segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O AMOR QUE NEM O TEMPO CONSEGUIU APAGAR


Conta-se a história de um casal de jovens muito pobres, recentemente unidos pelo casamento e que viviam muito bem, moravam nos fundos de uma fazenda, e que o proprietário era um homem muito bom. O casalzinho era muito simpático, o patrão gostava muito deles. Além dela, a moça ter sido criada por ele, filha adotiva, tinha um mimo por ela que só vendo. Ele os ajudava como podia. Como havia pouco serviço para o jovem senhor sustentar a família do seu labutar que rendia muito pouco, e que vezes por outra, passavam dificuldades, isto muito os aborrecia. Mas lutavam sempre, mas com pouco resultado. Resolveu aventurar indo para outros lugares, muito longe dali, em outras paragens, para ver se conseguiria um ganho melhor. Combinou com a esposa que ficaria muito tempo longe de casa, talvez meses ou anos, conforme fosse a sorte que tivesse naquela aventura.  Ela lhe prometeu fidelidade e amor na sua ausência. Ele faria o mesmo.  Mesmo sabendo que seria muito sofrida uma tarefa daquela magnitude. Nenhum dos dois nem imaginava que ela estava no inicio de uma gravidez, ficara grávida a sua esposa tão amada, naqueles dias que antecedia sua viagem. Como nenhum dos dois percebeu a situação dela, se despediram com muito amor, carinho e paixão, ele levava e também deixava saudades.  Viajou por uns dias, feliz com esperanças de melhoria para a vida, fazia alguns serviços durante a viagem, arranjava alguns trocados, andou por outras terras, lugares estranhos em outros estados até que chegou numa fazenda de um senhor já idoso. Pediu serviços comuns, é o que ele sabia fazer. Pois não tinha profissão nenhuma a não ser de serviços diversos, e nada mais. O patrão disse ao recebê-lo como um visitante e dentro do que pudessem combinar, seria novo empregado. Dizendo ao rapaz: Serviços eu tenho e contrato-o da seguinte forma, eu te dou os serviços, mas só posso pagar dando-lhe conselhos. Não pagarei de forma diferente. Não é que conselhos pague ninguém, conselhos nunca foi dinheiro, o caso é que se você guardá-los, eles valerão muito mais que dinheiro e poderá alcançar fortuna e muitas felicidades. Se a proposta te servir estamos combinados, caso contrario está dispensado. Chegaste de viagem está cansado, coma, beba e durma, descanse bem. Reflita na minha proposta e depois me diga: Sim ou não! Este senhor era um homem diferente dos demais, muito bondoso, prestativo, servidor e muito humano. Com o seu jeito de ser, tinha ajudado tanta gente ser feliz. Era um notável sábio, mas ninguém imaginava que naquela pessoa tão simples, estava um gênio, não era adivinhador, mas sabia que seus conselhos eram de uma certeza de alguém que os guardasse, de ser muito bem sucedido na vida. Amava o próximo e queria só o bem deles. A única coisa que sempre afirmava: Siga meus conselhos, meu filho que tudo dará certo em tua vida. O rapaz pensou consigo, até amanhã decidirei com tempo para responder se ficarei ou não. Fique a vontade lhe dissera o patrão. Descansou a noite e chegou a uma conclusão, já andei tanto ate agora, quem sabe dará certo, vou arriscar a sorte aqui. No outro dia resolveu aceitar o trabalho oferecido pelo patrão. Todos gostaram muito dos seus préstimos, foi muito bem recebido e tratado pela patroa. Nada lhe faltava.  Mas achava a forma de pagamento tão esquisita, nunca ouvira falar daquilo, mas vamos ver, de repente poderá ser bom! Agora no momento nada mostra, não tem como saber significado nenhum de um negócio deste, mas quem sabe no futuro! Das duas, uma! Este homem é um maluco? Ou um sábio que ninguém sabe nada a seu respeito! Vou confiar nele!  Trabalhou assim por vinte anos, num dia desses lembrou que tinha deixado a esposa tão longe, sentiu saudades, pediu para ir embora, rever a família, ver ao menos como se encontrava depois de tanto tempo ausente, o patrão aceitou seu pedido. Então hoje você não vai ao serviço, descanse para amanhã viajar, dissera o patrão. Chamando a esposa o patrão disse: Maria! Vai cozer um bolo para ele levar como recompensa por tantos tempos de serviços prestados á nós, prepare apenas a massa, não asse, deixa que farei o recheio e o resto que faltar. Sem que ela visse abriu a massa e nela colocou dois quilos de libras esterlinas, ouro puro, maciço dentro, assou e deixou esfriar. Maria te peço, cozer outro, agora mais completo,  este será a matula para ele comer na estrada durante a viagem de regresso á sua casa.  Depois disse ao moço: Vamos acertar então as contas conforme combinamos? Venha cá, sente-se aqui por favor, me ouça agora: Eis os conselhos que te dou como pagamento a que tens direito: 1- Este bolo você não coma sozinho, comerás só com a tua esposa quando chegar na sua casa. Não o venda, não dê á ninguém e nem troque por nada. Certo? 2-Procure andar sempre só, não ande acompanhado com ninguém ainda mais se for estranhos. Companheiros? Nem sempre isso dá certo! Não acompanhe ninguém, e nem faça por onde ser acompanhado também! 3-Nunca deixe o caminho por mais longo que este seja por desvios, quero dizer, nunca passe por atalhos. As vezes num atalho você encontra o que nunca espera. 4- Nunca durma em casa de um homem velho casado com mulher nova, sempre é muito perigoso.  Não confie nem facilite com nenhum dos dois. 5-Nunca seja curioso a ponto de perguntar tudo o que ver, não sendo da sua conta? Deixe para lá, vistes? Faça de conta que não viu nada, seja lá onde for, não lhe interessa e pronto! 6-Não faça nada precipitado antes de ter pensado três vezes, reflita bem antes fazer qualquer coisa ainda que te pareça esquisita, ou que pede pressa. Toda pessoa tem um repente que é muito perigoso, vigie o seu! Acertaram e após receber as instruções do patrão agradeceu-o muito pelos conselhos reconhecendo-os serem de pessoa muito sábia, despediu da família agradeceu muito pelo carinho recebido em todos esses anos que conviveram, e seguiu sua viagem, lá adiante um tropeiro lhe alcançou, perguntou para onde ia, ele falou, o tropeiro disse: Também vou para aquelas bandas, vamos juntos, ofereceu-lhe carona num burro selado, mas ele se lembrou do conselho que o patrão lhe dera!  