quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O MOÇO QUE SOFRIA DOR D’OLHOS.

                                      


      
Ao longo da história da humanidade sempre existiu pessoas símplices de coração, aquelas que creem em quase tudo que os outros falam sem saber se a fonte da informação é, ou não verdadeira. Até parecem ser trouxa dos outros, as vezes pouca convivência com os demais, poucas instruções da vida, quase nem andaram pelo mundo afora, outros não tiveram oportunidades de lidar com as pessoas mais instruídas, mas é simplicidade em alto grau! Há também o outro lado que são aquelas adiantadas em demasia, pensam serem donas do mundo e saberem de tudo, andaram iguais notícias ruins e acham que as outras pessoas foram criadas dentro do ôco de um coqueiro sem nada conhecerem. Sempre houve os dois lados, um da verdade e o outro da mentira. As pessoas de um modo geral usam os dois, de acordo com suas malícias, ocasiões ou interesses. Depende muito da situação de alguns no momento, estes são de seriedade ou de deboches, caçoadores, zombeteiros ou de gozação com o seu próximo, aquele tipo de gaiatos, desocupados, brincalhões, pilhériantes, até falto de respeito etc.. Sabe nestes botecos isolados da cidade, vilarejo ou corrotelas? Aqueles comerciozinhos ralés que ficam nas pontas de ruas, onde se ajuntam todo tipo de cachaceiros, vadios, morrem-andando e outros mais. Tem outros melhorzinhos nas beiras de estradas que demandam colônias e assentamentos ou uma região isolada e muito longe da cidade. Sempre há pessoas que montam um boteco para a sua atividade, ganham a vida e prestigio, ás vezes é um ótimo ponto de informações para os viajantes que vem de outras localidades, tais como: andarilhos, passageiros, boiadeiros, tropeiros, que até fazem uma parada nestes pontos. Nada mais é do que um boteco que se vende de tudo, em um passado não muito remoto, existiam muitos deles para tudo que era canto que a gente viajava, parecia ser um ponto de parada obrigatório. O botequeiro é sempre uma pessoa muito comunicativa, alegre e que sabe lidar com tudo que é tipo de pessoas. Muitos destes lugares com o correr dos tempos se tornaram vilas, e até cidades pequenas. Aquele botequeiro fora um pioneiro daquelas paragens que progrediram muito. Num destes botecos tomamos o seu como exemplo, aconteceu algo que a gente até admirou no final deste conto. Chegou um sujeito num dia de tardezinha no tal boteco para comprar algo que estava precisando, como sempre, o lugar bem frequentado, e independente do horário e da data, sem levar em conta se era meio de semana ou domingo, feriados ou dia Santo de guarda, o rapaz estava com um chapéu de palha de abas largas cobrindo os olhos, estava sempre olhando para baixo evitando a luz do sol e o clarão do dia, chegando cumprimentou a todos os presentes sem levantar o olhar ao botequeiro, este ficou incomodado com sua atitude, pois todos nestes lugares olham diretamente no rosto dos demais. Teve a audácia e curiosidade de perguntar: Porque o senhor não levanta as vistas? Acaso aqui tem alguém que o senhor não gosta? És foragido da justiça e está com medo de ser identificado? Afinal o que há contigo? O moço respondeu: Nada disso meu amigo, eu estou com as vistas que nem posso olhar direto á alguém, me dói muito, estou com dor d’olhos, os meus estão inflamados que nem sei como ainda estou andando. Mas preciso! Dor d’olhos para os que não sabem é: Uma inflamação nos olhos conhecida nos dias atuais por Conjuntivite. Então o senhor me desculpa, justificou o botequeiro! Nisto um gaiato que estava de um lado intrometeu na conversa dizendo: Isto não é nada amigo, sei de um remédio que cura isto muito rápido. Qual é? Perguntou o doente interessado. Mas o gaiato estava de brincadeira com o