domingo, 24 de maio de 2015

NUNCA DIGA ASNEIRAS, ALGUÉM OUVE! Parte 2

                         
         
          Você nunca sairia daqui, jamais voltaria para sua casa, ficaria acorrentado aqui. Se não fosse aquela mulher te chamar. Sabe onde você está? Não, responde o rapaz! Está aqui no inferno! Ali mais adiante um pouquinho, é os “Quintos”. Você só vai sair porque aquela mulher de branco e que cuida de sua mãe, te perdoou! Senão você estaria ferrado! Falou asneira? Falou comigo! Eu ouço tudo! Vou buscar e trago qualquer um, na “marra.” Sou o chefe desta “Coisa” aqui! Aqui é o lugar dos “Bocudos, dos que mandam os outros para os “Quintos” do inferno, e a gente vai buscá-los, se eu não puder ir mando os meus secretários, os meus imediatos, eles trazem mesmo, vem de qualquer jeito; se alguém não deixar trazê-los, a gente traz no lugar dele aquele que o mandou vir para cá, a gente não tem tempo a perder, lugar dos atrevidos, iracundos, fascínoras, dos assassinos, cachaceiros, suicidas, corruptos, estupradores de filhos, governos déspotas, promotores de guerras, rebeliões, autoridades diversas que matam por abuso do poder, grupos de extermínios, que ordenam carnificinas, chacinas, tiranos, carrascos, sanguinários, promotores de holocaustos, os lideres de todas as guerras, aqueles que guerreiam para tomar o que é dos outros, guerreiam por ganância, assaltantes, mandantes e capangas, pessoas cruéis, mau pagador, rebeldes, avarentos, soberbos, mal-agradecidos, mentirosos, fornicadores de pecados, adúlteros, malfazejos, ateus, mercenários religiosos, blasfemos, traidores, fanáticos, ingratos, injustos, profanos, altivos, orgulhosos, prepotentes, quem faz pactos com a gente daqui pra não ficar sem dinheiro, fofoqueiros, idólatras, benzedores, quem faz amarração nos casais, simpatias, ou desfazem uniões, ultrajam o matrimônio alheio, invejosos do casamento feliz dos outros, odiosos, que falam asneiras como você falou: Que tocaria até no inferno, vou te lembrar mais uma vez, viu? Rogam praga, mulheres que matam os filhos no ventre, vivem xingando os maridos e filhos já grandinhos, murmuram contra a vida, maltratam ou matam pai e mãe, fazem poções, põe porcaria na bebida, no café, no mate, nos chás noutras bebidas e na comida para darem as mulheres para estas virarem a cabeça para outro homem abandonando seu esposo, lares e filhos, com os homens também, maridos e mulheres que se matam, os que fazem macumbas para os outros, espíritas, os que fazem toda espécie de mal ao próximo, os que matam, roubam, usam e  passam drogas, e toda a espécie de pessoas perversas, malfeitores, astrólogos, mágicos, jogadores de cartas, cartomantes, adivinhos, espiritas, magos e ledores de sorte e supersticiosos também, é verdade que muitos conseguem escapar de nós, não ficam aqui. Nós daqui do inferno fazemos de tudo para pegar “Todos” os humanos, mas não é possível Este povo está tudo aqui sendo torturado, judiado, escravizado, queimado naquela fornalha, na roda de navalha, na cabeça de prego, naqueles espetos, forcados, e outros instrumentos de tortura, o inferno é muito antigo, desde os tempos de Adão. Os “Quintos” é um prédio mais novo, olhe naquela janela lá nos fundos, o rapaz viu o prédio. Está me ouvindo? Sim disse o rapaz com as pernas bambas e trêmulas quase desmaiando de tanto terror!  Agora venha cá disse o homem! Quanto custa o seu serviço de tocar a noite para a negrada? O sanfoneiro estava morto de medo e respondeu: Nada, não custa nada senhor! Não me chame de senhor, rosnou o chefão! Não quero ouvir isto! Senhor é o outro, o Grande lá de cima! Venha aqui receber! O rapaz seguiu-o por um corredor que deu numa sala. Lá ele viu tanto dinheiro empilhado que até nem acreditou no que via. Estavam empilhadas cédulas sobre cédulas do piso até no forro. Já viu tanto dinheiro assim? Não, disse o rapaz. Com esta grana toda eu domino o mundo, quase todos estão presos em minha mão, disse o espectro. Isto aqui é o dinheiro que os governos e os políticos roubam do povo, as