domingo, 21 de setembro de 2014

OS DOIS AMIGOS E A VIDA APÓS A MORTE.


Dois meninos de idades iguais, um deles se chamava Daniel e o outro Givanildo que se avizinharam por longos anos, cresceram, conviveram e ficaram rapazes, sempre conservando uma bela amizade, trabalhavam sempre que possível juntos, os tempos escolares, suas infâncias, adolescências, as diversões, as atividades e aptidões, de gênios compatíveis e comportamentos muito semelhantes, pareciam até mais que irmãos, mas não eram irmãos, nos passeios, até nas preferencias das coisas muito se assemelhavam, seus gostos até pelas cores de roupas eram de dar admiração aos outros amigos, só não brincavam de dizer que eram gêmeos, por serem de fisionomias diferentes, eles simplesmente riam dos demais, e diziam: É que somos mais que irmãos verdadeiros, só num ponto que eram divergentes as suas opiniões, imaginem no que fazia referência: A vida após morte, um deles, o Daniel achava que, lá do outro lado da vida era assim: mostrava sua opinião e forma de pensar, não tinha dúvidas, já o Givanildo pensava totalmente diferente, muito diferente mesmo. Não se acertavam no aspecto da religação da vida presente com a vida futura, após a morte física. Em vida sim, pensavam iguais e jamais discutiram, nem nunca se desrespeitaram, só arrazoavam entre si e mantinham apenas as opiniões diferentes, afinal ninguém tinha vindo do outro lado para lhes contar como era lá, nenhum deles queria ser surpreendido, quando chegasse a sua vez de ir morar em outra vida, queriam ter certeza de com era do outro lado. Mas a dúvida permanecia, perdurava sem solução até aquele momento. Era um segredo que um dia a eles seria revelado, só não sabiam de que forma ia acontecer. O Daniel pensou de um jeito para dirimir aquela dúvida entre os dois. Disse ao amigo: Façamos o seguinte, quem de nós for primeiro, voltará e dirá ao outro como é lá do outro lado desta vida. Combinado? Sim, estamos combinados! Dissera o Givanildo Mas como saberemos que será você, ou eu sendo que os espíritos ninguém consegue vê-los? Eles não falam, não são vistos, sua presença não é sentida, nem sabemos como eles se manifestam ante um humano ainda na vida física. Como faremos? O outro pensou muito tempo, depois argumentou, nunca senti, mas já ouvi falar que eles, os espíritos bons manifestam aos humanos através de um perfume com uma fragrância que na terra não existe. Só no céu que existe. É um perfume angelical, só os anjos celestiais que usam para diferenciarem-se dos anjos maus, quando em missões de virem ajudar alguém aqui na terra, pois os maus fingem ser bons para enganar as pessoas de bem, por estas não saberem distingui-los dos anjos bons. Porque os maus não exalam perfume nem aroma agradável. Dizem que são de um odor horrível, assim como podridão de ossos humanos no sepulcro, por serem espíritos que viveram a vida inteira no pecado, morreram sem arrependimento, sendo reprovados por Deus, perderam a salvação. Fica fácil para a gente então identificar um do outro na situação que pensamos. Feliz lá do outro lado da vida. Ou