Nas suas andanças pela mata a onça sem querer porque
estava olhando para cima pisou nuns galhos finos e cobertos por folhas secas
num trecho onde tinham um bando de macacos numa fruteira e numa bagunça danada,
a dona onça estava de fininho sondando o chefe do bando para não ser vista e
surpreende-los, quem sabe pegaria ao menos um deles. Ao pisar naquele monte de
folhas secas, o coelho que estava dormindo embaixo saiu louco da vida até sem
direção para onde iria. Até a onça levou um susto dele, pois estava concentrada
nos macacos, imaginou ser um rolo de cascavel, mas não esperava que fosse o seu
tão caçado coelho que estava por ali naquele hora, é que ele estava dormindo.
Dois assustados ao mesmo tempo. Como o coelho deu alarme na sua carreira e
passando embaixo da macacada, estes viram a onça, foi aquele reboliço, macacos
se atiraram para todos os lados, o coelho então nem se fala, a onça ficou puta
da vida com o coelho e resolveu: Já que não pude almoçar um macaco, vou jantar
você hoje seu "Safado". Saiu na perseguição dele, vai aqui, vira ali
e até que passou na porta de um buraco de tatu, uma antiga morada, vendo um
sapo deste tamanho, um baita cururu que morava ali. Estava em pé na entrada do
buraco espiando o movimento da bicharada da mata naquele horário. Trazia na
cintura um facão. Era lá pelas oito horas da manhã. Já foi perguntando ao sapo:
O coelho passou por aqui ou entrou aí neste buraco?. O sapo ficou meio sem jeito,
não querendo falar no assunto, passou a mão no queixo e piscando muito resolveu
olhar para o outro lado como quem quisesse desviar a atenção do felino. Mas a
onça falou de novo: E daí seu feioso, o coelho tá aí ou não tá? Fale de uma vez
e deixe de ser besta! É que eu não gosto de dar informações de ninguém dona
onça, disse o batráquio! A gente arruma inimizades por ser linguarudo! Não
gosto da vida alheia. Não sei do coelho amiga! Olhe aí as pegadas dele replicou
a onça, está aí dentro sim, está ou não está? O sapo assentiu com a cabeça
afirmativamente. Então cuide dele viu? Vou buscar um enxadão e uma pá para
cavucar e arrancar este safado, vou janta-lo ainda hoje. O sapo meio sem graça,
falou: Eu já vou amiga! Nada disso, fique aí cuidando dele, não o deixe
escapulir senão lhe arranco a cabeça fora do corpo.O sapo pensou em correr mas
não dava mais, a onça o pegaria sem trabalho nenhum, pensou: Está bem vou
cuidar dele, disse o sapo, pode ir descansada, não deixarei a senhora
decepcionada. Então o sapo bravateou: Vou mostrar-lhe do que o mestre cururu é capaz. Sapeque o facão nele completou a onça, e se eu matá-lo replica o sapo! Melhor ainda sorriu a onça, me poupará trabalho de cavucar-lhe. Deixa comigo emenda o sapo: Vou destripa-lo já. A onça se foi e o coelho lá dentro escutou toda a conversa. Estou perdido nas unhas destes dois, pensou: Inda não vi: Sábado sem sol, domingo sem missa e nem segunda sem preguiça. kkkkkkkkkkkkk Fez
um plano, este sapo e grande prá chuchu, maior do que eu, não aguento lutar com
ele para sair desta enrascada, além disso ele está armado com um baita facão na
cintura, eu sem nada nas mãos. Ele sozinho já fecha a porta. Pera aí! Já sei! Veio até a porta fingindo estar
comendo alguma coisa gostosa. O sapo lhe perguntou: O que está comendo tão
gostoso assim, mastigando alto com tanto ruído? E amendoim torrado com açúcar
responde o coelho, quer provar? Claro que quero animou-se o sapo. Então vamos
brincar, abra a boca e feche os olhos, depois em seguida feche a boca e
arregale bem os olhos, vamos ensaiar, sempre alternando viu? O sapo fez
direitinho. Isto, disse o lebre! Agora vou jogar na sua boca o amendoim numa
dessas. Está feito disse o sapo e começou a sessão de abre e fecha.
kkkkkkkkkkkkk. Numa daquelas o lebre mandou um punhado de areia nos olhos do
sapo, que ficou cego na hora, o coelho se aproveitou daquela brincadeira de mau
gosto e deu uma peitada no sapo que caiu de costas com facão e tudo, o lebre saltou por cima dele e deu no pé
deixando-o a esfregar os olhos num desespero. Coelho desgraçado, resmungou o
sapo. Me passou para trás. Dai a pouco chega a onça com as ferramentas. E daí
companheiro cadê o bicho? Tá aí dentro responde o sapo. Vamos arrancá-lo já,
dissera a onça. Mãos á obra e começou a cavar, o sapo coitado estava gelado de
tanto medo, só imaginava na ira da onça ao ver que fora enganada mais uma vez,
enquanto isso o lebre dava boas gargalhadas lá bem longe dali. Saboreava um velho ditado sertanejo: Enquanto existir
um trouxa, o esperto não passa apertado. kkkkkkkkkkkk. Chegou no fim da
escavação e nada do coelho. Cadê o
coelho mestre sapo? Mentiroso, deixaste o bicho ir embora seu covarde, e agora
o que faço com você? Mas o coelho me enganou dona onça! Me jogou areia nos
olhos, dissera o sapo tremendo de tanto medo. Fugiu mesmo, nem sei para que
lado, só sei que sumiu. A senhora me desculpa! A onça sentou e ficou olhando
para o sapo e pensando: Se este camarada fosse de carne boa eu o devoraria
agora mesmo. Ficaria no lugar do coelho fujão, mas é um bicho feio e fedorento,
urina fétida e ainda joga leite na gente, acho que vou desculpá-lo. Não há
outra solução. Vou desculpá-lo sim, dissera ao sapo, mas jogarei você bem longe
daqui, lá na cabeceira do ribeirão. Pegou-o por uma das pernas e saiu mata
afora até no rio, jogou-o com força numa pedra lá do outro lado. Se foi
desapontada com tanto trabalho por nada. O coelho mudou de mata também onde não
havia onças e nem sapos cururus! kkkkkkkkkkkkkkk. 02/11/2016
FABULAS PARA "COISAS DE CABOCLO DE
LUIZÃO-O-CHAVES"
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