infeliz, aquele tipo que ri da desgraça alheia, embaixo de um deboche silencioso, escondendo o riso mas, louco para rir alto, porque os olhos do homem estavam todo ramelados, escorrendo prurido, foi e ensinou: Passe pimenta malagueta que sara ligeiro. Os demais presentes ficaram quietos. Ninguém ouvira falar de um remédio louco desses. Pimenta? Logo malagueta? A qualidade de pimenta de maior ardume que se conhece, e que chega a queimar onde pinga uma gota de seu liquido. Um absurdo! Mas o coitado estava em desespero com aquela dor insuportável, creu na conversa do fulano desconhecido. Disse: Ah! eu vou fazer assim que chegar na minha casa. O outro completou, basta pingar uma só gotícula em cada olho e pronto, estará curado!  Olhem que maldade do gaiato, e a ingenuidade do outro que nem sequer imaginou que era crueldade do estranho.  Era mesmo para judiar do coitado, naquela simplicidade e inocência que parecia uma criança, chegando na sua casa fez o remédio, quase que morre de tanto ardor nos olhos, pois estavam feridos pela inflamação, lacrimou demais até aliviar o ardor, mas a cura foi rápida, no dia seguinte já estava enxergando bem, com dois dias mais nem sentiu mais nada, estava curado mesmo. Feliz da vida continuou a trabalhar, nem lembrou mais da doença que o afligia tanto e nem do gaiato. Muito tempo se passou, anos até! Em outro ponto de boteco um dia ele passou vindo de viagem. Lá se encontrava um senhor sentado num banco embaixo de uma árvore com as vistas baixas, este apeando do cavalo amarrou-o num palanque e curioso vendo o estranho sentado ali. Pensou consigo: Se não estiver bêbado, está doente! Indagou: O que o senhor tem? Posso ajudá-lo? O outro disse: Estou com dor d’olhos, estou passando mal há dias, não houve remédio que me curasse até agora, já nem sei o que fazer mais. O viajante se lembrou de alguns anos passados quando estivera assim, lembrou-se da pimenta malagueta que o curara naquela ocasião. Com a mesma simplicidade de sempre, disse ao estranho: Estive assim como o senhor está agora, há uns quinze anos passados e num boteco como este, um sujeito me ensinou pingar uma gota em cada olho de caldo de pimenta malagueta, fui curado e até hoje não senti mais nada nas vistas. Imaginem, se ele não sabia deste remédio! Claro que sabia! Porque não o fez? Porque na ocasião queria judiar do outro. Lhe causava medo o que fizera na ocasião! Naquela hora o seu subconsciente fê-lo lembrar de tudo isso: Pensava consigo: Ele não merecia sofrer mais! Agora a moeda mostra o seu outro lado: Desejando a minha cura assim como foi curado! A simplicidade dele voltou á tona: A decisão é minha! Aceito ou não a receita dele? Aquela receita que na verdade era minha! Agora chegou a minha vez de provar! Ouvindo o outro atentamente, levantou-se indo para a casa e fez o remédio. Perdeu as vistas! A gotícula do caldo da pimenta cegou-o por completo. Não enxergou mais dali em diante, ficou sendo guiado por um garoto de seis anos.  E como já sabem. Vamos repetir! Naquele dia, exatos há quinze anos passados fora ele, o gaiato que tinha ensinado aquele remédio louco ao outro, ensinara por malvadeza, por deboches, por gozação com a dor que o coitado sofria, para vê-lo sofrer ainda mais! Mas aquele não lhe reconheceu no momento do reencontro. Enquanto a inocência do primeiro lhe salvou as vistas porque a inocência salva! Mas o castigo também vem, e vem á cavalo! E como recompensa ao segundo por sua maldade ficou cego. Daí nasceu o ditado: “Pimenta no olho dos outros é refresco”.

CONVERSAS DE PEÕES PARA O BLOGGER“COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
CULTURA SERTANEJA QUE DIVERTEM OS MATUTOS EM RODAS DE AMIGOS.

ANASTÁCIO MS 25/12/2015

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

MESTRE MACACO E DONA ONÇA.