infeliz! Conforme Deus determinar, devido suas boas ou más obras praticadas enquanto vivemos aqui. No caso nosso fica muito fácil, porque não fazemos mal ao nosso próximo e temos em comum a certeza de ganhar a salvação quando a gente viajar. Um deles pensou ainda muito mais, se for eu que morrer primeiro, pedirei á Deus uma licença especial para vir comunicar contigo, te direi como é lá! Antes de tudo, ficará com este perfume que comprei para te presentear, tenho outro frasco do mesmo dissera o Givanildo. É uma delicia de fragrância, sei que irá gostar muito, é uma senha entre nós dois. Não o usarei em hipótese alguma a não ser quando eu morrer. Você fará o mesmo. Pedirei a minha mãe ou esposa para borrifar meu corpo no caixão com ele. Quero ir perfumado. Assim que obtiver a licença de Deus, me apresentarei á você, sentirá o cheiro dele, em seguida sentirá o perfume dos anjos. Porque creio que serei portador do aroma angelical. Serei um anjo também. Saberás que sou eu. Entendido? E se for você a viajar primeiro, o trato é o mesmo, estarei atento. Os tempos se passaram, e o Daniel se casou logo, e foi morar em outro lugar muito distante dali com a família. Este que ficou solitário lamentou a desdita de uma grande amizade que por forças das circunstâncias teria que acontecer um dia. Sendo assim, foi desfeita a amizade no bom sentido das palavras. Mas é a vida! Muitos anos se passaram, e nunca mais se encontraram, ele também foi para outras paragens muito longínquas, não quis casar, ficaria solitário até onde fosse possível. Um dia após uma jornada de trabalho, o Givanildo indo para o descanso noturno, entrou no seu quarto, pois morava sozinho, e de joelhos fez sua prece de agradecimento á Deus pela vida e a paz que possuía, feliz como sempre, antes de deitar sentiu aquele perfume, aquele que dera ao amigo, o que havia presenteado ele. Ficou atônito, surpreso, sem ação, olhando para as paredes do quarto, tudo iluminado, além da luz que clareava o ambiente, uma luz fulgurante, límpida, resplandecente, sentiu um frescor, uma coisa nunca vista em toda sua vida, nem sabia de onde vinha aquele facho de luz. Nem medo sentiu. Não se continha, dava a impressão que estava em enlevação, estava flutuando no ar, sua mente parecia tocada, iluminada por algo indescritível. Fluía de si uma alegria vinda sem saber de onde, lembrou-se do amigo! É você que me visita, Daniel? Estou te reconhecendo pelo nosso perfume! Já não és mais deste mundo que eu ainda vivo? Percebo que sim! Então, como é lá do outro lado? Conte-me logo rapaz, estou ansioso para saber? Sentiu algo aproximando dos seus ouvidos, seguido do perfume angelical: Uma voz delicada e suave lhe dissera: NÃO É COMO VOCÊ PENSA!  E NEM É COMO EU PENSEI! Num piscar de olhos aquela aparição sobrenatural, aquele maravilhoso estado de alma se desfez. Entendeu tudo com perfeição! Concluiu com convicção, não adianta ninguém querer saber, é um segredo de Deus! A mente humana jamais conseguirá desvendar isto! Obrigado meu amigo, e descanse em Paz. É o segredo da transposição desta vida para a outra que perdura!


