Conta-se uma historia de
um velho garimpeiro com seus três filhos e um companheiro da profissão, de nome
João, trabalhavam juntos e em sociedade, despesas e lucros eram repartidas
entre eles com muita honestidade e consideração, eram mais amigos do que mesmo
sócios na empreitada. Sabem aqueles velhos antigos de muito respeito e
sistemáticos? Muito sério, não gosta de brincadeiras, zombarias, caçoar de
outra pessoa, nem falar mal de ninguém, respeitar a tudo e a todos, responsável
em tudo que assume. Assim era este, já faziam um tempo naquela lida, neste
garimpo já tinham extraído algumas pedras preciosas de pouco valor mas dava
para irem remediando a situação. Tudo em paz, com saúde, harmonia entre eles e
com os demais garimpeiros. Como velhos são cheios de manias, este velho tinha
uma, a de saber dos sonhos dos filhos e do João seu companheiro. Era hábil
interpretador de sonhos. Supersticioso por assim dizer. Todos os dias ao
amanhecer durante o café interpelava-os acerca do que tinham sonhado
naquela noite, cada um dizia o que sonhou, o velho passava a mão na cabeça e no
queixo, acendia um cigarro, olhava a fumaça subir e depois respondia um a um o
que significava o que tinham sonhado. Umas quantas vezes repetia o mesmo. No
resumo dizia: Está longe de acharmos uma pedra grande e de muito valor. Com
aquela ladainha todas as manhãs o João foi ficando de saco cheio, todos os dias
a mesmice de sempre. O velho lhe perguntava e ele demorava responder mas
contava o sonho que tivera naquela noite. O velho percebeu o seu mau humor mas
fingiu nada saber ou perceber o seu desagrado ante as suas indagações. Afinal o
João era muito esforçado e uma coisa compensava a outra. Durante o dia tudo
transcorria na maior alegria e paz. Nem dava para levar em conta aquela cara
feia do João, pois era momentânea. Os tempos passam e a gente nem percebe, mas
o velho era mesmo muito sábio e além disso paciencioso, As vezes calado e pensando coisas que só ele
sabia, claro, ninguém sabe! Um dia de manhãzinha, numa segunda feira. Lá vem o
velho com suas perguntas, os filhos responderam contando seus sonhos, o ancião
nada disse a respeito do sonho dos filhos, estes estranharam a sua não
resposta. Ficaram aguardando o que o velho pai ia dizer. Este voltando para o João, disse: E você João
o que sonhou meu filho? Estou ansioso para saber. O rapaz com uma cara de
poucos amigos, olhou para longe como se não tivesse ninguém por perto, já com o
saco prá lá de cheio, aproveitou para aborrecer o velho para que ele
desconfiasse e parasse com aquelas perguntas todo dia de manhã. Sem mesmo saber
o que tinha sonhado, pois nem se lembrava, porque não fazia conta daquelas bobagens do velho
companheiro respondeu: Sonhei com "Bosta," era merda pura, se o
senhor quer saber. E deu uma risada para disfarçar o deboche que fez com o
ancião. O velhinho passou a mão na cabeça e depois no queixo e num gesto de
aprovação respondeu: A pedra espera por nós, estamos pertinho de encontrá-la,
por estes três dias ficaremos ricos pois ela é grande. Enquanto os três filhos
ficaram em silêncio, pois confiavam nas palavras do pai, o João deu uma baita
gargalhada como se continuasse a debochar do amigo. Foram para o trabalho.
Quando foi na tarde daquele dia lá pelas três horas e pouco um dos filhos
esbarrou na pedra de diamante, como era linda e grande. Foi aquela festa, garimpeiros fazem assim
atiram para tudo que é lado, saia tiros de todos os cantos, onde tinha gente, todos festejaram
o achado. Depois da divisão cada um foi cuidar de sua vida. O João pensou
consigo: Esse velho é mais sabido do que eu pensava. Nunca imaginei isso!
CONTOS DOS SERTANEJOS NOS GALPÕES Á NOITINHA.
BLOGGER "COISAS DE
CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES"
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