               
                            
Mestre macaco sempre se vangloriava quando escapava dos ataques e das artimanhas de dona onça, pois ela sempre foi uma caçadora implacável dos símios. Ele era um dos embaraços na vida dela, pois a desmascarava sempre, em lugar de caçado sempre sobressaia vitorioso, ela anda solitária nas matas, principalmente quando sai para caçar, eles os macacos estão sempre aos bandos. Aos bandos tem uma vantagem sobre ela, se uns não a verem, os outros darão por fé do felino até mesmo pela catinga que ela exala do seu corpo. Ficam espertos ao sentirem o cheiro do perigo lhes rondando. Lá de cima dos galhos é mais fácil para sentir o mau cheiro dela, aquilo sobe no ar. Ela também tem seu forte, sabe onde eles vão beber agua na mata, ás vezes numa poça d’agua, salvo sendo no rio para que eles continuem na vantagem de não ter que ir só num ponto da aguada. Mas para quem é caçador tem o seu dia de sorte, e para quem é caçado, se descuidar terá seu dia nefasto. Foi o que aconteceu numa certa manhã, estavam os macacos num pé de jatobá muito grande e de muitas frutas no ponto de saborearem, cada fruto deste tamanho, era um póc,  póc e póc que não tinha mais fim, quebrando-os nos galhos com facilidade incrível, aquela polpa sequinha, doce que era uma delicia, estavam entretidos na festa e não viram dona onça espreitando-os numa moita embaixo da fruteira, naquela manhã uma brisa suave tangia, ela quietinha que nem piscava os olhos, num instante daqueles bem traiçoeiros, um dos macacos desceu pau abaixo  num cipó, ninguém sabe se ele queria balançar nele, porque os macacos depois de bucho cheio brincam nos cipós igual crianças numa corda dependurada, ou ia descer até no chão para ver alguma coisa, pois são muito curiosos, além de dizerem que os felinos atraem suas presas com um magnetismo que possuem num olhar que é fulminante, como nada percebeu de perigo pois o sentinela estava atento e de quando em quando descia do seu ponto de observação e pegava um fruto e retornava para o seu lugar sempre vigiando os companheiros naquela folia, mas desta vez falhou, de repente surge a dona onça e “Zás” no descuidado, saiu com ele entre os dentes sem machucá-lo, parece que ela só queria pegá-lo mesmo, este gritou como um maluco de tanto desespero, mas nada adiantou, estava pego mesmo. Desta vez a sorte não lhe favoreceu. A macacada esparramou para tudo que foi lado, ninguém veio socorrer o amigo. E agora? Dona onça colocou-o delicadamente no chão e sentou na frente dele e disse: Eu sabia que um dia você caía! Eu não desisto fácil amigo! Agora está no meu domínio, corra agora, quero ver? O macaco fazia pipi e cocô tudo misturado, deu-lhe uma diarreia repentina, nem ele sentia o que estava saindo primeiro. kkkkkkkkkkk, gritava, grunhia, choramingava, rolava no chão como se pedisse clemência ou misericórdia a ela para soltá-lo. A comadre onça lambia os beiços e dizia: Estou sem almoço até agora meu camarada, e te garanto que até amanhã nestas horas ainda estarei arrotando você, está gordinho, eu e minhas filhas estamos famintas, vai ser uma festa quando te levar em casa, lá no oco da figueira, dizendo isto o abocanhou com delicadeza e saiu toda faceira, também pudera não é? Um petisco daquele. Enquanto carregava-o dizia: Duvido muito sair desta, meu compadre! Faz um longo tempo que aguardava esta oportunidade que custou, mas ela chegou! Chegando embaixo da figueira colocou-o no chão e gritou: Filhas venham ver o que a mamãe trouxe para nós! As duas saíram do oco e espantaram ao ver o mico no chão que já nem gritava mais de tanto terror, estava paralisado, todo lambuzado e fedorento, somente esperava a morte. Só pensava uma coisa: Desta vez estou ferrado mesmo. Felino desgraçado, desta vez me grudou! Não sei se vocês os nossos leitores sabem de uma curiosidade sobre a onça: Ela tem um ódio terrível de macacos por terem a forma dos humanos a quem ela odeia até a morte, tem o maior prazer por instinto de atacar os homens e matá-los. Como nos contos de fadas a onça tinha uma cuia grande que quando as meninas eram pequeninas dava-lhes agua para beber. E um velho tacho de ferro que certa vez ela roubara do homem contendo carne em salmoura lá fora no terreiro da casa dele, era a boquinha da noite quando o velho camponês tinha saído e ela com uma fome e atraída pelo cheiro da carne da vaca que recém tinham matado e que no outro dia seria colocada no estaleiro