segunda-feira, 23 de junho de 2014

DOIS COMPADRES, O CÃO E MESTRE GATO !.


Mestre gato e o cão eram velhos conhecidos, mas se aproximavam muito pouco um do outro, como é sabido por todos que cão e gato são símbolos de discórdias, rixas, encrencas desentendimentos, bate-bocas, arrelias de toda espécie, malquerenças entre os povos, tanto é que há um ditado ou provérbio muito antigo que diz assim: Parecem cão e gato, aquelas ou aqueles. Porque sabemos que nunca se dão bem esses dois animais apesar de serem domésticos e ambos são muito queridos das crianças, e dos adultos também! Prestam-nos serviços, cada um com aquilo que sabe fazer. Salvo um ou outro caso de se darem muito bem quando criados desde pequeninos juntos, dormem juntos andam pra lá e pra cá sem se estranharem um ao outro. Brincam tanto que a gente para, ao vê-los naquela bagunça que aprontam. Pois é vamos discorrer a amizade destes dois em questão. O gato já tinha família, morava numa beira de estrada que demandava de um lugarejo para as colônias, sítios chácaras e fazendas. Tinha um boteco onde vendia quase de tudo, secos e molhados, armarinhos em geral, era muito conhecido e conhecia a todos da região. O cão por sua vez era ainda solteiro, servia na força pública, ou seja era policial na corporação do lugarejo. Nas incursões que a policia fazia nas redondezas, dando buscas onde fosse necessário, até então tudo calmo entre a população. Passaram lá no boteco do gato, ele e mais alguns companheiros mas como sabem, estando em serviços não permanecem muito tempo nos pontos de aglomeração de pessoas, apesar do gato terem lhes oferecido alguma bebida com parte de cortesia da casa, disseram muito obrigado e se foram embora. Estamos sempre ás ordens, dissera o gato a guarnição. O cão gostava de um trago lá de vez em quando, mas como estava de serviços e não podia, saiu com agua na boca. Planejava num dia desses, dar uma passadinha no boteco do amigo, bater um papo, tomar uns tragos fazer uma boa amizade e por ai a fora. Deu certo, foi registrado uma ocorrência na unidade de segurança pública e teve o cão a sorte de sair em missão de realizar uma prisão de um elemento foragido, pois havia cometido um delito contra uma moça, os pais dela, foi que fizeram a queixa, o rapaz aprontara a dele e caiu na “Folha”. Ninguém melhor que o cão para rastrear o fulano que era o coelho. Os pais e a moça eram os preás. Não tinha pressa ou data para levar o infrator á presença das autoridades. Desde que cumprisse a missão estava tudo bem. O cão saiu pedindo informações do coelho em vários pontos e pessoas que encontrava pela caminhada, fardado,  armado de pistola e um facão na cintura impunha respeito á todos além de ser muito competente era prosa e amigo do povo, não tinha um mínimo de preocupação com a tarefa, pois era bom farejador e nada escapava de seu faro aguçadíssimo, era o melhor soldado da corporação. Só que ninguém esperava que ele ao longo da carreira se tornara um beberrão disfarçado de gente boa quando não estava de serviços. Kkkkkkkkkkkkkkkkk. Apareceu no boteco do gato e sendo bem recebido soltou a prosa, conquistou rápido a confiança do gato que vendo aquela bela amizade, ofereceu-lhe um trago que foi aceito de bom grado da parte do cão. Papo vai papo vem, a gata deu uma espiada pela cortina da porta que divisava o armazém da sala de estar, viu que era um soldado fardado, reconheceu ser o cão, só imaginou: Homens se entendem bem, ela estava para dar gatinhos dali uns tempos, nem se importou com os dois. Escutando gargalhadas dos dois deu outra espiada ai o marido viu ela e disse: Traga um cafezinho para o nosso futuro compadre!  