Recusou no ato. Muito obrigado, disse! O tropeiro disse: Tantos animais bons sem nada para levar e você ir a pé? Insistiu tanto que ele meio contrariado aceitou, mas de contra gosto, foram andando e proseando, bem adiante surgiu um desvio pela esquerda, o tropeiro avançou na frente da tropa, tangendo-a fazendo  entrar por ele. O amigo saltou fora da sua montaria dizendo: Vá sozinho, por que eu não irei por ele, recorda de novo o conselho de seu patrão.  O seu companheiro tropeiro seguiu sem se importar com ele que não quisera acompanhá-lo, dizia que este atalho pela serra confluiria com aquela estrada que seguiram juntos até ali, lá na beira de um córrego.  O tropeiro seguiu pelo atalho serra acima com a sua tropa, lá no alto uma tribo de índios ferozes o atacou, matando toda sua tropa, escapara das flechas porque saltou do cavalo sumindo no mato. O nosso amigo que seguiu a pé, assim que chegou na confluência das estradas á beira do córrego, deparou com o tropeiro chorando sentado no chão. Sem tropas sem nada, todo esfarrapado de andar no mato. Perguntou-lhe o que havia acontecido para estar naquela situação, o tropeiro contou-lhe toda história, seguiram juntos novamente, agora são os dois á pé. Chegando mais adiante, numa pousada, que era uma passagem onde morava um velho proprietário daquele ponto, um pequeno vilarejo. Disse o tropeiro: Vamos pedir pouso ali, único lugar que tem aqui para se dormir aquele velho, que é o dono é muito amigo meu, conheço-o há muitos anos, sempre pouso ali. Chegaram, sendo bem recebidos, o velho muito contente chamou-os para dentro da casa. Nosso amigo viu aquela mulher novinha pensou ser filha do velho, aguardou até que o ancião disse a mulher: Meu amor? Arrume janta para quatro pessoas, temos visitas hoje, ela toda sorridente e olhando-os sempre, preparou tudo conforme o esposo pedira, o nosso viageiro ficou pensativo no conselho, puxa vida! E agora? Já estou aqui, que farei? Saiu o jantar, jantaram e prosearam um pouco, ela arrumou o quarto para eles descansarem, se agasalharam todos, o seu companheiro logo roncou, pois estava muito cansado. Ele não dormiu. Estava muito cismado com o que vira. Parecia ter maus presságios. O conselho do velho patrão soava em seus ouvidos, velho casado com mulher nova, eu pousando em casa deles? Sempre dá errado! Como a casa era de tabuas e com varanda e porão daquelas que são construídas elevadas do chão sobre uns tocos que servem de alicerces, tinha uma escada na entrada da varanda, escadas que começam apoiadas no chão e sobe em degraus dando acesso á porta de entrada. Não conseguia dormir, levantou e saiu do quarto com as suas coisas, deixando o companheiro só e dormindo, se enfiou por baixo da escada, deitou ali no chão e ficou observando tudo naquele silêncio que parecia um cemitério. Todos agasalhados parecendo que dormiam, de repente chegou um carro, com faróis apagados, só as lanternas acesas, parou lá distante da casa, o seu ocupante era um padre trajado de batina branca e que subiu as escadas passando por cima dele sem ao menos imaginar que tinha alguém sob os teus pés, deu dois toques na porta. Logo a mulher veio na ponta dos pés abriu e abraçou o vigário se beijaram e começaram a conversar, dizia ela: Hoje dá para nós matar o velho, tem dois viajantes dormindo ali naquele quarto, jogaremos a culpa nos dois, assim que o dia amanhecer eu dou o alarme! Dará certo o plano. Ele deitado no chão e ouvindo tudo, tirou do bolso uma tesourinha e cortou a bainha da batina do padre que estava solta entre um e outro degrau da escada e guardou num dos bolsos o recorte tirado, o padre não viu, quando ele cortou por detrás na batina tirando este pequeno retalho, estava entretido agarrado na mulherzinha. O velho e o seu companheiro nada ouviram, ela conversava bem baixinho com o padre, enquanto os dois dormiam pesado. Entraram os dois para dentro da casa para fazerem o serviço. Mataram o velho para ficarem juntos. Enquanto isso o viajante pegou suas coisas e saiu de fininho, pegou a estrada e sumiu deixando o companheiro dormindo. Terminando tudo o padre sumiu e a mulherzinha só esperou o dia amanhecer e deu o alarme por todo o vilarejo.  Dois viajantes mataram meu marido nesta noite. Foi aquele reboliço, um deles está aqui, mas o outro fugiu, dizia a mulher quem será o criminoso? Este aqui, ou o outro que fugiu, ou os dois, a policia chega revira tudo em busca do assassino, encontrando o tropeiro dormindo acordou-o a porretadas, cadê seu companheiro? Inquiriu a autoridade! Não sei, disse o pobre homem que de fato, não sabia de nada mesmo. Deve ter fugido. Para onde vocês vão? Vamos indo para tal lugar, explicou o coitado! Mas se ele fugiu, deve ter seguido para lá, vamos atrás dele, disse a policia, não deve estar longe. Alcançaram o nosso amigo. Pare aí, você está preso! Matou um homem e agora foge? Entre aqui na viatura. Não! Disse o rapaz. Não matei ninguém. Se me deixar em paz, explico tudo. Eu sabia que vocês viriam no meu encalço, a minha procura, pensando ser eu o assassino, mas não sou! Nem o meu companheiro também! Não me maltratem que contarei o que sei. Ajudo vocês descobrirem o verdadeiro criminoso! Eu sabia que daria um sururu este crime premeditado. Foram presos e levados á delegacia para serem interrogados, eram acusados pela viúva, ele se defendeu como pode, pediu que não lhe maltratasse, que contaria tudo sobre o crime. Ninguém mais do que eu sabe como este crime aconteceu, dissera! As autoridades concordaram. O nosso amigo perguntou ao Delegado: Quantos padres, tem nesse lugarejo? Tem três, respondeu o doutor!  