domingo, 26 de abril de 2015

A CAPIVARA E OS DOIS COMPADRES

                             
         
Dois velhos amigos e compadres eram roceiros pela vida toda, pelo menos até ali eram vizinhos de casa e de roça, esta era divisada uma da outra por uma rua de mandioca. De um lado um deles, e do outro o mais velho dos dois, ambos tinham família. Naqueles tempos quase ninguém tinha as terras que gostavam tanto de trabalhar nelas, salvo os grandes fazendeiros, alguns sitiantes de médio porte outros favorecidos pela sorte de heranças tinham suas terras, não eram mesquinhos como nos dias de hoje. A maioria dos camponeses trabalhavam em terras arrendadas, no caso dos dois compadres, um tinha as suas, o outro arrendava deste. Viviam bem, as lavouras foram muito prósperas neste ano, então como sempre há pessoas que apesar de terem família, gostam de viver mudando de um lado para outro, este último dos compadres, o mais moço deles parecia ter formigas dentro da roupa, parecia que dava correição na casa onde morava, igual os ciganos, um ano aqui, outro ano acolá, depois mudava de novo. Não era capaz de ficar dois anos numa área de terras mesmo que fossem boas, o problema dele era mudar sempre, tinha muita sorte nas produções da roça mas tinha este defeito. Após um ano bom de colheita, deu muito lucro a roça. Disse ao compadre: Acho que vou mudar de lugar este ano vindouro meu compadre! Estou com palpite de mudar e vai ser boa a minha mudança. O que é isso compadre? Aquieta ai homem? A roça deu bom lucro, fica quieto. De repente a sua sorte está aqui e o senhor vai andar pelo mundo atoa em busca de quê? Larga mão disso? Vai virar cigano com a comadre e seus filhos? Não é compadre, vou mesmo! Está bem disse o outro. Teu juízo é teu mestre! Teus pés é que te guiam! Sabes o que está fazendo. Depois não venha choraminguar dizendo que gastou tudo e nada deu certo. Já que insiste em ir: Boa sorte amigo! Vai em Paz! Pense bem compadre o que vai fazer. Além de tudo o arrendamento que te cobro é ninharia frente aos outros. Mesmo assim nada valeu ante a teimosia do outro fez a mudança feliz da vida. Passou o ano em outras terras, não foi lá estas coisas a produção naquele ano, além de ter pago um aluguel caro pelas terras de outro. O compadre mais velho parecia adivinhar, foi só chumbo que o outro tomou, começou a trabalhar de diarista para outros e a situação apertava cada vez mais. Um dia a mulher lhe disse: Porque não voltamos lá para o compadre? Estávamos tão bem lá, e você com suas maluquices de mudar, olhe no que deu? Não vou não mulher! O compadre vai me debochar e rir de minha teimosia. Estou com vergonha, o compadre estava certo. Relutando mais um pouco a mulher conseguiu convencê-lo. Já era mês de agosto e até preparar a terra de novo ficaria meio tarde para o plantio. Ele gostava de plantar no “cedo” e acabaria plantando no “tarde”. Foi meio sem graça lá sozinho sem a família, com medo do compadre negar-lhe a cooperação. Se estivesse com a família seria muito chato ter que ir embora de novo se nada conseguisse. Mas o seu compadre era gente boa. Nunca faria uma coisa assim. Foi lá! Então compadre, como está? E a comadre com as crianças? Saíste bem lá onde esteve? Colheu muito? Nossa que avalanche de perguntas! O compadre sem jeito respondia meio querendo esconder alguma coisa, parecia estar bem. O compadre mais velho percebeu que sua situação estava apertada e ele não queria falar claramente. Deu uma baforada no cigarro, fingindo nada perceber. Disse-lhe: Compadre se você precisar de alguma ajuda nossa, estamos aqui pronto para lhe dar uma demão. O outro