dará certo, vou arriscar a sorte aqui. No outro dia resolveu
aceitar o trabalho oferecido pelo patrão. Todos gostaram muito dos seus
préstimos, foi muito bem recebido e tratado pela patroa. Nada lhe faltava. Mas achava a forma de pagamento tão esquisita,
nunca ouvira falar daquilo, mas vamos ver, de repente poderá ser bom! Agora no
momento nada mostra, não tem como saber significado nenhum de um negócio deste,
mas quem sabe no futuro! Das duas, uma! Este homem é um maluco? Ou um sábio que
ninguém sabe nada a seu respeito! Vou confiar nele! Trabalhou assim por vinte anos, num dia desses
lembrou que tinha deixado a esposa tão longe, sentiu saudades, pediu para ir
embora, rever a família, ver ao menos como se encontrava depois de tanto tempo
ausente, o patrão aceitou seu pedido. Então hoje você não vai ao serviço,
descanse para amanhã viajar, dissera o patrão. Chamando a esposa o patrão
disse: Maria! Vai cozer um bolo para ele levar como recompensa por tantos tempos
de serviços prestados á nós, prepare apenas a massa, não asse, deixa que farei
o recheio e o resto que faltar. Sem que ela visse abriu a massa e nela colocou
dois quilos de libras esterlinas, ouro puro, maciço dentro, assou e deixou
esfriar. Maria te peço, cozer outro, agora mais completo, este será a matula para ele comer na estrada
durante a viagem de regresso á sua casa. Depois disse ao moço: Vamos acertar então as
contas conforme combinamos? Venha cá, sente-se aqui por favor, me ouça agora:
Eis os conselhos que te dou como pagamento a que tens direito: 1- Este bolo
você não coma sozinho, comerás só com a tua esposa quando chegar na sua casa.
Não o venda, não dê á ninguém e nem troque por nada. Certo? 2-Procure andar
sempre só, não ande acompanhado com ninguém ainda mais se for estranhos.
Companheiros? Nem sempre isso dá certo! Não acompanhe ninguém, e nem faça por
onde ser acompanhado também! 3-Nunca deixe o caminho por mais longo que este
seja por desvios, quero dizer, nunca passe por atalhos. As vezes num atalho
você encontra o que nunca espera. 4- Nunca durma em casa de um homem velho
casado com mulher nova, sempre é muito perigoso. Não confie nem facilite com nenhum dos dois. 5-Nunca
seja curioso a ponto de perguntar tudo o que ver, não sendo da sua conta? Deixe
para lá, vistes? Faça de conta que não viu nada, seja lá onde for, não lhe
interessa e pronto! 6-Não faça nada precipitado antes de ter pensado três vezes,
reflita bem antes fazer qualquer coisa ainda que te pareça esquisita, ou que
pede pressa. Toda pessoa tem um repente que é muito perigoso, vigie o seu!