Então o senhor me faz um favor, disse o rapaz: De trazer aqui na minha presença os três vigários deste lugar. Com as suas roupas, aquelas que usaram ontem até a meia noite. A mulherzinha ficou de toda a cor, desajeitada, preocupada, sem saber o que faria com o viageiro, pensava consigo: Maldito viajante! Estamos perdidos nas garras deste desgraçado! Seremos descobertos na certa. O rapaz foi atendido na sua petição, logo chega os padres. Mas trouxeram outras roupas e um deles também desconfiado, nervoso, tremendo igual vara verde, colocaram as roupas sobre uma mesa, o nosso amigo viageiro olhou-as de uma a uma e disse: Nenhuma destas é a que usaram ontem. Podem voltar e buscar que são outras.  A polícia voltou com os padres e trouxeram as ditas cujas. Estendeu-as sobre a mesa de novo, olhando todas viu que tinha uma que na bainha e na parte de trás mostrava um corte de tesoura no pano. Separou-a de um lado foi e tirou um pequeno retalho que tinha no bolso, colocou sobre o corte da batina do padre: Conferiu o recorte certinho. Todas as autoridades assistiram e viram como fora exata as provas pela roupa. O viageiro disse: Quem matou o velho foi o dono desta peça de roupa de comum acordo com a viúva. Agora quem é o dono desta roupa eu não sei, não o conheço pela fisionomia, os senhores que descubram a quem pertence esta peça defeituosa, contou o que vira na noite anterior, a mulher e o padre combinando e planejando a morte do velho marido dela. E que ouvira tudo em silencio a trama, quietinho que nem suspirava deitado embaixo da escada.  As autoridades logo descobriram, o padre confessou que fora ele e a esposa do velho os autores do crime. Foram para a cadeia e os dois foram libertados. Dispensou o companheiro e seguiu só, lá adiante, já muito longe, pediu pouso numa fazenda, onde o fazendeiro acolheu-o com muito apreço deu-lhe de comer e descanso. Este cidadão fazendeiro era um homem muito sistemático, ele não tolerava pessoas bisbilhoteiras, linguarudas, e fofoqueiras. Se alguém com estas características pedissem-lhe pouso, ajuda seja como fosse, estaria pronto para servir. Mas se começasse a perguntar o que não era da conta, mandava os seus jagunços dar-lhe fim. A prova é que no seu galpão, tinha enorme quantidade de tralhas de campeiros, boiadeiros, tropeiros e viajantes de toda espécie, arreios, selas, cargueiros, aperos de prata além de joias diversas e dinheiro que nelas continham. Na invernada, nos pastos eram tantos animais, burros, cavalos e gado dos tais que ali morreram por serem especuladores. Guaiacas,  alforges, baldranas e tudo com objetos pessoais, armas, ouro, e muito dinheiro. Tudo aquilo era para ser dado de presente ao passageiro que fosse leal, prudente, respeitador da vida alheia e que não fosse bisbilhoteiro, que certamente existia e que um dia sem dúvidas pousaria em sua casa. Sempre dizia á esposa, ainda acabo com este bando de linguarudos, porque tenho certeza que existe gente decente. Convidando o rapaz disse: Vamos entrar e sente-se aqui perto da mesa. Nela tinha uma caveira humana que ficava de frente para quem sentasse naquele canto, embalsamada, a dona da casa retirou-a para servir o jantar. Colocou o manjar, todos jantaram e depois de servidos o patrão recolocou sobre a mesa aquela cabeça de gente para provocar o rapaz a perguntar, mexia com ela para todos os lados, o moço nem dava atenção á caveira, não era da sua conta, por que interessar por aquilo? O rapaz lembrando-se do conselho não dizia nada. Ficou ali dois dias o fazendeiro continuava a provocá-lo de todo o modo, mas ele não caiu no golpe. Pernoitou e no dia seguinte logo cedo disse que queria ir embora, antes dele sair em viagem de volta a sua casa, o dono da casa tentou segurá-lo por mais tempo para conversarem mais, por ser uma pessoa delicada, não houve meios, ia viajar mesmo, então o cidadão chamou sua esposa e disse: Não te falei Francisca que os especuladores e linguarudos acabaram? Matei-os todos e este rapaz é muito sensato e direito. Este rapaz não perguntou nada sobre a caveira em cima da mesa. Rapaz me explica agora, porque você não me especulou em nada? Não me fez pergunta nenhuma, não deu bola para o que eu fazia com a caveira? Ele disse: Nada disso é da minha conta, não vivo a vida alheia. Cuido só da minha! O fazendeiro admirado com as respostas dele disse: Venha comigo, vou lhe mostrar uma coisa. Está vendo isto aqui? Sim senhor! Estou vendo, respondeu o rapaz. Toda esta tralha e animais que aqui estão são todas sua. Como recompensa pela sua integridade moral de não perguntar o que não é da sua conta. Foi embora riquíssimo, foi chegar em sua casa no fim da noite, já quase madrugada. Deixou os amimais num lugar distante da casa e chegou na ponta dos pés para ver se a esposa estava sozinha ou não,  ainda era a mesma casinha que ele deixara a esposa morando, entrou pelos fundos abriu a porta  e viu no claro da luz da lamparina acesa um homem de batina deitado ao lado da esposa, ele a reconheceu, mas e aquele padre? Já se lembrou do padre que o acusara de criminoso e teve uma ira dele, inda mais ao lado de sua esposa, o ciúme tomou conta de seu coração. Vou matá-los agora! Não é possível uma coisa dessas? Logo padre com minha esposa? Lembrou-se da desgraça de que escapara por causa de um vigário! Chego em casa encontro outro na minha cama com minha esposa! Cresceu-lhe uma fúria tão grande vendo uma coisa daquelas, mato-os agora mesmo.  