sábado, 11 de novembro de 2017

O JESUÍTA E O SILVÍCOLA

                                              



Este fato foi acontecido no tempo da colonização do Brasil, algum tempo depois de sua descoberta, os povos de outras nações sabendo da nova terra promissora então imigraram para cá e foi quando muitos jesuítas vieram da Espanha, de Portugal, também lá do norte da África mas precisamente do arquipélago das Canárias e da  Ilha de Tenerife e de outros lugares para catequizarem os índios brasileiros. Davam um trabalho danado para eles, sem duvidas. mas com a missão de instruí-los acerca da religião e bons costumes, as boas maneiras de se viverem e conviverem com outra raças, as dificuldades deste trabalho com o tempo foram sendo amenizadas. Apesar dos idiomas, das linguagens de diversas tribos os padres eram bem instruídos e davam conta da tarefa.  Cada etnia tinha seus hábitos e costumes selvagens, tradições e uma cultura esquisita em comparação as demais existentes no mundo europeu, asiático, africano, oriente médio e da  Oceania, então precisavam aprender os costumes das civilizações e de outras raças, pois com a chegada do povo civilizado e dos africanos trazidos para ajudar no progresso deste país teriam que conviver com eles. Seria uma miscigenação sem precedentes. Então deu-se a catequese geral no Brasil. Os nativos não poderiam viver só mostrando sua face hostil, teriam que se renderem ao povo civilizado. Na catequese os indígenas aprendiam comer comidas diferentes, viverem em paz uns com os outros, deixando de serem  encrenqueiros, aruaceiros entre as tribos e com os outros. Aprenderem a trabalhar e produzir alimentos para todos, porque eles só viviam da caça e pesca e catando frutas do mato para a sua alimentação, vivendo seminus aprenderiam a se vestir com roupas do homem branco, andarem calçados e o que era de melhor os padres lhes ensinavam, deixando de serem nômades e preguiçosos. Teriam conhecimento da medicina, deixando para lá as benzoatas, macumbas e outras coisas que só trazem atrasos na vida, enfermidades e maldições na família de geração em geração. Deixariam também de crer em seus deuses como a lua, o sol, ter medo dos raios, trovões e relâmpagos em tempos tempestuosos, a crer no Deus verdadeiro e nos seus Santos. Só não precisava aprender o uso da bebida, pois já sabiam fabricar o Cauím, bebida fermentada e produzida por eles mesmos. Mas com os brancos passaram ao uso da cachaça mesmo, pois os catequistas também usavam o álcool. Como os índios já trazem nas veias até os dias de hoje inclinação, tendência ou propensão de serem beberrões, pau d'água, pinguços ou cachaceiros o que é uma verdade incontestável salvo um ou outro que não é. Seriam instruídos, catequizados ou amansados com mais facilidades ainda mais vendo a bebida farta e a cordialidade dos Padres em lhes oferecer. Estes não eram tolos como a gente pensa. kkkkkkkkkkkkkkkkk. Os silvícolas eram batizados na crença católica por ser a mais conhecida e antiga dos povos. Numa aldeia encravada nos confins de uma cordilheira de serras, coube a um dos jesuítas fazer seu trabalho naquela comunidade, índios ferozes, desconfiados, maus, arredios, antropófagos até. O cacique da tribo tramando sua linguagem entre os seus, planejavam fazer algo com o padre intruso nos seus domínios, mas este entendendo a trama, logo falou a linguagem deles, os índios espantaram com a sabedoria do jesuíta, abrandaram a fúria e passaram a ouvir o padre com mais atenção, dentre os selvagens surgiu um moço muito sorridente que simpatizou com o padre, dali nasceu uma amizade muito forte, os outros componentes da tribo ficaram sem jeito, desapontados, vendo a lição do parente mudaram o comportamento dali em diante, aos poucos foram se abrindo e o cacique resolveu dar uma festa com danças e comilanças de seus costumes. O padre ficou muito feliz vendo sua missão progredir, cativou todos eles em pouco tempo. O rapaz estava sempre conversando com o padre, já nem parecia mais um índio. Apesar dos índios serem muito calados, este não era! O padre perguntou seu nome e ele respondeu: Meu nome é Bongo Bongo! E o do senhor? José, responde o padre. Ah. sim! Era véspera da semana santa no calendário do padre, só que os índios nem sabiam destas coisas. Durante os sermões do vigário espanhol ele os ensinou o que era semana santa e os demais dias e seus significados. A indiada estavam num estágio muito bom no aprendizado, então o Jesuíta muito feliz resolveu pregar sobre o batismo conforme a tradição católica. Ensinando que na semana santa, e nem nas demais sexta feiras não se come carne vermelha, a carne que tem sangue, só podendo comer peixes que é carne branca e de seres de sangue frio, que sai de dentro da água corrente. Começou a batizar as crianças da tribo depois os maiores até chegar nos adultos, o seu amigo prestava toda a atenção nos atos do padre. As mães seguravam seus bebês e o padre derramava um pouquinho de água com uma cuia na cabecinha deles bem ali na moleirinha, e dizia algumas palavras, colocava um pouquinho de sal na boquinha do neném, pronto aquele já estava batizado. O Bongo bongo não perdia um só gesto do catequista, quando chegou a vez dos adultos o seu amigo lhe chamou. Veio todo feliz, ouvia tudo e assentindo com a cabeça as palavras do padre confirmando que tudo o que ele dizia e fazia em seu favor seria obedecido. Derramou maior porção de água em sua cabeça e dando-lhe sal para lamber este lhe disse: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo eu te batizo pelo nome de João. De hoje em diante não será mais chamado de bongo Bongo, mas: De João! João é teu nome agora! Tu não és mais bongo Bongo, mas João! Está ouvindo? Esta água benta derramada sobre você elimina seu nome antigo, ela limpou tudo o que houve de errado em sua vida! Agora és puro! O índio ficou impressionado com as palavras do padre, creu piamente na transformação de Bongo Bongo para João! Depois da cerimônia encerrada os indígenas fizeram uma festa em comemoração ao batismo da tribo. O padre foi para outra tribo dar sequência ao seu trabalho de evangelizar os nativos. Passaram dias e num desses o padre sentiu saudades daquele povo e do seu amigo João, resolveu dar uma passadinha por lá e ver como estava seu povo. Foi bem recebido e festejado por todos, acabara de vez com aquela selvageria antiga. Procurou pelo seu amigo, este tinha ido caçar, não demorou muito ele chegou! Feliz com a presença do velho amigo foi preparar a caça para saborearem, se foi lá para um canto solitário e preparou com carinho o almoço. Era uma sexta feira por coincidência! Trouxe e apresentou um baita pedaço de carne bem assadinha ao amigo Jesuíta que muito feliz com a recepção. E como fica a contradição do amigo silvícola em apresentar-lhe carne vermelha logo na sexta feira? Disse-lhe: Eu não te disse que não poderia comer carne de sangue neste dia, João? Porque fez isso? Está desobedecendo a lei de Deus meu filho? Não pode desobedecer, sabia? O índio deu um sorriso alegre, aberto, amistoso, contagiante, vindo do seu coração para o amigo padre e respondeu: Eu a batizei com água e pus um pouquinho de sal na caça depois de limpa e pronunciei: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo: Tu não és mais Carne, mas sim Peixe! Vamos almoçar agora amigão? O padre lhe deu um abraço afetuoso, felicitando-o por sua vivacidade, inteligência e sabedoria, todos foram cear felizes. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

               

                                "COISAS DE CABOCLO DE LUIZÃO-O-CHAVES"

                                               Anastácio, MS 09/11/2017