Era uma vez três amigos estudantes, que cursavam a faculdade,
eram muito unidos em torno dos estudos. De modo que tudo o que faziam dava
muito certo, verdadeiros ajudadores um do outro, leais mesmo, nenhum deixava
nada a desejar em termos de solidariedade, vai um dia, vem outro, o tempo vai
passando, um belo dia a formatura deles.
Cada um com a escolha diferente da carreira a ser seguida no transitar
pela estrada da vida. Mas unidos na felicidade. Resolveram tirar umas férias
após a conclusão dos estudos. Eram assim, um deles gostava de tomar vinho, o
outro mais moderado, qualquer coisa lhe servia, mas só para agradar os outros
dois. O terceiro não gostava muito de beber, lá de vez em quando sim! Passando
por outros lugares vindo da capital onde estudavam e divertindo para se
livrarem da estafa de tantos anos de estudos. Vieram para a cidadezinha do
interior onde moravam, as demais não distavam muito da sua. Andavam de jardineira que servia a população naquela
região, outras vezes andavam á pé, ali na redondeza que circunvizinhava a sua
cidadezinha conheciam tudo. Um dia destes foram a um lugar mais longe dali,
numa outra localidade. Iriam pernoitar, foram para uma pensão, lá se acomodando,
isto era de manhã! Após o almoço descansaram um pouco. Saíram a passear ao redor
do vilarejo. Foram por uma estrada que daria num belo córrego onde era muito
visitado por pessoas nos finais de semana. Lugar aprazível, cortado pela
estrada que demandava a outras localidades. Na beirada do córrego havia uma
invernada com gado e chácaras bonitas de se ver. Ao atravessarem um capão de
mato antes da travessia no córrego, tinha um areião na estrada que convidava a
gente para ficar sentado nela de tão alva e límpida. Sentaram ali um pouco para
descansar e conversar algo a respeito da beleza do lugar. Levantaram e saíram,
logo após terem andado algumas centenas de metros pararam. No mato se ouvia
canto dos pássaros, gafanhotos e cigarras cantando também. De repente ouviram
uma gargalhada: kkkkkkkkkkk . Uma risada feia, não era de gente viva! Arregalaram
os olhos! Um deles o mais medroso, disse: Vamos embora daqui! O que será isso?
O do meio ficou assombrado que nem a fala saiu! Não sei, responde o terceiro,
só sei de uma coisa já estou indo! Corram! Mas o primeiro muito corajoso
replicou: Correr coisa nenhuma, eu quero ver o que é? Ouviram mais uma vez: kkkkkkkkkkkkkk. Seguido de uma voz que dizia:
Quem nunca viu o laço do Diabo venha ver! O mais medroso ficou entre o dois,
tremia-lhe as pernas! Um disse aos demais: Vocês ouviram bem? Sim, acenou com a
cabeça os dois! Vamos lá ver de perto esse negócio! Ao adentrarem no capão
viram um vulto enrolado numa capa, com chapéu sobre os olhos escondendo o rosto
e desaparecendo entre os arbustos. Me acompanham que lhes mostro uma coisa que
nunca viram, dissera o vulto negro! Foram acompanhando aquele espectro que
seguia na sua frente de modo invisível, só viam as folhas de mato balançarem,
lá adiante embaixo de um pé de Cafezeiro, sombra muito fechada divisaram uma
caixote no chão, era uma caixa de couro já desgastada pelo tempo, mas ainda
intacta no seu conteúdo. Chegando pertinho, olharam um para o outro, espantados
com o que viram, abriram-na: Cheinha de libras de ouro puro, maciço, reluzentes.
Perderam até o folego. Nossa! Nunca vi uma coisa dessa! Disse o mais corajoso.
Completou dizendo aos outros dois que a essa altura já não tinham mais medo!
Laço do Diabo, coisa nenhuma! Ganhamos de alguém este tesouro. Estamos muito
ricos. Kkkkkkkkkkkkkk. Sentaram no chão, sem preocupações. E agora? Dissera o
medroso. O mais esperto e tomador de vinho, sugeriu: Um de nós volta lá no
boteco e traz uma garrafa de vinho para brindar a divisão desta riqueza entre
nós. Kkkkkkkkkkkkk. Quem vai? Quem fica? Por fim sortearam um que iria! Recaiu sobre o mais corajoso! Eu vou então,
disse ele! Lá se foi, enquanto os dois ficaram, cresceu num deles uma ambição
tão grande por aquele tesouro, arquitetou um plano com seus botões: Esta
riqueza é ótima para três, mas para dois ainda é melhor, já sei o que vou
fazer. Andou pelo mato e encontrou um pau que lhe serviria de cacete. Enquanto
o outro não chegava com o vinho, deitaram nas folhas secas do chão, ficaram
conversando, aproveitando cochilou uns instantes, o suficiente para aquele do
cacete dar-lhe uma bordoada na cabeça, repetindo-as até certificar que o
companheiro estava morto! Vamos ver o que foi buscar o vinho, e o que estava
pensando acerca da riqueza. Esta coisa, para três é muito boa. Idealizou também
outro plano terrível. Passou num armazém e comprou uma dose de formicida tatu,
colocou-a no vinho. Pensou consigo, os dois morrem, eu serei rico sozinho.
Prosseguiu no retorno, chegando na entrada do capão, de tocaia numa moita antes
estava o assassino do companheiro, com o cacete nas mãos: Ao passar por ela não
percebeu nada, tão absorto no pensamento da
riqueza. Tomou uma porretada que seus miolos saíram da cabeça.
Kkkkkkkkkkkkkkkkk. Gargalhou o assassino dos dois companheiros. Agora sim!
Estou riquíssimo e sozinho! Vou tomar este vinho, tirar uma soneca e logo mais
a noite sairei buscar um saco e uma condução para levar minha riqueza sem que
ninguém veja! Kkkkkkkkkkkkkkkkk. Abriu a garrafa e tomou um gole daqueles que o
caboclo, o matuto, o sertanejo diz: Uma cipoada e mais um pouco. Caiu tonto,
mas ainda pode ouvir daquele espectro antes de morrer: Não te falei que era o
laço do Diabo? No mesmo instante aquela caixa se desfez, era um monte de folhas
secas. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Aquela gargalhada sinistra
até os dias de hoje ecoa no capão quando passa gente por ali. Ficou assombrado
aquele trecho de estrada.
MORAL: A NATUREZA HUMANA VENDO MUITO DINHEIRO MUDA O
PENSAMENTO!
HISTÓRIA DESTE CABOCLO SERTANEJO LUIZÃO-O-CHAVES 02/05/2014
ANASTÁCIO MS