Levou a mão no revolver para matá-los. Mas lembrou-se do conselho que recebera: “Pense três vezes antes de fazer qualquer coisa!” Baixou a arma e ficou olhando. De repente o padre acordou e disse: Mãe, eu sonhei que meu pai chegava aqui em casa. Deixe de tolice meu filho! Respondeu ela. Não é bem um sonho, mas é verdade mesmo mãe, acabei de vê-lo aqui, agorinha mesmo. Ela disse: Filho, o seu pai faz vinte anos que viajou em busca de recursos para nos e ate agora não voltou,  eu estava gravida de você, nem eu nem ele sabia que seria pai, você nasceu, dei-te ao fazendeiro que me criou para batiza-lo, é hoje o teu padrinho, fiquemos compadres criei você sem teu pai te conhecer, o compadre foi quem te fez estudar, formar-se padre. Está enganado meu filho. O seu pai nem sabe que você existe, nem eu sabia da gravidez muito menos ele. Vai dormir que é melhor. Nós nem sabemos se teu pai é vivo ou morto! Nunca tivemos notícias dele! Não mãe! É verdade, é o meu pai mesmo afirmou o rapaz! Senti a presença dele agorinha enquanto dormia, não é sonho, é verdade mesmo! Nesta altura o pai se encheu de amor e dos olhos desceram lágrimas de tanta felicidade, vira em sua esposa uma Deusa, e não uma esposa comum. Pois honrara sua ausência deu o alarme para os dois na cama que era ele mesmo.  Tomaram um susto que em poucos instantes transformou na maior alegria. Deu até uns tiros para cima de tanta satisfação. Se abraçaram  muito, matando  saudades, se reconheceram e passaram o resto da noite em festa, era só alegria, tão alegre ficou que lhe mostrou o bolo que ganhara como presente e  que era para ser repartido só em família, cedinho ela ia buscar leite no compadre, pediu ao marido para levar o bolo de presente para sua comadre por ter ajudado tanto eles na ausência do marido. Ele não queria dar, mas ela insistiu ate que levou. Deu a comadre e contou-lhe a história do marido que chegara, convidou-os para irem até sua casa, para abraçarem o compadre, pegou o leite e foi embora. Mas a comadre que recebeu o bolo, não achou de acordo comê-lo, não quis comer, era já de muitos dias de viagem, o marido falou, tire a embalagem dele e poremos outra, devolveremos a comadre, fazendo de conta que é outro bolo que retribuímos a ela, assim foi feito, foram lá ver o compadre , festejaram, disse a comadre visitante: Trouxe um bolo para ti em retribuição ao que me deste. Ficaram um tempo prosearam bastante e foram embora. Quando a esposa foi olhar o presente dela ao desembrulhar estranhou o bolo, que parecia ser o mesmo e que era de fato o que havia dado a sua comadre, falou ao marido que ficou mais feliz ainda, vamos então comê-lo, após ter lembrado que seria só dele com a esposa e o filho. Cortaram e viram com espanto que era cheio de libras esterlinas, ouro puro. Somados ao valor da tropa, as tralhas de arreios, armas diversas que as continha, o dinheiro dos bolsos das baldranas ficaram muito ricos, até mais que o compadre e padrinho fazendeiro, viveram muito felizes, e sobre o bolo recheado de libras o marido disse em um refrão popular.
MORAL DA HISTÓRIA: AQUILO QUE É DO HOMEM, LOBO NENHUM COME!
CONTO ESCRITO/ REPRODUZIDO POR LUIZÃO-O-CHAVES............27/10/2013
ANASTACIO MS
Colaborou neste conto: Rosalvo B. de Souza e Francielle Chaves Barbosa
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A VERDADEIRA HISTÓRIA DE SANTO ANTÔNIO



Conta-se que a muitos anos passados um casal de camponeses pescadores que moravam num lugar a beira mar, num país distante e que tinham três filhos José de dez anos, Felipe de oito e Antônio de sete anos de idade. Dos três meninos, o Antônio era aquela criança desde o nascimento muito miúdo, frágil e de saúde precária, coisas hereditárias. A esposa D. Jacira era também muito fraquinha de saúde, mas dava para ir vivendo, boa dona de casa ordeira e prestativa, Julião o esposo era pescador do mar, viviam da pesca e tocavam um pedacinho de terra onde plantava de tudo para ajudar. Ela era muito devota de Nossa senhora, ele era diferente de tudo, gostava de tomar suas cachaças como é quase natural de todo pescador, não ficava sem o seu gole ás tardes ou quando chegava da pescaria, principalmente quando vendia seu pescado, ai então aproveitava mais. Como a água do mar é salgada, eles se valiam de água doce e potável de uma vertente que jorrava água doce de entre meio umas pedras na cabeceira da roça em um morro pequeno encrustado em uma pequena cordilheira de serras quase a beira mar. Buscavam a água de lá da fonte conforme diziam em sua linguagem camponesa, era trazida a água em vasilhas como corotes cabaças e tinas. Diuturnamente que buscavam água eram os garotos, pela manhã e a tarde, para ser usada durante o dia e para a mamãe tomar banho a tardezinha ou quando precisasse! Julião estando de folga ajudava os garotos na tarefa. Jacira ia lavar roupas lá na fonte na companhia dos filhos quando era o dia da semana escolhido para isso. No mais tudo transcorria dentro da normalidade, em paz salvo um dia ou outro quando Julião bebia uns goles e ficava conversando mole, e só asneiras, de noitinha deitado na esteira ou em cima de um banco, o que é natural de todos aqueles que abusam do uso do álcool. Aquilo aborrecia muito a Jacira, pois dava um mau exemplo para os três filhos já grandinhos, Quando ele sarava ela chegava e pedia-lhe explicações daquele comportamento feio ante as crianças. Ele sem graça, ficava era bravo com ela. Já vem você! Enchendo o “saco de novo”? É o que dizia! Não te falta nada! Deixe-me com minhas pingas! Nada mais tendo a fazer, ficava calada. E o que ela podia fazer? Era rezar pedindo ajuda para Nossa Senhora. Ele de lá ficava caçoando dela, e ainda dizia: Mulher tola fica conversando sozinha! Os dois meninos maiores davam risadas, só o Antônio ficava quietinho junto da mamãe em oração! Ele era desde pequeno temente a Deus! Suas roupinhas eram igual batina de padre, gostava de trajar assim, já os outros não se importavam com nada, qualquer roupa estava boa! O pai então nem se fala, de qualquer jeito se vestia, inda mais se estivesse meio bêbado, ficava sem camisa ou todo desarrumado, até com a braguilha aberta.! Só a mamãe e o “Toninho”, como era seu apelido, é que eram mais distintos e respeitosos, por isso os outros o chamavam de “puxa saco” da mãe! Ele ficava caladinho ante as ofensas dos irmãos mais velhos. Quando iam buscar água na fonte, aí os outros debochavam