SÃO IMAGINAÇÕES QUE ESCREVEMOS PARA “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”.
ANASTÁCIO MS, 17/09/2014  Me encontre no Face. Luiz Moreira Chaves.



domingo, 14 de setembro de 2014

O LENHADOR E A SEREIA.

                         
                            
Era uma vez um lenhador que morava do lado de cá de um ribeirão caudaloso, piscoso e de muita correnteza que margeava a beiradinha da mata onde ele tirava lenha para vender e sobreviver com a sua família. Assim que o atravessava já estava no seu serviço diário. Num certo dia ele vinha do trabalho, lá pelas, quase seis horas, ao atravessar o riacho escorregou na pinguela que transpunha o pequeno ribeirão e caiu na agua, a correnteza o arrastou até mais embaixo. Como vinha com a sua ferramenta de trabalho ao ombro, o machado caiu e foi para o fundo do riacho. Nem pode saber ao certo onde a ferramenta caíra. Nadou e saiu do lado que dava para o caminho de sua casa. Todo molhado, sentou a beira do córrego e pôs-se apensar como faria para ter seu machado de volta, pois era o único que tinha. Sem achar jeito para dar buscas, começou a lamentar-se. A quem dera meu machado de volta! Como as coisas são ingratas! Que tardezinha aziaga! E agora como farei? Puxa vida! Já é quase noite, com certeza a correnteza durante a noite cobrirá meu machado de areia e nunca mais o terei. Meu Deus e agora? O pobre matuto parecia uma criança quando perde seu brinquedo. Mas ele tinha toda razão, ficou quase em prantos, resolveu ir embora desolado, quando se levantou ouviu um rumor nas aguas que pareciam vir para o seu lado. Espiou e tal não foi o seu espanto? Aparecera na superfície das aguas uma figura estranha á seus olhos, a de uma mulher dos cabelos loiros e compridos, ajeitando-os nos ombros, uma figura linda, só a metade dela que aparecia sobre as aguas. Braços longos e com pulseiras que eram brilhantes, anéis nos dedos das suas mãos, tudo reluzentes. No pescoço tinha colares de brilhantes e de conchinhas, um olhar delicado e amistoso. Ante aquela aparição que nunca vira antes, ficou sem fala só olhando aquela coisa que saiu da agua. Ela rompeu aquele silêncio que dominava aqueles instantes que um fitava o outro. Perguntando-lhe: O que aflige o senhor que está tão triste e reclamando tanto? Ouvi seus lamentos e vim ver se posso te ajudar, o que aconteceu? Ele respondeu com certo receio: É que eu vinha do serviço e escorreguei na pinguela e o meu machado caiu n’agua e não tenho como recuperá-lo! É a ferramenta do meu ganha-pão para a família, minha esposa e um monte de filhos. Estou sem saber o que fazer agora e já é noite! Por isso que estava reclamando da sorte! Ela deu uma risadinha e disse-lhe: Espere um pouquinho que já volto! Mergulhou na água e ele pode vê-la, era a metade mulher e a outra metade era peixe. Mas ficou quietinho, pois já ouvira falar naquela coisa, só que antes nunca tinha visto. Dai a pouco ela saiu e com um machado nas mãos, era de ouro por inteiro, aquilo reluzia á seus olhos de tão lindo. Perguntou-lhe: É este o teu machado? O caboclo na sua simplicidade e sinceridade respondeu: Não, não é esse não! Ela some nas aguas e sai de novo em instantes com outro machado em mãos, só que este era de prata, reluzia do mesmo modo do primeiro. Pergunta-lhe outra vez: É este? O caboclinho diz: Não, não é esse também não! Ela deu o terceiro mergulho e de lá do fundo das aguas surge com o seu verdadeiro machado, o de ferro com cabo de madeira. Interpela-o pela terceira vez. É este o seu machado? Desta vez sorrindo da ingenuidade do homem. Sim, sim é este mesmo moça! Feliz disse a ela: Dê cá este danado que agora não o deixarei cair mais, no riacho. Ela passou-lhe a ferramenta e pediu que ele esperasse só mais um pouquinho. Foi lá no fundo d’agua e trouxe os outros dois, o de ouro e o de prata e lhe deu de presente como recompensa de sua ingenuidade e sinceridade, percebeu que naquele coração sertanejo não havia ganância nem malícia! Ele agradeceu a moça, a sereia e foi-se feliz da vida para sua casa. No dia seguinte amanheceu contando para a vizinhança o que acontecera com ele, dizia que não precisaria mais trabalhar tanto como antes, pois ficara riquíssimo. Um dos seus vizinhos que era diferente dele, já arquitetou um plano. Fingindo que tirava lenhas passando pelo riacho, no mesmo lugar do vizinho fingiu cair e jogou seu machado n’agua e sentou-se na margem do córrego e pôs-se a lamentar. Meu Deus e agora que faço? Perdi meu machado! Como vou viver sem ele? Como ficará minha vida sem minha ferramenta? Vou comer o que? Só é com ela que ganho meu sustento? Não demorou as aguas balançaram e a sereia apareceu: O que foi homem, que está lamentando tanto que de lá do fundo das aguas ouvi suas lamentações? É que perdi meu machado aí nas aguas e não consigo tirá-lo para amanhã ir trabalhar na mata, é que eu vivo de tirar lenhas, adiantou o malandro. A sereia deu um mergulho e saiu de lá do fundo do riacho com um machado de ouro, e outro de ferro, justamente o dele e perguntou-lhe: Qual dos dois é o seu machado amigo? Pois são os únicos que encontrei lá no fundo! Sim, sim é este de cá, este amarelinho reluzente, referindo-se ao de ouro, é este mesmo, responde o mentiroso! A sereia deu uma baita risada e mergulhou nas águas para não sair enquanto ele estivesse por ali. Sem graça, cabisbaixo, foi-se embora até sem o seu machado de ferro! Kkkkkkkkkkkkkkkk.

SÃO HISTÓRIAS QUE ESCREVEMOS PARA “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”
Recordações do nosso tempo de escola. Anos 1950. Luiz Moreira Chaves. 13/09/2014

ANASTÁCIO MS.

A PRIMEIRA GUERRA DO PLANETA! Parte Final.

     
                          

