1-Eram vizinhos e lindeiros, um nobre sitiante
de uma situação muito boa financeiramente falando e um peão velho estradeiro
daqueles pobres conformados com as
dificuldades do destino. O caboclinho vivia com sua família, esposa e dez
filhos morando bem na divisa das terras deste pequeno fazendeiro, um para lá e
o outro para cá, a casa do matuto ficava
em terras de outro patrão. O que os unia era somente a divisa mesmo, cada um na
sua e estavam certos. Mas o caboclo quando não estava lidando em sua roça, ou
fazendo um serviço para o seu patrão dava uma mão ao outro que gostava muito de
seu trabalho que além de bem feito era barateiro nos acertos. É sabido que é
muito difícil um endinheirado não ser mesquinho na hora de combinar ou acertar
os preços de serviços a serem prestados por terceiros. A esposa do magnata era
uma pessoa muito bondosa, mas as escondidas do marido, se dava bem com a esposa
do pobre, pois ela só tinha dois filhos e a sua vizinha tinha um monte,
dava-lhe pena de ver tanta criança para um mãe sozinha cuidar, levantar cedo,
dar banho em todos, dar o que comer levar na escola que era longe, lavar aquela
ruma de roupas sujas pois crianças sujam sem dó e além de tudo isso eram uma
escadinha daquelas de assombrar quem os visse. Se bem que as crianças maiores
já ajudavam a cuidar dos menores. Por sua bondade e misericórdia daquela família
numerosa sempre que podia alcançava-lhe, alguma coisa, sobra de comidas
amanhecida, roupinhas dos seus filhos, sapatos que não lhes servia mais, apesar
da vizinha ter o necessário para a sua turminha de pequenos, Mas como dissemos,
dava as escondidas do patrão, se ele visse daria uma bronca na pobre esposa que
era tão humilde de coração. E assim viviam bem. O nosso amigo pobre era muito
trabalhador, esforçado mesmo, fazia de tudo para não deixar faltar nada em casa
para a sua turma. Fazia aramados, cercas diversas, roçadas de invernada,
capinações e até serviços de campo se o vizinho precisasse. Fazia tudo de bom
grado, quando o patrão vizinho matava alguma rês, ele ajudava em tudo, especava
o couro, manteava e salgava toda a carne com muito cuidado e colocava no
estaleiro cuidava as aves de rapina que rondava o estaleiro para levar carne.
Não lhe cobrava a diária do dia da matança, mas sempre na esperança de ganhar
alguma coisa, carnes ossos, e algum dinheirinho para ajudar em casa, mas o
patrão era dureza mesmo, não lhe dava quase nada, senão alguns ossos para tomar
um caldo com a família, e demais vendia-lhe mais barato do que o normal,
baratinho só para não dar de graça. Ainda assim se sentia muito amoroso ao seu
próximo, achava que o 2º mandamento ele cumpria a risca. kkkkkkkkkkkkkk. Este nada dizia, falar o que? Deixa pra lá
pensava o pobre homem tão honesto com ele em tudo o que fazia, era mesmo de
confiança mas pouco adiantava ser bom para quem era mesquinho assim. Apesar de
tudo nunca deixou de ser uma pessoa boa, de confiança e muito honesta com
todos. Isto é agradável a Deus. Não vale a pena ser desonesto. Pensava sempre:
Sei de sobejo que devemos ser bom com nosso próximo seja ele quem for, devemos
amá-lo como Deus ensina, a gente nunca perde por ser direito e ter consideração
com quem quer que seja. Os tempos passam mas nem sempre as pessoas mudam para
melhor, a natureza humana é complicada quando o assunto é mudanças, inda mais
se tem muito dinheiro, pois o maior medo dos ricos é de ficarem pobres.
Parece-lhes uma assombração, um bicho-papão, uma coisa que temem tanto, quanto
temem a morte se desconfiam que ela está lhe rondando. kkkkkkkkkkkk. Se pelam
de tanto medo! Mas é inegável que um dia ela se aproxima e vem para levar
mesmo. Não tem conversa! Seja lá quem for, rico ou pobre vai mesmo. O pobre
nunca deixaria de ser pobre e o rico jamais deixaria de ser mesquinho para não
ficar pobre. Nos acertos dos serviços pagava o mínimo de valor que pudesse alcançar,
se fosse de graça seria melhor, mas reconhecia que teria que pagar, afinal o
vizinho trabalhou e precisava do dinheiro ainda que fosse pela metade, o
serviço prestado era de seu gosto mas tinha uma dó de seus trocados na mão do
amigo que chegava a coçar a cabeça. kkkkkkkkkkkkk. Um pão-duro de primeira
linha. kkkkkkkkkkkkk. Mas temos que ter
compaixão de pessoas assim, são muito apegadas as coisas do mundo, esquecem-se
que um dia morrem e tudo fica por aqui mesmo, ninguém leva nada no caixão. De acordo
com o que conhecemos, esta mania de ser apegado em tudo que possui na terra até
na hora da morte a pessoa sofre muito. Não consegue se desligar da matéria para
ser levitado aos céus, está preso aos bens terrenos e dá um trabalho danado
para Deus levá-lo para a sua glória. Isto acontece muito, infelizmente! Não
podemos enquanto vivermos ser desleixados com as nossas coisas que adquirimos
com trabalho, vamos zelar do que temos pois serve tanto para nós como para o
nosso próximo. Ame seu próximo e ajude-o se ele precisar e se você puder. O 2º
mandamento é muito essencial em nossas vidas, não é fácil praticá-lo mas
devemos fazer o possível. Um dia teremos a devida recompensa de Deus por tê-lo
feito e o de melhor. Um dia como nós dissemos, não é tão longe, aconteceu do
patrão morrer numa queda que um burro lhe deu, na queda quebrou o pescoço,
estava dando um trabalho para morrer que só vendo, o seu serviçal assistiu a
sua morte, lhe consolava, dando-lhe conselhos, dizia: Peça perdão a Deus e vá
em paz vizinho, eu cuidarei de todas as coisas suas para a sua viúva com o
maior cuidado, descanse em paz, o senhor foi muito bom para mim, me ajudou
muito lhe devo muitos favores e só Deus pode lhe recompensar, tenho certeza que
irás para o céu e quem sabe, um dia lá nos encontraremos e sentaremos juntos. O
rico convencido das palavras do amigo abre a boca, dá um suspiro, e para sempre
fecha os olhos para este mundo.
Segue.....
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