dele e até judiavam do pobre pequenino, diziam que ali havia onças e que ela comeria o Tonho, porque eles corriam e o deixava só e lá atrás. O pobre e magricelo passava um medo de dará medo! Além disso tudo quando enchiam as vasilhas de água, davam uma mais pesada para o pequeno levar. Ele aceitava por não ter como se livrar dos maiores, sob o risco de apanhar deles, chegava em casa bem mais atrasado do que os dois, a mãe perguntava aos outros: Cadê Tonho? Vocês judiaram dele? Não fizemos nada! Diziam os caras de pau! Ás vezes o pobrezinho chegava chorando de medo e de trazer aquela cabaça d’água mais pesada! A mãe falava, mas os dois safados ficavam rindo dele, e o pai ainda dizia: Tonho tem que ser mais homem! Tem que ser igual os outros, tá muito mole! Fica só na barra da saia da mãe! Assim era a vida deles! Uma ocasião, já na antevéspera de Sexta Feira da semana santa, o Julião chamou a família a boca da noite e disse: Amanhã todos vão jejuar! Todos! É um dia muito especial da igreja católica! Eu tomo minhas cachaças, mas também respeito! Ele dissera isto porque nos anos anteriores todos faziam o sacrifício, menos o Tonho, sua mãe dizia: Deixem ele quietinho em paz, é tão fraquinho, miúdo é muito franzino! Jejuar ele não precisa, não é pecador como nós! E com isso ele não jejuava mesmo, para os outros e o pai aquilo era um insulto! Diziam: Ele não é melhor que a gente! Vai jejuar sim! A mãe dava um jeito e ele escapava! Mas naquele ano, a coisa ficou diferente, ou Tonho jejuava ou levaria uma surra do pai, no sábado de aleluia! A mãe pediu tanto que o velho pai ficou quieto. Arquitetou um plano. De cá do continente avistava uma ilha, a mais de um quilômetro de distancia, era um lugar aprazível, gostoso de ficarem, muitas sombras, fresquinho mesmo além de ter muitas árvores e pés de toda espécie de frutas nativas, outras plantadas. Enfim, era de ficar boquiabertos de tanta fartura de frutas! Nesta época do ano então, nem se fala! Julião caladinho, esperando o amanhecer de sexta feira, foi lá na beira do mar, ajeitou a canoa e um remo deixou tudo limpinho, observou o mar, estava de águas tranquilas, bom para irem até na ilha com os meninos apanharem frutas e trazê-las para casa, mas não avisou nenhum deles que passaria o dia por lá para fazer o Tonho jejuar de qualquer jeito! Queria ver se não jejuaria! De plano feito, acordou os filhos cedinho e disse: Vamos todos na ilha apanhar frutas, garotada? Parece que elas estão cheirando até aqui! Arrume uns sacos ou sacolas e vamos para lá! Vamos Jacira? Convidou ele a esposa! Não Julião, eu não vou! Respondeu ela! Vamos Tonho, também? Traremos mais ainda, se você for! Tonho a principio ficou assim meio desconfiado, mas resolveu ir, antes perguntou a sua mãe, se podia ir, Ela disse: Você é que sabe! Ele foi todo contente, entraram no barco alegres, com os meninos e zarparam, o papai remava a vontade, pois as aguas estavam mansas, o mar calmo e sem demora chegaram. O Julião arrastou o barco para a areia. Deixou-o fora d’agua com o remo dentro. Entraram para o mato e logo foram colhendo as frutas, Que maravilha, de toda espécie, encheram as sacolas os sacos e sentaram na sombra porque o sol já ia alto, para descansarem um pouco enquanto aguardava o momento de sair, isso é o que pensava o Tonho! Coitado dele a hora que convidou o pai e os irmãos para virem embora! Caíram na risada, dizendo: Embora? Só á tarde, meu amigo! Ninguém vai embora agora não! Viemos para cá apanhar frutas é verdade, mas para jejuarmos também! Quero ver se você não jejua hoje? Agora quero ver, sua puxa- saco a nossa mãe não está aqui para defender você! Deram muitas risadas do Tonho, ele tristinho ficou! Derramou lágrimas enquanto debochavam dele! Estavam todos contra ele sozinho, o que fazer agora? Olhou para a direção da casa lá no continente com os olhinhos cheios d’agua! Passou a mãozinha no rosto secando o choro, levantou-se e dirigindo para o mar pertinho do barco, parou e pensou: Como ir para casa agora e sozinho, sem ter forças para remar? Como jogar o barco pesado na agua? Os outros e o pai dando gargalhadas, ele só olhou para trás e tirou sua batinazinha, ficando só de calçãozinho, estendeu-a sobre a superfície das aguas, a roupa ficou na forma de um barquinho, flutuando sobre a mesma. Ele mais que ligeiro pulou dentro dele, com o auxilio das duas mãozinhas fazendo delas dois remos, um de cada lado, zarpou sobre as tranquilas aguas do mar na direção de casa. Quase que enlouqueceram quando viram o Tonho fazer aquilo! Tonho! Volte aqui menino? Você ficou doido? Você vai morrer? Santo Deus, Tonho ficou maluco? Nossa senhora e agora? Aprontaram um berreiro de gritos, mas Tonho nem para trás olhava, sulcava s águas com sabedoria do que estava fazendo! Chegando do outro lado, saiu de cima da batinazinha até ali em forma de barquinho, pegou-a e sacudiu: Estava sequinha! As aguas nem sequer molhou ela e nem afundou com o peso dele em cima! Vestiu-a e saiu feliz da vida indo abraçar a mamãe que ficara só em casa! A mãe tomou um susto vendo-o chegar naquelas horas e sozinho, perguntou: Cadê seu pai e os meninos? Ele disse: Ficaram lá na ilha! Como foi que você veio meu filho? Sozinho, respondeu! Do que viestes? Antes de responder, chegaram o pai e seus irmãos, todos assombrados, com o que Tonho fizera! Acreditaram, porque estavam vendo ele ao lado da mãe! Todos sem graça, sem poder articular uma palavra sequer! Tonho estava ali, vivo e são para quem duvidasse! Sentadinho no colo da mamãe, nem importava com nada ao seu redor! Passado o susto, contaram para a mãe como tudo aconteceu. Ela ouviu toda a história calada. Depois disse ao marido: Eu sei quem Tonho é! Desde pequenino ele é um ente Divino! Parece um anjo do céu! Ele nunca fez nada que me desagradasse! E muito obediente! Isto que aconteceu foi o primeiro milagre dele! Terá muitos pela frente, não sei se alcançarei vê-los!

