segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O AMOR QUE NEM O TEMPO CONSEGUIU APAGAR


Conta-se a história de um casal de jovens muito pobres, recentemente unidos pelo casamento e que viviam muito bem, moravam nos fundos de uma fazenda, e que o proprietário era um homem muito bom. O casalzinho era muito simpático, o patrão gostava muito deles. Além dela, a moça ter sido criada por ele, filha adotiva, tinha um mimo por ela que só vendo. Ele os ajudava como podia. Como havia pouco serviço para o jovem senhor sustentar a família do seu labutar que rendia muito pouco, e que vezes por outra, passavam dificuldades, isto muito os aborrecia. Mas lutavam sempre, mas com pouco resultado. Resolveu aventurar indo para outros lugares, muito longe dali, em outras paragens, para ver se conseguiria um ganho melhor. Combinou com a esposa que ficaria muito tempo longe de casa, talvez meses ou anos, conforme fosse a sorte que tivesse naquela aventura.  Ela lhe prometeu fidelidade e amor na sua ausência. Ele faria o mesmo.  Mesmo sabendo que seria muito sofrida uma tarefa daquela magnitude. Nenhum dos dois nem imaginava que ela estava no inicio de uma gravidez, ficara grávida a sua esposa tão amada, naqueles dias que antecedia sua viagem. Como nenhum dos dois percebeu a situação dela, se despediram com muito amor, carinho e paixão, ele levava e também deixava saudades.  Viajou por uns dias, feliz com esperanças de melhoria para a vida, fazia alguns serviços durante a viagem, arranjava alguns trocados, andou por outras terras, lugares estranhos em outros estados até que chegou numa fazenda de um senhor já idoso. Pediu serviços comuns, é o que ele sabia fazer. Pois não tinha profissão nenhuma a não ser de serviços diversos, e nada mais. O patrão disse ao recebê-lo como um visitante e dentro do que pudessem combinar, seria novo empregado. Dizendo ao rapaz: Serviços eu tenho e contrato-o da seguinte forma, eu te dou os serviços, mas só posso pagar dando-lhe conselhos. Não pagarei de forma diferente. Não é que conselhos pague ninguém, conselhos nunca foi dinheiro, o caso é que se você guardá-los, eles valerão muito mais que dinheiro e poderá alcançar fortuna e muitas felicidades. Se a proposta te servir estamos combinados, caso contrario está dispensado. Chegaste de viagem está cansado, coma, beba e durma, descanse bem. Reflita na minha proposta e depois me diga: Sim ou não! Este senhor era um homem diferente dos demais, muito bondoso, prestativo, servidor e muito humano. Com o seu jeito de ser, tinha ajudado tanta gente ser feliz. Era um notável sábio, mas ninguém imaginava que naquela pessoa tão simples, estava um gênio, não era adivinhador, mas sabia que seus conselhos eram de uma certeza de alguém que os guardasse, de ser muito bem sucedido na vida. Amava o próximo e queria só o bem deles. A única coisa que sempre afirmava: Siga meus conselhos, meu filho que tudo dará certo em tua vida. O rapaz pensou consigo, até amanhã decidirei com tempo para responder se ficarei ou não. Fique a vontade lhe dissera o patrão. Descansou a noite e chegou a uma conclusão, já andei tanto ate agora, quem sabe dará certo, vou arriscar a sorte aqui. No outro dia resolveu aceitar o trabalho oferecido pelo patrão. Todos gostaram muito dos seus préstimos, foi muito bem recebido e tratado pela patroa. Nada lhe faltava.  Mas achava a forma de pagamento tão esquisita, nunca ouvira falar daquilo, mas vamos ver, de repente poderá ser bom! Agora no momento nada mostra, não tem como saber significado nenhum de um negócio deste, mas quem sabe no futuro! Das duas, uma! Este homem é um maluco? Ou um sábio que ninguém sabe nada a seu respeito! Vou confiar nele!  Trabalhou assim por vinte anos, num dia desses lembrou que tinha deixado a esposa tão longe, sentiu saudades, pediu para ir embora, rever a família, ver ao menos como se encontrava depois de tanto tempo ausente, o patrão aceitou seu pedido. Então hoje você não vai ao serviço, descanse para amanhã viajar, dissera o patrão. Chamando a esposa o patrão disse: Maria! Vai cozer um bolo para ele levar como recompensa por tantos tempos de serviços prestados á nós, prepare apenas a massa, não asse, deixa que farei o recheio e o resto que faltar. Sem que ela visse abriu a massa e nela colocou dois quilos de libras esterlinas, ouro puro, maciço dentro, assou e deixou esfriar. Maria te peço, cozer outro, agora mais completo,  este será a matula para ele comer na estrada durante a viagem de regresso á sua casa.  