Somos os generais de nossas tropas e no tinido dos ferros, a minha tropa avança atravessando o rio. Será a primeira grande guerra na terra! Nossos nomes ficarão na história para as demais gerações tomarem conhecimento desta batalha sem precedentes. Sem ter alternativa para o caso, o grilo voltou cabisbaixo para seu reduto, os insetos aguardavam o retorno dele para saberem no que resultou do encontro. Este passou a noite cantando como sempre: Cri, cri, cri. Pediu ao primo gafanhoto por ser mais ágil que avisasse todos os lideres de cada espécie de formigas, de marimbondos, carniceiros, chapéu, caçulunga, pinta-preta, pinta-amarela, exus, de vespas, de aranhas, de escorpiões, de lacraias, abelhas africanas, caga-fogo, oropa, moxengos, assanharó, borás, mandaguaris que ao todo são centenas de milhares, um número infinito de insetos venenosos que viessem sem falta em sua casa para lhes informar o que deveriam fazer para conter o leão e sua tropa. Nunca se viu tantas lideranças juntas. Muitos dias para serem atendidas. Vieram todas as lideranças das espécies de todos os tamanhos. Após a informação da inevitável guerra, o grilo chamou um marimbondo solitário de nome “Caçador” grandão, azul quase preto. Ferroa doído que Deus me livre, nomeou-o como comandante das duas baterias por ser um valente inseto. Bateria terrestre e aérea. Só dispomos das duas. Ambas são leves. Eles tem apenas uma, só que é muito pesada! Disse ao caçador: A estratégia da nossa defensiva é por tua conta! Eu comando a linha de frente, depois recuo, e subirei numa árvore e de lá de cima dou as ordens para nossa tropa avançar, não moverei um dedo porque o nosso batalhão será imbatível, vamos unidos dar uma lição no rei das selvas! O marimbondo caçador disse: Todas as subdivisões da bateria terrestre se posicionarão na beirada da mata, em nichos rasteiros, exemplo: Se camuflarão, embaixo das folhas secas. O mangangá é mestre nesta arte, e nós os deixaremos atravessarem o rio e quando entrarem na mata é nossa vez. Atacaremos todos de uma só vez por baixo, a subdivisão ou pelotão da bateria dos insetos da classe formigas subirão pernas acima dos grandalhões, é para grudarem neles e ferroarem tantas quantas vezes puderem.  O pelotão da “Cabo-verde” avançará primeiro, depois caiapó, correição, cabeçudas, Quem-quem e as demais. Por cima darei o grito de guerra para a bateria aérea formada pelos insetos voadores que se lançarão sobre todos, estes também terão que se posicionar antecipadamente em bolos de enxame embaixo das folhas e galhos dos arbustos, nas cascas dos paus, na beiradinha da mata, se os inimigos adentrarem no nosso território estarão  perdidos, porque esbarrarão em vocês, enquanto eles olham para baixo preocupados com as formigas, nossa bateria aérea fará a sua parte. Cairá matando sobre eles! Kkkkkkkkkkkkkkk! A primeira subdivisão a avançar será a dos marimbondos “Tatú” depois as demais, uma de cada vez conforme eu dar o grito de avançar. Não daremos tempo para eles! Ouvindo isso o grilo não se conteve, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Não foi atoa que te nomeei comandante supremo do nosso exército, dissera ao marimbondo “Caçador.” Você é um crâneo, disto eu já sabia! Kkkkkkkkkkkkkk! Este dissera: Imagino que nós os derrotaremos na primeira batalha. O grilo antevia o sucesso, não cabendo em si de extrema confiança na sua tropa, dava gargalhadas. Não via o tempo passar! Chegou o dia “D”, É agora ou nunca! Dava medo ver o tanto de animais grandes lá do outro lado do rio. De elefantes até o menor dos animais que não desertaram com medo de morrer. A terra tremia ao ruído da marcha deles em direção á beira do rio. Do lado de cá a tropa do grilo toda camuflada e em silêncio total, só afiando os ferrões. Lá na frente estava o Leão, peito empinado e com olhar de desprezo para o grilo. Este aproximou respeitosamente saudou-o cortesmente e já desembainhou a espada! Está pronto majestade? Interpelou o grilo. Sim, responde o Leão! Cadê sua tropa! Perguntou o rei da selva. Estão de prontidão, responde o grilo! Não vejo ninguém? Replica o Leão! Isso não vem ao caso, completa o grilo! Se nos atacar, saberemos nos defender! O leão entendeu que o grilo ainda alimentava a esperança de evitar a guerra. Sacou da espada e deu uma estocada na do grilo, os ferros tiniram! O leão deu um rugido que estremecera a terra, sua tropa avançou, caíram n’agua atravessando o rio. O grilo correu e subiu numa árvore. De lá de cima, deu seu grito de guerra! A tropa do leão entrou mata adentro. Foram surpreendidos pelo exercito de formigas cabo-verde. Chuim, chuim chuim chuim chuim Inhim inhim. Quando viram o chão forrado daqueles temíveis insetos venenosos, recuaram todos! O Grilo ativou a sua bateria aérea, chegava ouvir a quilômetros de distancia o ZUUUUUUMMMMMMMMM de tantos insetos terríveis em ação, os ares escureceram de tantos insetos voadores e ferozes. O leão na frente de sua tropa recuou e deu no pé, não suportou o ataque, e sua tropa enfileirou atrás dele. Caíram n’agua, todos de volta e debaixo de ferroadas. O grilo dava gargalhadas. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Não ficou um sequer! Sumiram todos! Acabou a guerra! Dalí uma semana ainda tinha bicho todo inchado! O Leão ficou três dias sem abrir os olhos, embaixo de uma moita escura e se lamentando! Pensou consigo, o grilo tinha razão! A Paz vale mais! Guerra traz doenças!                         
 FIM.

IMAGINAÇÃO E CRIAÇÃO NOSSAS, PARA O DIA DO FOLCLORE:  HOJE DIA 22/08/2014
PARA “COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES”

LUIZ MOREIRA CHAVES.  ANASTACIO MS