CONTOS POPULARES QUE OS POVOS CONTAM EM LOUVOR AO SANTO CASAMENTEIRO!
SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA.

REPRODUÇÃO DE LUIZÃO-O-CHAVES       ANASTÁCIO MS     16/12/2013   

OS LENHADORES E O REI CAÇADOR




Um rei saiu para caçar um dia de manhãzinha e se perdeu na mata, caminhou muito a esmo e mesmo assim, não havia meio de acertar com o caminho de volta para a casa. Olhava o sol, na posição que se encontrava, contudo não conseguia se orientar por ele, ora parecia que estava fixo num só lugar, outra hora dava impressão que ainda era levante. Inconformado com a situação, o rei sentou num tronco deitado que acabara de pular, decidiu meditar um pouco, quem sabe tendo uma boa inspiração acharia o rumo de casa. Ficou um tempão ali imaginando o que faria para sair da enrascada. Estava tão difícil que nem  mesmo conseguia raciocinar direito. Estava ficando nervoso, quando de repente ouviu um barulho como se alguém estivesse andando na mata, também  ouviu estalidos de galhos se quebrando. Assim como um animal faz quando anda. Depois ouviu vozes baixas. Imaginou! Será que é gente que está só andando ou caçando também?  Escondeu-se numa moita e ficou observando  o que poderia ser, o barulho de quem caminha no mato aumentava cada vez mais. Ali quietinho estava, quieto permaneceu agachado dentro da moita que o cobria sem deixar arestas. Viu por entre as folhas um casal muito jovem, cada um com um feixe de lenha na cabeça, como fazem as formigas  quando carregam víveres e que por certo levariam para casa, muito embora quieto e perdido do rumo de casa, reanimou, porque agora sim, não me preocupo mais em acertar o caminho, tenho companhia para ir embora com segurança. Os dois pararam ali na frente da moita que escondia o rei, puseram o feixe de lenha no chão para tomarem um fôlego. Enquanto sentaram cada um no seu, tiraram o chapéu da cabeça para abanar um vento  no rosto como é muito comum fazermos quando sentimos calor até que refresquemos um pouco. Começaram conversando um assunto muito antigo que até hoje as pessoas comentam e arrazoam entre si para saber quem é o mais errado. Dizia a esposa ao marido: Hoje nós sofremos para ganhar o pão de cada dia por culpa da nossa mãe Eva, quando pecaram no paraíso e Deus lavrou a sentença para os dois. Com o suor do seu rosto comerás o pão todos os dias de suas vidas. Terão que trabalhar arduamente para terem o que comer em abundancia, culpada de nós estarmos aqui sofrendo, foi a Eva que comeu da maçã que a serpente mentiu dizendo que nada fazia de mal se a comesse! Ela comendo deu ao Adão que nem imaginava o que aconteceria  com eles depois de comê-la. Hoje estamos pagando pelo erro deles, se fosse eu não comeria de modo nenhum. A serpente instigou sua curiosidade e ela caiu, disse a mulher. Ela é a maior culpada por ser muito curiosa! Curiosidade dá nisso! Acho que o culpado pelo pecado foi o Adão que não deveria ter concordado com a Eva, ela que se quisesse, que comesse sozinha! Eu não daria ouvidos  a ela de jeito nenhum! Portanto a tolice foi do Adão! No lugar dele eu nem dava bolas para a insinuação dela. Respondeu o rapaz! Acho que a maior tolice foi a dela, replica a mulher. Deus não havia dito que daquela arvore não podiam comer os frutos? Os dois estavam cientes! Porque ela teimou então? A curiosidade dela é quem estragou nossas vidas. Lá no Paraiso ninguém precisava trabalhar!  Agora temos trabalhar muito, como nós já fizemos hoje. Tinham de tudo sem se preocupar. Nada lhes faltava, o que é que queriam mais! Estando bem em num lugar, o que é que tinha de ficar bisbilhotando em outro o que não é da conta! Se Deus nada tivesse falado a eles, e caíssem como caíram, estavam isentos da culpa. Quem não sabe de nada, a qualquer momento pode cair em ciladas. Mas sabendo? Ai, já é porque quis! E no final da história quem “Paga o pato” somos nós, os seus filhos! Encerrando o assunto o marido disse: Larga a mão disto, o que é bom já nasce feito, e o que nasceu torto não tem jeito! Vamos levar nossa lenha e vendê-la, senão nada poremos em nossa dispensa para comermos a semana vindoura! Levantando o feixe de lenha da esposa, colocou-o na cabeça dela, ergueu o seu também na cabeça e rumaram para a casa. O rei lá dentro da moita, ouvira tudo, deu um tempo de alguns minutos para não se identificar com a sua presença e não assustar eles, ganharam  pouca distancia, então o rei saiu da moita e seguiu-os mantendo uma distancia razoável a ponto de não ouvirem o seu barulho nas folhas dos arbusto da mata. Andaram um pouco e depois o rei alcançou-os, porque ouviram o barulho do rei que de proposito fizera para eles olharem para trás. Vendo o rei em traje de caçador, não reconheceram sua majestade, julgando que fosse um caçador qualquer. Pararam! Puseram a lenha no chão e o rei se apresentou alegre com eles, que estavam desconfiados  para saber quem seria e de onde saiu assim de repente. Após os cumprimentos o rei lhes disse: Pobre gente, como vocês sacrificam tanto para terem o pão de cada dia! Nossa! Carregarem lenha nesta distancia? São heróis sem medalha na batalha pela vida! Me de o seu feixe de lenha, menina? Que levarei para você! Leve apenas a minha espingarda. Seguiram alegres os três conversando até que chegaram no casebre do casal. Lá chegando, descansaram bastante, tomaram agua,  e cearam pois todos traziam fome. Depois o rei lhes disse: Venham comigo, não quero que se sacrifiquem tanto assim para viverem! Venham morar comigo, serão meus hóspedes pela vida inteira. Nunca mais precisarão trabalhar! A vos darei de tudo o que quiserem. Não terão que preocuparem por nada desta vida! Levarão uma vida como se estivessem no Paraiso! Ficaram assim, pensando quem seria este homem para fazer-lhes uma proposta desta! Nem sequer imaginavam  que fosse o seu rei aquela figura tão bondosa, tão simpática e agradável.  