Certa ocasião chegou num
restaurante grã-fino na cidade do Rio de Janeiro um peão do trecho, era um
nordestino recém chegado de sua terra natal, estava pelo seu jeito até bem
vestido, bem alinhado mas sem dinheiro, duro que só "Pau de barraca".
E ainda por cima trazia uma fome de guará, já passava do meio dia e precisava
comer alguma coisa, estando longe de casa, em terras estranhas, sem conhecido
algum, via os povos andando pra lá e pra cá, cada um com seu jeito de vida,
ninguém dava-lhe bolas, nem ao menos para conversar, trocar algumas palavras,
nem sequer um gesto de atenção, porque nos grandes centros, nas metrópoles são assim
mesmo, eles não confiam em estranhos, enquanto isso a sua barriga roncava de tanta
fome. Andou de um lado para outro olhando tudo ao seu redor, faltava-lhe
coragem de bater num portão ou porta e pedir um prato de comida a alguém que o
tivesse e pudesse lhe fazer este favor. Tava ruim a situação. E agora? O que
fazer? Pera aí, pensou ele com seu botões, para as dores tem remédios, e para todo
mal sempre há uma cura: Trazia em mãos uma pasta de executivo, esta lhe ajudava
a parecer um caixeiro viajante, um homem de negócios. Mas dentro dela só havia
roupas sujas e acessórios que o homem precisa. Deu uma de "João-sem braço"
entrando no salão do restaurante, isso já passava do horário do almoço, o
garçom estava acabando de recolher os pratos e talheres que seus derradeiros
fregueses tinham deixado sobre as mesas. Já foi logo se sentando e afrouxou o
nó da gravata dando uma de importante. O garçom prontamente e gentilmente veio
lhe atender. Ele disse: Faz favor! Pois não moço, o que deseja, responde o
garçom? Faça fineza fazer filé de frango
frito. Com que mais, disse o garçom: Feijão, farinha e farofa. Quer pão? Faça
fatias. O garçom observou suas palavras somente começadas com a letra
"F". Resolveu lhe interrogar por curiosidade: Serviu-o e sentando do
seu lado. De onde o senhor vem? Fortaleza. Que profissão tem o senhor?
Funcionário federal! O que faz? Fiscalizo as fábricas! Fabricas do que? De filetes de ferro fundido, forragens, fundições, funilarias, ferrarias, ferros frios, ferramentas,
ferraduras, ferrolhos, fechaduras, fornos, facas, facões, foices, funis,
ferragens, forros e fazendas dos funcionários federais fantasmas. Porque o
senhor veio para cá. Foragido, fui forçado fazer. Porque? Faqueei um fulano!
Fiscal falso fingido, foi fazer fofoca dos funcionários, ferindo o feitor da
fábrica fiquei furioso e finquei-lhe a faca, furando-lhe o fígado. Nossa disse o garçom! O
senhor é valente mesmo. Foi uma façanha. Fiz e faço. Forte, famoso, feliz,
formoso, e fascinante, e falo fácil. Nisto ele acabou de almoçar e o garçom
pergunta: Aceita café? Faz favor. Tomando o café fez um gesto de desagrado com
o beiço. O garçom disse: Não está bom o café? Frio e fraco. Como é que o senhor
gosta? Forte e fervendo. Tirando da pasta um frasco de remédio e tomando o
garçom perguntou? O senhor toma medicamentos? Fortificante, fosfato
ferruginoso. O garçom vendo aquele sujeito com esta armação que ele nunca tinha
visto, pensou consigo: Vou ver até onde este sujeito vai com essa ladainha de "F".
Disse ao cearense: Eu faço um curso de jornalismo após meu trabalho aqui do
restaurante, já estou na fase de treinamentos e ensaios, se o senhor me der
licença, posso entrevistá-lo? Fique frio fera, faça! Seu nome: Francisco
Ferreira Fontes. Família dos ferroviários de Fortaleza. Nome de pais:
Felisberto e Feliciana, falecidos. Solteiro? Família de filhos. E a esposa? Fabiana
Fagundes, é falecida. Professa alguma fé? Fariseu. Toma alguma bebida? Ferro
quina, Fernet, Fanta, Frutilla, Funada e Furioso. Tem vícios? Fumo Fulgor. Nisto ele tirou um cigarro e pondo-o na boca, olhou o garçom e disse-lhe: Fogo. Este querendo ser gentil lhe ofereceu um isqueiro.
Fósforos disse ele. Que música o senhor gosta? Fank e forró. O que mais gosta
de fazer nas horas de folga? Farrear, fazer filho. kkkkkk. O que não gosta de fazer?
Força e faxina. Gosta de futebol? Torce para que time? Flamengo e Fluminense. Seu ídolo no
futebol? "Fabuloso". Gosta de carros? Ford, Fargo e Fusca. Toca algum
instrumento? Flauta e Florin. Dos programas da TV? Fantástico e Faustão. O que
mais lhe agrada na vida? Fêmeas. kkkkkk. E o que tem nojo? Feiticeiros. Tem horror de alguma coisa? Feiúra. Obrigado pela entrevista disse o Garçom. O cearense disse: Fiquei feliz. Vendo
que na conversa entre eles contabilizara mais de cem palavras com a letra "F".
Antes dele se levantar e pedir a conta. Disse-lhe o garçom: Se o senhor
me disser mais quatro palavras seguidas
com a letra "F", acho que nem precisará
pagar a despesa. O Ceará completou: 1-Fui 2-formidável 3-ficando 4-fiado 5-ficarei 6-freguês 7-falou? Vou pedir ao meu patrão para não lhe cobrar o almoço. O senhor é uma pessoa
especial. Pera aí! O garçom saiu e logo voltou, chateado pelo "Não"
do patrão. Disse-lhe meio sem jeito, ele não aceitou, e eu terei que pagar a
sua conta. O peão assovia: Fiiiiiiiuuu já de saída e rindo disse: Facilitou? Faz fiasco? Foda-se kkkkkkkkkkkkk. 29/03/2017
CONTO DE PEÕES NO GALPÃO
BLOGGER "COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES"
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