se animou e contou-lhe a verdade, estava mal e quase sem nada. O primeiro lhe disse: Não perca tempo homem, vá buscar a comadre com as crianças. A sua “Palhada” está aí do jeito que deixaste, ninguém ocupou, só está um mato lascado, vai ter que pular quente e prepará-la até o plantio. Vá logo senão irá plantar muito tarde. Ele foi e trouxe a família. Era muito esperto pelejou até dar conta do mato. Em meados de outubro começou a plantar. As suas plantações só dariam fruto bem mais tarde. Feijão, milho, maxixe, abóboras, quiabos, melancia, morangos, mandioca batata, verduras e outras, chegariam quando as do velho estariam quase acabando. Atrasariam muito, mas o velho me dará uma demão, pensou! Dito e feito. Lá por Dezembro  o compadre do “cedo” já tinha de tudo frutificando, e ele nada ainda. Tinha vontade de pedir algo que precisava ao amigo mas, tinha vergonha. E o outro deu uma de mesquinho e não lhe oferecia nada. Vendo-o outro com sacadas de milho verde e de tudo o que socorre o roceiro, o pobre homem ia com a esposa e filhos a noitinha na casa do amigo, este assava milho, fazia pamonha, bolos, curau e comiam juntos com café. Mas não lhe dava uma espiga sequer para levar. Contou que a roça estava linda, só que a capivara estava atacando. Não sabia como fazer para deter o bicho daninho, o roedor terrível. Teve uma ideia, fazer um “Fojo,”lá na beirada da roça, bem na saída do “carpincho”, fez muito bem feito e bem coberto para pegá-la de surpresa. O amigo não sabendo da armadilha, logo começou imaginar como faria para adquirir um saco de milho verde e mais coisas. Pensou consigo: Vou lá á noite roubar do compadre e ele pensará que o estrago é da capivara. Kkkkkkkkkkkkkk. Vou lograr este pão-duro! Dali uns dois dias ele saiu á noitinha com um saco de estopa na mão. Justo no lugar onde a capivara saia, ela já tinha saído primeiro que ele, e caíra no “fojo.” Lá ficou presa naquele buraco fundo, ficaria até o dia amanhecer, quando o compadre a capturaria. Mas o buraco era bem feito e tinha um degrau como uma escada, ele lançaria uma corda com a laçada e a pegaria pelo pescoço. Levantaria ela dependurada até sair do buraco. Kkkkkkkkkkkk.  Coitado do compadre espertalhão! Depois de colher um meio saco de milho verde, já ia embora, não vendo a armadilha, no escuro caiu também lá dentro, com saco e tudo. Foi aquele reboliço, a capivara morde igual cachorro, mas o compadre além de estar de botas de cano alto foi muito ligeiro, ficou no degrau a noite inteirinha que Deus deu. Um gatuno embaixo e o outro mais em cima e o saco de milho entre os dois. Kkkkkkkkkkkkkkkkkk. A pobre comadre acordou no meio da noite e nada do marido. O que será que aconteceu meu Deus? Ficou aflita. Mas esperou a noite toda. Logo cedinho o compadre foi na roça ver se a capivara tinha caído na armadilha. Lá estava o seu compadre e ela juntos. Kkkkkkkkkkkkkkk. Lá dentro do “Fojo” estava seu amigo, nervoso pra chuchu, vendo o outro lá fora, sua cara caiu de tanta vergonha. Mas o compadre nem ligou para o acontecido, disfarçou o que pode. Pera aí compadre, dissera este calmamente, vou em casa rapidinho  buscar uma corda para tirar o senhor daí. Esqueci-me de te avisar homem, que havia feito esta armadilha para a capivara. Voltou logo, e com a corda mandou que o compadre amarrasse o saco de milho primeiro. Vamos tirar o teu saco de milho compadre, depois o senhor, e por fim a capivara. Este rápido de raciocínio contestou: Porque não me tira primeiro? Este saco de milho não é meu, deve ser da capivara. Foi ela quem caiu primeiro. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.



