domingo, 26 de junho de 2016

O INDIO, O POTE DE OURO E O TUCANO.

                       



Em toda a história da humanidade sempre existiu pessoas que a primeira vista a gente não dá nada por elas, mas no seu íntimo são pessoas de coração bondoso, amigo fiel que se pode confiar. As vezes encontramos essas pessoas que vemos pela primeira vez, mas parece que já somos velhos amigos. A gente gosta delas, como nunca imaginávamos ter uma amizade assim. Sentimos uma afinidade que nem sabemos de onde vem. Por outro lado a gente encontra outras que parecem um purgante de sal-amargo ou pior. Parece que nossos anjos da guarda não se topam muito, até no olhar da criatura sentimos náuseas, vontade de vomitar, elas nos olham como se estivéssemos respingados de lama podre, de tanto nojo que a criatura sente da gente, um contraste de naturezas amarradas. As vezes nós fazemos um pequeno favor para alguém e esta pessoa se torna quase que um criado nosso, por tamanha gratidão e reconhecimento de seu coração aos nossos préstimos. Há outros que são soberbos e mal agradecidos igual porcos que após comer no cocho, vira-o de fundo para cima. kkkkkkkkkkkk  Já foi servido mesmo! Dá-se a impressão que somos obrigados a fazer o que eles querem sem ao menos dizer-nos muito obrigado! O humano é assim mesmo, até para seu criador ele virou as costas! Imagine para seu próximo! Sempre foi assim e parece que isso nunca dará conserto, querem ver também como as pessoas mudam? Principalmente quando deparam com grandes somas de dinheiro. O dinheiro é amaldiçoado, poucas pessoas sabem disto. Dizem os mais ávidos por ele que não é! Mas é sim! vejam esta história, ela é real! Nós conhecemos duas criaturas de nosso convívio, um senhor de boa aparência, elegante, de presença amigável e dono de um bar. Tocava-o com muita amizade a todos os seus fregueses, servia-os com carinho, tempos antigos, uns cinqüenta e poucos anos passados, tinha fregueses de todas as etnias, espécies e raças, de todos os lados também. Tinha o apelido de "Tucano" por causa de seu nariz adunco. Para completar porque gostava do seu apelido, colocou na placa de seu bar o desenho de um tucano. Com isto ficou ainda mais, muito mais conhecido, todos gostavam do tucano. Era daqueles solteirões! Certo dia chegou em seu comércio um indígena para tomar algo, kumaã apé, foi bem servido bem tratado mas logo ficou bêbado, o botequeiro viu-o assim, caído na sargeta levantou-o e arrastou para os fundos de seu boteco, lá tinha um quartinho de guardar trecos, tinha também uma cama de solteiro, colocou-o lá estirado até que acabasse o seu "porre", este só acordou no outro dia cedo, muito sem graça foi pedir desculpas e agradecer ao tucano pela acolhida. Este disse: Sem problemas, amigo! Fique de boa, estamos sempre as ordens se o senhor precisar. O índio agradeceu muito, ficou por ali mais uns dias e depois iria embora para a fazenda, este voltou mais vezes e acabou ficando freguês assíduo, seu ponto de tomar sua cachacinha era ali e pronto. Num dia desses que veio da fazenda e antes de ir embora, prometeu ao comerciante que lhe daria uma surpresa, traria para ele um pote de libras que só ele, o índio sabia onde se encontrava na fazenda que trabalhava, mas como já estava meio bêbado o amigo tucano ficou duvidando, "Quá?", isto é conversa de quem é bêbado mesmo pensou. Nem ligou para o assunto, acabou por alí mesmo. Passaram-se dois meses, quando menos se espera lá vem o índio numa tarde dessas, chegou feliz, chamou o amigo lá no quartinho dos fundos e mostrou-lhe o que tinha dentro do pote num saco. O tucano levou um susto que quase caiu para trás. Você está louco índio? Onde arranjou isto? Quem lhe deu? Você roubou isto de alguém? Não senhor, índio não rouba nada de ninguém, índio é honesto afirmou o silvícola! Cavuquei na fazenda e trouxe para o senhor, tome, é seu! Em troca disto, índio agradece o senhor por ter cuidado dele, e peço que se puder me dê um parelho de roupas, uma botina, um chapéu de palha, e alguns  tragos quando índio estiver com sede. kkkkkkkkkkk . Quando índio tiver tonto e com fome, dê um prato de comida e este cantinho aqui para índio descansar como fizeste naquele dia, lembra-se? Sim, responde o tucano. Dou sim com prazer. Fique descansado, estamos combinados. O Índio acrescentou: Este tesouro é para o senhor, o senhor está riquíssimo agora. É tudo libras de ouro puro. O rapaz nem cria no que estava vendo, mas era verdade ficou rico mesmo, comprou tanta coisa, casas, um carro que nesta época era difícil adquirir um, de terrenos comprou a quadra inteira onde morava bem na esquina. Naqueles tempos ninguém dava por fé se alguém de repente ficasse rico, sua riqueza não incomodava ninguém, cada um com sua vida e pronto.   