sábado, 31 de dezembro de 2016

SOU O ÚNICO QUE ESCAPOU DA POLICIA! 2ªParte


Oito dias de cadeia e previsão de um processo pesado neles. Seriam todos condenados com certeza, mas o João disse aos companheiros lá na cela antes de serem interrogados: Eu assumo a culpa de tudo! Joguem tudo sobre mim, digam que sou o único culpado e assim vocês ficarão livres, não preocupem comigo, eu sei me virar.  Zarpam daqui, sumam lá para ao Paraná. Um dia a gente se encontra! Deu certo a tática! Foram os três livres e o João condenado! Depois de tudo resolvido o sargento lhe disse: O senhor é valente mesmo, perigoso, parece um raio, tal e qual nos informaram! Eu admiro o senhor! Viemos prevenidos para darmos o maior cacete em vocês, não queríamos mata-los, nem prende-los, viemos seis contra quatro ainda assim quase perdemos a rinha! Se os seus companheiros fossem bons como o senhor, teríamos fracassado, é uma pena termos que eliminar o senhor de uma vez por todas! Vai morrer sabia? Vermes como o senhor não pode viver na sociedade,  tem que ser banido. Será fuzilado sem apelação! Antes porém te faço uma proposta: Porque não veste a nossa farda e fica do nosso lado? Será muito útil para a nossa corporação! Venha conosco que te livro da condenação! Em breve será promovido! João Leite era atrevido de natureza e agora inda mais por ter conhecido a primeira derrota, e ainda para a policia que ele tanto tinha nojo. Respondeu ao sargento: Não sou Cachorro! Não gosto de mata-cachorros. O Sargento replicou: É melhor ser cachorro do que ser defunto! João calou-se! Pense bem esta noite, se resolver amanhã estará livre relutou o sargento. Sabemos que a policia insulta os presos quando estão sob o seu jugo, desafora-os, maltrata, xinga e abusam até dos infelizes algemados inda mais se ferem um dos companheiros. São vingativos mesmos. Diziam: Chegou o seu dia amigo! Nós todos sabíamos que um dia você caia! Sozinho bateu em dois companheiros nossos que estão no hospital um com a cara quebrada, e outro quase cego! Rasgou a farda de mais um que escapou com a barriga riscada do seu punhal sanguinário, só está ferido, és muito perigoso e ligeiro mesmo! Mas sua valentia vai acabar lá no Rio Paranapanema. Fuja agora, queremos ver se é bom mesmo! Previna-se, vais morrer baleado e afogado nas águas do rio. kkkkkkkkkkkkkk. No dia seguinte pegaram-no e puseram num Jipe, algemado e o levaram para a beira do rio que distava alguns quilômetros da corrutela, lá num lugar ermo onde ninguém ia, nem ao menos pescar. Naqueles tempos tinha até onças nas beiras dos rios, não eram desbravados os sertões como é hoje. Rodaram um tempo naquelas estradas de chão batido, cheia de poeira buracos e solavancos, enfim chegaram! Apearam do Jipe e o João  seguia no meio dos dois, na frente ia o sargento abrindo passagem entre os ramos e folhagens, chegaram numa pequena clareira e praia onde tinha algumas pedras grandes. Mandaram o João sentar numa pedra pequena e aguardar. João olhava aquelas águas tranquilas e serenas do Paranapanema que por certo seriam a sua sepultura. Manjou uma pedra com uma parte emersa lá mais ou menos no meio do rio e abaixo, poderia ser a sua salvação, quem sabe né?. Enquanto isso o soldado catou uns gravetos e folhas secas, fez um fogo entre duas pedras pequenas, parecia um fogareiro , gerou brasas e eles dois assaram um pedaço de carne que levaram para a matula, comeram com pão, tomaram até umas pingas, uma cachaçada leve só de dois, e nem sequer ofereceram um pedacinho de pão e carne para o miserável que ia morrer dali alguns instantes. O soldado quis oferecer a ele mas o sargento não deixou dizendo: É desperdício , defunto não precisa de comida. Comida dele é capim pelas raízes, mas este será lama do fundo do rio. Igual á cascudos e bagres. kkkkkkkkkk.  