 HISTÓRIAS DE CABOCLOS SERTANEJOS QUE UNS CONTAM PARA OS OUTROS.
 PARA O NOSSO BLOGGER: “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

ANASTÁCIO MS 24/04/2015.

UMA AVENTURA QUE JAMAIS ESQUECEREI!

                                   


Estava para chegar á margem esquerda do rio, faltava nadar mais alguns metros e pronto, estaria livre do pior que poderia me acontecer. Ufa! O coração faltava pouco sair pela boca, as minhas pernas cansadas não obedeciam mais o comando do cérebro, rio largo, aguas pesadas devido a pouca correnteza, braços já cansados também. Mas enfim cheguei são e salvo do outro lado. Salvo as marcas dos dedos do meu agressor na minha garganta. Alcançando a terra firme, deitei no solo exausto. Deixava para trás uma tragédia, uma vida, uma pessoa inerte, estendida no chão, uma dor no peito que jamais aliviaria. Uma lembrança triste, um sentimento de amargura, e um pensamento: Será que Deus me perdoará pelo que fiz? Será que agi em legitima defesa? E se eu não tivesse feito? O que poderia ter acontecido comigo? Estaria no lugar daquele individuo malfazejo com certeza. Só eu sei a angústia que senti quando ele me sufocou pegando-me pelo pescoço e me apertando contra o chão. Estava numa agonia terrível! Ele estava ajoelhado em cima de minha barriga, era maior do que eu, e tinha mais forças, me dominou com certa facilidade quando me pegou. Eu sou franzino comparando com o seu corpanzil. Pensando que era brincadeira dele quando me agarrou. Mas não era! Nas últimas reações de sobrevivência, o instinto de vida me recobrou os sentidos e me ativou a mente, parecia me dizer: Cadê sua arma? Tire-a da cintura e reaja, senão você morre! Senti uma força sobrenatural apossando de mim, num gesto de desespero pude tirar o meu 32 da cintura que estava na parte de trás e eu por cima dele, era impossível acontecer uma coisa daquelas. Mas deu certo. Consegui tirá-lo, apesar de sua mão forte me apertando a garganta consegui vislumbrar o seu queixo enquanto ele olhava para os companheiros de acampamento que tudo presenciavam rindo sem mover um dedo em meu favor, o bruto dizendo á eles: Querem ver como se mata porco? Levou a mão direita na cintura por trás para sacar a faca e me degolar, mas fui feliz, a faca ao sair da bainha enroscou em sua camisa, ou no cós da calça custando sair e nesse interim, coisa de fração de segundos coloquei o cano do meu revólver que era curto embaixo do seu queixo sem que ele percebesse. Apertei o gatilho, no estampido vi sair do alto de sua cabeça um tampo de miolos e um jorro de sangue que jamais verei uma coisa daquela. Aquele pacote humano que estava em cima de mim, caiu para trás, me desafogou, sai debaixo dele com dificuldade eu estava já nas últimas do fôlego que possuía. Eu não havia bebido cachaça, mas ele bebera, estava meio bêbado, por isso fez aquilo comigo. Nunca esperava uma coisa dessas, era meu sobrinho de sangue. Trabalhávamos no mato tirando madeiras, postes de cerca, firmes, dormentes, postes de luz, palanques para mangueiros etc. Éramos habilidosos nessa arte. Mais de 20 