Além dos tempos urgirem, as pessoas mudam também a mentalidade, vão evoluindo, vem novas gerações, novos ideais, e assim marcha a humanidade. O índio sumiu para a fazenda, foi trabalhar e por lá ficou muito tempo, um dia deu certo e veio até a cidade, sempre vinha quando o seu patrão o liberava por motivos de seus serviços darem uma trégua. Chegou alegre e como estava tudo certo com seu amigo tucano nem preocupou com nada tomou umas pingas deu umas voltas na praça e quando ficou tonto, voltou e pediu para descansar um pouco. Precisam ver a reação de seu amigo, o tucano estava completamente mudado. Torceu o nariz quando viu o índio bêbado. Disse-lhe aqui não é aldeia para acomodar índio cachaceiro! Suma daqui! Não tem lugar para você coisa nenhuma! o índio tomou um susto daqueles, mesmo desajeitado ainda relutou: Patrão, o senhor esqueceu de nosso trato? Não combinamos e o senhor     prometeu que me daria abrigo e um prato de comida? Não me trates assim? Não acredito no que dizes! O tucano retrucou: Cai fora bugre atoa! Senão chamo a policia, e você  vai curar tua cachaça atrás das grades. Só vendo como o pobre índio ficou, mas antes de ir, olhou bem o tucano, balançando a cabeça com a decepção sofrida disse: Você não vai aproveitar nada desta riqueza que lhe dei! Saiu caladinho e sumiu para sempre dali. O tucano ficou despreocupado, um a menos para não me encher o "Saco"! Os dias se passaram e o tucano começou a sentir algo estranho no seu corpo, era sadio mas de repente ficou assim. O que será? Foi ao médico fez consulta e exames, mas nada acusou, não tinha doença nenhuma. Foi definhando, amarelando, ficando barrigudo, ficou barbudo e emagrecendo cada vez mais, ficou apurado correu para tudo que era médico  da região, dinheiro não era problemas, tinha de sobra. Nada adiantava, o homem não tinha doença nenhuma. Um dia alguém lhe disse: Acho que você está "Macumbado" tucano! Vá em algum lugar que cuida dessas coisas e veja se não é verdade? Ele foi e constatou a veracidade deste triste fato. Era macumba mesmo, mas quem lhe ia lhe tratar viu nele um caso sem solução. Aqui não temos força para tirar esta "Carga" de tí. Procure outro, ele já desesperado foi para todo canto que tratava dessas coisas. A resposta era sempre a mesma. Já passou da hora de você se cuidar, seu estado está muito avançado, não lhe damos cura! O derradeiro a que foi procurar lhe avisou: Foi um índio quem te preparou. Aqui ninguém desmancha macumba de índio! Só outro índio que pode fazer isto. Lá se foi o tucano em mais uma tentativa. Nada feito amigo disse-lhe o outro índio, já passou da hora. O que você fez para o índio que te deu um pote de ouro?  Ingratidão não foi? A quem lhe queria tanto bem? Olha no que deu? Ele não conseguiu te perdoar da sua maldade, está te custando caro o que fizeste ao pobre índio que foi tão amigo seu. Ele calou-se ante a revelação do curandor. Chorou muito pelo que tinha feito, mas já era tarde demais! Volte para sua casa para morrer ao menos em paz tucano. A esta altura dos acontecimentos já não tinha mais riqueza nenhuma, havia vendido tudo que possuiu e gastou tudo com médicos, remédios e consultas dos benzedores, despesas com acompanhantes, não andava mais sózinho, despesas nas  viagens para todos os cantos do seu estado. Tinha somente a casa de moradia e nem o bar existia mais. Estava acamado e com os vizinhos a lhe dar ajuda, nem comia mais, a barriga parecia estar cheia. Moribundo só esperando a morte chegar. Um dia ela veio! Morreu mesmo, e na mais triste agrura, dor, sofrimentos e atormentado de remorso. No seu velório, os amigos de todos os lados presenciaram o corpo coberto com um lençol branco e por baixo se via "bichos" pretos e peludos saindo de seu corpo e caindo no piso, aqueles corós que comem carniças estavam comendo o seu corpo por dentro antes mesmo de ser enterrado. Assim é quem não teve juízo, não pensou no que falou e a quem foi obrigado a lhe ouvir! O ser humano é perigoso e capaz de tudo! Menos ter facilidades de perdoar o seu próximo! Odiar é mais fácil! Se vingar também. Ainda mais quando as palavras machucam a pessoa por dentro, e as lágrimas brotam nos olhos ao sentir tamanha ingratidão. Ela só vem de pessoas queridas. Língua e dinheiro: Dois elementos muito perigosos, que quando mal usados, só trazem consequências desastrosas. Uma destrói o corpo e o outro pode condenar a alma.. Os antigos diziam: A língua é o castigo do corpo. FIM.


CONTO MUITO TRISTE MAS REAL! 19/06/2016 

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