quinta-feira, 26 de maio de 2016

ECONOMIZAR TANTO ASSIM NÃO DÁ!

                                   


Hoje vamos contar a história de um senhor que era o máximo em economizar de tudo. Uma coisa nunca vista antes. Acho que dá para acreditar. Sabe aquelas pessoas que não roem as unhas porque dói? È um destes. Nem é preciso dizer sobre a mesquinhez. A criatura era demais em tudo o que fazia, regulava sem ao menos ter cerimônia de quem quer que fosse, um exemplo: Exigia da esposa e da única filha que tinham do seu casamento que ambas assim que coassem o café não jogassem o pó molhado do coador, seria colocado numa tabuinha lá no telhado para secar e depois ser reutilizado. Quando já estava mais para água de batata, do que para café e somente no cheiro, acrescentava sementes de fedegoso torrado e moído e um pouco de outro café novo para saborear. Nossa como ficou bom, dizia! Não alimentava seu cão e seu gato com sobras de comidas, somente com carnes de caça, caçava nos fins de semanas. Fazia de tudo para não errar um tiro. Se acertasse mal a caça, perdia-a, além da munição. Caçava ou esperava os bichos, pacas, cutias, tatus, veados e antas, outras vezes capivaras, aves silvestres etc. Dos animais caçados só não comia os pelos, as unhas, chifres as peles também, com exceção das pacas porque a gente pela-as com água quente igual se faz com porco e a pele fritinha fica uma delicia, da fissura ele aproveitava tudo. kkkkkkkkkkk. Só não economizava água porque o ribeirão passava nos fundos de sua casa e ainda um poço na varanda que era uma beleza. Mas economizava sabões e sabonetes. As roupas que usava na roça durante o dia eram lavadas só com água a tardezinha e postas no arame á noite para secar, vestia uma muda durante a semana. Só uma por semana. As de passeios aos domingos, eram usadas os quatro domingos do mês sem lavar, precisava economizar sabão. As roupas de cama também eram lavadas uma vez por mês. Tomava banho todos os dias mas sem sabonetes, estes eram para ser usados só nos sábados, domingos, feriados e dias santos de guarda. A esposa e a filha usavam sabonetes escondidos dele, se descobrisse, era uma briga, mas elas tinham paciência com ele. Naqueles tempos antigos as mulheres eram só lides do lar, nada de trabalharem fora. Se bem que nada lhes faltava. Iam vivendo assim. Já tinha conversado com a filha e a esposa que o moço que pretendesse desposar sua filha, teria que ter os mesmos hábitos dele, ou que fosse mais econômico ainda. Senão não casaria nunca a moça. Um dia surgiu um moço que queria namorar a moça, ele já avisou do seu sistema. O rapaz desistiu, apareceram outros que desistiram também, a moça e sua mãe já estavam desesperançadas do casamento. Só havia um remédio, esperar, quem sabe surgiria um moço esperto que conseguisse vencer o velho. Um dia numa festinha na vizinhança a moça encontrou um moço que muito lhe agradou, fê-lo pedir licença ao pai para namorarem, no domingo cedo o rapaz atendeu o pedido da moça e o velho aceitou, mas já avisou-o como era, se pretendesse casar, o moço nem se importou com aquilo, a moça tornou lhe avisar mas ele disse que depois veria aquilo. Depois a gente resolve isto, disse! Namoraram firme e um dia o rapaz pediu a mão da moça em casamento, agora o negócio era mais sério. o velho lembrou de tudo de novo mas o moço nem ligou para a tal conversa. Inquiriu dele você é econômico também? Sim disse o rapaz. Então está bem veremos de hoje em diante qual de nos dois é mais, precisamos conversar muito sobre isto. Se você perder não sai o casamento! Está bem, um dia desses veremos quem é mais, acrescentou o moço. Conversaram longamente e só dava empate. O velho dava gargalhadas porque até ali ele dominava a situação. Ninguém era mais que o