O pobre do João estava com uma fome de guará, havia dormido sem janta e já era umas nove horas da manhã ou mais. Sua barriga roncava, e se lembrava de tantas situações aflitivas por que passara na vida e das bagunças que aprontara, sempre se saia bem! Pensava na vida e na morte! Morrer agora e ainda com fome? Isso não é brincadeira! Mas era a verdade nua e crua! Mas algo lhe dizia nos ouvidos, Deus é maior João! Ele providencia tudo na hora certa! Aguenta a marimba aí! Sabia que a policia não tem coração, nem pena de ninguém, são odiosos e carrascos mesmo! O sargento foi no mato um instante deixando o fuzil encostado numa  pedra há uns dois metros e pouco do João, o soldado era descuidado e afastou também, o João sentiu cócegas nos pés para dar um salto felino e alcançar a arma. Ah! se pegasse a arma! Mataria os dois com certeza, mesmo algemado! O sargento olhou para trás vendo o soldado descuidado e com a garrafa de pinga na mão, deu um berro no praça: Está louco homem? Se o preso pegar esta arma estaremos mortos! Cuide dele seu FDP.! O ânimo do João se esfriou! Estou perdido mesmo! Desta não escapo! Ótima chance, mas perdi! Lhe sobreveio um pensamento: Se me jogarem nas águas algemado, não terei chance nenhuma de sobreviver! Mas o Sargento voltando disse ao companheiro: Vamos pegá-lo de dois: Eu pego nas pés dele e você nos punhos, balançamos ele e o atiramos nas águas, depois você pega o fuzil e faça o disparo, você capricha assim que ele boiar, certeza que ele vai mergulhar, antes porém tira as algemas dele, se alguém encontrar o corpo morto assim, a policia será incriminada, as algemas nos condena! Tudo certo, tudo bem planejado! Nisto o João criou novo ânimo ao ficar com os braços livres, sorriu por dentro, sentiu que era capaz de vencer mais esta luta pela sobrevida, pois na água só uma piaba para nadar mais do que ele. Pensou: Deus, o senhor é maior do que tudo que há nesta terra! Senhor, me livra das mãos destes dois carrascos, destes dois facínoras! Limpou a garganta e suspirou fundo!- Chegou a hora!!!!   Subiram numa pedra alta bem na margem do rio, balançaram ele duas vezes e na de três jogaram-no lá embaixo, seu corpo caiu nas águas a uns cinco metros longe da margem. O soldado apurado desequilibra e escorrega na pedra, mas pegou o fuzil e destravou-o,  ficou esperando o homem boiar. Enquanto isso no mergulho que dera, desceu água abaixo para facilitar a velocidade do nado submerso, parecia que até a água lhe ajudava, tinha maior correnteza embaixo, antes porém não esquecera da pedra, memorizara bem a distância da pedra lá no meio do rio, marcou no sentido de alcançar ela. Deu certo! Sentindo que seus pulmões iam estourar sem ar, deu uma rápida boiada só de rosto já chegando na pedra, era um milagre mesmo mergulhar daquele tanto, nisto ouviu um disparo e uma bala passou pertinho de sua cabeça  mas acertou e ricocheteou na pedra e saiu zunindo. Ele afundou de vez, logo sentiu as mãos roçarem na bendita pedra, rodeou-a e ficou igual uma perereca grudado nela mas por trás descansando, resfolegou, tomou ar a vontade! Deu uma espiada de lado da pedra e viu os dois lá olhando para ela, esperando o João aparecer, quando viram-no mandaram balas, que só acertava na pedra e saiam cantando, sibilando no ar. João escondeu de novo, deu mais uns instantes e alinhou os dois com a pedra a um ponto na margem oposta do rio, mergulhou de novo, saiu embaixo de uns arbustos que roçavam as folhas na superfície das águas. Subiu na barranca, entrou no mato e subiu rio acima ficando de frente com os dois lá do outro lado que não acreditavam que o João escapara das balas. Kkkkkkkkkkkkk. ria o João! Pensou consigo positivamente: Nasci de novo! Vou viver mais cem anos! Tirou a roupa molhada, torceu-a e deitou no chão  de bruços, ficou vendo por entre as folhagens que roçavam na areia da praia que horas os dois iriam embora. Jogaram areia e água no fogo, os restos do que comeram jogaram para os peixes, deram a ultima olhada para a pedra onde estivera a sua vítima e esta o salvou da morte certa. Balançaram a cabeça desolados, saíram cabisbaixo e foram embora desapontados com o insucesso da tarefa que lhes foi confiada. Disseram um para o outro: Que homem de sorte! Imprevisível! Escapou ileso mesmo! E agora o que dizer ao superior? Nada, disse o soldado, missão cumprida e pronto! Fui eu quem o executei, o senhor sargento não precisou fazer nada! O sargento concordou e foram embora dizendo: De uma coisa estejamos certos: Nunca mais o pegaremos! Viva a vida que Deus nos deu! Pensava sempre o João Leite kkkkkkkkkkkkkkkk.

  PARA O BLOGGER:  COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES
  CONTO E RELATO DO PERSONAGEM QUE VIVEU ESTA AVENTURA.

  COLEÇÃO E CONTO VIDA DE PEÃO  ANASTACIO MS. 31/12/2016

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