Ele está escolhido para ser padrinho de nossas crianças, o cão se mostrou muito honrado. A comadre ficou satisfeita com a escolha. Ela trouxe e eles tomaram, então compadre, o senhor vai ser pai? Perguntou o cão! Sim, e não demora! Parabéns ao senhor e a comadre que deu um sorriso maroto! Ficarei muito feliz em ser seu compadre. Continuaram só os dois tomando a pinga alternados, mas a cachaça subiu na cabeça dos dois e começaram conversando mole, a gata interveio e disse: Já estão ficando tontos é bom parar com isso. O gato voltando para ela respondeu: Lá para a cozinha, sabemos o que fazemos, ela saiu murchinha e os dois continuaram. O gato olhou o compadre e disse: Tu sabes usar estes tarecos que trazes na cintura? Claro que sei respondeu o cão! Manejo isto como ser fossem brinquedos! Quá, disse o gato! Comigo isto não funciona, porque sou mais ligeiro do que o senhor, isto eu garanto! Compadre, respondeu o cão, você não me conhece! Sou treinado para brigar com qualquer um! Nunca fui derrotado por ninguém! Quem é o senhor para me desafiar! Perde seu tempo! Quer experimentar ?Vamos ali fora no terreiro que te mostro meu valor! Sou o melhor soldado do batalhão! Tanto eu atiro como corto de facão! Ante as bravatas do cão, o gato saltou por cima do balcão, passou acima do compadre riscou um fósforo no terreiro e disse: Pegue-me se puder meu compadre!  Rolou no chão e esperou. O cão puxou o facão da bainha, lambeu-o e despejou no compadre gato. O gato limpou fora e o facão sibilou no ar mas só cortou a terra! O gato kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, Não te falei compadre? Sou igual um raio! Segure o ferro que lá vou eu! O compadre gato  riscou mais um palito do seu fósforo, saltou de barriga prá cima, virou no ar  deu um tapa na cara do compadre cão, mas só acertou no capacete que voou lá longe. O cão soltou o facão e sacou da pistola e abriu fogo no gato! Este deu um salto mortal e caiu em pé! Ainda no ar a bala do cão acertou bem na ponta do rabo do gato, tirou um pedacinho dele! O gato lambeu o rabo e disse: Puxa vida compadre, o senhor e bom mesmo, disse entre risos! Nessa altura a pobre da gata assustou daquele tiro, vendo os dois rolando na poeira passou a mão num cabo de vassoura e disse: Agora quero ver se não me obedecem seus dois bêbados safados! Não acham o que fazer enchem o "Tampo" de cachaça e ficam inventando moda. Parem com isso, quase me matou de susto seu dois vadios! Compadre cão, vai já para o quartel, que daqui a pouco chego lá! Vou registrar uma ocorrência de vocês dois! E você passa para dentro que depois vamos acertar, disse ao marido! Entrou lá dentro da casa, como se fosse pegar alguma coisa. Os dois muito desapontados, um olha para o outro e diz! Nossa, compadre o que fomos arranjar depois das pingas que tomamos! Verdade disse o outro! Estamos ferrados! O cão disse: Peça a comadre pelo amor de Deus! Não faça nada de ocorrência, senão vou ser expulso da corporação, por má conduta, perco meu ganha-pão, fico sujo perante a sociedade!  Estou em serviço, missão importante para cumprir, fico nos botecos tomando cachaça e o dever ainda por ser cumprido. Já imaginou compadre, eu saindo daqui bêbado e preso? Tô lascado se a comadre o fizer!  Pera aí compadre, disse o gato! Chamou a esposa, ela veio muito brava nervosa, e perguntou: Compadre cão, o senhor ainda não foi embora? Espere ai só mais um pouquinho que o senhor vai. Te mostro quem sou eu! Não, não comadre, te peço perdão pelo que fizemos! Prometo-lhe que nunca mais isso vai acontecer! Vou deixar de beber! Ponderou o compadre cão! Está bem, disse ela, espere ai um pouco! Foi lá na cozinha e fez um café amargoso para os dois. É para curar a bebedeira! Ambos tomaram em silêncio, se desculparam, se elogiaram e o cão foi-se embora, a comadre fechou o boteco e o gato foi dormir no sofá!  São compadres até hoje! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

FÁBULAS QUE CONTAMOS PARA DIVERTIR OS CABOCLOS SERTANEJOS.
IMAGINAÇÕES DESTE VELHO SERTANEJO E AMIGO DAS CRIANÇAS.