para secar. Dona onça arrastou o tacho por uma das asas, carregou a carne com tacho e tudo para a sua toca na mata. Planejou comer o macaco cozido ou assado no fogo, primeiro ela o meteria no tacho com agua fervente para pelá-lo como os homens fazem com capado gordo. Chamou as meninas e disse-lhes: Venham aqui, vou ensiná-las a pegar bichos como este e ao mesmo tempo dar-lhe uma boa lição, todos os felinos assim como nós, fazem isto quando agarramos uma presa, brincamos muito com ela para depois saborear, dizendo isto pegou o macaco e lançou-o para uma das filhas a Sinhá. Jogue-o para sua irmã a Cuca e esta depois para mim, o infeliz mico parecia uma peteca ou uma bola de pingue e pongue, de garras em garras. O bicho miserável estava todo esfolado, sujo de terra e sem ânimo até para se mover, fizeram esta brincadeira por um bom tempo, as oncinhas adoraram fazerem isto, nisso dona onça se lembrou dos desaforos que este lhe tinha feito em outros tempos, lembra quando me insultava estando trepado nos galhos altos? Ria, debochava da gente e até urinava em mim lá de cima? Vocês todos gritavam, foó, foó, foó e me atiravam frutas fazendo a maior farra? Agora pagará caro teus deboches. Com onça não se brinca, ouviu? Aqui com a gente o buraco é mais embaixo! Vocês os símios são muito inteligentes mas por outro lado são esquecidos, sabem de cór e salteado que: "Na mata que tem onças, macacos não fazem baile" kkkkkkkkkkkk. Descuidou? Esqueceu? "Dançou" O mico só olhava para elas, estava entregue mesmo a triste sorte. Aqui se faz as coisas, aqui se paga, companheiro! Dizendo isto deu uma paradinha na brincadeira. Vou dar uma saidinha rápida, falou ás meninas, vou ver algum tempero para a gente colocar neste safado que já me deu muita raiva, vamos comê-lo bem temperadinho. Nunca me esqueci daquela carne que roubei com o tacho daquele velho sozinho, estava uma delicia de bem temperada. Enquanto saio, vocês cuidem deste fulano, assim: uma vai catar gravetos para acender o fogo, a outra não tira os olhos dele, e muito cuidado, ele é cheio de truques igual os homens. Não facilitem! Acendendo o fogo, coloquem agua da mina no tacho para ferver no fogãozinho entre aquelas duas pedras, por via das dúvidas deixo-o amarrado com estes cipós finos. Cuidem bem que já volto. Depois das instruções dona onça se foi. Lá ficaram os três, um olhando para o outro! Uma oncinha trouxe só dois gravetos, era muito preguiçosa mesmo, a outra brigou: Só isso maninha? A mãe quando vier vai dar bronca na gente, até lá a agua não estará quente, como é que vamos pelar este fulano, ajamos rápido, anda logo! O macaco pensou com seus botões e disse: Não quer que eu as ajude? Sei acender fogo com duas pedras e assoprando o fogo levanta rápido, querem ver? Pensava consigo: É agora ou nunca! Quá, tu sabe de nada "Chico"! Replicou a oncinha! Me solta que lhes mostro, argumentou o símio. Aprendi muita coisa com os homens, fui criado com eles, só depois que fugi para a selva. Vocês felinos de nada sabem a não ser pegar os filhos alheios e comê-los. Sei que eu vou morrer mesmo. As tolas acreditaram no sujeito que é descarado, cara de pau, cínico e mentiroso de natureza, foi e soltaram-no, vamos buscar a lenha disse o mico, uma de vocês fica e a outra vai comigo. Saíram os dois na mata em busca dos gravetos, bem perto dali ele achou um pedaço cerne de aroeira bem na medida de um bom cacete, era o que ele queria, dizendo: Este eu levo, você pega umas folhas secas para o facho. Abrace as folhas o quanto que puder. Siga na frente, a tola da oncinha obedeceu, ele segurou bem o pau e deu uma tremenda cacetada na cabeça dela que ela só tremeu. Gritou para a outra: Venha aqui depressa Sinhá, que sua irmã desmaiou, a outra veio apressada para acudi-la, o macaco disse: Ela está mal, faça respiração boca-a-boca que ela volta a si. A outra abaixou e chorando abraçar a irmã, nisso o macaco pensava: Agora desconto o couro que me deram, aproveitou e deu-lhe uma paulada na nuca, largou o pau ali mesmo e saiu a mil. Deu no pé, subiu numa árvore saiu pulando de galho em galho, de uma árvore para outra, sumiu na mata para nunca mais voltar ali por nada desta vida. De per si ambos, onça e macaco fizeram um juramento. A onça chegou e vendo as filhas mortas prometeu se puder não deixar um macaco vivo de tanto ódio que sentiu dele, homens e macacos são iguais pensou, e este prometeu de jamais comer jatobás. Kkkkkkkkkkkkkkkkk.

