Quase em todo vilarejo ou
cidadezinha pequenas existe um pau d'água alegre, divertido, muito conhecido e
cheios de presepadas. Tem deles que não aguentam dois goles já caem, ficam
rolando na sarjeta, resmungando, uns bravos, outros rindo de tudo que vê, até
mexendo com quem passa na calçada onde estão sentados. Certa feita tinha um que
era só o vendeiro da esquina abrir o comércio lá estava ele, era o primeiro que
entrava, sondava os fregueses e lhes pedia: Paga uma pinga aí meu irmão, estou
com a goela seca desde ontem, preciso curar a ressaca. Para o veneno da cobra,
o remédio é de outra cobra: Outro veneno diferente. kkkkkkkkkkk. Quando é assim tinha dormido bêbado e na sarjeta.
Estava como se espera, mal cheirando, um
azedume daqueles, com um bafo de jiboia que Deus me livre! As vezes até todo
mijado! E o povo nem ligavam para estes tipos,
se bem que há outros tipos de cachaceiros que são mais alinhados. Bebem
mas não enchem o saco de ninguém, bebe e já vai saindo, cai aqui, levanta ali e some de vista,
peões de fazenda, corredores de trecho, aqueles dos fins de semana e vai por aí
a fora. Este do qual falaremos era dos que passavam o dia roçando o umbigo na
balcão, quando ganhavam um copo de pinga, levava um ano para acabar,
economizando até chegar outro freguês para tentar ganhar outro e assim passava
o dia, outros amigos mais camaradas, pagavam-lhe um sanduíche que era o seu
almoço em lugar da pinga. Ele aceitava sim de bom grado, mas depois pedia. Só
mais um trago amigo, para rebater o almoço, o amigo acabava lhe dando e com
isso o vendeiro até se divertia. Era um dia de sábado a tarde o empório estava
lotado de gente, neste dia o bêbado resolveu chegar lá pelo meio da tarde, estava limpo e são, nem parecia aquele
que tanto importunava o povo e o vendeiro. Os que o conhecia ficaram admirados,
todo cheio de razões já pediu uma "Cipoada". O dono do
estabelecimento aproveitando ele são, quis dar-lhe uma lição de moral e ver se
conseguia desvencilhar daquela "Coisa chata" da semana inteira. O
povo ali se entreolhavam como querendo adivinhar o que aconteceria. Como o dono
do boteco ainda não tinha lhe atendido, então repetiu o pedido, espere um pouco
amigo, retrucou o vendeiro. Foi lá na sala de sua casa que era só passar a
cortina na porta. Veio de lá com uma fita métrica destas de costureira em volta
do pescoço e disse-lhe: Amigo, desde ontem a gente modificou o sistema de
vender cachaça: Só vendemos a garrafa cheia ou se for picado, retalho, no copo,
agora é por metro. Dez, vinte, cinquenta centímetros e até dois metros que é a
medida de nosso balcão. Fora isso não podemos lhe atender. Dava a certeza que
queria fazê-lo lamber o balcão para humilhá-lo na frente do povo. O pedinte
passou a mão no queixo pensando: E agora o que faço? Percebeu que o amigo do
outro lado do balcão fazia aquilo para expulsá-lo dali. Completando a proposta
o vendeiro disse: Se resolver é só pedir aqui está a fita para medir o tanto
que o senhor quiser. kkkkkkkkkkkkkk. Enquanto
isso atendia os outros fregueses, mas ninguém pediu pinga por copos. Só a
garrafa cheia e ele não tinha a grana para levar uma garrafa, ficou embaraçado
por alguns instantes. Pensou e repensou acabou tendo uma ideia dizendo: Me de
aí um metro e meio de cachaça. Acho que dá uma boa "lapada". Assim
não incomodo mais o senhor! Já vou indo também. O vendeiro mais que depressa
mediu e destampou a garrafa, despejando o liquido no comprimento medido. Escorria
no balcão, e o bêbado são, espiando tudo. O povo então nem se fala, seguravam o
riso que por certo dariam ás custas do infeliz pau d'água. kkkkkkkkkkkkk.
Terminando todo garboso e estufado para debochar também, por certo seria um
sucesso os deboches disse-lhe: Pronto amigo pode servir, tome á vontade, este
seu primeiro pedido é por conta da casa, se precisar temos mais. O bêbado vendo
aquela pequena lagoa de pinga sobre o balcão bem nivelado, tirou umas moedas do bolso pagando deu um limpa na garganta e retrucou: Não vou
tomar aqui amigo, faça-me o favor de embrulhar num jornal bem embrulhadinho
para não vazar nem uma gota durante o caminho que vou fazer, pois pretendo
tomar em casa quando eu chegar. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Debochou o pinguço. A Plateia ficou muda e o
vendeiro puto da vida! Cachaceiro FDP resmungou. Me fez pagar um mico deste
tamanho! Os fregueses: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Furioso entrou lá para a sala da casa e não
voltou mais, a sua esposa foi quem atendeu o povo naquele resto do dia.
"COISAS DE CABOCLO DE
LUIZÃO-O-CHAVES"
Anastácio MS 13/10/2017.
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