Era uma vez um camponês muito humilde que criava aves em
geral, animais diversos e ainda tocava um pedacinho de terras onde plantava de
tudo para a sobrevivência da família e servir alguém que precisasse. Só que a
sua esposa tinha um gênio que parecia uma cobra, era muito má, maltratava o
pobre do esposo que dava dó. Ele, um bom homem, tratava-a com carinho e muita
paciência, á todos muito bem, muito querido pela vizinhança, os amigos e
compadres. Tinham os seus filhos já criados e cada um cuidava de sua vida.
Moravam distante dos pais. De quando em quando vinham visitá-los. O dia que a
esposa amanhecia com os “burros n’agua,” ou com um nó na saia, era um tormento,
não lhe dava paz um instante. Se brincasse dava-lhe uns tapas nas orelhas,
mandava-o calar a boca. Xingando cada
nome, de dar vergonha para quem é homem, além de escandalizar as mulheres
honradas. Um escândalo que a vizinhança espichava o pescoço para verem. Aquilo
era rotina, o velho não tinha mais nem onde enfiar a cara de tanta vergonha, já
nem saia de casa. Os filhos quando vinham vê-los, até os vizinhos lhes
perguntavam: Não tens uma palavra de conselho para os seus pais? Da vergonha os
palavrões que sai no “arranca-rabo” deles. Nossas crianças ouvem tudo? Dê um
jeito? A tua mãe não tem trava na língua, os filhos nada podiam fazer, a mãe se
exaltava, eles quem calavam para ela. Um dia destes, o esposo facilitou com
ela, tomou uns tapas na cara e uma bicuda no traseiro que saiu catando cavaco
na poeira, ficou lá num canto do terreiro sentado num velho pilão deitado, com
a cabeça entre as mãos, os cotovelos apoiado nos joelhos olhando para o chão,
sem saber o que fazer da vida. Apesar de ser o que era, e muito humilde, tinha
um dom muito esquisito; conhecia e entendia a linguagem dos animais quando
estes comunicavam entre si. Ficava horas e horas ouvindo o que os animais
falavam e gesticulavam uns para os outros. Era seu entretenimento depois que levava um “couro” da esposa. Logo
esquecia aquele contratempo na família. Neste dia aconteceu algo diferente em
sua vida. Um galo de raça índio, de porte muito belo e novo ainda, valente pra
chuchu, brigador e cantador que só ele, aproximou do pobre homem, vendo-o
naquela tristeza, indagou: O que é que te faz tão acabrunhado, amigo? Você nos
trata tão bem! Quero ser-lhe grato! Quem sabe poderei fazer algo por ti! O
homem levantou os olhos para aquela ave tão delicada, coçou a cabeça e
respondeu: Tomei umas cacetadas da minha esposa hoje! Não é a primeira, já
muitas, não sei o que fazer da vida mais; morro de vergonha de ser um homem
dessa qualidade. Sou apaixonado por ela demais, apesar disto que acontece
comigo! O galo ouviu atentamente o relato do seu patrão e disse: Se você me
prometer que vai fazer o que lhe direi, seremos amigos ainda mais. Tenho a
receita! Prometo, disse o homem! Então ouça: Como homem, você é um frouxo, um
cagão, um zero á esquerda. Nada sabe da vida. Deus criou primeiro você, depois
formou ela enquanto você estava dormindo, com o propósito de ser tua ajudadora,
ouça bem? Ajudadora? E não mandona deste jeito? Sabe que a mandona, põe chifres
no marido a hora que ela quiser? Você deverá cuidar bem dela, sem maltratá-la,
está me ouvindo? Sim! Respondeu o homem. Então disse o galo! Você nasceu líder,
comando, cabeça, guia, bússola e
dominador de todas as feras da terra, terá que impor a sua autoridade, a casa
não é sua? Lá quem manda é você!, Se chegar um pateta, e ela gostar dele, você
está frito! Terá que despi-la para o fulano, ela na cama com ele e você, lá fora
feito uma besta quadrada. Não manda nada!? Olhe aí o pior que pode acontecer! Você
reparou que os galos do seu vizinho não entra nenhum aqui? Quem manda aqui, sou
eu! Portanto, não está cumprindo o que Deus determinara a você! Agora olhe bem
para mim! Nos meus olhos, viu? Eu tenho na minha família mais de vinte
mulheres, sou rei do terreiro, domino todas elas, mando em tudo, ninguém me
desobedece, até as outras aves sabem disto! Vigio tudo nos meus domínios!