FABULAS PARA O BLOGGER “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
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ANASTACIO MS. 15/12/2015

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

NÃO SEI COMO SERÁ, NINGUÉM SABE! MAS UM DIA ACONTECERÁ.


Numa tarde de primavera, no mês de Novembro a fase da lua era antevéspera da cheia, céu limpo sem uma nuvem, os quadrantes dos pontos cardeais estavam da mesma cor, pois é sabido que no nascente sempre é mais claro e o poente é sempre rubro, mesmo sem ter nuvens, os outros dois não colorem o universo. Naquele dia o sol demorou um pouco mais para se por, estava brilhante, parecia estar feliz por sua missão ter sido cumprida desde a criação do universo, deu cinco horas, lá está ele no alto, deu seis, sete, oito e nove horas da noite, ele no mesmo lugar. Parecia estar num lugar nos confins da terra, lá pelo polo norte onde o dia dura 24 horas ou dependurado por uma corda e esperando alguém cortá-la para que caísse, sumisse desaparecendo no horizonte e vindo á noite. Quase ninguém percebeu este fenômeno da natureza. Os ventos não assopravam de nenhum quadrante, tudo quieto, não se via uma folha das arvores e dos jardins se mover. Parece que a natureza aguardava uma ordem superior para agir, o mar calmo, nenhuma ave gorjeiando, anunciando o fim do dia como era de costume. Os animais do campo silenciosos também, os domésticos numa tristeza que a gente percebia. Adivinhavam algo. Os humanos na bagunça de sempre. Correndo de carros para cima e para baixo, outros á pé indo e vindo dos seus serviços.  No fim do dia muitos ficam nos bares bebendo, outros vão para casa, passam no mercado, nos caixas eletrônicos, na lotérica, alguns vão no rio pescar a boquinha da noite, outros no campo de futebol numa pelada, os roceiros chegam da labuta diária, tropeiros e boiadeiros chegando no pouso, outros assistindo o jornal na televisão as mulheres preparando o jantar, as crianças chegando da escola, os estudantes da noite se arrumando para saírem. O comércio diário fechando as portas, as lanchonetes noturnas abrindo as suas para receberem seus fregueses para tomarem lanches, enfim todos ocupados com alguma coisa, raro um ou outro que olha para o céu, ainda mais na cidade que logo a iluminação pública tira-lhe toda a visão noturna deste. Ninguém está preocupado com nada disso. O mundo está girando? Que continue assim! Poucos se lembram de Deus. Os poucos que assim o fazem estão indo para a missa das sete, ou ao culto. Outros vão indo para uma festa de casamento. Ao estádio de futebol ver o final do campeonato, as torcidas se esfolando etc. Os que viajam por terra estão atentos ao trânsito, os marinheiros no convés de suas embarcações, são os mais atentos, porque veem somente as aguas e o céu. Os pilotos das aeronaves quase nada percebem, se orientam pelos instrumentos sofisticados exclusivos para navegação aérea, quando olham para baixo só vê escuridão e as luzes das cidades e nas torres que indicam os perigos para eles. Os cientistas ocupados, os vigilantes do espaço em suas tarefas, uma nação vigiando a outra, pesquisando o universo, fazendo descobertas, vasculhando o espaço e viajando para outro planeta, enfim todo mundo ocupado. De repente o sol se foi, cadê a lua, as estrelas, o clarão normal de fim de tarde? Nada se via a não ser uma escuridão macabra, diferente de todas conhecidas. Os povos da periferia das cidades, os sertanejos lá pelos campos e matos começaram se alarmando, todos assustados vendo aquilo com espanto. Nem dia e nem noite, e agora? Os homens da ciência perceberam por uma coisa, com esta explicação, as telas dos radares escureceram de repente. Não mostraram mais nada.  