domingo, 22 de outubro de 2017

ESTA É A HISTÓRIA DE UM SABUCO - 1ª Parte .

                           



 1ª - Seu nome era Francisco, mas atendia por Chicão ou Sabuco, todo Francisco é chamado de Chico mas como era avolumado de corpo, então, Chicão. Sabuco, e não Sabugo era o apelido dado pelos colegas de acampamento e trecho, é muito difícil um peão não ter apelidos. Sabem desses personagens que vivem ao léu, não tem parentes e nem aderentes, sem morada certa, parecem jacutínga que onde deu noite ali pousa, e em qualquer galho ou zamboeira no cume do jatobá e angico na mata. Chicão era um desses, trabalhava como peão de empreiteiros que tinha muitos em épocas passadas, nos desbravamentos dos sertões para fundação de lugarejos, assentamentos ou formações de fazendas para plantios de cafezais e outras plantações da época. O que tinha de peões gira mundos naqueles tempos parecia brincadeiras. Muito trabalho para todos os tipos de atividades, tempos de ouro, ninguém ficava á toa, tinha vilarejos encravados nos sertões que durante a semana só ficava os vendeiros com suas famílias, assim mesmo cuidavam das roça nos fundos da propriedade. O comércio era parado a semana inteira, as ruelas eram desertas, nem cães latiam á noite, mas nos fins de semana, era tanta gente que só vendo para crerem, era mesmo um despejo do povo nas corrotelas, ou arraiais como queiram, vinham todos de uma só vez e de todo canto. Pareciam formigas saúvas quando descobrem uma roseira, vem todo o formigueiro para limpar a derradeira folha que tiver. Bares, farmácias, bazares, quitandas, lojinhas e outros comércios só viam movimentos nos dias de sábado do meio dia para a tarde  e no domingo, se tivesse na semana algum dia santo de guarda aí a coisa movimentava mesmo, chegava a ser um reboliço de tanta gente chegando, andando, passeando e comprando de tudo que precisavam. A grana era farta no bolso da turma. Ninguém queixava de falta de serviços e nem de dinheiro. Até nos prostíbulos não tinha movimento nenhum durante a semana. Os homens solteiros trabalhavam o tempo todo para terem dinheiro para gastarem lá com as pessoas de vida fácil. Eram localizadas, não haviam as piranhas como é nos dias de hoje, que você sai e depara com um monte delas em tudo o que é lugar atacando a gente. Tempos de vergonha, respeito e muito caráter entre todos sem distinção deles ou delas. As mulheres eram as coisas mais belas que existiam, casadas eram casadas, moças solteiras eram um tesouro encantado a serem descobertos, bem cuidadas pelos pais, respeitadas e respeitosas, difícil era ver uma mãe solteira, separações? Nem em sonhos! As crianças então, eram muito obedientes aos pais e a todos respeitavam, não tinham escolas, mas tinham muita educação. Nós vivenciamos uma parte deste tempo. Era um mundo maravilhoso mais ou menos assim: Quem era torto ficava arredado para lá! E quem era direito, era com muita honra e dignidade. Não havia esta misturada, bagunça ou entrevero, nada parecia com os dias atuais. Que se você não tem bom faro e conhecimentos, por mais honesto e sincero que for, se não tomar cuidado cai na primeira esparrela, armadilhas tem para todos os lados que você pender. Batedores de carteiras, assaltantes baratos, arrombadores de casas, disfarçados de pedintes durante o dia. Não havia isto, era todo mundo no trabalho, no batente, todos tinham dinheiro e nunca precisavam de andarem mendigando ou roubando o que não é seu. Não se via mendigos e nem índios vadios e bêbados pedindo comida ás bocas das noites nas casas, nem roubando o que achavam do lado de fora, nem muros as casas possuíam. A Policia só vivia dormindo de dia igual coelho na macega., não tinha trabalho, nem o que fazer como é hoje que só vivem como loucos atrás de tudo que é maloqueiros. Nem tem tempo de coçar o sovaco. Arriscam a vida por nada que vale a pena. Naqueles tempos salvo um ou outro crime que acontecia lá de vez em quando, porque os humanos nunca se esqueceram de matar o seu próximo até mesmo por bobagens que não valem a pena. Então, como iniciamos falando do Sabuco vamos aos fatos, e ver o que ele aprontou desta vez. Este camarada era o perfeito vida torta conforme dizem o povo, aquele fulano que vive do jeito que acha que está bom sem se importar com os outros, nem com as opiniões de terceiros. Faço o que quero e pronto, assim era seu lema. Mas no mundo não é bem assim, quem vive do jeito que quer, não viverá o tempo que quiser. É um ditado certo! Chicão chegava no prostíbulo e batia palmas dizendo aos homens que lá se encontravam: Caem fora cambada de frouxos, Chicão chegou! Vão caindo fora senão caem no cacete agora mesmo, era brigador, parecia um "Galo índio" na defesa do seu terreiro, e ainda por desaforo cantava mais alto no terreiro alheio, era bom no braço mesmo e o povo já sabia, as mulheres avisavam os seus homens: Se o Sabuco chegar vão embora logo, depois voltem. Chicão não é brincadeira, só anda armado! Os medrosos limpavam a área ligeirinho. O Sabuco fechava as portas para ninguém mais entrar! Ficava nu com a mulherada  e quando resolvia, batia numa por uma, dizia: Isso é para me respeitarem. Gritava a toda altura: Arre, Putada! Cambada de vadias, estão pensando o quê? Cadê seus homens? Aqui nesta espelunca quem manda sou eu. Caladas hem! Nem um pio! Era silêncio total. kkkkkkkkkkkkkk.  As vezes a policia era chamada, mas esta não vinha mesmo. Chicão era perigoso e atirava seguro, policia comigo é no estanho, se forem poucos eu enfrento, e se forem muitos? Tchau!. Debochava ele. De repente ele sumia e ficava até dois meses sem aparecer. Era um alívio para a turma e as mulheres. A chefe da casa era só dele, esta lhe obedecia por medo. Apanhava menos do que as outras. Mas apanhava também. kkkkkkkkkkkk.  Num dia destes e num fim de semana lá entrou um rapazola de uns dezesseis anos, sabe estes filhos criados sem pais igual filhote de perdiz? Era um deles que perambulava pelo mundo, um trabalhador braçal como os outros peões, boa gente até, estava aprendendo a viver no mundo, porque o mundo é um professor, nem documentos possuía, parecia caixa d'água só tinha um registro de nascimento que um peão idoso e companheiro seu tirou, por  ele ser bonzinho e muito educado com o velho, pois não sabia ler nem escrever. Segue........

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