companheiros no acampamento, um sábado á tarde, todos de folga, uns tocando violão, outros cantando, uns deitados na rede ou tarimba, outros numa roda de truco e a maioria tomando cachaça entre eles este meu sobrinho que era muito ruim na bebedeira. Fatídica tarde para mim, fim de uma vida feliz, tinha deixado a família para ir trabalhar longe de casa para levar o sustento para ela. Meu Deus, e agora? Sentado na margem do rio enquanto descanso, com a roupa ensopadinha, sem um triste documento, nada nos bolsos. Do jeito que sai debaixo do homem, levantei e olhando ao redor ainda com as vistas embaçadas pelo quase estrangulamento que sofri, ainda tive a coragem e uma loucura de dizer: Quem de vocês aí achou ruim? Estando com a arma em punho, faria o que fosse possível para sair dali ileso. A turma abriu e correram, aproveitei e sai correndo na direção do rio que banhava os fundos do acampamento, caí n’agua com a arma em punho, lá no meio do rio que era largo de dar medo deixei-a cair da mão, estava me atrapalhando a sulcar a agua para nadar mais rápido. Agora em terras estranhas, sem conhecer a sua língua, seus hábitos e costumes, sem conhecer ninguém do outro País. Atravessei a mata que tinha do outro lado, andei quase a tarde inteira já no escurecer ouvi um canto de galo, imaginei: Tem gente por aqui? Vou aproximar, fui com cuidado a roupa ainda meio molhada e cheguei num casebre de pessoas pobres, um rancho, lá vi uma família com duas crianças. Sem saber falar nada de português, fiz senha que estava com fome e queria um prato de comida. Eles perguntaram meu nome, quem eu era e donde vinha. Sinalizei que era sozinho e vinha viajando de lá do outro lado do rio. Mostrei alegria e eles me acolheram com carinho. Ficaram me olhando, perceberam que eu era estrangeiro, mas eram alegres. Sentei-me num toco no terreiro, eles me convidaram para tomar chimarrão. Eles mostraram que conheciam um pouco da minha língua, características das pessoas fronteiriças, ficou mais fácil, só não sabiam falar direito. Nós nos entendemos logo, jantamos proseamos um pouco e logo me deram uma rede para dormir na sala. Passei a noite em claro. Na cabeça mil e um desconforto. Mas logo cedo comemos alguma coisa e decidi ir embora, me ensinaram por onde seguir e dar num vilarejo longe dali. Deram-me uma matula para comer mais tarde, por ser longe. Despedi deles até com lágrimas e fui. Virando do meio dia cheguei ao vilarejo. Algumas casas e só. Ouvi alguns falando meu idioma e logo me animei. Fiz conhecimentos e amizades que logo me gostaram e arranjei um empreiteiro que me ofereceu serviços. Estava precisando mesmo, dali fomos para mais longe e trabalhamos muito tempo até juntei um dinheiro e tirei meus documentos com outro nome e nacionalidade. Tudo clareou em minha vida. O passado não me importunava mais. Aquela horrível cena desaparecera de minha mente, era outro homem, feliz agora, entre aspas. Estava vivendo bem. Para a minha família foi como se eu tivesse morrido. Nunca mais a procurei! Já falava corretamente a outra língua só o sotaque da minha