Coelho e Jabuti sempre foram conhecidos, vizinhos e até
amigos, esta situação dependia muito das épocas que viveram. Por exemplo, o
coelho vive muito pouco em relação a existência do Jabuti que em muitos casos ultrapassa
cem anos. Coelho vive pouquíssimo tempo, no máximo 12 anos, mesmo que tendo a
sorte de seus predadores o deixarem em paz por longos anos. Imagine a
quantidade de perseguidores: Gaviões, corujões, jiboias, gatos domésticos,
gato-do-mato, lobos, raposas, cobras diversas, cães-de-caça, indígenas,
sapo-boi e vai por aí a fora. Se bem que o Jabuti também conta com a sorte
nesse aspecto da sua vida cotidiana. Onças, jaguatiricas, lobos, alguma sucuri quando
este vai á beira de lagoas e córregos saciar a sede. Tudo é um fator sorte para
ambos. Quem é que garante viver em paz por muitos anos? Ninguém responde esta
pergunta com tanta certeza ante um mundo tão conturbado por tudo o que existe
de maldades nesta terra. Apesar disto tudo e das circunstâncias que a vida lhes
oferecia eram muito conhecidos, desde os tempos remotos cultivavam uma
facilidade de estarem sempre próximos um do outro. Isto é, levando em conta a velha amizade de
seus antepassados do lado do coelho, porque este, o jabuti do nosso tema já
tinha passado dos 90 anos, e do lado do coelho passaram muitas gerações.
Kkkkkkkkkkkkkkkk. Naquela região onde viviam era “Região Serrana”, lugar alto
como sendo uma chapada de muita extensão. Existindo lajedos em vários trechos,
serpenteado por arbustos entre as frestas das pedras na beirinha dela quer
dizer: por onde uma velha estrada “Carreteira” dava acesso a outros lugares da
região era como se fosse asfaltada, mas era pedra natural formada a milhões de
anos pela mãe natureza. Por ali fora por muito tempo lugar onde os homens tiravam
madeiras e as carreavam naquele trecho, e transportando-as para outros lugares.
Via-se claramente as marcas das rodas das carretas, carros e dos cascos dos bois na pedra vermelha,
largando arenito que quando o vento batia formavam poeira. Se a gente pudesse
subir em algum lugar bem alto veria os dois riscos paralelos na imensidão da
estrada. Pareciam riscos de lápis vermelho numa folha de papel sem pautas.
Muitos e muitos anos isso aconteceu, o jabuti a tudo isso presenciara nos seus
90 anos de vida. Kkkkkkkkkkkkkk. Viu muitos Carreiros e Carreteiros passarem
por ali gritando com seus bois carreiros, ao longo do dia, desde as madrugadas
até ao escurecer carregando enormes toras de madeiras tiradas na chapada
naquela mata alta e muito bela. Ás vezes dava uma parada para descansar os bois
em alguma sombra. Desta feita os homens o Jabuti faziam amizades, todos gostam
de ver um cascudo destes com sua lerdeza e feiúra, olhem um Jabuti aqui? Olhem
como é folgado? Peguem-no para a gente ver de pertinho? Nossa, como ele é
pesado! Solte o bicho gente! Deixe-o a vontade, com isso ele fez muitos amigos.
O jabuti era muito feliz, vivera ali todo este tempo. Adorava aquele lugar
apesar de só existir água quando chovia e a agua da chuva empoçava nas brechas
das pedras ou alguma poça no meio da estrada. Agua para mim nunca foi problema,
dizia sempre consigo, a hora que chover eu bebo..........kkkkkkkkkkkkkk. Por
ali os coelhos sempre foram forasteiros, pois confiavam sobremaneira em sua
agilidade de andar para todos os lados. Descia lá embaixo na furna encontrava
agua por lá. Subia e descia quando queria da serra. Numa época que os
madeireiros deram uma trégua nos serviços a estrada ficou um tanto deserta
cresceu alguns arbustos na beirada da mesma onde havia pequena porção de terras
sobre a lage, mas dava para enxergar longe ainda, apesar dos matos, o coelho andava
por lá todas as tardezinhas quando ia caçar o que comer, pois tem hábitos
noturnos e vez por outra via o amigo jabuti indo para o seu esconderijo para
dormir em paz á noite. Com aquela carinha de safado, o orelhudo arquitetou um
plano: Vou dar um trote neste velho Jabuti. Deixa ele comigo, pregar-lhe-ei uma
peça que jamais esquecerá. Kkkkkkkkkkkkkk. Amigo Jabuti, disse ele: Vim te
convidar para fazermos uma aposta. Vamos correr daqui desta pedra até lá no pé
do angico, quem de nós dois chegar primeiro vencerá. O Jabuti pensou consigo:
Este camarada está me debochando, sabe que nunca corri em minha vida além de
velho que sou. O Coelho esperou a resposta do amigo. Quando se dará isso e como
faremos pergunta o Jabuti. É fácil, replicou o malandro do Coelho. Ficaremos um
de cada lado na marca das rodas das carretas na estrada de pedra e partiremos com
toda velocidade até chegar ao final. Daqui lá deve dar um quilômetro mais ou
menos.