Aceitaram a proposta e seguiram com aquele homem desconhecido. Quando chegaram ao palácio, tomaram um susto! Meu Deus! Dissera o homem! Querida, este homem é o nosso rei? Quem diria? E agora? Disse ela! Agora está melhor porque viveremos junto do nosso monarca, replicou o rapaz! O rei ordenou aos seus serviçais, aos arautos e as camareiras que cuidassem bem daquele casal. Um quarto bem mobiliado e com todo conforto, de modo que nada lhes faltasse, informando-os á hora das refeições diárias, recanto de lazer e tudo o que tivesse de melhor seria oferecido ao casal. Eram hóspedes especiais! Como nunca houvera na corte! Todas as ordens do monarca foram atendidas a rigor conforme ele determinara! O casal a principio ficara meio sem jeito, pois nunca tiveram aquele tratamento e nem regalias assim em sua casa e nem na vida como estavam recebendo ali naquele lugar tão lindo, gostoso que parecia o céu!  Nossa! E como parecia mesmo! Todas as criaturas dali eram muito amáveis, muito cordiais e lhes tratava bem. Todos os dias na hora da refeição, sendo a hora que fosse servir, o rei ordenou que servisse doze pratos de iguarias, recomendou ao casal que poderia servir apenas onze! Mas aquele  prato que estava no centro da mesa, não poderiam de modo nenhum destampá-lo e muito menos servirem-se dele! Não mexam de jeito nenhum neste,  nunca toquem nele,disse o rei apontando com o dedo para o prato no centro da mesa! Ouviram? Sim! Majestade! Estamos cientes! Responderam os dois! Obrigado, majestade! Os dias se passaram tudo transcorrendo dentro da normalidade. Quando foi um dia destes a esposa começou a olhar o prato do centro da mesa, o tal que não podiam tocar, com certa insistência em querer saber o que havia dentro dele que não podiam ver! O marido nem ligou para isso, continuou como sempre, despreocupado de tudo, afinal de contas para que se preocupar se nada estava faltando! Seguia a risca as ordens de sua majestade! Mas a mulher não se continha, queria porque queria saber o que tinha naquele  prato misterioso! Porque isso? Indagava  ela ao marido! Se de todos, menos este podemos comer? Porque deste não podemos? O que será que tem dentro dele? Algum mistério? Comida diferente? Será ruim, ou bom demais para ninguém saber? O que será? O que não será? Com esta indagação perturbava a esposo o tempo todo! Era só sentarem a mesa, começava os olhares curiosos dela na direção do prato! O marido percebeu que ela não servia o almoço direito, comia pouco, até que ele perguntou-lhe: Querida o que há com você que não almoça direito! Está doente? Esta sentindo mal? Diga o que é que tu tens? Ela meio sem jeito disse: Não, não estou doente, não! Eu quero é saber o que há neste prato dai do centro! Quero ver o que há dentro dele? Mas o rei não nos disse que nem era para olharmos para ele? Advertiu o marido! Você não se lembra das recomendações do nosso rei?  Isso não pode! Deixe disto? Não é da nossa conta? Mas a mulher se tornou uma sarna, igual aquelas coceiras que incomodam o tempo inteiro, não lhe dava paz um instante, toda hora pedindo para ele tirar a tampa do prato para ela ver o que continha dentro. Ele tornou a dizer: O rei nos proibiu de tocar nele! Nunca farei isso que me pedes, por respeito, obediência, e consideração ao nosso soberano! Tire isto da sua cabeça e pronto! Não me importune, por favor? Ela ficou aborrecida, levantou da mesa, saiu e ele ficou sozinho! O rei sem que ninguém visse, sempre observava os dois fazendo as refeições e conversando. Ouviu tudo e continuou na espreita! No jantar ela compareceu, mas não quis comer nada! O marido agradou-a  mas não houve jeito, só jantaria se visse o que tinha dentro do prato! O marido não achando contra argumentos para com a esposa consentiu, ela levantou a tampa do prato e dele saiu um camundongo numa desabalada carreira bem na direção onde o rei estava de espreita atrás da cortina! Foi aquele reboliço! E agora o que falar no instante que o rei apareceu? O camundongo passou entre as pernas do monarca que olhando-os  muito sério, balançando a cabeça negativamente disse: Voltem para o lugar de onde eu vos tirei! Ou seja, lá para o bosque onde tiravam lenha para dela sobreviverem! Á mulher ele falou: És muito mais curiosa do que nossa mãe Eva! Ao homem disse: Se tivesse palavra não teria dado ouvidos para tua esposa agora pouco! Nenhum de vocês dois podem condenar nossa mãe Eva e nem nosso pai Adão pelas suas fraquezas! Não tiveram outro remédio a não ser voltar no outro dia cedo para sua casa e continuar na luta pela sobrevivência como lenhadores. Todos nós cada um com a sua atividade o fazemos.

MORAL DO CONTO: NUNCA JULGUE O TEU PRÓXIMO PELAS SUAS FALHAS! PORQUE VOCÊ TAMBÉM É FALÍVEL!

CONTO ESCRITO E REPRODUZIDO POR: LUIZÃO-O-CHAVES... É A CULTURA SERTANEJA DE PAIS PARA FILHOS.