língua de origem que nunca perdi. Trabalhei uns anos com este patrão que muito me estimou. Sempre fui honesto e trabalhador, sendo de confiança dele nos serviços que lhe prestava. Já andava chique, bem arrumado, boas roupas, dinheiro, amigos, mas como nunca gostei da cachaça, continuei o mesmo. Só que á ninguém dizia de onde tinha vindo, era um forasteiro sem pai e nem mãe e criado por mãos alheias e pelo mundo afora. Sempre em segredo á minha vida passada. Não quis mais adquirir outra família, solitário é melhor. Num dia terminamos os serviços de uma fazenda e mudamos para outra. Esta era banhada por um riozinho, um riacho melhor dizendo. Do lado de cá era um porto, onde a gente tomava banho e lavava roupas. Do outro lado era uma praia de uma areia extensa e alva como lã, depois uma mata fechada, era a reserva da fazenda com certeza. Logo no primeiro fim de semana, lá pelas 2 horas da tarde resolvi ir lavar umas peças de roupas, fiz a trouxa e dirigi para a beira do riacho. Era uma descida natural de toda margem de ribeiros lá embaixo na beiradinha da agua tinha uma laje de pedra natural de beira d’agua, assim bem plana onde a gente se sentava e ás vezes estendia roupas para coarar um pouco. Quando fui descendo e olhando para os degraus de terra com cuidado para não tropeçar, levantei a vista para o córrego. Olha a surpresa desagradável que me aguardava: Lá do outro lado na praia em pé estava uma figura, a do meu sobrinho, parecia uma estatua, aquele que eu havia matado alguns anos atrás. Tomei um choque e pensei. Não é possível este homem estar vivo? Meu Deus e agora? O que vou fazer? Fitava-me sério, com aquela mesma roupa daquele dia triste para nós dois. Tirei as vistas por segundos enquanto olhei de lado. Pronto: Sumiu aquela aparição esquisita! Nem rasto ele deixou na areia!  Voltei dali para o barraco e nem a roupa tive vontade de voltar e lavar. Sentei na cama, fiquei pensativo com aquilo. Chorei muito ao recordar aquele desastre na minha vida. Estragou meu dia! Pedi as contas, o meu patrão tomou um susto. Mas porque vais embora rapaz? O que aconteceu amigo? Assim de repente? O que falta para você? Mil interrogações além destas. Nada respondi! Apenas disse-lhe que estava com saudades de correr o trecho. Ia embora mesmo. Despedi dos companheiros com uma tristeza sem fim. Envelheci, já tenho mais de 60 anos, sózinho, solitário, doente e infeliz. Antes de partir desta vida terrena, espero que Deus me perdoe, pelo pecado que cometi. Este mundo é em muitos casos ingrato para alguns. Deixo um recado para os leitores deste conto: Cuidado com más companhias. Independente de serem parentes. Uma delas poderá ser sua perdição! Não existe coisa pior nesta terra do que tirar a vida de alguém! O teu sossego e a tua paz, desaparecem do seu coração, ele fica árido, seco e frio, o teu espirito é tomado por uma angústia sem fim, sem consolo, nada está bom para você.
(Este conto é verdadeiro, o personagem que tomamos o seu lugar para contar esta história é de origem Paraguaia. Mui amigo mesmo, o chamávamos de “Caraí.”) Já é falecido!