Depois disse ao moço: Vamos acertar então as contas conforme combinamos? Venha cá, sente-se aqui por favor, me ouça agora: Eis os conselhos que te dou como pagamento a que tens direito: 1- Este bolo você não coma sozinho, comerás só com a tua esposa quando chegar na sua casa. Não o venda, não dê á ninguém e nem troque por nada. Certo? 2-Procure andar sempre só, não ande acompanhado com ninguém ainda mais se for estranhos. Companheiros? Nem sempre isso dá certo! Não acompanhe ninguém, e nem faça por onde ser acompanhado também! 3-Nunca deixe o caminho por mais longo que este seja por desvios, quero dizer, nunca passe por atalhos. As vezes num atalho você encontra o que nunca espera. 4- Nunca durma em casa de um homem velho casado com mulher nova, sempre é muito perigoso.  Não confie nem facilite com nenhum dos dois. 5-Nunca seja curioso a ponto de perguntar tudo o que ver, não sendo da sua conta? Deixe para lá, vistes? Faça de conta que não viu nada, seja lá onde for, não lhe interessa e pronto! 6-Não faça nada precipitado antes de ter pensado três vezes, reflita bem antes fazer qualquer coisa ainda que te pareça esquisita, ou que pede pressa. Toda pessoa tem um repente que é muito perigoso, vigie o seu! Acertaram e após receber as instruções do patrão agradeceu-o muito pelos conselhos reconhecendo-os serem de pessoa muito sábia, despediu da família agradeceu muito pelo carinho recebido em todos esses anos que conviveram, e seguiu sua viagem, lá adiante um tropeiro lhe alcançou, perguntou para onde ia, ele falou, o tropeiro disse: Também vou para aquelas bandas, vamos juntos, ofereceu-lhe carona num burro selado, mas ele se lembrou do conselho que o patrão lhe dera!  Recusou no ato. Muito obrigado, disse! O tropeiro disse: Tantos animais bons sem nada para levar e você ir a pé? Insistiu tanto que ele meio contrariado aceitou, mas de contra gosto, foram andando e proseando, bem adiante surgiu um desvio pela esquerda, o tropeiro avançou na frente da tropa, tangendo-a fazendo  entrar por ele. O amigo saltou fora da sua montaria dizendo: Vá sozinho, por que eu não irei por ele, recorda de novo o conselho de seu patrão.  O seu companheiro tropeiro seguiu sem se importar com ele que não quisera acompanhá-lo, dizia que este atalho pela serra confluiria com aquela estrada que seguiram juntos até ali, lá na beira de um córrego.  O tropeiro seguiu pelo atalho serra acima com a sua tropa, lá no alto uma tribo de índios ferozes o atacou, matando toda sua tropa, escapara das flechas porque saltou do cavalo sumindo no mato. O nosso amigo que seguiu a pé, assim que chegou na confluência das estradas á beira do córrego, deparou com o tropeiro chorando sentado no chão. Sem tropas sem nada, todo esfarrapado de andar no mato. Perguntou-lhe o que havia acontecido para estar naquela situação, o tropeiro contou-lhe toda história, seguiram juntos novamente, agora são os dois á pé. Chegando mais adiante, numa pousada, que era uma passagem onde morava um velho proprietário daquele ponto, um pequeno vilarejo. Disse o tropeiro: Vamos pedir pouso ali, único lugar que tem aqui para se dormir aquele velho, que é o dono é muito amigo meu, conheço-o há muitos anos, sempre pouso ali. Chegaram, sendo bem recebidos, o velho muito contente chamou-os para dentro da casa. Nosso amigo viu aquela mulher novinha pensou ser filha do velho, aguardou até que o ancião disse a mulher: Meu amor? Arrume janta para quatro pessoas, temos visitas hoje, ela toda sorridente e olhando-os sempre, preparou tudo conforme o esposo pedira, o nosso viageiro ficou pensativo no conselho, puxa vida! E agora? Já estou aqui, que farei? Saiu o jantar, jantaram e prosearam um pouco, ela arrumou o quarto para eles descansarem, se