Defendo a minha família e todos deste terreiro das feras e aves de rapina,
quando querem nos atacar, chamo meu
amigo o cão. Nunca precisei brigar com as esposas! Nenhuma delas nunca me
bateu. Todas me respeitam e me obedecem sem reclamar. Se alguma desentende com
a outra, vou lá e corrijo a faltosa, sem elogiar a outra. Logo estão de bem,
ninguém nem lembra mais do incidente. Dê uma espiada no geral do terreiro, veja
se não te falo a verdade? Agora você, é um trapo, não serve para nada a não ser
para trabalhar. Tem só uma mulher e não da conta dela? Que vergonha! Que
humilhação para os homens! Vamos reverter sua situação! Convide-a para se
deitarem, pergunte a ela se doravante vai te respeitar e obedecer, porque é um
chefe desta família, e não um bosta qualquer? Se ela se exaltar e partir para a
briga, não bata nela; pegue-a do pescoço, jogue na cama, monte a cavalo na
barriga dela. Segure as duas mãos com uma das suas, porque força você tem, com
a outra esgane ela contra o travesseiro
até ela perder o folego, solte e pergunte: Vais me obedecer ou não? Se disser não, repita a operação até ela se
render. Amasse ela bastante, esfregue-a na cama como se estivesse lavando
roupas, sove-a bastante como se sovando massa de pão, que quanto mais amassa,
mais fica bom, mostre sua força e domínio. Depois de resolvido. Pegue ela com
se faz com bebê, quando sofrem cólicas, sente numa cadeira, ponha ela debruçada
no seu colo, de atravessada, abaixe sua cabeça segurando a nuca dela com uma de
suas mãos, passe a outra no traseiro dela, suspenda sua saia, abaixe sua
calcinha, dê-lhe tantas palmadas você quiser no bumbum dela até ficar várias marcas
de seus dedos, deixe que suba calombos e vergões vermelhos, não tenha dó, não
ligue para suas lágrimas, após tudo isso, faça-a ficar nua, de quatro, esta posição
se chama: Cata-graveto, arranha-gato ou tira-mutuca, pega o seu produto com a
mão, empurre nela, mas com amor e carinho por detrás, mas no lugar certo, com capricho até ela gemer
de prazer, e soltar o gozo, ou leite, que chega desforrar o lençol da cama com
as duas mãos! Igual gato quando você pega ele do rabo e puxa para trás, finca
as unhas no chão, e vai arrastando tudo o que as unhas pegaram. Este servicinho
se chama: Tira-teima! Repare como faço com as minhas vinte e tantas esposas,
seguro-as com o bico pela nuca e mando ver. Não é considerado crime, nem maus
tratos pelas autoridades, mas educa mesmo! Há pessoas que tem que apanhar para
saber se é bom, viver batendo nos outros. Você entendeu a lição? Inqueriu o
galo! Sim, respondeu o homem sentindo-se animado. Vou fazer, e é já, antes de
esfriar teu conselho. Dito e feito! Aprontaram um bafafá, um reboliço na cama, que parecia um
gato quando pega um rato maior do que ele, caíram da cama, rolaram pelo chão
ele jogou ela na cama de novo, ela cansou, se entregou de vez, toda esfolada, mas
tudo deu certinho como o galo lhe dissera. No dia seguinte ela amanheceu toda
dolorida, queixosa, nem podia sentar direito, até manhosa ficou, mas mansinha
que parecia um cordeirinho. Acabou-se aquela mulher valentona, a gritaria, os escândalos
nunca mais ninguém ouviu, os vizinhos interpelavam-no para saber o que gerou
aquela mudança tão repentina naquelas duas vidas, que antes nem podia chamar
aquilo de vidas, agora doravante sim! O esposo dava uma risadinha matreira para
os vizinhos, compadres e amigos, mas não dizia nada! Nem era preciso; viveram
muito felizes e por muitos anos. Os filhos então, ficaram maravilhados com aquela felicidade que jamais
esperavam de assistir naquela casa. Ele sempre lembrando da receita do galo e concluí. É verdade!
Deus criou homem e mulher, bem distintos um do outro para viverem unidos e em
paz. Nada de uma parte tirar o direito da outra, nem querer tomar o seu lugar.
Um pelo outro e Deus pelos dois!
MORAL: QUEM NASCEU PARA SER REI, ATÉ SEM A COROA É
RESPEITADO!
HISTÓRIAS QUE OS CABOCLOS CONTAM EM RODAS DE AMIGOS.
LUIZÂO-O-CHAVES ANASTACIO
MS 04/10/2013
luizmoreirachaves@ gmail .com (67) 9278
9481/9655 0483/8481 2231.
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