HISTÓRIA E FATO QUE OUVIMOS DESTA PESSOA QUE QUERIA ALIVIAR O CORAÇÃO!

ANO 1985. PARA NOSSO BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

ANASTÁCIO MS. 23/04/2015

O QUE FEZ UM LADRÃO DE PORCOS.

                                                     


Desde pequeno tinha o hábito de lançar as mãos no alheio, não podia ver algo fácil que aquela vontade endemoninhada tomava-lhe a mente. Fora crescendo, ficou mocinho, adulto e sempre conservando aquele mau hábito. Serviu o exército e por causa deste mau costume fora expulso das fileiras da corporação. Os tempos passam, muitos de nós se temos algum defeito na vida e se temos uma visão de futuro que seja promissora, sentimo-nos a vontade de corrigir nossas falhas e endireitar a vida, sobremaneira vendo bons exemplos que na sociedade como um todo nunca faltou. O menor núcleo da sociedade é a família, que por dever e direito de sermos humanos, filhos de Deus e conscientes do que somos capazes de fazer de bem para todos, se torna um dever imperioso dos pais educar seus filhos no bom caminho. Sabemos que nesta parte existem arestas, é uma pena, mas é verdade. Uma das causas principais deste mau costume e defeito terrível que minou a sociedade é a dissolução da família, filhos crescem sem amor, sem carinho, sem afeto, sem orientação e amparo dos seus pais. Tornou-se um câncer da sociedade, a separação dos casais. Mãe para um lado, pai para outro, filhos por mãos alheias, pelo mundo sem eira e sem beira. Criança dorme pelas sarjetas, pelas encostas de muros e de casas, embaixo de pontes e viadutos. Vê uma coisa bonita, deseja para si como não tem recursos para adquiri-la, tendem a roubar. O mundo é muito mau, salvo algumas pessoas que esboçam um gesto de amor por uma criança abandonada. Fora isso as pobres crianças ficam a mercê de toda espécie de maldades e maus tratos entregues á própria sorte. Os humanos na sua maioria se tornaram bichos, felinos, ferozes a cada dia tomando a forma de animais, em cujo coração não há uma gota de amor. Por causa da ausência deste sentimento tão nobre e puro nos corações que as famílias se dissolvem com facilidade. Quem consertará esta situação? Ninguém! Faça a sua parte para aliviar nem que seja um pouquinho o coração de alguém. Deus te recompensará! O moço que mencionamos acima é uma prova disso. Ele nunca sentiu vontade de se corrigir, aprendeu a trabalhar, conviver com os demais humanos um dia resolveu adquirir uma família, casou com uma mulher solteira e que tinha um garoto já grandinho. Ela também não era lá essas coisas, mais rodada do que prato de micro-ondas  mas conseguiam viver, somente os três na casa, viviam de aluguel, vida difícil nos dias atuais. Trabalhava de aluguel também, ora aqui, ora ali e sempre observando tudo onde executava os serviços. Parecia ser de confiança, mas não era! Roubava galinhas, frutas, nos quintais alheios, dificilmente alguém desconfiava dele, era dado ao trabalho durante toda a semana. Nos finais ele aprontava. Por onde tinha trabalhado conhecia tudo, já tinha mapeado o caminho para numa noite dessas fazer uma visitinha e levar algo que tinha caído no seu agrado como lembranças. Costumava levar o garotinho enteado consigo. Dizia ao garoto: Fique caladinho e sentado onde o papai lhe deixar, não faça barulho de modo nenhum, no maior silêncio possível! Deu tudo muito certo até ali. Uma noite dessas planejou roubar um leitão numa chácara vizinha nos arredores da corrotela. Combinou com o garotinho. Vamos com o papai, será muito útil para mim. A mamãe consentiu como sempre e lá se foram os dois. Levou um saco de estopa e um cacete para abater o leitão no mangueirão e traze-lo já morto. Era uma noite escura sem luar, chegando no mangueiro dos porcos que era lá nos fundos da chácara passou o menino por cima da cerca e depois pulou-a, os porcos assustaram e correram para o fundo do mangueiro. Ele ficou num dos cantos e pediu para o menino ir tange-los para o seu lado para dar uma porretada num dos leitões. O menino foi mas como estava escuro e muitos porcos ele sentiu medo e voltou assustadinho em silêncio com medo de chamar o pai e este lhe dar uma bronca, ao chegar perto do pai este pensou ser um dos leitões que aproximava, como no escuro não deu para enxergar direito acreditou ser o leitão. Deu-lhe uma tremenda cacetada: A criança caiu sem vida no chão do chiqueiro. Foi ver de perto. Quase morre de susto ao ver a criança sem vida. Foi um desespero, saiu como um louco com a criança nos braços até a sua casa. Lá chegando foi maior o desespero da família, e agora? Um inocente pagando com a vida o fruto de um mau costume de um filho criado sem o amor, sem o carinho, sem a proteção dos pais, sem a devida correção de uma família unida pelo amor aos filhos.

É UM CONTO MUITO TRISTE, É VERDADEIRO E EXEMPLO DE MUITOS FILHOS SEM PAIS.

 PARA O NOSSO BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES” 25/04/2015

Anastácio MS. 25/04/2015

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A MAIS ANTIGA HISTÓRIA DO COELHO E O JABUTI.

                                  


