sexta-feira, 17 de junho de 2016

A HISTÓRIA DOS TRÊS AMIGOS.

                                   

               
Era uma vez um rei muito mesquinho, impiedoso que julgava ser muito justo mesmo sabendo o que fazia de mal com estas qualidades que possuía. Com ele era unha por unha e dente por dente. A lei de Talião era a sua diretriz. Quem devia teria que pagar de qualquer maneira. Fosse a quem fosse, como naquele tempo as coisas o comércio era de barganha por ainda não haver moedas em circulação. Quem tinha cabras, ovelhas, bezerros e outros animais trocavam por outras coisas que precisavam, roupas, calçados casas outros animais etc. Havia um sujeito que lhe devia muito e sem condições de lhe restituir a dívida, então decretou a sentença em seu favor: Se não me pagar morrerá ou ficará preso perpetuamente, já tenho alguns na cela. A ordem dada teria que ser executada. Não havia apelo, clamor por misericórdia, solicitação alguma, choro, pedido de familiares, amigos, nem intercessão de ninguém. Nem penhor de bens de outrem. Teria que ser do seu suor a paga. Era mesmo para aprender a não fazer dívidas sem ter com o que pagar. Dura lição de vida! Um rei impiedoso, carrasco, tirano, déspota. Ninguém o fazia mudar de opinião. Mas o mundo é um velho professor que ensina, corrige e mostra o quanto alguém está errado. Sempre existiu pessoas assim, mas do outro lado também, pessoas bondosas, caridosas que cumprem o que Deus determinou em favor de seu próximo. Amá-lo! O pobre homem não encontrava solução para o seu problema, resolveu fazer a última tentativa de implorar ao rei sua compaixão. Morrer ou ser prisioneiro a vida inteira para ele daria na mesma. Quero ir, debandar para outras regiões do planeta, outros reinos, outras terras, conhecer outros tipos de trabalhos e pessoas e ver se consigo o recurso para quitar a minha dívida convosco majestade. Este resolveu dar-lhe a oportunidade que nunca dera á ninguém. Foi aceito com uma condição teria que ter um penhor. Você arruma uma pessoa de sua plena confiança, pessoa séria e de responsabilidades com aquilo que irá ouvir e receber de mim; ou seja as minhas ordens. Este será a sua pessoa viva perante a minha autoridade, o que eu ia fazer contigo farei com ele sem apelação caso você ou ele falhe. Palavra de rei nunca volta atrás e espero que a sua e a dele também não volte, dissera o Rei na ocasião! Teria um prazo para a sua volta e reassumir o seu compromisso da dívida. Tudo combinado e acertado nos mínimos detalhes do contrato, redigido, lido, corrigido, assinado pelas três partes e selado com o selo real. Não ficou uma aresta sequer, falhas nenhuma. O moço viajou e seu penhor ficou a disposição do Rei. O rapaz amigo dissera ao monarca: Enquanto o meu amigo não retorna, presto-lhe meus serviços, executo qualquer tarefa de serviços braçais, eu trabalho na roça, não quero um centavo, anote aí como parte do pagamento da dívida do meu amigo. Ficará mais amena a sua dívida, ajudá-lo-ei a quitá-la. Será bom para nós três. O Rei olhou aquele homem simples, matuto, camponês com aquela ideia de solidariedade, ajuda mutua de companheirismo sem a mínima preocupação de sua situação de além de penhorado, correndo o risco de ser enforcado no lugar de outro sem a menor chance de defesa. O tempo passou rapidamente, e a data dele se apresentar havia chegado e nada do homem. E agora? Fazer o que? Nada! Pensou o Rei! Está tudo acertado, no dia seguinte enforcariam o penhorado, mas este não esboçava nenhum gesto de preocupação com o caso. Estava tranquilo e o Rei apreensivo com a situação, foi ter com ele: O senhor está sabendo que