O Jabuti pensou: É longe pra chuchu! Vou demorar no mínimo quatro horas
andando enquanto ele correndo chegará em questão de minutos, claro que ele
ganhará a aposta. Não demonstrando constrangimento. Aceito disse o quelônio.
Então hoje descansamos e a corrida fica para depois de amanhã cedinho dissera o
Coelho. Combinado? Feito, responde o Jabuti. Cada um foi para seu canto. O
Jabuti espremeu os miolos em busca de uma solução para não perder a aposta.
Saiu a esmo pela velha carreteira olhando em tudo, de repente vislumbrou numa
moita de lixeira uma garrafa de pinga que um carreiro deixara ali, decerto
esqueceu, pensou o Jabuti. Esfregou as patinhas uma na outra de contentamento,
Achei, achei e achei a solução para este caso intrincado! Qui, qui, qui, qui
sorria ele. Vou dar uma lição neste Coelho que nunca mais zombará de ninguém.
Qui, qui, qui, qui e kkkkkkkkkkkk. Passou a mão na garrafa e levou consigo,
pena que já tinham bebido uns dois goles da cachaça. Mas está bom disse aos
seus botões. Chegou na sua toca feliz da vida. Descansou até demais. No dia
marcado lá estava ele com a garrafa a tira colo amarrada por um pedacinho de
cipó. Não demorou muito, lá vem o Coelho sorridente também. Olá amigo está
pronto? Sim dissera o Jabuti. Êpa o que isso nesta garrafa? Pergunta o Coelho
admirado! É uma coisa gostosa para mim festejar com os meus patrícios lá no pé
do angico quando eu chegar. Vencerei a aposta e iremos bebê-la em comemoração a
minha vitória. Qui, qui, qui, qui. Essa
não, disse o coelho! Não acredito! Verdade, disse o Jabuti! Vais ver! Antes
porém você me dá licença que vou tomar um traguinho agora na saída para
esquentar o sangue das canelas, assim
correrei mais rápido. Dissera aquilo só para provocar as lombrigas do amigo. O
Coelho ficou com os olhos arregalados e com agua na boca. Não vai me dar nem um
golinho amigo? Só se for bem pouquinho replica o Cascudo. Você nem precisa,
corre muito bem. Passou-lhe a garrafa e o Coelho deu uma bicada grande! Nossa
disse o Jabuti assim fico sem nada para a comemoração. Que nada diz o Coelho,
ainda tem bastante, me deixa tirar mais uma golada, o Jabuti nem fez questão, o
Coelho empinou a garrafa e o Jabuti disse: És muito guloso amigo? O Coelho
pensando em lograr o Jabuti disse: Por enquanto vamos só andando, lá mais
adiante a gente corre. Pediu mas outro gole e depois disse ao Cágado: Agora
sim, vamos? Atenção! E...... já! Saindo
numa carreira louca sem se importar se o amigo corria ou não, sumiu na estrada,
o Jabuti ficou olhando aquilo. O amigo desapareceu mesmo. Mas não desanimou,
continuou andando como sempre, andou uma hora e pouco, ao passar por uma moita viu
o Coelho deitado na sombra roncando e babando, que até dava dó em acordá-lo. A
cachaça subiu na cabeça do Coelho e este ficou bêbado e dormiu fundo. Qui qui,
qui, qui. O Cascudo chamou no pé, olhava para trás, nada do amigo vir. Chegou
ao pé do angiqueiro encontrou seus patrícios esperando-o. Fizeram festa,
palmas, gritos e risos, tomando a cachaça ficaram bêbados, uns de barriga para
cima, outros de lado resmungando igual o humano quando enche o “Tampo”. Esperou
um pouco o orelhudo, este demorando ele deitou-se também depois de tomar o que
sobrou na garrafa e ferrou no sono, Kkkkkkkkkkkkkkkkk. Já bem de tardezinha
vinha o Coelho desapontado e vendo o bando de cascudos todos bêbados e dormindo, nem quis
acordar o amigo. Sumiu da chapada para nunca mais voltar ali de tanta vergonha que passou.
SÃO FÁBULAS MUITO ANTIGAS DO NOSSO TEMPO DE CRIANÇA ANOS 1950
NOSSOS PAIS NOS RECONTAVAM E HOJE NÓS RECORDAMOS E
PUBLICAMOS.
PARA O NOSSO BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
ANASTÁCIO MS. 20/04/2015
LUIZÃO-O-CHAVES.
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