Coelho e Jabuti sempre foram conhecidos, vizinhos e até amigos, esta situação dependia muito das épocas que viveram. Por exemplo, o coelho vive muito pouco em relação a existência do Jabuti que em muitos casos ultrapassa cem anos. Coelho vive pouquíssimo tempo, no máximo 12 anos, mesmo que tendo a sorte de seus predadores o deixarem em paz por longos anos. Imagine a quantidade de perseguidores: Gaviões, corujões, jiboias, gatos domésticos, gato-do-mato, lobos, raposas, cobras diversas, cães-de-caça, indígenas, sapo-boi e vai por aí a fora. Se bem que o Jabuti também conta com a sorte nesse aspecto da sua vida cotidiana. Onças, jaguatiricas, lobos, alguma sucuri quando este vai á beira de lagoas e córregos saciar a sede. Tudo é um fator sorte para ambos. Quem é que garante viver em paz por muitos anos? Ninguém responde esta pergunta com tanta certeza ante um mundo tão conturbado por tudo o que existe de maldades nesta terra. Apesar disto tudo e das circunstâncias que a vida lhes oferecia eram muito conhecidos, desde os tempos remotos cultivavam uma facilidade de estarem sempre próximos um do outro.  Isto é, levando em conta a velha amizade de seus antepassados do lado do coelho, porque este, o jabuti do nosso tema já tinha passado dos 90 anos, e do lado do coelho passaram muitas gerações. Kkkkkkkkkkkkkkkk. Naquela região onde viviam era “Região Serrana”, lugar alto como sendo uma chapada de muita extensão. Existindo lajedos em vários trechos, serpenteado por arbustos entre as frestas das pedras na beirinha dela quer dizer: por onde uma velha estrada “Carreteira” dava acesso a outros lugares da região era como se fosse asfaltada, mas era pedra natural formada a milhões de anos pela mãe natureza. Por ali fora por muito tempo lugar onde os homens tiravam madeiras e as carreavam naquele trecho, e transportando-as para outros lugares. Via-se claramente as marcas das rodas das carretas,  carros e dos cascos dos bois na pedra vermelha, largando arenito que quando o vento batia formavam poeira. Se a gente pudesse subir em algum lugar bem alto veria os dois riscos paralelos na imensidão da estrada. Pareciam riscos de lápis vermelho numa folha de papel sem pautas. Muitos e muitos anos isso aconteceu, o jabuti a tudo isso presenciara nos seus 90 anos de vida. Kkkkkkkkkkkkkk. Viu muitos Carreiros e Carreteiros passarem por ali gritando com seus bois carreiros, ao longo do dia, desde as madrugadas até ao escurecer carregando enormes toras de madeiras tiradas na chapada naquela mata alta e muito bela. Ás vezes dava uma parada para descansar os bois em alguma sombra. Desta feita os homens o Jabuti faziam amizades, todos gostam de ver um cascudo destes com sua lerdeza e feiúra, olhem um Jabuti aqui? Olhem como é folgado? Peguem-no para a gente ver de pertinho? Nossa, como ele é pesado! Solte o bicho gente! Deixe-o a vontade, com isso ele fez muitos amigos. O jabuti era muito feliz, vivera ali todo este tempo. Adorava aquele lugar apesar de só existir água quando chovia e a agua da chuva empoçava nas brechas das pedras ou alguma poça no meio da estrada. Agua para mim nunca foi problema, dizia sempre consigo, a hora que chover eu bebo..........kkkkkkkkkkkkkk. Por ali os coelhos sempre foram forasteiros, pois confiavam sobremaneira em sua agilidade de andar para todos os lados. Descia lá embaixo na furna encontrava agua por lá. Subia e descia quando queria da serra. Numa época que os madeireiros deram uma trégua nos serviços a estrada ficou um tanto deserta cresceu alguns arbustos na beirada da mesma onde havia pequena porção de terras sobre a lage, mas dava para enxergar longe ainda, apesar dos matos, o coelho andava por lá todas as tardezinhas quando ia caçar o que comer, pois tem hábitos noturnos e vez por outra via o amigo jabuti indo para o seu esconderijo para dormir em paz á noite. Com aquela carinha de safado, o orelhudo arquitetou um plano: Vou dar um trote neste velho Jabuti. Deixa ele comigo, pregar-lhe-ei uma peça que jamais esquecerá. Kkkkkkkkkkkkkk. Amigo Jabuti, disse ele: Vim te convidar para fazermos uma aposta. Vamos correr daqui desta pedra até lá no pé do angico, quem de nós dois chegar primeiro vencerá. O Jabuti pensou consigo: Este camarada está me debochando, sabe que nunca corri em minha vida além de velho que sou. O Coelho esperou a resposta do amigo. Quando se dará isso e como faremos pergunta o Jabuti. É fácil, replicou o malandro do Coelho. Ficaremos um de cada lado na marca das rodas das carretas na estrada de pedra e partiremos com toda velocidade até chegar ao final. Daqui lá deve dar um quilômetro mais ou menos.