Acertaram e após receber as instruções do patrão agradeceu-o muito pelos
conselhos reconhecendo-os serem de pessoa muito sábia, despediu da família
agradeceu muito pelo carinho recebido em todos esses anos que conviveram, e
seguiu sua viagem, lá adiante um tropeiro lhe alcançou, perguntou para onde ia,
ele falou, o tropeiro disse: Também vou para aquelas bandas, vamos juntos,
ofereceu-lhe carona num burro selado, mas ele se lembrou do conselho que o
patrão lhe dera! Recusou no ato. Muito
obrigado, disse! O tropeiro disse: Tantos animais bons sem nada para levar e
você ir a pé? Insistiu tanto que ele meio contrariado aceitou, mas de contra gosto,
foram andando e proseando, bem adiante surgiu um desvio pela esquerda, o
tropeiro avançou na frente da tropa, tangendo-a fazendo entrar por ele. O amigo saltou fora da sua
montaria dizendo: Vá sozinho, por que eu não irei por ele, recorda de novo o conselho
de seu patrão. O seu companheiro
tropeiro seguiu sem se importar com ele que não quisera acompanhá-lo, dizia que
este atalho pela serra confluiria com aquela estrada que seguiram juntos até
ali, lá na beira de um córrego. O
tropeiro seguiu pelo atalho serra acima com a sua tropa, lá no alto uma tribo
de índios ferozes o atacou, matando toda sua tropa, escapara das flechas porque
saltou do cavalo sumindo no mato. O nosso amigo que seguiu a pé, assim que
chegou na confluência das estradas á beira do córrego, deparou com o tropeiro
chorando sentado no chão. Sem tropas sem nada, todo esfarrapado de andar no
mato. Perguntou-lhe o que havia acontecido para estar naquela situação, o
tropeiro contou-lhe toda história, seguiram juntos novamente, agora são os dois
á pé. Chegando mais adiante, numa pousada, que era uma passagem onde morava um
velho proprietário daquele ponto, um pequeno vilarejo. Disse o tropeiro: Vamos
pedir pouso ali, único lugar que tem aqui para se dormir aquele velho, que é o
dono é muito amigo meu, conheço-o há muitos anos, sempre pouso ali. Chegaram, sendo
bem recebidos, o velho muito contente chamou-os para dentro da casa. Nosso
amigo viu aquela mulher novinha pensou ser filha do velho, aguardou até que o
ancião disse a mulher: Meu amor? Arrume janta para quatro pessoas, temos
visitas hoje, ela toda sorridente e olhando-os sempre, preparou tudo conforme o
esposo pedira, o nosso viageiro ficou pensativo no conselho, puxa vida! E
agora? Já estou aqui, que farei? Saiu o jantar, jantaram e prosearam um pouco,
ela arrumou o quarto para eles descansarem, se agasalharam todos, o seu companheiro
logo roncou, pois estava muito cansado. Ele não dormiu. Estava muito cismado
com o que vira. Parecia ter maus presságios. O conselho do velho patrão soava
em seus ouvidos, velho casado com mulher nova, eu pousando em casa deles?
Sempre dá errado! Como a casa era de tabuas e com varanda e porão daquelas que
são construídas elevadas do chão sobre uns tocos que servem de alicerces, tinha
uma escada na entrada da varanda, escadas que começam apoiadas no chão e sobe
em degraus dando acesso á porta de entrada. Não conseguia dormir, levantou e
saiu do quarto com as suas coisas, deixando o companheiro só e dormindo, se
enfiou por baixo da escada, deitou ali no chão e ficou observando tudo naquele
silêncio que parecia um cemitério. Todos agasalhados parecendo que dormiam, de
repente chegou um carro, com faróis apagados, só as lanternas acesas, parou lá
distante da casa, o seu ocupante era um padre trajado de batina branca e que
subiu as escadas passando por cima dele sem ao menos imaginar que tinha alguém
sob os teus pés, deu dois toques na porta. Logo a mulher veio na ponta dos pés
abriu e abraçou o vigário se beijaram e começaram a conversar, dizia ela: Hoje
dá para nós matar o velho, tem dois viajantes dormindo ali naquele quarto,
jogaremos a culpa nos dois, assim que o dia amanhecer eu dou o alarme! Dará
certo o plano. Ele deitado no chão e ouvindo tudo, tirou do bolso uma
tesourinha e cortou a bainha da batina do padre que estava solta entre um e
outro degrau da escada e guardou num dos bolsos o recorte tirado, o padre não
viu, quando ele cortou por detrás na batina tirando este pequeno retalho,
estava entretido agarrado na mulherzinha. O velho e o seu companheiro nada ouviram,
ela conversava bem baixinho com o padre, enquanto os dois dormiam pesado.