agasalharam todos, o seu companheiro logo roncou, pois estava muito cansado. Ele não dormiu. Estava muito cismado com o que vira. Parecia ter maus presságios. O conselho do velho patrão soava em seus ouvidos, velho casado com mulher nova, eu pousando em casa deles? Sempre dá errado! Como a casa era de tabuas e com varanda e porão daquelas que são construídas elevadas do chão sobre uns tocos que servem de alicerces, tinha uma escada na entrada da varanda, escadas que começam apoiadas no chão e sobe em degraus dando acesso á porta de entrada. Não conseguia dormir, levantou e saiu do quarto com as suas coisas, deixando o companheiro só e dormindo, se enfiou por baixo da escada, deitou ali no chão e ficou observando tudo naquele silêncio que parecia um cemitério. Todos agasalhados parecendo que dormiam, de repente chegou um carro, com faróis apagados, só as lanternas acesas, parou lá distante da casa, o seu ocupante era um padre trajado de batina branca e que subiu as escadas passando por cima dele sem ao menos imaginar que tinha alguém sob os teus pés, deu dois toques na porta. Logo a mulher veio na ponta dos pés abriu e abraçou o vigário se beijaram e começaram a conversar, dizia ela: Hoje dá para nós matar o velho, tem dois viajantes dormindo ali naquele quarto, jogaremos a culpa nos dois, assim que o dia amanhecer eu dou o alarme! Dará certo o plano. Ele deitado no chão e ouvindo tudo, tirou do bolso uma tesourinha e cortou a bainha da batina do padre que estava solta entre um e outro degrau da escada e guardou num dos bolsos o recorte tirado, o padre não viu, quando ele cortou por detrás na batina tirando este pequeno retalho, estava entretido agarrado na mulherzinha. O velho e o seu companheiro nada ouviram, ela conversava bem baixinho com o padre, enquanto os dois dormiam pesado. Entraram os dois para dentro da casa para fazerem o serviço. Mataram o velho para ficarem juntos. Enquanto isso o viajante pegou suas coisas e saiu de fininho, pegou a estrada e sumiu deixando o companheiro dormindo. Terminando tudo o padre sumiu e a mulherzinha só esperou o dia amanhecer e deu o alarme por todo o vilarejo.  Dois viajantes mataram meu marido nesta noite. Foi aquele reboliço, um deles está aqui, mas o outro fugiu, dizia a mulher quem será o criminoso? Este aqui, ou o outro que fugiu, ou os dois, a policia chega revira tudo em busca do assassino, encontrando o tropeiro dormindo acordou-o a porretadas, cadê seu companheiro? Inquiriu a autoridade! Não sei, disse o pobre homem que de fato, não sabia de nada mesmo. Deve ter fugido. Para onde vocês vão? Vamos indo para tal lugar, explicou o coitado! Mas se ele fugiu, deve ter seguido para lá, vamos atrás dele, disse a policia, não deve estar longe. Alcançaram o nosso amigo. Pare aí, você está preso! Matou um homem e agora foge? Entre aqui na viatura. Não! Disse o rapaz. Não matei ninguém. Se me deixar em paz, explico tudo. Eu sabia que vocês viriam no meu encalço, a minha procura, pensando ser eu o assassino, mas não sou! Nem o meu companheiro também! Não me maltratem que contarei o que sei. Ajudo vocês descobrirem o verdadeiro criminoso! Eu sabia que daria um sururu este crime premeditado. Foram presos e levados á delegacia para serem interrogados, eram acusados pela viúva, ele se defendeu como pode, pediu que não lhe maltratasse, que contaria tudo sobre o crime. Ninguém mais do que eu sabe como este crime aconteceu, dissera! As autoridades concordaram. O nosso amigo perguntou ao Delegado: Quantos padres, tem nesse lugarejo? Tem três, respondeu o doutor!  Então o senhor me faz um favor, disse o rapaz: De trazer aqui na minha presença os três vigários deste lugar. Com as suas roupas, aquelas que usaram ontem até a meia noite. A mulherzinha ficou de toda a cor, desajeitada, preocupada, sem saber o que faria com o viageiro, pensava consigo: Maldito viajante! Estamos perdidos nas garras deste desgraçado! Seremos descobertos na certa. O rapaz foi atendido na sua petição, logo chega os padres. Mas trouxeram outras roupas e um deles também desconfiado, nervoso, tremendo igual vara verde, colocaram as roupas sobre uma mesa, o nosso amigo viageiro olhou-as de uma a uma e disse: Nenhuma destas é a que usaram ontem. Podem voltar e buscar que são outras.  