LUIZÃO-O-CHAVES. ANSTACIO MS 23/06/2014. (67) 3245 0140.  

a

OS DOIS GATOS E O MACACO JUÍZ.



                        
Dois gatos haviam roubado um queijo, e na hora de dividirem o produto não se acertavam. Resolveram procurar alguém que fosse capaz de amenizar a situação entre eles, depois de tanto andarem, apareceu um macaco que se mostrou eficaz para resolver a questão. Me deêm uma balança de dois pratos e uma faca, exigiu o macaco. Pois não, disseram os dois encrencados, deram uma volta com o queijo numa sacola e trouxeram a dita balança e a faca. Na cabeça de um toco ajeitaram a balança numa pequena tábua, o macaco partiu o queijo no meio, mas com uma treita de safado mesmo, isto é; uma das partes ficou maior que a outra. Colocou-as nos pratos da balança, claro que uma das metades pesou mais, um dos pratos levantou enquanto o outro indicava mais peso. O macaco pegou a parte mais pesada e deu-lhe uma dentada, deu duas recolocou-a no prato que desta vez levantou mostrando que ficara mais leve, reverteu na outra parte mordendo-a tirando-lhe a diferença de peso. Assim foi fazendo alternadamente, nisso os pedaços iam ficando menores, um dos gatos bronqueou duro com o juiz da questão. Que história é essa? Senhor macaco! O que pensa que somos? Nunca vi isso? O senhor está logrando a gente! Não é porque roubamos este queijo que o senhor dá uma de esperto com a gente! Não amigos, não é que sou esperto! Ponderou o mico. Isso é um principio de justiça, eu explico: Todo juiz de questões, tem direitos a um percentual de comissão sobre o produto em questão, sejam de terras, partilha de bens, criações diversas, gado, imóveis, dinheiro vivo e qualquer coisa em litígio entre as partes requerentes, ele trabalha muito, e dentro das leis para acertar, para  que as partes cheguem num acordo, mas isso é combinado antes, por isso ninguém reclama! No nosso caso não houve acordo antecipado, por isso que dou uma dentada em cada pedaço do queijo para fazer jus ao meu trabalho que por sinal será bem feito e vocês dois irão me elogiar no final de tudo. Convencidos da opinião do símio em relação ao serviço concordaram e logo cada um dos gatos recebeu a parte que lhe cabia, e fim de questão. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
SÃO AS HISTÓRIAS DE ENTRETENIMENTO DOS CABOCLOS NA RODA DE BATE-PAPOS.
CULTURA SERTANISTA QUE PASSA DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO.
 SÃO IMAGINAÇÕES PARA: “COISAS DE CABOCLO” DE LUIZÃO-O-CHAVES.

ANASTÁCIO MS 22/06/2014

A LAGARTIXA E A CASCAVEL.