empresas, instituições bancárias, dinheiro de jogos, e organizações diversas que lesam o povo negando-lhes o sustento, patrões e patroas que logram, não pagam, roubam de seus empregados, desde os colonizadores, garimpeiros, indígenas, mineradores que se matam, eles morrem e o dinheiro fica. Não serve para eles, vem tudo para cá. Todo o dinheiro que é roubado, sonegado de outro, isto é suor alheio, estão tudo aqui empilhados. Por causa deste dinheiro me deram a sua alma. O dinheiro e a política são criações nossa, sabia disso? O dinheiro é a melhor isca para pegar os homens e mulheres, eles a engolem com anzol e tudo. Vocês aí da terra, fiquem prevenidos: Que o dinheiro vai sumir, ficando escasso, os homens e mulheres ficarão doidos correndo atrás, mas está aqui e aí eu pegarei os incautos, rá rá rá rá!  O homem puxou da pilha um pacote deste tamanho. E deu-lhe dizendo: Isto é o pagamento seu, é pelo seu trabalho de tocar só esta noite para a negrada. Agora vamos embora, você não pode ficar aqui nem mais um minuto, os galos já começaram a cantar, vou te levar na mula, prepare-se. Dizendo isto, foi buscar a mula encilhada. Ele saiu com muita dificuldade da sala, pois só dava mal para passar no corredor apertado de tanto dinheiro que tinha. Só vendo a catinga de dinheiro novo que exalavam. Montou na mula com a sanfona e sua trouxa da roupa quem nem usou, e saíram os dois malucos: Ele de medo, e o tal homem de raiva. Do mesmo modo que quase voaram quando vieram, voltaram voando. O rapaz nem se mexia na garupa de tanto medo, estava petrificado, parecia que demorava mais voltando do que quando vieram.  No atravessar a mata ele quase fica cego com uma batida de galho e arbusto que lhe batera no rosto ao sair daquele buraco quente que parecia um parafuso. Pronto, ao chegarem no terreiro de sua casa o Rei das trevas lhe empurrou da garupa e o coitado caiu de qualquer jeito no chão com sanfona, trouxa e tudo. Ficou deitado no terreiro até que o dia amanheceu, recobrou os sentidos quando sua mãe lhe viu e chamou pelo nome: Frederico meu filho, o que é isso menino? Ficou mudo por dois dias e parecia um morto-vivo. A sua mãe preocupada foi chamar um padre que veio vê-lo. Com muita dificuldade ele voltou a si e contou toda a história, o que lhe aconteceu. Mostrou o pacote de dinheiro e o padre lhe disse: Dinheiro já é maldiçoado e este aí é pior ainda. Não fará nenhum futuro com este dinheiro, gaste-o de todo o jeito que puder, dê ás pessoas necessitadas, compre coisas que acabam logo,  exemplo: roupas, calçados, sabões, objetos de uso pessoal que logo tem fim, ferramentas nada de bebidas, etc. O padre aconselhou-o a não mais tocar a sanfona em baile. Ele disse que nunca mais iria em baile algum, também jamais tocaria aquele instrumento. Dali em diante só faria o bem, viu também lá no inferno as pessoas que só fizeram maldades enquanto viveram. Lá num tormento eterno. Viu muitos conhecidos seus que algum tempo tinham falecido. De quando em quando no salão sentiam uma onda de calor terrível como se estivessem numa fornalha. De um lado os baileiros dando gritos na folia, lá do outro lado divisado por uma parede se ouvia lamentos, gritos de dores, agruras, e angústia, lamentações, choros sem fim. Ouviam-se também, rosnados de feras, gritos de desespero, gemidos, uivando como lobos nas campinas, ganidos, esturrados como onças na chapada, berros igual touros enfurecidos, latidos de cães, barulhos de açoites, pancadaria e toda sorte de sofrimentos nos aguilhões da morte naquela tremenda escuridão. Era ali mesmo o inferno! O tal homem era mesmo o Anjo das trevas. Comprovado com todas as letras. Chorou muito, quando se lembrou daquelas cenas horripilantes! Arrependeu-se de ter dito aquela baita asneira, que quase lhe custou a vida e um sofrimento eterno.

CONTO QUE SABÍAMOS DESDE MUITOS ANOS, TERRÍVEL LIÇÃO DE VIDA PARA ALGUNS.
POSTAMOS PARA O NOSSO BLOGGER: “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

Anastácio MS. 01/05/2015

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