A polícia voltou com os padres e trouxeram as ditas cujas. Estendeu-as sobre a mesa de novo, olhando todas viu que tinha uma que na bainha e na parte de trás mostrava um corte de tesoura no pano. Separou-a de um lado foi e tirou um pequeno retalho que tinha no bolso, colocou sobre o corte da batina do padre: Conferiu o recorte certinho. Todas as autoridades assistiram e viram como fora exata as provas pela roupa. O viageiro disse: Quem matou o velho foi o dono desta peça de roupa de comum acordo com a viúva. Agora quem é o dono desta roupa eu não sei, não o conheço pela fisionomia, os senhores que descubram a quem pertence esta peça defeituosa, contou o que vira na noite anterior, a mulher e o padre combinando e planejando a morte do velho marido dela. E que ouvira tudo em silencio a trama, quietinho que nem suspirava deitado embaixo da escada.  As autoridades logo descobriram, o padre confessou que fora ele e a esposa do velho os autores do crime. Foram para a cadeia e os dois foram libertados. Dispensou o companheiro e seguiu só, lá adiante, já muito longe, pediu pouso numa fazenda, onde o fazendeiro acolheu-o com muito apreço deu-lhe de comer e descanso. Este cidadão fazendeiro era um homem muito sistemático, ele não tolerava pessoas bisbilhoteiras, linguarudas, e fofoqueiras. Se alguém com estas características pedissem-lhe pouso, ajuda seja como fosse, estaria pronto para servir. Mas se começasse a perguntar o que não era da conta, mandava os seus jagunços dar-lhe fim. A prova é que no seu galpão, tinha enorme quantidade de tralhas de campeiros, boiadeiros, tropeiros e viajantes de toda espécie, arreios, selas, cargueiros, aperos de prata além de joias diversas e dinheiro que nelas continham. Na invernada, nos pastos eram tantos animais, burros, cavalos e gado dos tais que ali morreram por serem especuladores. Guaiacas,  alforges, baldranas e tudo com objetos pessoais, armas, ouro, e muito dinheiro. Tudo aquilo era para ser dado de presente ao passageiro que fosse leal, prudente, respeitador da vida alheia e que não fosse bisbilhoteiro, que certamente existia e que um dia sem dúvidas pousaria em sua casa. Sempre dizia á esposa, ainda acabo com este bando de linguarudos, porque tenho certeza que existe gente decente. Convidando o rapaz disse: Vamos entrar e sente-se aqui perto da mesa. Nela tinha uma caveira humana que ficava de frente para quem sentasse naquele canto, embalsamada, a dona da casa retirou-a para servir o jantar. Colocou o manjar, todos jantaram e depois de servidos o patrão recolocou sobre a mesa aquela cabeça de gente para provocar o rapaz a perguntar, mexia com ela para todos os lados, o moço nem dava atenção á caveira, não era da sua conta, por que interessar por aquilo? O rapaz lembrando-se do conselho não dizia nada. Ficou ali dois dias o fazendeiro continuava a provocá-lo de todo o modo, mas ele não caiu no golpe. Pernoitou e no dia seguinte logo cedo disse que queria ir embora, antes dele sair em viagem de volta a sua casa, o dono da casa tentou segurá-lo por mais tempo para conversarem mais, por ser uma pessoa delicada, não houve meios, ia viajar mesmo, então o cidadão chamou sua esposa e disse: Não te falei Francisca que os especuladores e linguarudos acabaram? Matei-os todos e este rapaz é muito sensato e direito. Este rapaz não perguntou nada sobre a caveira em cima da mesa. Rapaz me explica agora, porque você não me especulou em nada? Não me fez pergunta nenhuma, não deu bola para o que eu fazia com a caveira? Ele disse: Nada disso é da minha conta, não vivo a vida alheia. Cuido só da minha! O fazendeiro admirado com as respostas dele disse: Venha comigo, vou lhe mostrar uma coisa. Está vendo isto aqui? Sim senhor! Estou vendo, respondeu o rapaz. Toda esta tralha e animais que aqui estão são todas sua. Como recompensa pela sua integridade moral de não perguntar o que não é da sua conta. Foi embora riquíssimo, foi chegar em sua casa no fim da noite, já