É a pura verdade gente,
este môço nós conhecemos há 46 anos passados numa Colônia de nome 15 de Agôsto.
Era um garoto como qualquer um de sua idade. Tinha na época 16 anos. Era
maluquinho mesmo, filho de família boa, órfão de pai, ajudava a mãe cuidar de
mais 5 irmãozinhos, escadinha que cuja mãe dava um duro danado na roça para dar
o que comer e vestir á todos. Era rodeada de parentes próximos, cinco irmãos e
4 cunhados, nordestinos do Estado do Ceará. uma sobrinhada de quase a gente nem
conseguir contá-los, pareciam formigas, dado a semelhança entre eles. Todos
pobres de marré. kkkkkkkkkkkkk! O Antonio era caolho, mas espertinho mesmo
parecia faltar um parafuso mas dava para viver. Tinha duas primas muito
bonitinhas: Maria do Carmo e Maria Socorro, era apaixonado por elas, qualquer
uma lhe servia para namorar. Mas elas nem lhe dava bolas, pare com isso Antonio
diziam-lhe: Nós somos parentes próximos demais somos primos-irmãos, nosso pais
são irmãos entre si. Não temos apetite para namorar com você. Tem tantas moças
por aí aqui na Colônia, procure outras! Mas ele era enrascado mesmo, queria
elas de qualquer jeito. kkkkkkkkkk. Um dia estivemos num terço na casa delas,
sabem aquelas pessoas que gostam de quando em quando rezarem em comunidades?
Assim era a mãe das meninas. Novenas em épocas de semana Santa, antes e também
depois etc. Éramos vizinhos, de uns 300 metros e a casa delas era pertinho de
um cemitério, o único ativo da Colônia, nas adjacências tinha uma aldeia de
muitas famílias, fazendas e chácaras e nas proximidades um pequeno Córrego que
banhava os fundos de sua chacrinha e dos demais vizinhos, devia ter mais ou
menos umas vinte e oito ou mais famílias e chacareiros espalhados na região,
era muito movimentada a Colônia, cada um com seus afazeres na maioria de roças.
Nos finais de semana se ajuntavam e faziam bailinhos familiares para a moçada
se divertirem, um campo de futebol para as tardes de domingo, feriados e dias
Santos de guarda para a rapaziada jogarem, lá estávamos todos nós. kkkkkkkkk.
Então como dissemos no inicio, lá estava toda a rapaziada e moças da Colônia na
casa da Maria do Carmo. Antonio sempre presente e animado, bem alinhado, de
chapéu preto, sapatos novos, trajes chique, e até um lenço bordado com um laço
no pescoço, quem sabe aquela noite depois do têrço e nas brincadeiras com a
turma, O Bom Cozinheiro, Direita Vazia entre outras brincadeiras de
aproximar os jovens e começarem um
namoro desta vez daria certo, ele estava esperançoso. Celebramos o terço e
tomamos chá com bolinhos a convite da dona da casa que era a mãe das meninas e
tia do Antonio, fomos brincar até mais tarde, pois era um sábado muito alegre.
Flert é o que não faltou! Nem sabemos como começou uma conversa de quem era
mais corajoso na turma dos moços. E quem passaria sozinho na estradinha do
cemitério aquelas horas, porque ali nós só passávamos enturmados, ninguém se
arriscava a passar só, com medo dos defuntos lhe assombrar, a passagem ali era
obrigatória, não tinha outra estrada, de dia tudo bem mas a noite a história é
outra, como é sabido que de um cento se tira um que vai no escuro a qualquer
hora, inda mais num cemitério. Na tenra idade há um período que a gurizada, a
molecada não vão no escuro nem com reza brava. É um medo de dar medo mesmo.
Alguns conservam este medo por muitos anos, até mesmo já moço como era o caso
de muitos de nós que ali se encontrava na festinha. Antonio aproximando da
prima disse: Ninguém aqui tem mais coragem do que eu prima! Isso eu duvido
muito! Todo mundo se calou ante o desafio do Antonio, a Maria para se livrar do
assédio do primo respondeu: Quá! Só eu vendo! Aproveitou da situação para se
livrar do primo de uma vez por todas. Vamos ver o que acontece? A Maria
disse-lhe: Se você for no cemitério agora e de lá trouxer uma cruz, namoro
você! Topa? Antonio nem titubeou! Está feito prima! Olhe lá hem? Não falhe
comigo! Combinado? Sim, retrucou a Maria! Mas aquilo acabou em risadas e
deboches, quem faria uma coisa dessas? Ninguém imaginou que isso seria possível
a quem quer que fosse. Coisa de louco! Todo mundo retomou a direita vazia para
sentar perto da moça que cortejava e gostava. Ninguém deu por fé da ausência do
Antonio. As lamparinas e lampiões acesos nos cantos do barracão de palha,
bancos para todos os lados entulhado da rapaziada e moças tudo misturados. Os
adultos e velhos conversando animados e esqueceram do Antonio. Dali um espaço
de tempo, mais de meia hora depois, chega Antonio com uma cruz deste tamanho
nos ombros. Foi chegando e entrou no barracão com aquilo que ninguém esperava.
Foi um reboliço daqueles quando viram aquela coisa. As moças correram todas
para a cozinha e a Maria gritando: Mãe, venha ver o que Antonio fez! Trouxe uma
cruz lá do cemitério, está com ela nos ombros. Esparramou quase todo mundo.
kkkkkkkkkkkk. Sua tia lhe disse: Você ficou louco Antonio? O que é isso menino!
Some daqui com essa cruz! Deus me livre! Cruz Credo! Ave Maria! Você é doido
Antonio? Gente do Céus, espia o que este menino fez? Só pode estar louco! Não é
possível um negocio deste! Vai embora Antonio, leva isto e deixe lá de onde
você arrancou, o defunto vai te dar um pega daqueles! Tomara que dê! Que nada
respondeu o Antonio, a prima me disse que se eu trouxesse esta cruz agora a
noite ela namoraria comigo, aqui está a cruz e agora senta aqui do meu lado,
vamos namorar prima! Vou nada respondeu a moça! Você para mim é louco mesmo!
Deus me livre de você! Antonio disse: Você é mentirosa, sem palavra e sem
respeito comigo, todo mundo é testemunha do que disseste! Agora pula fora do
compromisso feito. Ó Tia, eu pedi ao defunto a licença para que me emprestasse
esta cruz para mim provar a prima que sou corajoso e namora-la, a prima foi
quem me desafiou, e ele me concedeu-a. Mas já que estão todos assombrados eu
vou lá devolver a cruz dele, e agradecer -lhe pela gentileza. kkkkkkkkkkkkkk.
Viu como tenho coragem? Cambada de Cagões! Frouxos! Medrosos! Não são homens
como pensam! Eu sou machão, e bateu no peito! Saiu dando risadas a nossas custas!
As primas terminaram a brincadeira assim que Antonio retornou do cemitério.
Despediu a todos e nem dormiram de tanto medo! O Antonio replicou, o defunto é
meu amigo e ele vai te puxar pelos pés esta noite porque não me quiseste.
kkkkkkkkkkkkkkk. As meninas dormiram ao lado da mãe varias noites até que viram
que a conversa do primo era só para assustá-las. A tia e as primas
reconheceram; É um homem de coragem mesmo! Ou é louco varrido! Acho que o que
falta nele é um parafuso! Ou sobra um, replica a Maria do Carmo.
kkkkkkkkkkkkk. 25/03/2017
FATO REAL "COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES"
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