outro. Aos sábados ele ia namorar na casa da moça e viu que o velho não deixava nem a lamparina acesa para não gastar querosene, proseavam no escuro e a moça sentada ao lado da mãe, o velho sempre atento, era um absurdo um negocio daquele, os namorados para verem os rostos só se fosse lá no terreiro e com a lua  clara, onde já se viu isto? Mas o rapaz não era tão desatento assim como se pensa. Examinou toda a situação em busca de uma falha do velho, não encontrou nenhuma. O velhote bloqueara todas as suas saídas. Namorava assim mesmo sem ver o rosto da moça no escuro, pegar ao menos na mão dela? Sentarem perto? Nem pensar! Não desistiu, sabia que daria uma rasteira no futuro sogro. Era um questão de paciência. No sábado foi á cidade e na volta passou na casa da namorada já era bem de tarde, trouxe um presentinho para ela além de vir de roupas novas, e chique mesmo. O velho nem lhe  convidou para entrar e sentar, mas ele não ligou. O pai da moça ficou olhando ele de roupas novas e bonitas até de cor, disse ao moço: O senhor está chique hoje rapaz? Deve ter gastado muito! Nem tanto senhor, é dever de um moço andar bem arrumadinho, inda mais quando tem uma noiva e se prepara para casar, respondera. Com a resposta o futuro ficou com uma cara e um bico de dar espanto nas mulheres, estas ficaram sem graça com a atitude do velho. Parecia que o mundo ia desabar naquela hora. O rapaz disse que já ia para casa e voltar mais tarde. Jantaram mais cedo até mesmo para não ter que dar janta para o rapaz, mas este não era tão bobo assim. Voltou com a noite já fechada, foi bem recebido e ainda trouxe um pacote de café novinho para tomarem entre uma conversa e outra, o velho agradeceu muito e elas também, já estavam enjoadas de beberem aquela água de batata. kkkkkkkkkkk. O que tirava a paciência do sogro era a frieza do rapaz, cismava que aquele dia seria a última tentativa de derrotar o rapaz, apesar de ser um "As" para desarticular qualquer insinuação de quem quer que fosse. A queda de braço estava prestes a acontecer, quem perderia? Não se sabe quem. Fora convidado a entrar e sentar o que ele fez com cortesia. O velho mandou esposa e filha para a cozinha que era fora do corpo da casa  acenderem o fogo e passarem o café. O rapaz sentou naquele banco de lascas de coqueiro áspero e com felpas, como estava escuro mesmo o moço sorrateiramente foi tirando a calça com cueca e tudo, ficou confortavelmente sentado nu, só de camisa kkkkkkkkkkkkk. Pelos movimentos dele o velho desconfiou que este tirara as roupas, perguntou: Parece que o senhor está nu? Sim, reponde o rapaz! Aí o velho virou uma fera acuada, o que está pensando menino? Nu na minha casa? Isso é falta de respeito comigo e minha família! O senhor não tem vergonha não? Pode ir embora, acabou o seu casamento, vista a sua roupa e suma daqui agora! O rapaz ignorou a ordem recebida e argumentou: Espere aí sogro, não é o que o senhor pensa, não tive intenção nenhuma de faltar com o respeito convosco e sua família. É que o seu banco é áspero e cheio de felpas e elas estragariam o fundo de minha calça  puxando os fios e as linhas. Preciso economizar ela para durar bastante pois custou muito cara. Outra coisa, está tudo escuro e ninguém viu nada amigo, além de estar só nos dois na sala! O velho sogro se calou, não teve contra argumento nenhum. Deu razão ao moço, este era mais economico  mesmo, sem dúvida, as duas lá na cozinha ouvindo tudo e batendo palmas. O rapaz se vestiu, o velho resolveu acender a lamparina, tomaram o café e o casamento saiu. kkkkkkkkkkkkk.

CONTOS DOS CABOCLOS SERTANEJOS PARA SE DIVERTIREM.


"COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES" ANASTÁCIO MS 25/05/2016     

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