quase madrugada. Deixou os amimais num lugar distante da casa e chegou na ponta dos pés para ver se a esposa estava sozinha ou não,  ainda era a mesma casinha que ele deixara a esposa morando, entrou pelos fundos abriu a porta  e viu no claro da luz da lamparina acesa um homem de batina deitado ao lado da esposa, ele a reconheceu, mas e aquele padre? Já se lembrou do padre que o acusara de criminoso e teve uma ira dele, inda mais ao lado de sua esposa, o ciúme tomou conta de seu coração. Vou matá-los agora! Não é possível uma coisa dessas? Logo padre com minha esposa? Lembrou-se da desgraça de que escapara por causa de um vigário! Chego em casa encontro outro na minha cama com minha esposa! Cresceu-lhe uma fúria tão grande vendo uma coisa daquelas, mato-os agora mesmo.  Levou a mão no revolver para matá-los. Mas lembrou-se do conselho que recebera: “Pense três vezes antes de fazer qualquer coisa!” Baixou a arma e ficou olhando. De repente o padre acordou e disse: Mãe, eu sonhei que meu pai chegava aqui em casa. Deixe de tolice meu filho! Respondeu ela. Não é bem um sonho, mas é verdade mesmo mãe, acabei de vê-lo aqui, agorinha mesmo. Ela disse: Filho, o seu pai faz vinte anos que viajou em busca de recursos para nos e ate agora não voltou,  eu estava gravida de você, nem eu nem ele sabia que seria pai, você nasceu, dei-te ao fazendeiro que me criou para batiza-lo, é hoje o teu padrinho, fiquemos compadres criei você sem teu pai te conhecer, o compadre foi quem te fez estudar, formar-se padre. Está enganado meu filho. O seu pai nem sabe que você existe, nem eu sabia da gravidez muito menos ele. Vai dormir que é melhor. Nós nem sabemos se teu pai é vivo ou morto! Nunca tivemos notícias dele! Não mãe! É verdade, é o meu pai mesmo afirmou o rapaz! Senti a presença dele agorinha enquanto dormia, não é sonho, é verdade mesmo! Nesta altura o pai se encheu de amor e dos olhos desceram lágrimas de tanta felicidade, vira em sua esposa uma Deusa, e não uma esposa comum. Pois honrara sua ausência deu o alarme para os dois na cama que era ele mesmo.  Tomaram um susto que em poucos instantes transformou na maior alegria. Deu até uns tiros para cima de tanta satisfação. Se abraçaram  muito, matando  saudades, se reconheceram e passaram o resto da noite em festa, era só alegria, tão alegre ficou que lhe mostrou o bolo que ganhara como presente e  que era para ser repartido só em família, cedinho ela ia buscar leite no compadre, pediu ao marido para levar o bolo de presente para sua comadre por ter ajudado tanto eles na ausência do marido. Ele não queria dar, mas ela insistiu ate que levou. Deu a comadre e contou-lhe a história do marido que chegara, convidou-os para irem até sua casa, para abraçarem o compadre, pegou o leite e foi embora. Mas a comadre que recebeu o bolo, não achou de acordo comê-lo, não quis comer, era já de muitos dias de viagem, o marido falou, tire a embalagem dele e poremos outra, devolveremos a comadre, fazendo de conta que é outro bolo que retribuímos a ela, assim foi feito, foram lá ver o compadre , festejaram, disse a comadre visitante: Trouxe um bolo para ti em retribuição ao que me deste. Ficaram um tempo prosearam bastante e foram embora. Quando a esposa foi olhar o presente dela ao desembrulhar estranhou o bolo, que parecia ser o mesmo e que era de fato o que havia dado a sua comadre, falou ao marido que ficou mais feliz ainda, vamos então comê-lo, após ter lembrado que seria só dele com a esposa e o filho. Cortaram e viram com espanto que era cheio de libras esterlinas, ouro puro. Somados ao valor da tropa, as tralhas de arreios, armas diversas que as continha, o dinheiro dos bolsos das baldranas ficaram muito ricos, até mais que o compadre e padrinho fazendeiro, viveram muito felizes, e sobre o bolo recheado de libras o marido disse em um refrão popular.
MORAL DA HISTÓRIA: AQUILO QUE É DO HOMEM, LOBO NENHUM COME!
CONTO ESCRITO/ REPRODUZIDO POR LUIZÃO-O-CHAVES............27/10/2013
ANASTACIO MS
Colaborou neste conto: Rosalvo B. de Souza e Francielle Chaves Barbosa
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