                    
Era já de tardezinha na estação do calor, pleno verão, como havia chovido horas antes, a cascavel resolveu sair do oco de um tronco onde fazia morada há alguns anos. Sentia o cheiro das folhas secas úmidas pela chuva, imaginou que seria fácil achar alguma presa  para o jantar, quem sabe um rato, uma ave descuidada, uma lebre, preá  ou qualquer outra coisa. Pois após uma garoa os animais e aves saem em busca de alguma novidade, minhocas, insetos cascas de cigarras, elas mesmas e diversos outros, se alegram com a umidade e frescor da terra e aproveitam para saírem mais cedo da tarde de suas tocas, tatus, pacas, cutias, ratos, preás, e as aves em geral gorjeiam alegres com a mudança climática nem que sejam de um dia para o outro. Andam a noite inteira, alguns animais até o sol já alto do outro dia. De buchos cheios, vão para o seus descansos diurnos, pois são noturnos de hábitos! Então como íamos dizendo, a cascavel cautelosa e lenta como é, ia devagarinho por entre os galhos secos e ramos verdes das moitas por onde passava, não fazia um ruído sequer, sempre na espreita de algo que podia lhe satisfazer. Tinha planos de ir até a beira do córrego em busca de saciar a sede e ficar sondando o primeiro descuidado que lhe atravessasse no caminho. Tal sem esperar vem uma lagartixa doida, numa carreira que nem ela sabia do que estava assustada. Deu de cara com aquele brutamonte de cobra. Nossa! Quase que desmaia de susto! Maior do que daquele bicho ou a coisa que a fazia correr daquele jeito! Ficou branca, e aterrorizada de medo da cascavel, nem pode articular uma sílaba sequer, fugiu-lhe a fala, aqueles olhos esbugalhados, parecia pregada no chão, uma estátua de tamanho que foi seu susto. A cascavel por sua vez vendo-a naquela situação teve pena daquele bichinho que além de pequenino é inofensivo. Perguntou-lhe: O que foi? O que aconteceu contigo? Estás tremendo?  O que te assustou tanto? A pobre lagartixa não balbuciava uma palavra. Mas a cascavel mostrando-se calma e com um jeito amigável ela criou coragem e respondeu: Nada! Nada como? Interpela a cobra! Muito sem graça, a lagartixa retrucou: Assustei-me da senhora, és um bicho que além de grande e perigoso! Eu quase esbarrei em ti sem perceber! Nossa como escapei dessa! Que nada disse a cobra, será que sou tão perigosa assim? Mas com você não! A essa altura a lagartixa tinha criado coragem, animou-se na conversa! A cobra enrodilhou-se para ficar mais a vontade, abriu um sorriso e o papo foi longe. Então disse a cobra, tens medo de mim! Deixe de tolice, tu sois muito mais perigosa do que eu! Se entre nós existe uma perigosa? Será você! Nem imagina como és perigosa e não sabes, quer ver? Vou lhe mostrar como não tens veneno mortal nenhum e mata qualquer vivente, e eu que tenho, ás vezes não mato assim como pensas. Vamos ficar na beirada daquele caminho, ali passa todos os dias aquele homem roceiro. Ficará de um lado, eu ficarei do outro, bem camufladas, vou picá-lo numa das pernas e você aparece de imediato. Ouça o que ele diz. Ele não me verá, mas sim você!  Assim ficaram até o homem passar, tomou a picada da cascavel e a lagartixa apareceu grudada na bainha de sua calça, um filete de sangue apareceu na sua perna, ele olhou, limpou e disse: Bichinho besta, não acha o que fazer? Vem assustar a gente! Foi-se embora pitando seu cigarro e trabalhou o dia inteiro. No dia seguinte fizeram ao contrário, a lagartixa picou-o e a cobra apareceu tocando o guizo, nossa senhora, que pânico! O pobre homem caiu no chão de tanto que assustou, e a dor agora? Gritou para tudo o que era santo, que ele sabia do nome. Já veio a família, prestaram socorro, já foram em busca de recursos para que o sujeito não morresse. Ficou mal num hospital após alguns dias ele retornou com saúde e muito desconfiado quando passava naquele local. Não te falei amiga lagartixa, que o que mata não é a gente? É o susto e o medo quem matam as pessoas. Kkkkkkkkkkkkkkkkkk.

COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES SÃO HISTÓRIAS DE MATUTOS.
IMAGINAÇÕES REGADAS COM CONHECIMENTOS DIVERTEM-NOS.

ANASTACIO 22/06/2014.