segunda-feira, 8 de maio de 2017

OS GARIMPEIROS.

                            

    
Conta-se uma historia de um velho garimpeiro com seus três filhos e um companheiro da profissão, de nome João, trabalhavam juntos e em sociedade, despesas e lucros eram repartidas entre eles com muita honestidade e consideração, eram mais amigos do que mesmo sócios na empreitada. Sabem aqueles velhos antigos de muito respeito e sistemáticos? Muito sério, não gosta de brincadeiras, zombarias, caçoar de outra pessoa, nem falar mal de ninguém, respeitar a tudo e a todos, responsável em tudo que assume. Assim era este, já faziam um tempo naquela lida, neste garimpo já tinham extraído algumas pedras preciosas de pouco valor mas dava para irem remediando a situação. Tudo em paz, com saúde, harmonia entre eles e com os demais garimpeiros. Como velhos são cheios de manias, este velho tinha uma, a de saber dos sonhos dos filhos e do João seu companheiro. Era hábil interpretador de sonhos. Supersticioso por assim dizer. Todos os dias ao amanhecer durante  o café  interpelava-os acerca do que tinham sonhado naquela noite, cada um dizia o que sonhou, o velho passava a mão na cabeça e no queixo, acendia um cigarro, olhava a fumaça subir e depois respondia um a um o que significava o que tinham sonhado. Umas quantas vezes repetia o mesmo. No resumo dizia: Está longe de acharmos uma pedra grande e de muito valor. Com aquela ladainha todas as manhãs o João foi ficando de saco cheio, todos os dias a mesmice de sempre. O velho lhe perguntava e ele demorava responder mas contava o sonho que tivera naquela noite. O velho percebeu o seu mau humor mas fingiu nada saber ou perceber o seu desagrado ante as suas indagações. Afinal o João era muito esforçado e uma coisa compensava a outra. Durante o dia tudo transcorria na maior alegria e paz. Nem dava para levar em conta aquela cara feia do João, pois era momentânea. Os tempos passam e a gente nem percebe, mas o velho era mesmo muito sábio e além disso paciencioso,  As vezes calado e pensando coisas que só ele sabia, claro, ninguém sabe! Um dia de manhãzinha, numa segunda feira. Lá vem o velho com suas perguntas, os filhos responderam contando seus sonhos, o ancião nada disse a respeito do sonho dos filhos, estes estranharam a sua não resposta. Ficaram aguardando o que o velho pai ia dizer.  Este voltando para o João, disse: E você João o que sonhou meu filho? Estou ansioso para saber. O rapaz com uma cara de poucos amigos, olhou para longe como se não tivesse ninguém por perto, já com o saco prá lá de cheio, aproveitou para aborrecer o velho para que ele desconfiasse e parasse com aquelas perguntas todo dia de manhã. Sem mesmo saber o que tinha sonhado, pois nem se lembrava, porque  não fazia conta daquelas bobagens do velho companheiro respondeu: Sonhei com "Bosta," era merda pura, se o senhor quer saber. E deu uma risada para disfarçar o deboche que fez com o ancião. O velhinho passou a mão na cabeça e depois no queixo e num gesto de aprovação respondeu: A pedra espera por nós, estamos pertinho de encontrá-la, por estes três dias ficaremos ricos pois ela é grande. Enquanto os três filhos ficaram em silêncio, pois confiavam nas palavras do pai, o João deu uma baita gargalhada como se continuasse a debochar do amigo. Foram para o trabalho. Quando foi na tarde daquele dia lá pelas três horas e pouco um dos filhos esbarrou na pedra de diamante, como era linda e grande.  Foi aquela festa, garimpeiros fazem assim atiram para tudo que é lado, saia tiros de todos  os cantos, onde tinha gente, todos festejaram o achado. Depois da divisão cada um foi cuidar de sua vida. O João pensou consigo: Esse velho é mais sabido do que eu pensava. Nunca imaginei isso!

CONTOS DOS SERTANEJOS NOS GALPÕES  Á NOITINHA.


BLOGGER "COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES" 

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