Suas aparelhagens não detectaram nada no espaço sideral, tudo normal, os aparelhos, as sondas funcionando perfeitamente. Mas foram pegos de surpresa! O Fenômeno foi silencioso demais! Agora sim, começaram, tentando comunicarem-se, todas as nações mesmo que seria dia para uns e noites para outros a escuridão era completa para todos. Para uns custou anoitecer e para os outros estava custando amanhecer o dia. Em todo lugar, nem dia e nem noite. Os povos se alarmaram de uma vez. Desconfiaram ser o tão falado fim do mundo. Foi um reboliço geral, orações, preces, arrependimentos do mal que fizeram. Só se ouvia gritos, aflições, lamentações, desesperos, choros, pedidos de clemencia e perdão de uns para os outros, uma agonia sem fim clamando á Deus por misericórdia e perdão, os poderosos chefes das nações da terra entraram em pânico, esquecendo até de suas riquezas, das guerras, do ódio, das lutas, das discórdias e das pelejas, além das sofisticadas armas de guerras com os soldados nos campos de batalha não responderem mais ao comando de via satélite. Paralisou tudo de repente, como se um poderoso campo magnético que aproximou da terra e travou todo o planeta, nada funcionou a partir daquele momento nada elétrico, mecânico ou eletrônico funcionou mais, nem carros, todas as luzes da terra se apagaram, as aguas dos rios, mares e lagos se aquietaram ante aquele poder imenso. As crateras dos vulcões, os suspiros da terra, foram lacradas, a entrada do oco da terra e suas ramificações com seus habitantes, a civilização da parte ígnea ficaram sem ação lá no fundo. As temíveis feras do reino abissal, monstros marinhos, descomunal, dragões, serpentes gigantescas que ninguém imagina o tamanho e a ferocidades delas e que estão presos lá nas profundezas do oceano, abaixo da concavidade que cobrem o fundo dos mares como se fossem um telhado protegendo as feras, que vivem nas areias que formam o assoalho dos mares formando um vácuo deste reino maléfico e terrível que emergindo das aguas, saindo de lá e invadindo a terra não ficará um ser vivo neste planeta, devorariam tudo em poucas horas. Outros são seres desconhecidos do homem que vigiam as riquezas, guardam os segredos e mistérios do mundo marinho, nas profundezas dos oceanos. Estão presos há milhões de anos por ordem Divina. Nem estas feras tiveram o direito de aniquilar a raça humana criada por Deus, bem que queriam, porque para isso foram criadas pelo maligno, nem os chefes das nações que dominam e ardem em desejo de despejar bombas atômicas sobre os demais mostrando seu poderio nuclear* Deus não permitiu nada disso. Nem mesmo a queda de um meteoro na terra, conforme a ciência prevê para destruir tudo. Nada passa na frente de Deus sem o seu consentimento. Não houve radares, sensores, rastreadores, detectores, ou similares de engenhos fabricados por humanos nesta terra que conseguiram sinalizar algo sobrenatural vindo da parte de Deus para os povos. Cadê os homens chefes de estado, influentes na politica do mundo? Cadê os mandatários do mundo globalizado? Cadê os políticos que passaram a vida inteira articulando entre si uma maneira de cada vez mais dominar e oprimir os mais fracos?  Cadê os seus poderes? Evaporou ou condensou? Há quem duvide, mas Deus existe e é Supremo! Querendo ou não, os humanos são subordinados á tua supremacia. Uns disseram algo enquanto puderam balbuciar alguma coisa, isso não é nada, logo passa, deve ser algum eclipse total, os mais experientes e sábios diziam: É o Juízo Final! Podem crer! Calma gente, espera ao menos mais um pouco, Jesus já aparece para levar a gente para o céu! Gritar por quem? Correr para onde? Esconder em que lugar? Pedir socorro para quem? Não demorou muito: Os humanos também ficaram paralisados em seus lugares. Inertes, estáticos e duros como pedras. A terra tremeu de tanto clamor dos povos, começou a girar em sentido anti-horário, o calor estava aumentando sem explicação para tamanha rapidez!  