Entraram os dois para dentro da casa para fazerem o serviço. Mataram o velho
para ficarem juntos. Enquanto isso o viajante pegou suas coisas e saiu de
fininho, pegou a estrada e sumiu deixando o companheiro dormindo. Terminando
tudo o padre sumiu e a mulherzinha só esperou o dia amanhecer e deu o alarme
por todo o vilarejo. Dois viajantes
mataram meu marido nesta noite. Foi aquele reboliço, um deles está aqui, mas o
outro fugiu, dizia a mulher quem será o criminoso? Este aqui, ou o outro que
fugiu, ou os dois, a policia chega revira tudo em busca do assassino,
encontrando o tropeiro dormindo acordou-o a porretadas, cadê seu companheiro?
Inquiriu a autoridade! Não sei, disse o pobre homem que de fato, não sabia de
nada mesmo. Deve ter fugido. Para onde vocês vão? Vamos indo para tal lugar,
explicou o coitado! Mas se ele fugiu, deve ter seguido para lá, vamos atrás
dele, disse a policia, não deve estar longe. Alcançaram o nosso amigo. Pare aí,
você está preso! Matou um homem e agora foge? Entre aqui na viatura. Não! Disse
o rapaz. Não matei ninguém. Se me deixar em paz, explico tudo. Eu sabia que
vocês viriam no meu encalço, a minha procura, pensando ser eu o assassino, mas
não sou! Nem o meu companheiro também! Não me maltratem que contarei o que sei.
Ajudo vocês descobrirem o verdadeiro criminoso! Eu sabia que daria um sururu
este crime premeditado. Foram presos e levados á delegacia para serem
interrogados, eram acusados pela viúva, ele se defendeu como pode, pediu que
não lhe maltratasse, que contaria tudo sobre o crime. Ninguém mais do que eu
sabe como este crime aconteceu, dissera! As autoridades concordaram. O nosso
amigo perguntou ao Delegado: Quantos padres, tem nesse lugarejo? Tem três, respondeu
o doutor! Então o senhor me faz um favor,
disse o rapaz: De trazer aqui na minha presença os três vigários deste lugar.
Com as suas roupas, aquelas que usaram ontem até a meia noite. A mulherzinha
ficou de toda a cor, desajeitada, preocupada, sem saber o que faria com o
viageiro, pensava consigo: Maldito viajante! Estamos perdidos nas garras deste
desgraçado! Seremos descobertos na certa. O rapaz foi atendido na sua petição,
logo chega os padres. Mas trouxeram outras roupas e um deles também desconfiado,
nervoso, tremendo igual vara verde, colocaram as roupas sobre uma mesa, o nosso
amigo viageiro olhou-as de uma a uma e disse: Nenhuma destas é a que usaram
ontem. Podem voltar e buscar que são outras.
A polícia voltou com os padres e trouxeram as ditas cujas. Estendeu-as
sobre a mesa de novo, olhando todas viu que tinha uma que na bainha e na parte
de trás mostrava um corte de tesoura no pano. Separou-a de um lado foi e tirou
um pequeno retalho que tinha no bolso, colocou sobre o corte da batina do padre:
Conferiu o recorte certinho. Todas as autoridades assistiram e viram como fora
exata as provas pela roupa. O viageiro disse: Quem matou o velho foi o dono
desta peça de roupa de comum acordo com a viúva. Agora quem é o dono desta
roupa eu não sei, não o conheço pela fisionomia, os senhores que descubram a
quem pertence esta peça defeituosa, contou o que vira na noite anterior, a
mulher e o padre combinando e planejando a morte do velho marido dela. E que ouvira
tudo em silencio a trama, quietinho que nem suspirava deitado embaixo da
escada. As autoridades logo descobriram,
o padre confessou que fora ele e a esposa do velho os autores do crime. Foram
para a cadeia e os dois foram libertados. Dispensou o companheiro e seguiu só,
lá adiante, já muito longe, pediu pouso numa fazenda, onde o fazendeiro
