Morava numa bifurcação de estradas um casal de camponeses
onde era quase uma parada obrigatória de viajantes. Por aquele trecho passavam
pessoas vindas de todas as direções daquele ermo de sertão, muito longe de
qualquer cidade que alguém pudesse imaginar. Parecia uma travessia de um lado
do sertão para o outro. O casal eram pessoas alegres, prestativo e servidor é
obvio que teriam que serem assim, porque afinal de contas o lugar que moravam
eram quase isolados da civilização. Os tempos eram diferentes dos de hoje; as
pessoas eram na sua maioria de respeito, amizades verdadeiras, era muito
difícil ver alguém desocupado a vadear por aí com más intenções ao seu
semelhante, como é nos dias de hoje. Como dissemos no inicio desse conto, era
uma estrada que bifurcava como um ypsilon bem aberto.
Como diz o caboclo eles moravam bem no meio da forquilha com a frente para o
lado que vinha dar na bifurcação. Casinha bem arrumada com varandas ao redor,
muitas árvores frutíferas no quintal nos fundos tinha um poço de agua muito
boa, com sarilho e alguns tambores para enchê-los além de um chuveiro de
campanha dependurado na cumieira de um galpão que servia de banheiro só para
banhos mesmo, o outro banheiro era uma fossa mais distante da casa. Tudo muito
simples, mas de acordo com as necessidades básicas Sempre havia viajantes que
por ali pernoitavam. Outros apenas descansavam um pouco, depois seguiam sua
viagem. Raro era o dia que não passavam gente por ali gente á pé ou a cavalo.
Com cargueiros, com tropas, até com algumas reses, com carros de bois, carretas
o que naquela época era muito comum. Era na verdade um ponto de informações
muito seguro. Além de ser um boteco destes de beira de estradas, bem ajeitado.
Como o sertanejo viaja a qualquer hora que for preciso, ali o pobre homem com
sua esposa quase não tinham sossego, ás vezes fora de hora aparecia viajante
pedindo informações tinha que dar porque eles não sabiam que rumo seguro tomaria
quando chegasse ali, seguir por qual das estradas, se eram duas agora Não
existia nada que serviam para indicar o caminho a seguirem. Isto era qualquer
hora do dia ou da noite ás vezes até de madrugada tinha gente batendo palmas
pedindo informações, outros pediam pouso, pediam o que comer. Tinha dias que o
morador estava com o“Saco” cheio, de tanto que atendia as pessoas. Nem podia
dormir direito, lá vinha um batendo palmas, atendia aquele, quando estava no
melhor do sono. De novo outro amolando, já estava para mudar dali para ver se
sossegava um pouco daquela situação. A esposa dizia: João, tenha paciência com
estes pobres viajantes, eles não sabem, tem que perguntar mesmo. Ponto de
estradas e boteco é assim mesmo! Está bem dizia ele. Mas este povo parece que nem dormem, ainda não deixa nem a
gente dormir também.Uma época que poucas pessoas sabiam ler e escrever, este
povo antigo só sabiam trabalhar e nada mais, a cultura era coisa que ninguém
dava importância, estava bom assim mesmo. O nosso amigo era conhecedor de toda
a região, conhecia tudo mesmo; aonde aquelas estradas iam dar fosse longe como
fosse, tanto de um lado da forquilha como do outro até alcançarem a cidade que
os viajantes procuravam.Já de saco cheio como o sertanejo costuma dizer, uma
noite dessas, deitado e conversando com a esposa, teve uma ideia; sabe Maria,
vou fazer duas placas grandes, e com letras bem legíveis e colocar uma em cada
estrada, com uma seta indicando o nome do lugar que procuram, assim dormirei em
paz, chega de ouvir tantas palmas a toda hora, seja dia ou noite. Que bom,
respondeu a Maria! Vai dar muito certo, pode crer! Assim fez o nosso amigo com
todo o carinho, fincou-as no devido lugar e descansou. Feliz da vida! E por
incrível que pareça naquela tarde não apareceu ninguém pedindo informações de
nada. Deu a noite, sem novidades, jantou sossegado mesmo, conversou um pouco
mais com a Maria e foram dormir numa paz que só vendo! Agora sim! Dizia! Não
terei que levantar mais para ninguém! Dormirei como criança pensava ele! Mas o
seu sossego durou pouco, imaginem o que esperava o pobre homem que se sentia
tão feliz! Esquecera que poucos sabiam ler. Lá pelas tantas da noite ou madrugada não sei ao certo, escutou
palmas, acordou meio atordoado de sono, ouviu direito, eram palmas mesmo! Saiu
lá fora resmungando de raiva, mas foi! Dois sujeitos perguntaram ao pobre homem:
Amigo, o que é que está escrito naquelas placas? Nos não sabemos ler!Quem
dormirá com um negocio destes? Só a paciência resolve!
MORAL DO CONTO: QUEM NÃO TEM PACIÊNCIA, NÃO SE SALVA!
CONTOS POPULARES QUE TODOS CONTAM.
LUIZÃO-O-CHAVES
ANASTACIO, MS30/08/2013
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