Nem sempre encontramos os
japoneses pau d'água como são os outros povos, mas existem, e muitos sim, raro
um andar caindo pelas sarjetas. Do que vamos falar e contar neste conto de
peões do trecho é um deles. Morava numa ponta de rua do povoado, e nos
arredores deste tinha duas hectares de terra na beira do córrego, que era de
sua propriedade onde cultivava sua
horta, lá plantava de tudo, todas as hortaliças que existiam se encontrava lá.
Vendia apurava um dinheirinho e com ele ia vivendo, era solitário, não tinha
familia. Todos os dias pela manhãzinha atravessava a corrotela com seu
caldeirãozinho do almoço e ia para a horta, passava o dia por lá, já no
crepúsculo retornava para casa, sempre levava algumas verduras e oferecia para
os vizinhos e amigos. Era muito conhecido e querido por todos, passava num dos
últimos botecos para tomar um trago e seguir para casa. De quando em quando
dava um maço de verduras para a dono do boteco, este lhe dava um gole e com
isso ia todo feliz para casa. Quando saia mais cedo ficava mais tempo
conversando com os outros fregueses do mesmo ramo" beberrões" da
tarde. Todos lhe admiravam por ter um paladar apurado como nunca visto em lugar
nenhum. Conhecia as cachaças pelo nome uma por uma pelo seu sabor. Podiam dar a pinga sem que ele
visse a garrafa ou o rótulo que ele estalava a língua e dizia: Esta é a
Teimosa! porque naqueles tempos existiam varias marcas de pingas ex: Del Nero,
Caprichosa, Tatuzinho, Quatizinho, Oncinha, Teimosa, Atrás do Saco, 1921, 1931,
1951, Cangebrina, Amarelinha,
Praianinha, Ypioca, e outras de finissima qualidade que eram empalhadas
com requinte. O Japa era um Às no conhecimento das cachaças. Com isso todos se
divertiam com ele. De longe avistavam o japonês quando vinha vindo, um deles
mandava, põe uma pinga aí para o japa, eu vou pagar, vamos ver se ele adivinha
qual é. Ele chegava era aquela festa de cachaceiros. Ô Japa, se você adivinhar
que pinga é, te dou uma garrafa para levar, combinado? O Japonês piscava
aqueles olhos apertados e sorria dizendo. Japão nunca engana! Tomava, estalava
a língua e dizia: E Campineira garantido, é ou não é? kkkkkkkkkkkkk. Era mesmo!
Não errava uma! Mas um dia o dono do boteco resolveu pregar-lhe uma
peça, a turma ficou sabendo do truque e aguardavam ansiosos a presença do japa.
O que ele fez? Mandou sua mulher mijar num copo e misturou com a pinga que o
japonês mais gostava , claro que a urina não foi muita, senão ele desconfiaria
pelo cheiro e sabor salgado do produto adulterado. Ficaram na expectativa
olhando para o fim da ruazinha deserta. Lá vinha ele com as verduras em mãos
para dar a alguém. Todos quietos sem esboçar um pio sequer. Disse boa tarde e
puxou um mochinho que tinham reservado para ele e sentou-se. Ufa que calor foi
hoje? Viram como foi quente a tarde? Japão quase não aguenta o sol de hoje, mas
agora uma pinga gelada resolve tudo nom? Os presentes se entreolhavam! O
vendeiro disse: Japa temos aqui uma
pinga nova e pelo jeito você vai gostar!
Prove e veja como é? Ele pegou o copo levou na boca e tomou um pequeno gole já desconfiando de ser algum truque da turma, chegou engolir e estalando a língua disse: Muito boa mesmo, japão anda carente
desta qualidade: Não quer emprestar o alambique para mim levar hoje á noite?
Japão devolve amanhã cedinho. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
"COISAS DE CABOCLO DE
LUIZÃO-O-CHAVES"
Anastácio MS, 13/10/2017.
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