amanhã te enforcaremos? Sim, dissera o rapaz, mas isto se o meu amigo não vier, não é? Verdade disse o Rei, mas ele virá sem falta acrescentou o rapaz. Quem deveria estar preocupado sou eu e não o senhor meu Rei! Acaso não confia em nenhum de nós dois? Pois nós confiamos em ti meu senhor! Vá descansar sua mente, todas as coisas tem sua hora exata. Logo ele estará aí de volta. Não te impacientes. Já estava se esgotando o tempo real e nada do amigo, o penhorado estava para terminar uma tarefa. Levaria ainda algumas horas além do prazo para a execução dele ou do amigo. O rei mandou parar o serviço, mas o rapaz argumentou: Nunca deixei minhas responsabilidades no meio da estrada majestade, assumo todas sem meio termo. Nada disso, não vou parar, terminarei a tarefa, depois me apresentarei á vossa majestade, ao senhor. Se findar a vida, terei a honra de dizer antes de morrer: Cumpri o meu dever perante Deus e os homens. Mais uma vez o Rei voltou sem graça. Passaram-se duas horas além do previsto e contratado, o rei mandou pegá-lo a força caso não quisesse vir. Pegaram-no e trouxeram amarrado e iam conduzindo para a forca, quando puseram a corda no teu pescoço, este sem esboçar nenhum gesto de defesa, sossegado, calmo, estava suave as suas feições, parece que ele navegava em outra dimensão sem se importar como que estava acontecendo em sua volta. Toda a multidão á sua volta estava muda ao ver aquilo, nunca viram um homem daquela natureza. Pois todos que sabendo que vai morrer apronta um reboliço de lamentações, choros, pedidos de clemência, arrogo e mais coisas, este não! Todos entretidos ali, de repente um da multidão gritou: Lá vem o amigo dele! Nossa, quase não acreditaram, mas era verdade! O homem chegou mesmo! Pararam a execução! Ficaram espantados com a presença dele, tinham por certo que ele jamais viria! Este chegando reverenciou sua majestade, cumprimentou os presentes, foi até a forca e retirou seu amigo, dizendo ao carrasco: Este lugar seria meu! Não será de nenhum de nós dois, deu-lhe um abraço apertado e disse-lhe: Obrigado amigo pelo que tu fez por mim, jamais te enganaria! Abrindo uma sacola que trazia a tiracolo retirou dela uma pepita de ouro de 630 gramas, entregou-a ao rei dizendo: Isto quitará a minha dívida para convosco. Obrigado meu senhor! Agora sim, dormirei em Paz. Ma o Rei além de arregalar os olhos por nunca ter visto um gesto, uma ação de tamanha nobreza de um ser humano assim, replicou: Não vou aceitar! Além de quitar a sua conta por mais de dez vezes se eu quisesse! Vocês dois me surpreenderam!  Você e sua dívida estão perdoados amigo! Enquanto o Rei lhe dava o perdão, o moço tirou outra pepita um pouco menor deu-a ao seu amigo dizendo: Isto é uma recompensa de minha parte por sua Confiança! Amor não tem preço! Mas peço que receba! O outro recebeu e disse: Provei á nossa majestade que ainda existe no coração humano:  Amor ao próximo! O Rei não acreditava no que estava vendo não se conteve e completou: Também provo á vocês dois e ao povo presente que no coração humano pode ainda existir ou ressurgir dele também:  Bondade e Perdão! Até aqui vocês são dois amigos! De hoje em diante seremos Três! Imediatamente mandou soltar todos os prisioneiros que cumpriam pena por dívidas, e reinou até o fim de sua vida com: Perdão, Justiça, Amor e Sabedoria! Seu reino prosperou muito, pois onde tem: Estas virtudes, os Céus iluminam as mentes e os povos são felizes.

CONTO DA CULTURA SERTANISTA PARA O BLOGGER DE HISTÓRIA.

"COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES.  05/06/2016

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