Não se sabe por quanto tempo ela girou ao avesso, de repente a terra parou de girar de vez, foi sentido apenas pelo cérebro das pessoas enquanto vivas! A escuridão contínua, que horas são? Ninguém sabia! Sabem o que aconteceu? Sabem que horas são? É hora de receber as recompensas pelo que fizemos de bom na terra! É hora do acerto das contas com o Divino Criador, aqui se faz o mal, aqui se paga! Quem para cá veio, terá que voltar! Ninguém aqui é eterno, da terra fomos criados? Para ela retornaremos! Ela deu tudo, mas agora requer tudo de volta. Não foi a segunda vinda de Jesus á esta terra! Foi a terceira e última! Veio para arrebatar os seus escolhidos, já estavam escolhidos, sim isso mesmo! Ele veio numa surdina como fora predito por ele mesmo. A sua segunda vinda se deu do modo como aquele anjo dissera, aquele que apareceu vindo dos céus na hora que Jesus subiu ao Pai, lembram o que disse o anjo? Varões galileus, que estais olhando para o céu? Este Jesus que vedes subir ao pai, da mesma maneira e forma ele voltará. Quem os viu subir senão os seus discípulos, os seus escolhidos, aqueles que conviveram, ouviram e guardaram seus ensinos? São aqueles que ficaram com ele unidos até o fim de sua jornada entre os homens até a sua crucificação. Foram cento e quarenta e poucos que assistiram a sua Ascensão. E da forma que ele partiu foi num corpo espiritual, angelical, Santíssimo e não material a ponto de ser visto e contemplado por todo o olho humano como muitos pensam. Os demais povos do mundo na época estavam todos ocupados em seus afazeres, tal e qual como ele nascera, só os três Reis Magos e os pastores que cuidavam de seus rebanhos foi que viram o sinal de sua chegada, do seu nascimento neste mundo, naquela humilde estrebaria, uma linda estrela que indicou o local do seu nascimento, nas aparições e transfigurações foi sempre assim, já que não estão nem aí para o Divino Mestre. Nem deram por fé também quando este partiu para o seu Pai. Já tinham crucificado ele mesmo, foi noticiado a sua ressureição e subida aos céus. Fazer o que mais? Enquanto o universo estava escuro e o povo assombrado, ele Jesus com os seus Santos apareceram nas alturas, sua luz, seu resplendor de glória iluminaram todos os seus filhos, somente seus filhos aqui presentes, nesta hora seus corpos físicos ante a luz Divina foram desfeitos como por encanto, tomando a mesma natureza de Jesus, o mesmo corpo celeste, angelical e Santíssimo, sendo desfeito o corpo material no ar como uma neve na frente de uma forte luz do sol. Desaparece e ninguém vê para onde foi! Os seus espíritos foram levitando na direção do Mestre agora em corpos angelicais como dissemos. Na forma como são os anjos celestiais. Á todos estes, ele atraiu para junto de si! Seus filhos, sua riqueza, sua honra, o fruto do seu sacrifício na cruz, são aqueles que lutaram na terra até o último instante de suas vidas terrestres. Fiéis, obedientes, dedicados, leais, sinceros, puros, limpos de coração e vencedores do pecado e das injustiças que abominaram a terra. Via-se uma escadaria ligando a porta dos céus com a terra, lá no fim dela de um lado uma mulher com vestes angelicais, azuis claras bordadas com fios de ouro, com uma coroa de ouro na cabeça ostentando uma grande majestade. Esta é a Virgem Maria Santíssima, a mãe de Jesus, Rainha dos céus e mãe de todos os filhos de Deus tanto na terra quanto nos céus. Á esta é que devemos muita gratidão por ter nos dado seu filho Jesus para a nossa salvação. Do outro lado outra senhora vestida do linho branco e o mais puro dos linhos conhecidos, também com uma coroa de doze estrelas na cabeça, as estrelas significam os doze apóstolos de Jesus, portanto é Rainha deles e de seus discípulos, ostentando uma majestade e tendo sob seus pés a lua e o sol, ela tem poder sobre todos os astros e o domínio sobre toda a terra e a natureza, esta é o Consolador prometido por Jesus quando ele partiu daqui da terra, antes de voltar ao Pai deixou a promessa, cumpriu-a na pessoa desta santa. De um lado e outro da escadaria, um corredor formados