ANASTÁCIO  MS  03/12/2013  luizmoreirachaves@gmail.com   014 (67) 3245 0140

O LEÃO O URSO, E O LOBO

                                 


O leão estava caçando numa vazante que era serpenteada por uma campina onde havia muitas árvores frutíferas e uma belíssima relva nos lugares mais úmidos daquele lugar onde quase todas as caças passavam em busca do que comer, principalmente os predadores. De um lado havia vegetação assim como se fora um cerrado ralo, e do outro parecia mais espessa, dando para esconder quem quisesse ou que pudesse em caso de um perigo iminente. O leão margeava a vazante do lado esquerdo desde a cabeceira onde o mato era mais fechado, na esperança de encontrar uma caça, naquela manhã primaveril, pois trazia fome, lá do outro lado estava um urso, mesmo fora do seu habitat de origem também sondava alguma presa que pudesse saciar sua fome. Andaram mais pouco e de longe avistaram um cabrito que pastava tranquilamente a relva fresquinha, descuidado de tudo. Leão e urso viram o caprino ao mesmo tempo, como é o sistema dos felinos, o leão lambeu os beiços de satisfação, fixou o olhar com aqueles olhos miúdos no “bito” para no mínimo encandeá-lo apesar da distancia, só que o vento abanava do urso para o cabrito, este ainda não tinha sentido o perigo por estarem desalinhados em suas posições que de acordo o urso aproximasse sentiria sem dúvidas quando ambos estivessem paralelos, então o cabrito seria alertado pelo cheiro do urso, e prevenia a sua defesa. O leão estava numa posição de privilégio por estar recebendo o cheiro do cabrito, claro que não teria que preocupar com ele. Além de ser mais ágil que o urso, estava plenamente em vantagem de pegar a caça com mais facilidade, o urso avançando mais, e tentando bloquear ou atalhar a saída do cabrito em caso deste correr na direção do mato, justamente onde se encontrava. Avançou mais e o cabrito percebeu sua presença e correu em sentido contrário. Logrando o urso. Ainda mais sendo o bicho muito pesado para sair em perseguição dele. Correu em direção ao mato, mas deu de cara, de encontro com o leão que estava no lado oposto ao do urso e que já espreitava o cabrito ha alguns minutos, pobre caprino, não teve tempo de nada, pois não sentira o leão, na cruzada o leão estando prevenido já esperando aquela situação acontecer, deu um salto e pegou o cabrito, saiu feliz com o petisco na boca. Ah! meu amigo! O urso vendo aquilo achou muito desaforo, virou uma fera pra cima do leão que nem se importara com o adversário ocasional. Ia almoçar numa boa, o urso chega e a coisa ficou diferente, vindo com tudo: Mestre leão: disse o urso! Esta caça é minha? Favor me devolver! Estava próxima a mim mais do que a você? Portanto o direito de posse dela é meu? Nada disso, responde o leão! Ela estava de fato perto de você! Mas correu de ti vindo para o meu lado, eu a peguei, portanto me pertence. Se fosse para o seu lado e tu a pegasse, seria tua! Armaram um bate boca sem fim, cada um expondo suas razões, o que ninguém aceitava o argumento do outro! Por fim o urso propôs um acordo: Vamos nos debater, uma luta peito a peito, na raça e o que derrotar o outro comerá o cabrito sozinho! Está feito retrucou o leão, vamos pra poeira logo! Primeiramente deixaram o cabrito bem na beiradinha do mato ao lado de uma moita bem verdinha na sua sombra, enquanto se debatiam no duelo, que seriam dois titãs, o urso tem um tamanho descomunal, peso e força, mas muito lento. Do outro lado o leão, o rei dos felinos com uma pose de rei mesmo, ágil, atento de muita força e ligeiro. Então saíram nos sopapos, ali valia de tudo, e de todo jeito os golpes que davam um no outro. Ninguém levava vantagem, ambos estavam tudo lanhado pelas garras de um e de outro, a pelagem toda suja de sangue e, nada definido ainda, pararam para tomar um fôlego, mortos de cansaço, mas nenhum queria dar o braço a torcer ao outro, pedindo paz, e dividindo a caça em partes iguais. Por fim o urso disse: Nossas forças são iguais, mestre leão, não haverá vencedor, o que você acha? Vamos dividir o bicho ao meio? Vamos! É melhor do que ficarmos aqui numa luta estúpida, sem necessidade, se matando como se fossemos dois bobalhões! Respondeu o leão!  Vamos descansar um pouco e faremos assim, almoçaremos juntos sem brigas, sem rusgas ou contendas. Mas acontece que um lobo que descera da campina em companhia da loba, sua esposa já nos dias de dar filhotes e que naquela manhã só haviam achado um pomba para o almoço dos dois, ouvindo de longe aquele quebra-pau entre os dois grandalhões aproximou devagarinho e vendo o cabrito morto e estirado no chão atrás da moita, não perdeu tempo, pensou assim: enquanto vocês duelam, me dê licença, por que vou almoçar em paz com a minha esposa, pegando o cabrito sumiu dali, feliz da vida por ter como agradar a esposa naquela situação. Bem longe dali fizeram a festa. Agora que os dois encrenqueiros resolveram fazer as pazes, foram ver onde tinham deixado o churrasco, estava o lugar mais limpo do mundo. Um fitou o outro muito desapontado, e concluíram: Fomos logrados e agora? Quem será que aprontou conosco? Disse o urso! Agora nada interessa, responde o leão! Só fomos traídos por um esperto e pronto! Também pudera! O que tínhamos na cabeça quando fomos arruaçar um com o outro, tendo o almoço garantido? Que palhaçada a nossa! Poderíamos estar livre dessa! A nós só resta guardar esta lição. ”Quando a cabeça não pensa direito, é o corpo que padece”! O mundo ensina quem não sabe viver! Quem sabe, de outra vez agiremos de forma diferente. O urso deitou-se atrás da moita caladinho, muito sem graça, por certo; filosofando também lá com os seus botões. O leão muito triste com o fato, filosofou  ainda alguns minutos mais, depois do caso passado, arrematou o assunto dizendo em voz alta para o urso ouvir! É esse, o resultado de quem só pensa em si!

MORAL DA FÁBULA: A GANANCIA É A RUÍNA DE QUEM NUNCA PENSA NO PRÓXIMO.
REPRODUÇÃO DESTA FÁBULA: LUIZÃO-O-CHAVES.  08/12/2013...........ANASTÁCIO MS.