 O Jabuti pensou: É longe pra chuchu! Vou demorar no mínimo quatro horas andando enquanto ele correndo chegará em questão de minutos, claro que ele ganhará a aposta. Não demonstrando constrangimento. Aceito disse o quelônio. Então hoje descansamos e a corrida fica para depois de amanhã cedinho dissera o Coelho. Combinado? Feito, responde o Jabuti. Cada um foi para seu canto. O Jabuti espremeu os miolos em busca de uma solução para não perder a aposta. Saiu a esmo pela velha carreteira olhando em tudo, de repente vislumbrou numa moita de lixeira uma garrafa de pinga que um carreiro deixara ali, decerto esqueceu, pensou o Jabuti. Esfregou as patinhas uma na outra de contentamento, Achei, achei e achei a solução para este caso intrincado! Qui, qui, qui, qui sorria ele. Vou dar uma lição neste Coelho que nunca mais zombará de ninguém. Qui, qui, qui, qui e kkkkkkkkkkkk. Passou a mão na garrafa e levou consigo, pena que já tinham bebido uns dois goles da cachaça. Mas está bom disse aos seus botões. Chegou na sua toca feliz da vida. Descansou até demais. No dia marcado lá estava ele com a garrafa a tira colo amarrada por um pedacinho de cipó. Não demorou muito, lá vem o Coelho sorridente também. Olá amigo está pronto? Sim dissera o Jabuti. Êpa o que isso nesta garrafa? Pergunta o Coelho admirado! É uma coisa gostosa para mim festejar com os meus patrícios lá no pé do angico quando eu chegar. Vencerei a aposta e iremos bebê-la em comemoração a minha vitória. Qui, qui, qui, qui.  Essa não, disse o coelho! Não acredito! Verdade, disse o Jabuti! Vais ver! Antes porém você me dá licença que vou tomar um traguinho agora na saída para esquentar o sangue  das canelas, assim correrei mais rápido. Dissera aquilo só para provocar as lombrigas do amigo. O Coelho ficou com os olhos arregalados e com agua na boca. Não vai me dar nem um golinho amigo? Só se for bem pouquinho replica o Cascudo. Você nem precisa, corre muito bem. Passou-lhe a garrafa e o Coelho deu uma bicada grande! Nossa disse o Jabuti assim fico sem nada para a comemoração. Que nada diz o Coelho, ainda tem bastante, me deixa tirar mais uma golada, o Jabuti nem fez questão, o Coelho empinou a garrafa e o Jabuti disse: És muito guloso amigo? O Coelho pensando em lograr o Jabuti disse: Por enquanto vamos só andando, lá mais adiante a gente corre. Pediu mas outro gole e depois disse ao Cágado: Agora sim, vamos?  Atenção! E...... já! Saindo numa carreira louca sem se importar se o amigo corria ou não, sumiu na estrada, o Jabuti ficou olhando aquilo. O amigo desapareceu mesmo. Mas não desanimou, continuou andando como sempre, andou uma hora e pouco, ao passar por uma moita viu o Coelho deitado na sombra roncando e babando, que até dava dó em acordá-lo. A cachaça subiu na cabeça do Coelho e este ficou bêbado e dormiu fundo. Qui qui, qui, qui. O Cascudo chamou no pé, olhava para trás, nada do amigo vir. Chegou ao pé do angiqueiro encontrou seus patrícios esperando-o. Fizeram festa, palmas, gritos e risos, tomando a cachaça ficaram bêbados, uns de barriga para cima, outros de lado resmungando igual o humano quando enche o “Tampo”. Esperou um pouco o orelhudo, este demorando ele deitou-se também depois de tomar o que sobrou na garrafa e ferrou no sono, Kkkkkkkkkkkkkkkkk. Já bem de tardezinha vinha o Coelho desapontado e vendo o bando de cascudos todos bêbados e dormindo, nem quis acordar o amigo. Sumiu da chapada para nunca mais voltar ali de tanta vergonha que passou.


SÃO FÁBULAS MUITO ANTIGAS DO NOSSO TEMPO DE CRIANÇA ANOS 1950
NOSSOS PAIS NOS RECONTAVAM E HOJE NÓS RECORDAMOS E PUBLICAMOS.
PARA O NOSSO BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
ANASTÁCIO MS. 20/04/2015   LUIZÃO-O-CHAVES.