por anjos perfilados e a postos, com instrumentos de músicas e executando uma melodia em saudação aos salvos que comandados por um senhor de avançada idade, com um semblante alegre e com os cabelinhos alvos como a lã de um lado no inicio da escadaria, este homem é o último profeta que Deus levantou nesta terra para concluir a sua obra de caridade, salvação e redenção iniciada por seu filho Jesus, do outro lado estava Jesus com o cetro do poder em uma das mãos, na sua mais bela aparição de todos os tempos, ambos recebiam todos os salvos indicando-lhes a subida da escadaria para adentrarem o recinto dos céus e serem apresentados ao Pai Celestial em sua glória. Os demais povos que ainda estavam na terra olhando para cima, petrificados naquela escuridão tremenda, não tiveram o direito de ver a aparição de Jesus, e nem participar desta magnifica cerimônia Celestial. Quem amou a luz ficou na luz, quem não amou, ficou onde escolhera: Em outro lugar! São os que não se arrependeram de seus delitos e seus pecados, iniquidades, das injustiças praticadas, das maldades, suas falta de amor ao próximo, ódios, do sangue que derramaram na terra, das feitiçarias, bruxarias, adultérios, e todas as obras más, infrutuosas das trevas, estas os impediram de contemplar a Divina luz. Para os maus anoiteceu e não amanheceu! Para os bons e humildes de coração, não anoiteceu! Mas amanheceu um dia lindo que durará até a eternidade, onde nunca e jamais chegará uma noite. Ficando assim, patente as duas situações dos habitantes da terra: Enquanto a terra é escura de um lado para os povos pecadores, os maus, os falsos profetas e fingidos. Do outro resplandecente para os que foram seus verdadeiros filhos. Quem creu e obedeceu a Jesus como lhes foi ensinado, viram a sua aparição e foram com ele. Os demais, os desobedientes ficaram na escuridão sem ver a sua aparição, esperando ele voltar. Quem creu e praticou boas obras não entrou em Juízo! Quem não creu, nem praticou o bem já foi julgado por suas obras más! Com Deus não se brinca! Mas facilitaram com as trevas! São dois reinos bem distintos um do outro! Chegou o fim de tudo, um tempo tão comentado e esperado pela humanidade. Fechou a oportunidade de salvação para os humanos e as portas do reino do Céu para sempre. De repente o magnetismo desapareceu. Misturou tudo. Agora será executado o Juízo Divino. Por quanto tempo? Só Deus sabe! Sabe-se que a qualquer momento descerá do céu fogo e enxofre para castigar os que desprezaram a Deus e amaram as trevas é o lago de fogo citado no apocalipse. Logo após, um novo fato! No inicio da criação, do nada, Deus fez tudo! Agora na consumação, do tudo ele fará o nada! E se isso acontecer assim? E se for pior? Nós não profetizamos, não adivinhamos isso. É um conto apenas que nós escrevemos! Os contos são contos! É da nossa imaginação. Um dia poderá ser uma realidade, aqui embaixo tudo tem fim, só não sabemos como e nem quando isto se dará! De uma coisa estamos certos, o castigo nas cadeias da escuridão das trevas é milhões de vezes pior do que imaginamos ser. Ai de quem perder a sua salvação! É a pior dor que uma alma sente! É um caso para pensarmos, de onde viemos, onde estamos, e para onde iremos mediante o que fizermos, estamos fazendo e o que poderemos ainda fazer de bom nesta terra, que tem o domínio das trevas, é nua, crua, terrível, pecadora, perversa e má! Porque aqui predomina toda espécie de maldade e a ganância por riquezas, estas ficaram tudo aqui, ninguém levou nada. Foram enganados! Estamos vivendo e lutando num território alheio, inimigo, estranho, e esquisito isto se você pensa como nós. Com muito respeito de nossa parte as crenças ou descrenças e linguagem de cada um, livre arbítrio para todos. Vamos refletir nisso? Boa sorte para todos nós!


UM CONTO QUE SÓ EU CONTO, PARA “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

ANASTÁCIO,MS 1º DE NOVEMBRO DE 2015.