acolheu-o com muito apreço deu-lhe de comer e descanso. Este cidadão fazendeiro
era um homem muito sistemático, ele não tolerava pessoas bisbilhoteiras,
linguarudas, e fofoqueiras. Se alguém com estas características pedissem-lhe
pouso, ajuda seja como fosse, estaria pronto para servir. Mas se começasse a
perguntar o que não era da conta, mandava os seus jagunços dar-lhe fim. A prova
é que no seu galpão, tinha enorme quantidade de tralhas de campeiros,
boiadeiros, tropeiros e viajantes de toda espécie, arreios, selas, cargueiros,
aperos de prata além de joias diversas e dinheiro que nelas continham. Na
invernada, nos pastos eram tantos animais, burros, cavalos e gado dos tais que
ali morreram por serem especuladores. Guaiacas,
alforges, baldranas e tudo com objetos pessoais, armas, ouro, e muito
dinheiro. Tudo aquilo era para ser dado de presente ao passageiro que fosse
leal, prudente, respeitador da vida alheia e que não fosse bisbilhoteiro, que
certamente existia e que um dia sem dúvidas pousaria em sua casa. Sempre dizia
á esposa, ainda acabo com este bando de linguarudos, porque tenho certeza que
existe gente decente. Convidando o rapaz disse: Vamos entrar e sente-se aqui
perto da mesa. Nela tinha uma caveira humana que ficava de frente para quem
sentasse naquele canto, embalsamada, a dona da casa retirou-a para servir o
jantar. Colocou o manjar, todos jantaram e depois de servidos o patrão
recolocou sobre a mesa aquela cabeça de gente para provocar o rapaz a perguntar,
mexia com ela para todos os lados, o moço nem dava atenção á caveira, não era
da sua conta, por que interessar por aquilo? O rapaz lembrando-se do conselho
não dizia nada. Ficou ali dois dias o fazendeiro continuava a provocá-lo de
todo o modo, mas ele não caiu no golpe. Pernoitou e no dia seguinte logo cedo
disse que queria ir embora, antes dele sair em viagem de volta a sua casa, o
dono da casa tentou segurá-lo por mais tempo para conversarem mais, por ser uma
pessoa delicada, não houve meios, ia viajar mesmo, então o cidadão chamou sua
esposa e disse: Não te falei Francisca que os especuladores e linguarudos
acabaram? Matei-os todos e este rapaz é muito sensato e direito. Este rapaz não
perguntou nada sobre a caveira em cima da mesa. Rapaz me explica agora, porque
você não me especulou em nada? Não me fez pergunta nenhuma, não deu bola para o
que eu fazia com a caveira? Ele disse: Nada disso é da minha conta, não vivo a
vida alheia. Cuido só da minha! O fazendeiro admirado com as respostas dele
disse: Venha comigo, vou lhe mostrar uma coisa. Está vendo isto aqui? Sim
senhor! Estou vendo, respondeu o rapaz. Toda esta tralha e animais que aqui
estão são todas sua. Como recompensa pela sua integridade moral de não
perguntar o que não é da sua conta. Foi embora riquíssimo, foi chegar em sua casa
no fim da noite, já quase madrugada. Deixou os amimais num lugar distante da
casa e chegou na ponta dos pés para ver se a esposa estava sozinha ou não, ainda era a mesma casinha que ele deixara a
esposa morando, entrou pelos fundos abriu a porta e viu no claro da luz da lamparina acesa um
homem de batina deitado ao lado da esposa, ele a reconheceu, mas e aquele
padre? Já se lembrou do padre que o acusara de criminoso e teve uma ira dele,
inda mais ao lado de sua esposa, o ciúme tomou conta de seu coração. Vou
matá-los agora! Não é possível uma coisa dessas? Logo padre com minha esposa?
Lembrou-se da desgraça de que escapara por causa de um vigário! Chego em casa
encontro outro na minha cama com minha esposa! Cresceu-lhe uma fúria tão grande
vendo uma coisa daquelas, mato-os agora mesmo.
