domingo, 24 de maio de 2015

O LADRÃO FAMINTO E O INDUSTRIAL.

                     
                  
Eram mais ou menos pelas duas horas da madrugada quando ouvi um barulho de alguém tentando abrir a porta do meu quarto, acordei e ouvindo direito levantei, acendi a luz na “pêra” fui até a porta girei a chave e abri-a de vez, deparei com um estranho encapuzado me apontando uma arma. Estava tão sonolento que nem me assustei, fui intimado a dar-lhe todo o dinheiro que tivesse, e ligeiro; senão me mataria. Fitei aqueles olhos naquela máscara, parecia que desfigurado como se tivesse muitas noites sem dormir, respondi-lhe: Aqui não tenho um tostão sequer. Não guardo dinheiro em casa amigo. Perde seu tempo comigo, se quiser, me mate então. Ante estas palavras o ladrão hesitou em suas intenções. Aproveitei esta minúscula fração de tempo que ele me deu e completei: O que você ganhará se me matar? Nada! Não mereço ser morto assim sem nada ter para te oferecer. Baixe esta arma e venha cá, eu estava só de pijama, com a maior naturalidade pedi-lhe licença, mesmo na frente da arma, sentindo o cano dela nas costelas quando passei na sua frente e convidei-o para sentar á mesa da sala após ter acendido a luz. Ele sem ação me acompanhou, puxei duas cadeiras na mesa da sala, ofereci a ele uma e sentei na outra. O homem estava como que anestesiado me olhando firme nos olhos. Petrificado, imóvel, sem acreditar em minha atitude de não esboçar um gesto sequer de ação na defesa, além da calma que lhe mostrei que tinha, tomei a iniciativa e disse-lhe: O senhor está com fome? Venha comer alguma coisa! Sente-se aí! Levantei, abri a geladeira e tirei comidas para nós, acionei o micro ondas ao lado colocando para aquecer o alimento. Enquanto aquecia perguntei-lhe: Porque o senhor vive uma vida dessas? Ele abaixou a máscara, mas segurava a arma, vi teu rosto! Tão novo cheio de vida e numa situação miserável desta? Assaltando, roubando, matando a ponto de ser morto de graça, atoa sem ao menos ter uma oportunidade de valorizar a vida? Deixe disto rapaz! Eu vou te ajudar, pode confiar em mim! Não possuo arma, não tenha medo de mim, não vê que estou só de pijama? Ele guardou a arma e ficou admirado com minha frieza, servi para ele e disse: Sirva a vontade, coma sem receio, você está é com fome! Ele assentiu com a cabeça afirmativamente e começou a comer. Fiquei olhando aquele individuo que não parecia ser ladrão, ou seria o primeiro assalto que faria. Dava uma colherada e me olhava surpreso, eu nada tinha a esconder. Terminou a refeição o homem começou a chorar, me deu a sua arma para guardar, levantou e ia sair soluçando como criança. Até eu me emocionei, confesso! Sente-se rapaz não vá, ainda é cedo pedi a ele! Atendeu como se fosse uma criança obediente. Vamos fazer o seguinte: Você não vai embora de mãos vazias, tenho pena de ti, merece uma chance de uma vida feliz, eu vou te ajudar agora, preste atenção: Vamos ali no outro quarto, ele me seguiu, abri o meu guarda-roupa  e dele tirei algumas camisas,  calças, cuecas, meias, lenços, gravatas, abri a sapateira e olhei no seus pés calculei que seu número era o mesmo meu. Tirei três pares de sapatos diferentes um do outro. Peguei uma sacola, antes porém disse á ele, isto é para você! Tire esta roupa suada e ponha no cesto de roupas sujas. Vá no banheiro, indiquei-lhe a porta e tome um banho e vá dormir em paz ali naquele outro quarto. Já não és mais um assaltante, malfeitor nem uma pessoa má. A partir de agora será um homem direito e feliz. Sei que você já sabe, que sou um empresário bem-sucedido na vida, solitário, mas muito feliz. Tenho muitos empregados numa fábrica nossa muito grande nesta capital. Descanse e amanhã cedo vou mandá-lo no meu escritório e será registrado como nosso empregado. Ele balbuciou muito desapontado, não tenho um triste documento que mostre ao menos que tive mãe. Perdi todos eles em uma fuga que empreendi por ocasião de um assalto com meus companheiros, morreram todos no tiroteio com a policia, só eu escapei. O senhor é muito bom, mas não posso aceitar a sua oferta de serviços. Vou-me embora muito feliz pelo que o senhor fez por mim. Não esquecerei o seu conselho. Nunca mais farei isto. Vou para bem longe daqui. Não vou viver mais esta vida infeliz. Venderei minha arma e terei alguns trocados para a passagem. Muito obrigado pelo que o senhor fez por mim. Nada disso, repliquei: Vá descansar, depois do amanhecer a gente conversa melhor. Ele não contestou. Amanhecendo o dia levantamos e fizemos a refeição matinal ele estava apreensivo, como que esperando o que eu ia lhe dizer. Peguei no telefone e liguei no meu escritório falei com minha secretária: Adriana, aí vai um rapaz que será o nosso funcionário, providencie todos os documentos que ele precisar, não importe quanto vai custar! Ele não dispõe de nenhum. Coloquei o fone no gancho e indiquei-lhe o endereço do escritório. Vá lá e não fique preocupado com nada. Enquanto os seus documentos são providenciados o senhor ficará aqui comigo, seremos dois companheiros, amigos de confiança um do outro. Daqui a pouco chegará uma empregada que cuida de minha casa, não tenha acanhamento. Venha para o almoço, para a janta e para dormir, direi a ela que és meu hóspede, ninguém nunca saberá o que aconteceu. Sabem o que aconteceu com este moço? Foi nosso empregado durante 15 anos, ajudei-lhe arrumar a vida, ajuntou dinheiro, comprou um carro e uma casa, mobiliou-a e casou com a minha empregada. Adquiriram filhos e estão vivendo uma vida que nem eu acreditei que ele podia ter. Um dia desses pediu-me que não queria mais ser empregado, dispensei ele, com mais o dinheiro dos seus direitos trabalhistas montou uma loja de materiais esportivos num dos bairros mais conceituados da cidade. Pena que fiquei sem minha empregada de mais de 10 anos. Kkkkkkkkkkkkkkkk!

MAIS UM CONTO PARA O BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

ANASTÁCIO MS, 15 DE MAIO DE 2015  Luizão O Chaves no Face.

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