Levou a mão no revolver para matá-los. Mas lembrou-se do conselho que
recebera: “Pense três vezes antes de fazer qualquer coisa!” Baixou a arma e ficou
olhando. De repente o padre acordou e disse: Mãe, eu sonhei que meu pai chegava
aqui em casa. Deixe de tolice meu filho! Respondeu ela. Não é bem um sonho, mas
é verdade mesmo mãe, acabei de vê-lo aqui, agorinha mesmo. Ela disse: Filho, o
seu pai faz vinte anos que viajou em busca de recursos para nos e ate agora não
voltou, eu estava gravida de você, nem
eu nem ele sabia que seria pai, você nasceu, dei-te ao fazendeiro que me criou
para batiza-lo, é hoje o teu padrinho, fiquemos compadres criei você sem teu
pai te conhecer, o compadre foi quem te fez estudar, formar-se padre. Está
enganado meu filho. O seu pai nem sabe que você existe, nem eu sabia da gravidez
muito menos ele. Vai dormir que é melhor. Nós nem sabemos se teu pai é vivo ou
morto! Nunca tivemos notícias dele! Não mãe! É verdade, é o meu pai mesmo
afirmou o rapaz! Senti a presença dele agorinha enquanto dormia, não é sonho, é
verdade mesmo! Nesta altura o pai se encheu de amor e dos olhos desceram
lágrimas de tanta felicidade, vira em sua esposa uma Deusa, e não uma esposa
comum. Pois honrara sua ausência deu o alarme para os dois na cama que era ele
mesmo. Tomaram um susto que em poucos
instantes transformou na maior alegria. Deu até uns tiros para cima de tanta
satisfação. Se abraçaram muito, matando saudades, se reconheceram e passaram o resto
da noite em festa, era só alegria, tão alegre ficou que lhe mostrou o bolo que ganhara
como presente e que era para ser
repartido só em família, cedinho ela ia buscar leite no compadre, pediu ao
marido para levar o bolo de presente para sua comadre por ter ajudado tanto
eles na ausência do marido. Ele não queria dar, mas ela insistiu ate que levou.
Deu a comadre e contou-lhe a história do marido que chegara, convidou-os para
irem até sua casa, para abraçarem o compadre, pegou o leite e foi embora. Mas a
comadre que recebeu o bolo, não achou de acordo comê-lo, não quis comer, era já
de muitos dias de viagem, o marido falou, tire a embalagem dele e poremos outra,
devolveremos a comadre, fazendo de conta que é outro bolo que retribuímos a
ela, assim foi feito, foram lá ver o compadre , festejaram, disse a comadre
visitante: Trouxe um bolo para ti em retribuição ao que me deste. Ficaram um
tempo prosearam bastante e foram embora. Quando a esposa foi olhar o presente
dela ao desembrulhar estranhou o bolo, que parecia ser o mesmo e que era de
fato o que havia dado a sua comadre, falou ao marido que ficou mais feliz
ainda, vamos então comê-lo, após ter lembrado que seria só dele com a esposa e
o filho. Cortaram e viram com espanto que era cheio de libras esterlinas, ouro
puro. Somados ao valor da tropa, as tralhas de arreios, armas diversas que as
continha, o dinheiro dos bolsos das baldranas ficaram muito ricos, até mais que
o compadre e padrinho fazendeiro, viveram muito felizes, e sobre o bolo
recheado de libras o marido disse em um refrão popular.
MORAL DA HISTÓRIA: AQUILO QUE É DO HOMEM, LOBO NENHUM COME!
CONTO ESCRITO/ REPRODUZIDO POR
LUIZÃO-O-CHAVES............27/10/2013
ANASTACIO MS
Colaborou neste conto: Rosalvo B. de Souza e Francielle
Chaves Barbosa
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